Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 8
Condottieri




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– Dannata? Tem certeza que isso combina comigo? - Fechei os olhos suavemente e recitei baixinho. - Dannata Machiavelli. Dannata...

– Com certeza, princesa.

Cesare passava as mãos nos meus cabelos e eu sentia os olhos dele sobre meu corpo, então ouviram-se passos apressados vindos em direção ao meu quarto, e como um gato, Cesare deu um pulo da minha cama.

– Onde está a moça? - A voz era rouca, provavelmente do médico. - Onde está?

– Aqui! - Cesare gritou, finalmente os passos chegaram aqui ao meu lado.

Estava curiosa para ver a cara do doutor, mas a doença estava me consumindo aos poucos, e junto á ela minha energia estava indo embora.

– Vamos lá, mocinha - Cesare o interrompeu bruscamente.

– Dannata.

– Certo, Dannata. Abra os olhos, por gentileza. - Eu abri-os lentamente; o médico era um senhor de mais ou menos 60 anos e exibia uma barba horrenda. - Vamos ver.

Ele examinou cada parte de meu corpo, e quando pediu pra Cesare sair pra ele poder falar comigo, Cesare negou.

– Vou ficar aqui.

– Mas - Palavras faltavam pro médico veterano, decidi me meter naquele meio.

– Ele pode ficar. - Minha voz ainda estava rouca, mas isso fez com que Cesare sorrisse, então me senti bem o suficiente para voltar a falar com o doutor. - Diga, o que você quer?

– Quero te fazer umas perguntas, pronta pra responde-las?

– Pronta.

– Você já teve relações sexuais? - Eu acho que o doutor presumiu que sim, já que eu estava ao meio dos Borgia. Cesare estava com os olhos brilhando de ansiedade pela minha resposta.

– Não. - Respondi firmemente.

– Algo a deixou abalada recentemente?

– Sim. - Cesare se remexeu, obviamente perturbado. Ele sabia que a culpa era dele.

– Então não há nada para se fazer, minha jovem. Vou lhe dar um remédio para suas dores de cabeça, mas por enquanto é só. Se você pudesse rezar - Eu o interrompi.

– Eu rezo todos os dias.

– Você não me deixa terminar com as frases!

– Deve estar no sangue dos Machiavelli, não acha? - O médico endireitou a gravata, Cesare deu um riso debochado. - Deve ser mal de família, doutor.

– Oh! Mil perdões! Mas não sabia que estava falando com uma Machiavelli, pelos meus conhecimentos não existe nenhuma Dannata...

– Mas existe uma Giorgia. - Ele arregalou os olhos, surpreso. - Sim, sou filha do grande e temido Nicolau Machiavelli.

– Prazer em conhecê-la. Foi um prazer cuidar de você! - Ele se levantou e sorridente se foi.

Cesare fechou a porta sorridente e veio até mim, ele se sentou ao meu lado, eu o admirava, admirava sua beleza acompanhada juntamente á luxuria.

– Então, uma Machiavelli, não? - Ele arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto. Céus, como ele era lindo!

– Seria Borgia se você não tivesse casado. Mas não podemos ter tudo que queremos, não é?

– Eu quero você, quero muito.

– Você não pode - A porta foi aberta e Lucrezia entrou. Ela estava linda; com um vestido vermelho igual da cor que os cardeais vestiam, e com pérolas em volta de seu pequeno e pálido pescoço.

– O que meu irmão não pode?

– Ela estava falando que eu não posso me esquecer de falar com seu pai, agora eu tenho o exército francês ao meu lado, preciso de alguém pra me dar bandeira verde para atravessar Florença, e esse grande alguém é seu pai, não é mesmo, Dannata?

– Sim. - Respondi rápido de mais.

– Ah, fico feliz com isso. Pelo menos pra algo a Giorgia serve. - Ela sorriu. - Só vim aqui pra avisar que o jantar será servido daqui a duas horas, e daqui a exatamente uma hora e meia as cortesãs estarão aqui para lhe dar diversão. - Ela trocou um olhar com Cesare de deboche, e então ela se virou para ir embora. - Com licença, senhores.

– Espero você nesse jantar. - Ele me encarou com aqueles olhos brilhantes.

– Se eu estiver bem até lá.

– Você vai estar bem. - Ele saiu de meu quarto me dando ordens como um brilhante general e marchando como um soldado papal.

~[]~

Depois que ele saiu, finalmente pude fechar os olhos e dormir. A única coisa que me incomodava era a pergunta do médico: "Algo a deixou abalada recentemente?", e com toda a certeza e calma do mundo eu respondi "Sim", certamente Cesare percebera que a culpa era dele, mas que consciência um homem que mata seus cidadãos por prazer tem? Ele tinha muitas personalidades, mas preferi não ficar me remoendo pensando sobre isso, resolvi me concentrar em seus cabelos negros e em seu sorriso magnífico.

Abri meus olhos e lá estava Cesare na porta de meu quarto feito um cão de guarda. Eu o encarei, e ele virou seu rosto para retribuir o olhar.

– Você não se cansa de dormir? - Ele perguntou enquanto vinha em minha direção calmamente.

– E você? Não se cansa de vir no meu quarto me importunar enquanto eu estou doente? - Vi surpresa em seus olhos, então ri para o distrair. - Brincadeira. É assim que fazemos em Florença, não sabia?

– Pensei que estivesse falando sério - E estava!–, mas, de qualquer modo, vim lhe buscar pessoalmente para o jantar.

– Não, não quero ir. - Me virei e fiquei de costas pra ele. Ainda continuava deitada, pois ainda não tinha me recuperado totalmente. - Pode ir, aproveite. Divirta-se, ou seja lá o que você for fazer.

– O papa a chama. O papa tem clamado por sua presença!

– Se fosse mesmo o papa, eu acho que ele já estaria aqui no quarto á tempos, não acha? - Eu dei um suspiro cansado. - Admita, Cesare, admita seu desejo. Me fale sobre seus sentimentos. Estou cansada de encenação!

– Levante-se. - Ele falou com um tom autoritário. Estava me deixando realmente nervosa.

– Não.

Cesare me puxou e me deixou a sua altura para que pudesse me encarar; suas mãos grossas e macias agora estavam apertando meus finos braços. Ele me encarava com uma raiva de uma besta, aquele não era o Cesare que eu conhecia, não mesmo! Meus olhos começaram a se encher de lágrimas e rapidamente minha visão foi ficando embaçada, ele parou de usar sua força, mas mesmo assim, ainda me segurava.

– Vamos lá, por favor. - Seu nariz estava encostado em meu pescoço. - Faça isso por mim, Dannata, por favor.

– Como quiser, meu senhor. - Minha voz falhava, mas mesmo assim continuei. - Agora você me provou do que um condottieri é capaz de fazer, ou mesmo capaz de sentir. - Ele me soltou bruscamente e então saiu de meu quarto o mais rápido que pôde. Como ele mesmo mencionou na carta: Agora eu ia enfrentar o verdadeiro inferno.


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