Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 23
Erede




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Quando Cesare Borgia saiu, levou-se consigo minha sanidade. Pousei minha cabeça em minha cama, e senti o cheiro inconfundível de alecrim. Assim, meus pensamentos tomaram rumos diferentes, fazendo-se inquietos em minha mente. Cada vez mais me perturbavam, deixando-me aflita, com medo do que o destino me reservara.

A medida que remexia-me, os pensamentos tornaram-se confusos, gritantes, e cada vez mais ousados.

— Basta! Isso já foi longe demais! — Cochichei comigo mesma.

Os pensamentos tornaram-se calmos, quietos, despercebidos, deixando-me ás cegas com o silêncio que cortava o ar. A escuridão me engolia cada vez mais, cansada de lutar contra a corrente que prendia-me cada vez mais, me entreguei totalmente, deixando com que fizesse de mim o que bem quisesse.

~[]~

— Giorgia Machiavelli, hoje, tomo sua mão como minha, assim como seu coração; tu, a partir de hoje, serás Giorgia Borgia, e por ti, renego todas as minhas paixões, tornando-me somente e verdadeiramente seu. Peço para que não pensas que estou sendo um tirano, deixando as palavras dançarem ao vento, desprovidas do verdadeiro valor e com elas, o sentimento que carrego no fundo do peito. Logo, poderei provar tudo isso que estou falando, já que estais a chorar. — A voz do duque era inconfundível. — A partir de hoje, Giorgia, faço da tua vida, a minha, da sua alegria, a minha, do seu amor, o meu. Peço-lhe sabedoria a partir dos anos que sucederão, e confiança acima de tudo. Hoje, torno-te minha, minha duquesa Valentina.

Meus olhos fizeram-se vidrados, o suor escorria de meu rosto, e minha respiração tornara-se rápida e ofegante; tudo o que acabara de ouvir fora um sonho, nada além disso. Sabia que nunca se realizaria, mas são sonhos, não tem que limitar-se á eles.

Levantei, ainda meio zonza pelo meu sonho e por suas palavras marcantes, e fui em direção ao banheiro. Lavei meu rosto, e em seguida, o enxuguei com uma pressa monstruosa. Fiquei pensando naquelas palavras, e em como elas faziam delírios, mesmo que fossem pura fantasia.

— Hoje, torno-te minha, minha duquesa Valentina. — Repeti para mim mesma.

— Eu ouvi direito, senhorita Dannata? — A voz debochada do papa ecoava atrás de mim. — Tu tens o sonho de tornar-se duquesa? E como se não bastasse sua insolência, duquesa de Valentinois?

Virei para encara-lo, e me arrependi rapidamente. O papa estava vestido apenas com um vestido branco que ia do pescoço até os pés. Sua visão sem as joias e as roupas vindas do outro mundo, tornavam-o um monstro.

— E se fosse? Tal assunto não lhe diz respeito, Sua Santidade. Não o culpo por levar uma vida tão infeliz assim, Vossa Graça, afinal, nunca se mostrou digno de receber a tão esperada felicidade. — Olhei para minha cama, estava mais bagunçada do que antes. — Afinal, o que faz aqui?

— Meus sonhos não me deixam dormir, não consigo achar um bom lugar para dormir, mas vejo que não será aqui, já que é amante de meu filho. — Ele deu um meio sorriso. — Achou que eu não sabia? Cesare insiste em falar de ti, que és espetacular, que se não fosse por Charlotte, casaria contigo. E insiste que um dia, darás um herdeiro homem para ele.

— Assim espero.

~[]~

Como prometido, acordei cedo para encontrar-me com Cesare. Coloquei um vestido preto de cetim, já que em partes, eu estaria em luto pela vida de Girolamo. A vida do padre dominicano estava nas mãos de meu amante, e este, não mediria esforços para esmagá-lo como uma mosca.

Dei passos rápidos e curtos até o quarto de Cesare Borgia; seria o meu fim se alguém me visse trocando beijos com o duque. Quando cheguei em frente á sua porta, notei que era de um marrom escuro, quase negro. Bati três vezes e esperei por sua resposta.

— Vossa Graça? — Arrisquei-me ao dizer.

— Por favor, Dannata, entre. — Disse ele com a voz grossa.

A porta era mais pesada do que parecia, então tive de fazer esforço para empurrá-la, levantei meus olhos, Cesare Borgia me encara com um olhar de predador.

— Seja bem-vinda, mi amore. — Ele deu um sorriso. — Feche a porta. Não queremos ser interrompidos, não é mesmo?!

— Claro, Cesare. — Obedeci. — Seu pai veio em meu quarto dizer boas palavras sobre Vossa Graça. Ressalto que fora gentil em descrevê-lo.

— Meu pai? Ele não é mais Rodrigo Borgia, esqueceu-se? Ele é o Santo Papa de Roma, e deverias agir como um. — Ele veio em minha direção e envolveu-me em seus braços. — E enquanto aos nossos planos? Considerou-os falho, por um momento?

— Do que estais a falar?

— Dos meus filhos, ora. — Cesare Borgia beijou meu pescoço. — Vamos começar com isso logo, quero tê-los o mais rápido possível.

O duque de Valentinois começara a dar beijos lentos, com um toque de paixão, mas tão rápido quanto seu tempo de padre, partiu para os beijos quentes e selvagens, desejando-me cada vez mais. Como se fossemos dois animais, tiramos nossas roupas num piscar de olhos, e no momento seguinte, ele estava apoderando-se de meu corpo.

Enquanto ele resmungava alguma coisa de estratégia política e que tinha que falar com o senhor Machiavelli, eu rezava silenciosamente para que o Senhor Todo Poderoso, naquele dia, me abençoasse com a dádiva de ter um filho homem.

— Giorgia? — Cesare deitou do meu lado e olhou-me, preocupado. — Alguma coisa errada? A machuquei?

— Não, nada de errado.

— O que estais a pensar então?

— No quanto eu sou abençoada por ter você ao meu lado. — O beijei.

Ele levantou-se e colocou suas roupas o mais depressa que pôde, e jogou meu vestido em cima da cama em que estava deitada.

— Vossa senhoria quase me faz perder a cabeça! — Ele riu. — Vista-se, vamos á Florença!

— Agora? — Ia ajeitando meu corpo dentro do vestido.

— Girolamo Savonarola espera para morrer, mylady. Não quer atrasar seu sofrimento... Ou quer?


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