Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 10
Professore




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Eu não contive o sorriso, passei horas assim, esquecendo-me totalmente da dramatização que fiz com a minha vida. Quem sabe a vida não era tão ruim assim, as vezes ela espera te encontrar no fundo do poço para lhe dar mais notícias boas, que lhe deixem com mais vontade de viver. Me dei conta que amanhecera, e bocejei, me tocando que ainda não tinha dormido e que estava completamente exausta.

Estava sentada na cama quando a porta se abriu, e de lá saiu uma jovem com os cabelos negros e com a pele um pouco mais escura que a minha, como se a moça passava horas no Sol para bronzear-se. Ela logo arregalou os olhos e pediu milhares de desculpas em italiano, seu nariz arrebitado não escondia que ela era da "raça" mais pura de italianos.

– Me desculpe, não sabia que estava acordada. Achei que estivesse dormindo, eu ia arrumar suas coisas, mas - Ela se deu conta de que eu não fazia ideia do que ela estava prestes a fazer ali, então se adiantou. - Meu nome é Aurora Borgia, sou sua dama de companhia, e também sua nova amiga. Minha prima, Lucrezia, me informou que tu és a majestosa filha de Nicolau Machiavelli, você é Giorgia, mas conhecida pelos romanos como Dannata, estou certa?

– Meu Deus! Quero dizer, está certa, correta. - Aurora estava parada na porta como uma estátua. - Por favor, entre. Fique á vontade.

– É muita gentileza, Dannata. Obrigada. - Ela entrou e sentou do meu lado na cama, ela tinha os belíssimos olhos de Cesare, e isso me deixou impressionada.

– Pra que serve uma dama de companhia? - Eu perguntei.

– O nome já diz tudo, não? - Rimos. - Bem, basicamente eu á ajudarei em tudo que precisar, e você terá de arrumar um bom marido para mim. Eu casarei com quem você preferir, com quem você escolher.

– Isso deve ser tão triste... Casar com alguém que mal conhece escolhido por alguém desconhecido! Seu futuro está em minhas mãos - Ela estava com a cabeça abaixada, ouvindo tudo como um obediente cão de guarda. -, isso é muita responsabilidade, muita pressão.

– Mesmo não a conhecendo, confio na senhora. - Aurora levantou a cabeça e me mostrou seus lindos dentes brancos em forma de um bondoso sorriso. - Não é a toa que Lucrezia me mandou para servi-la, além de bonita fala como uma mestra em filosofia! Mas não se preocupe, eu vou te ensinar a viver no meio dos Borgia, o que eu aposto, que pra você não está sendo fácil.

– Essa família é maluca assim ou eu que sou completamente louca? - Ela deu uma gargalhada. - É sério!

– Se você estiver louca, todos os cidadãos romanos também estão.

~[]~

Passei minha manhã conversando com Aurora, e percebi que nós tínhamos muitas coisas em comum: assim como eu, ela também adorava as artes. Depois disso, eu cochilei. Devo ter dormido por uma hora ou até menos, até que a mesma veio me acordar.

– Dannata, peço desculpas por atrapalhar-te num momento tão delicado, mas Lucrezia mandou lhe acordar pois hoje começam suas aulas de artes, caso não esteja lembrada. - Eu dei um salto, tinha me esquecido completamente. - E também, ordenou para que você estivesse lá na sala as duas horas em ponto, já são uma hora e dez minutos, dá tempo de se arrumar ainda e - Antes que ela pudesse completar sua frase, eu mesma já estava me vestindo e me rebocando com pó de arroz.

– Temos todo o tempo do mundo, Dannata. - Aurora disse dando gargalhadas.

– Deus te ouça!

Colocar o vestido foi trabalhoso, mas mesmo assim, consegui ficar pronta antes das duas, Aurora foi bastante útil naquele momento, e fiz uma oração silenciosa agradecendo á Deus por tê-la mandado pra mim neste momento tão complicado e difícil de minha vida.

Lucrezia Borgia estava sentada em uma das poltronas, lendo uma poesia que não consegui adivinhar qual era, mas pela sua cara, era romântica. Seu filho, Giovanni, estava com Vannozza por uns dias, pois seu marido, Afonso D'Este, não suportava a ideia de ter de viver com um filho bastardo de sua esposa.

– Óh! Vocês estão aí, graças a Deus! - Lucrezia abriu um sorriso afetuoso. - Sobre ontem á noite, peço-lhe desculpas sobre meu comportamento. Não costumo ser assim, mas quando vi que todos estavam lhe perguntando coisas importantes e dando atenção somente á ti, não resisti. Precisava de um pouco de atenção, nem que reprovassem meu comportamento. Minhas sinceras desculpas, Dannata.

– Está desculpada, Lucrezia. - Eu sorri. - Então, posso saber quem é meu professor de artes?

– Eu! - Um senhor surgiu do canto da sala e me surpreendeu. Ele tinha os cabelos compridos, seu comprimento batia em seus ombros. Ele não tinha barba e exiba roupas caras, devo admitir, ele tinha uma postura elegante, de um nobre. - Desculpe-me por me apresentar assim, madame, mas queria ver como reagia na minha presença.

– E o senhor, quem és? - Perguntei, ainda meio confusa.

– Ele é meu sogro, Dannata. Seu nome é Hércules d'Este, e lhe garanto, ele lhe ensinará muitas coisas sobre tal matéria. - Lucrezia e Hércules trocaram sorrisos.

– Não quero ser rude, nem nada do gênero, mas o que um nobre como o senhor sabe de artes? Isso não é trabalho para acadêmicos anciãos? - Ele riu.

– Fico agradecido por me chamar de jovem, mas caso ainda não esteja informada, eu sou um protetor das artes. Tanto que o poeta Matteo Maria Boiardo foi feito meu ministro. A minha paixão pelas artes é indestrutível! - Hércules chegou mais perto de mim e beijou minha mão. - Posso saber qual é o nome da minha primeira aluna?

– Dann... Giorgia Machiavelli, mas se quiser me chamar de Dannata, não ligo. Todo mundo me chama assim por aqui e - Ele exibia um sorriso vitorioso.

– Quem diria, não? A filha de Machiavelli sendo uma aluna de um d'Este! - Ele esticou o braço, esperando que eu lhe desse a mão. - Pronta para a sua aula?

– Mais pronta do que nunca! - Sorri e lhe dei a mão. Essa aula ia ser produtiva, pelo menos meu professor era simpático, e pelo que eu sabia, odiava tanto os Borgias como eu. Eu estava sentindo que íamos nos dar bem.


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