Broken - Emison escrita por Anna LittleLiar


Capítulo 18
Capítulo 18




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POV EMILY

Uma hora e vinte e sete minutos, esse é o tempo exato desde que a Alison pegou no sono. Nem cochilei desde que a chamei pra deitar ao meu lado, para fazer-lhe cafuné… já que ela estava bastante tensa e desconfortável em dormir num lugar desconhecido.

Era extraordinariamente gostoso sentir sua leve respiração acariciar a pele do meu pescoço, bem como sentir as batidas do seu coração que pulsava ritmado e uniforme. O problema era que os músculos da minha mão já estavam entrando em processo de câimbra, junto com o resto do corpo... eu precisava muito trocar de posição.

Levantei-me cuidadosamente da cama, colocando um travesseiro no meu lugar. Observei Alison e ela continuou dormindo serenamente. Decidi ir até a cozinha tomar um copo de água e aproveitar a breve caminhada para esticar um pouco as pernas, já que eu me encontrava na mesma posição há horas. Dei uma pequena volta pela casa, vi se tudo estava em ordem e fui para a cozinha. Abri a geladeira e decidi tomar ao invés de água, um copo de leite.

Peguei a caixinha já aberta e comecei a despejar o líquido no copo de vidro quando ouço meu nome proveniente de um grito amedrontado. ALISON!

Deixei o copo e a caixa em cima do balcão e corri em disparada para o meu quarto.
No caminho dei de cara com o Chris, que estava no meio do corredor coçando a cabeça sem entender nada.

Chris: Quem...?

Emily: Volta pra cama, tá tudo bem. – falei rápido, sem desviar do caminho pro meu quarto.

Abri a porta e mal deu tempo de eu entrar no quarto, já fui surpreendida pelo corpo da Alison se chocando contra o meu, num abraço asfixiante.

Emily: Hey... o que aconteceu Ali? Outro... pesadelo? – falei com dificuldade, pois seu aperto estava realmente forte.

Alison não falou, apenas fez sinal negativo com a cabeça e eu pude sentir a gola da minha camiseta ficar úmida... ela estava chorando. Passei os braços ao redor da sua cintura e à afastei um pouco, querendo olhar para o seu rosto.

Emily: Então o que aconteceu?

Alison: Eu acor... acordei, e você n-não estava a-aaqui – abaixou a cabeça.

Meu coração quebrou ao vê-la assim de novo, e o sentimento de culpa já estava corroendo minhas entranhas. Sequei seu rosto com as duas mãos e puxei-a para outro abraço.

Emily: Me perdoa Ali, por favor. – pedi, enquanto beijava o topo da sua cabeça. – Eu prometi que ia ficar ao seu lado, mas acabei saindo... me desculpa.

Alison suspirou pesadamente e se afastou um pouco, mas nossas mãos continuavam entrelaçadas.

Alison: Não precisa se desculpar por isso, eu só...

Emily: Só nada, Alison. Eu não vou mais sair do seu lado. A menos que você me peça. – falei com firmeza.

Sua expressão suavizou e eu quase pude notar um sorriso em seus lábios. Alison andou de volta para a cama, e eu a acompanhei. Sentamos uma de frente pra outra e ela parecia que queria me dizer algo.

Alison: Você quer saber o que aconteceu na última tarde?

Emily: Só se você quiser me contar.

Alison: Desde que... ahm... você sabe... – fez uma pausa pra respirar. – minha mãe sabe de tudo o que acontece comigo. Alimentação, remédios, horários e… meu ciclo. – murmurou a última parte. – Então, já faz mais de uma semana que eu estou atrasada... e apesar de eu não querer, minha mãe insistiu em me levar para o médico. – apertou os olhos. Oh, eu entendi.

Emily: Então você foi parar naquela lojinha depois de ter fugido do médico por que estava com medo da consulta? Estava com medo que ele te tocasse?

Alison: Aham. – estremeceu. – eu não ia conseguir Emily, eu sabia. – voltou a chorar. – Só de imaginar aquilo... eu... – passou as mãos pelo rosto... soltando um suspiro – Não entendo como minha mãe pode me levar até lá... ela sabia… ela sabia que... – abaixou a cabeça. - Então esperei uma distração da minha mãe e fugi daquele lugar. O posto ficava a oito quadras do consultório... só entrei lá por que eu lembrava daquela fachada amarela... eu sabia que eu já tinha passado por lá... com você. – falou baixinho.

Emily: Eu te entendo Ali, sei que é difícil pra você.. Olha, não estou dando a razão a ela, mas entenda sua mãe também... ela fez isso porque se preocupa tanto com você. Ela só estava assustada. – peguei sua mão direita e acariciei com o polegar.

Alison acenou com a cabeça e finalmente sua expressão suavizou, seu rosto estava sério, mas agora sereno, aliviado... e como sempre, lindo.

Emily: Vamos voltar a dormir, vem. – deitei na cama e fiz sinal para ela se aproximar.

No mesmo instante Alison veio ao meu encontro, um sorriso brotou no meu rosto ao constatar que ela já não mais hesitava em me tocar. Dessa vez eu estava deitada de lado, com Alison à minha frente totalmente encaixada em meu corpo. A sensação era ainda melhor… com certeza a melhor que eu já provei.

Emily: Não vou sair daqui até você acordar, eu prometo.

Ouço meu nome ao longe, mas ignoro sem mesmo tentar abrir os olhos... ah, aqui tá muito bom, não quero estragar…

Agora há fracas batidas na porta. Que saco! Abro os olhos e percebo que já amanheceu. Meu quarto possui apenas uma janela, a qual está coberta por uma grossa persiana, ou seja... nada de claridade me cegando... apenas singelos feixes de luz.

Meu nome é chamado mais uma vez e eu resmungo, a fim de que entendam que eu não quero ser perturbada. É, mas não funciona. Lentamente a porta é aberta e para a minha surpresa meu pai aparece em meu quarto.

Wayne: Emily, essa é a Alison? – sussurrou assustado.

Emily: É. – Respondi baixinho. – O que você quer? – perguntei impaciente.

Wayne: O que eu quero? Uma explicação né minha filha. – falou como se fosse óbvio.

Emily: Eu sei o que você tá pensando... – vou contar logo de uma vez, por que eu não aguento mais. – Me aproximei da Alison por que senti uma coisa diferente quando a vi, sinceramente ainda não sei o que foi, mas era como uma obrigação... um chamado que eu não podia negar. Aos poucos fui conhecendo-a mais, literalmente entrando em sua vida... coisa que só fez meu encantamento por ela aumentar. – encantamento? – Bem, e agora ela está aqui, na minha cama... por motivos que agora não vem ao caso, mas o que importa é que a cada dia que passa ela está se abrindo mais pra mim. Lembra o que você disse a ela no grupo? Antes de saber que ‘aquela pessoa’ era eu? Então, ela está fazendo. – expliquei.

Fitei meu pai e seu rosto estava sério... pensativo.

Wayne: Ela te contou o que aconteceu com ela? – O que?

Emily: Mais ou menos. Por que?

Ok. A situação já estava desconfortável o bastante. Meu pai chegando de viagem... assim de surpresa, e agora está no meu quarto, conversando comigo... com Alison dormindo ao meu lado.

Wayne: Emily... isso não vai dar certo. Alison é muito instável. – encostou-se na parede - seu pai me disse que ela mal dorme durante a noite por conta dos pesadelos... volta e meia ela tem ataques de pânico. Não sai de casa há meses, exceto agora pro GA. – O pai da Alison havia contado tudo isso ao meu pai?!

Emily: E daí? Você não percebe que ela está progredindo. – argumentei. – nós saímos no domingo, fomos à praia… ela conversa comigo, ela confia em mim pai.

Wayne: Mas minha filha, isso não é certo. Ela vai ficar dependente de você e nem sempre você vai estar disponível pra ela... uma hora vocês vão acabar se afastando. – Como assim, do que ele tá falando?!

Emily: Primeiro, você está se contradizendo... isso que acabou de sair da sua boca é exatamente o oposto do que você prega nas sessões do GA. E segundo. – fiz uma pausa pra respirar. - Eu sempre estarei disponível pra Alison. Sempre! – aumentei o tom de voz por um breve momento, esquecendo o fato da minha protegida estar dormindo calmamente em meus braços.

Meu pai engoliu em seco minhas palavras, passando a mão pela barba, coisa que ele faz quando está perturbado ou sem saber o que fazer.

Segundos depois ele se recompôs e voltou a me encarar com um semblante sério, mas ao mesmo tempo preocupado.

Wayne: Emily, não minta pra mim…

– Você está se apaixonando por essa garota?

Meu pai às vezes possui a sutileza de um elefante manco. Nem parece aquela pessoa calma, com semblante sereno e despreocupado do GA. E agora ele me faz uma pergunta dessa, aqui... agora. Nunca menti pra ele, e não pretendo começar... mas também não queria entrar nesse tópico. E agora Emily? E agora…?

Como se ouvisse minhas silenciosas preces, Alison começou a se mexer na cama, o que fez meu pai ficar desconfortável e provavelmente com medo de ela acordar e se assustar com sua presença ali.

Emily: Pai, agora não é uma boa hora. – sussurrei apontando pra porta.

Ele nem respondeu, apenas acenou com a cabeça e saiu de fininho do quarto, fechando a porta silenciosamente.

POV ALISON

Ai meu Deus. Achei que estivesse num pesadelo, ouvindo a voz de um homem... mas acabei me dando conta de que a voz era bem conhecida... era do pai da Emily, e... caramba, ele tá conversando com ela aqui... comigo ‘’dormindo’’ ao lado dela..

Wayne: Mas minha filha, isso não é certo. Ela vai ficar dependente de você e nem sempre você vai estar disponível pra ela... uma hora vocês vão acabar se afastando.

Sim, esse é o meu maior medo. Naquele dia em minha casa eu já tinha falado com a Emily sobre isso, e ela me garantiu que isso não iria acontecer. Eu acreditei nas palavras dela... hoje eu confio nela ainda mais. Mas ao mesmo tempo isso me dá medo. Do mesmo jeito que ela entrou na minha vida, ela pode simplesmente sair.

Emily: Primeiro, você está se contradizendo... isso que acabou de sair da sua boca é exatamente o oposto do que você prega nas sessões do GA. E segundo..

– Eu sempre estarei disponível pra Alison. Sempre!

Emily subiu um pouco o tom de voz quando disse a última frase, o que fez meu coração derreter. A firmeza com que ela disse, como se estivesse repreendendo seu pai por falar aquilo... por duvidar dela. Ela estava me protegendo de maneiras que eu nunca imaginei.

Wayne: Emily, não minta pra mim…

– Você está se apaixonando por essa garota?

Meu coração disparou furiosamente. Como assim o pai dela faz essa pergunta do nada? Por que ele acha isso? Será que a Emily teria dito a ele algo sobre mim antes? E espera... eu sou um garota, como assim ele pergunta com tanta naturalidade… a Emily é lésbica?

Eram muitas perguntas e sinceramente eu estava com medo das respostas. Numa tentativa de interrompê-los, eu me mexi um pouco, trocando de lado. Emily sussurrou algo e logo depois a porta se fechou. Ufa, consegui. Me aconcheguei mais em Emily e fui dormir de novo, deixarei pra pensar mais tarde... agora preciso aproveitar…

POV EMILY

Xx: Emily... Emily...

Emily: Nãããoo... – apertei os olhos

Xx: Emily, você deve estar atrasada pra faculdade. – Essa voz é da... Alison!

Abri os olhos e finalmente me situei... Alison estava em pé ao lado da cama, me olhando com receio. Aposto que ela se perguntou pelo menos umas dez vezes se deveria me acordar.

Emily: Bom dia! – sorri. – dormiu bem?

Alison: Bom dia… dormi sim, e você?

Emily: Maravilhosamente bem. – levantei da cama, indo para o banheiro. - Você já desceu?

Alison: Ahm... ainda não. – respondeu enquanto eu escovava os dentes.

Emily: Então vamos, vamos tomar café.

Descemos as escadas e Alison parecia estar desconfortável... mais do que o normal. Ela se sentou num dos bancos, enquanto eu fui pegar os pratos e preparar algo para comermos.

Emily: Você tá bem?

Alison: Aham

Emily: Não parece. Aconteceu alguma coisa? – me aproximei da bancada.

Alison: Não... nada. Onde está todo mundo? – claramente quis trocar o assunto

Emily: Bem, pela hora… meu pai deve estar na loja e meu irmão na escola. – Coloquei os pratos na bancada. – Você quer cereal?

Alison: Sim, obrigada.

Nosso café foi rápido, Alison comeu cereal com frutas e algumas torradinhas, enquanto eu comi apenas ovos mexidos e uma maçã. Como de costume, ficamos em silêncio o tempo todo... mas dessa vez estava estranho... muito estranho.

Emily: Olha, eu tenho uma aula essa tarde, mas se você quiser a gente pode...

Alison: Não! Você não vai faltar aula por minha causa.

Emily: Não se preocupa, eu já ia faltar mesmo... lembra que a gente ia sair hoje?

Alison: Não, mas não precisa ... já te incomodei demais. Você pode me levar pra casa e ir pra sua aula normalmente. – Dessa vez não parecia timidez, ela queria ir embora mesmo.

Emily: Tudo bem então... se você já quiser subir e trocar de roupa... pode ir, eu vou limpar tudo. – apontei pra louça suja.

Alison não falou nada, apenas levantou e foi na direção das escadas, sumindo do meu campo de visão. Alguma coisa aconteceu, eu tenho certeza. Será que o meu pai falou algo pra ela? Não, ele não faria isso... mas, MERDA! Ela ouviu nossa conversa mais cedo, só pode ser isso!

Agora o que ela ouviu? Quais partes... o que ela entendeu daquela conversa? Vamos Emily pense! O que você vai fazer agora?

Pressioná-la não vai ajudar em nada. O melhor a se fazer é deixá-la em casa... dar-lhe um tempo pra pensar, digerir seja lá o que ela tenha ouvido… e depois eu falo com ela.
Isso, é isso que eu vou fazer.

Estacionei em frente à casa da Alison e ela mal esperou eu desligar o motor... já foi tirando o cinto e destravando a porta.

Emily: Alison, espera.

Alison: Oi. – respondeu seca.

Emily: Lembra de quando eu falei que as vezes as pessoas não precisam nos contar algo diretamente, que basta prestar atenção nos sinais?

Alison: Sim, eu lembro.

Emily: Pois bem... só queria que você se lembrasse disso. Até breve Alison. – enfatizei o ‘breve’.

Alison: Tchau Emily. Obrigada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
XOXO



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