Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 11
Precauzione




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Como pensei que fosse, aquela aula foi mesmo produtiva. Falamos de poesias, esculturas, pinturas e até mesmo a imensa e linda Catedral de São Pedro. Ele me contou que Cesare Borgia deixava Leonardo da Vinci - considerado gênio até mesmo nessa época - preso, para que da Vinci estivesse á sua disposição quando preferia. Hércules d'Este também me contou o por quê de Cesare manter da Vinci preso sobre sua propriedade: para lhe fazer novas armas, e assim acabar com todos que ameaçavam o império dos Borgia.

Estávamos sentados no jardim dos Borgia, com apenas duas cadeiras e uma mesa, todos os livros ocupavam o espaço da mesa, e antes de acabar a aula, ele me encarou e disse:

– Sabe, Dannata, eu sei que passar os meses aqui vai ser mais do que difícil, vai ser impossível. Sei também que no meio dessa família corre muito cantarella e mentiras, e peço para que tome todo o cuidado do mundo. Principalmente agora que Lucrezia está tentando engravidar de um d'Este. - Ele falou mais baixo. - Eu também não gosto dos Borgia, nem um pouco. Mas eu tenho que parar de pensar um pouco em mim para pensar no bem da minha família, sabe? Foi por isso que concordei em casar Afonso com Lucrezia, ele me disse que estava profundamente encantado com a beleza da grande Borgia, e que ninguém poderia o fazer mudar de ideia. Por mais de odiar admitir isso, meu filho estava certo.

Além de uma nova aliança, também conseguimos novos aliados, um novo poder perante a sociedade - tanto político como social. Tudo que eu lhe peço é que não deixe que os Borgia te abale, eles são mestres nesse tipo de arte.

– Entendi. - Forcei um sorriso. Agora entendia o por quê do meu pai insistir para me casar com algum francês, ele estava pensando no bem da família, não somente no meu. Hércules me fez pensar de um jeito que eu tinha recusado á anos.

Lucrezia e Cesare se materializaram atrás do velho, dando-lhe um susto.

– O que tanto cochicham? - Lucrezia quis saber.

– Ele estava me falando os lugares mais perigosos de Roma, e não quis falar isso em voz alta com medo de que algum de seus funcionários pudessem ir, e se matar por lá mesmo. - Dei um riso nervoso. - Não é mesmo, professore Hércules?

– Isso mesmo! Estava explicando-lhe os perigos que nossa preciosa Roma esconde entre suas paredes e muros. - Hércules d'Este se levantou e acenou para mim. - Bem, acho que nossa aula se acaba por aqui. Foi muito bom poder te ensinar mais sobre as inúmeras artes que podemos ter no nosso mundo. Até mais, Dannata. Adeus, Lucrezia e duque Valentino.

– Onde você vai? - Quis saber Cesare.

– Eu vou no banheiro. Quer me acompanhar? - Hércules zombou de Cesare. Cesare negou com a cabeça, franzindo os lábios.

– O que vieram fazer aqui? - Perguntei.

– Nada. Eu queria tomar um ar e - Lucrezia se segurou em Cesare para não cair. Até eu me levantei e a ajudei a se suportar, parecia que Lucrezia era uma boneca de pano, sem força alguma.

– O que você tem, minha irmã? Quer que eu lhe chame um médico?

– Não precisa, Cesare. - Ela nos mostrou um sorriso forçado. - Eu sei o que eu tenho.

– E com todo o respeito, posso perguntar o que é?

– Eu estou grávida, Dannata. - Ela sorria com os olhos.

~[]~

No jantar de hoje só apareceu Cesare e eu. Vannozza estava cuidando de Lucrezia, que estava com enjoos e uma dor de cabeça insuportável. Aurora estava cuidando do pequeno Giovanni, que corria de um lado para o outro, explorando cada canto da casa. Enquanto Giulia e o papa, bem... Ela estava o ajudando nos assuntos políticos-religiosos da igreja. Não que o papa não confiasse nela pra deixá-la sozinha ali, mas havia a questão de ela ser do sexo oposto, isso gerava uma série de conflitos do qual o papa estava informado.

Fiquei surpresa ao saber que todos os Borgias estavam ocupados o bastante para não aparecerem no jantar - o que, pra eles, era considerada a refeição mais importante do dia. Era nesse momento que falavam sobre as notícias, perguntavam-lhe sobre como foi o dia, essas coisas que acontecem em qualquer família normal. Mas, como sabem, os Borgias estavam longe de ser uma família normal.

Eu e Cesare sentados ali, comendo um bom pedaço de frango e bebendo vinho parecia obra do destino.

– Então, o que foi que conversou com d'Este? - Ele me perguntou.

– Eu já lhe disse o que conversei com ele. Por que está tão interessado nisso?

– Por nada, quero saber com quem conversa e qual o assunto. Há algo de ruim nisso? - Ele me deu um sorriso de canto.

– Sim. Pois você não é meu pai, nem meu dono. Eu não sou sua propriedade, Cesare, nunca fui. - Enfiei o garfo com um grande pedaço de frango em minha boca.

– Podemos nos encontrar hoje, talvez?

– Não.

– Não faz assim, Dannata, eu sei que você está morrendo de vontade de - Eu me levantei e o fitei.

– Boa noite pra você também, Cesare. Estou cansada de joguinhos.


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