Nem pense em clicar aqui. escrita por Jujubas Azuis


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

ALICE TÁ DE VOLTA PRA BOTAR ORDEM NESSA COISA! (aplausos e desmaio de damas)



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Martha quase quebra a porta ao bate-la da parede, suspiro por aquela coisa não me ajudar e aceito que eu vou realmente passar uma noite com o Spancer.

– Agora, durma.- ele diz me abraçando como um ursinho.

Eu tentei, de verdade, mas não consegui mais. Martha me deixou com medo de ser expulsa. Medo de piorar ainda mais a vida do Bryce.

Spancer me segurava como Bryce fez na única vez que dormimos juntos, mas eu não tive a opção cobertor já que Spancer estava pouco se fodendo com meu caráter, ele só queria saber do meu corpo. Suspiro e me pergunto novamente o porquê de vir para Magnes, eu podia me virar bem em uma gangue sem ter que aturar um babaca para suportar outro.

Ouço passos leves subindo a escada e esperava que se afastassem, mas não foi o que aconteceu, eles só foram ficando mais próximos até o ponto em que chegaram perto da porta. Podia ser o Bryce ou a Martha, mas queria que não fosse ninguém.

Esse alguém espia pela porta, depois a fecha rapidamente e eu ouço um soluço do lado de fora, isso não me ajudou a dormir, mas nos final, o cansaço venceu.

Vou acordando ao poucos, as janelas do quarto dele são realmente boas para não deixar a luz entrar, saio em silêncio, pego minha roupa, me visto no corredor e vou procurar o Bryce.

O acho cuidando de algumas ovelhas. Eu dou um abraço nele, mas sou rejeitada com um empurrão.

– Eu te vi ontem a noite! Vai lá abraçar seu namoradinho rico!!

Não falo nada, só olho para ele com algo que eu não consegui dizer o que era.

– Vai ficar aqui me olhando? Se você sair, ninguém vai sentir sua falta! Não são nem sete da manhã e você já conseguiu me deixar puto!

– Eu não escolhi estar lá!- digo segurando os punhos.

– Então por que não saiu? Estava bom de mais para você?

– Eu não sai porque ele contaria que nós não somos irmãos!

– Você contou pra ele?

Bryce parou tudo o que estava fazendo e me ameaçou a recuar andando na minha direção.

– Você tem ideia da merda que acabou de fazer? Você estragou tudo!! Tudo o que pode imaginar!

– Eu não contei nada!

– Não minta para mim! Não tem jeito de ele saber!

– Já viu as nossas diferenças físicas? Não haja como se isso não influenciasse! Eu sou negra e você é branco! Não dá pra nós termos vindo da mesma mãe!

– Cala a porra da sua boca antes que a Lua ouça!

Ele dá mais um passo para frente e eu caio na lama que estava no lugar dos porcos. Bryce parecia completamente diferente de algumas semanas atrás, ele parecia o Leen quando não estava bem.

– Você é o mesmo cara que estava falando de casamento mês passado? Eu já disse o que está acontecendo, se eu disser um não para ele, Martha diz um não para gente! E bum, estamos na rua!

– Correção, ele está na rua, eu te quero aqui.

Puta que pariu, larga do meu pé!

– Então esse é seu novo namorado?

– Irmãos? Sei?

– Ei, ninguém vai me ajudar a levantar?

– NÃO!- dizem os dois juntos.

Um porco anda na minha direção e eu faço fusquinha para me ajudar, mas ele levanta a cabeça e vai embora. Estudos mostram que tá foda.

– Eu não me importo se você for pra puta que pariu!! Mas a Bine fica comigo!

– Você gosta de pegar a moça dos outros, né? Filinho de mamãe!

Saio da lama e tiro um pouco do meu corpo, mesmo não fazendo diferença.

– Posso falar alguma coisa?- pergunto.

– Não se intromete, Bine.- grita Bryce.

– Não mesmo, venha comigo!- Spancer pega no meu pulso rumo a direção do celeiro.

– Não mesmo, ela não sai daqui!

Os dois me puxaram e eu baixei a cabeça submissa.

Não.

Não mais.

– Eu não sou um cabo de guerra!- saio correndo do celeiro em direção ao lago, vamos dar uma trolada nesses garotos convencidos.

Pelo o que o Spancer disse, isso é muito fundo, então dá pra pular sem se preocupar.

Hesito um pouco antes disso, fico de pé na borda de um pier de madeira velho e olho para trás, não tinha ninguém os dois estavam provavelmente brigando. Imagino o quão gelada essa água deve estar em uma estação próxima ao inverno, mas antes, fiz questão de gritar uma coisa.

– Pelo o menos, eu escolho pular aqui!

Encaro pequenos pedaços de gelo que boiavam na superfície da água e penso, vai ser rápido. Fecho os olhos, recuo um pouco e pulo na água gelada. Ficou tão frio que tudo o que eu queria era estar seca de novo, mas nado para de baixo do pier. Ouço passos pesado em cima de mim e paro de tremer para ouvir a conversa.

– A culpa é sua!- grita Spancer.- se você tivesse a deixado vir comigo, ela estaria comigo!

– Cala a sua boca, menino mimado! Já tenho dinheiro o bastante para conseguir alguma coisa!

– Seu dinheiro cobre isso?

Ouço mais alguém cair na água e saio de trás da madeira para ver quem era. Bryce.

Pego ou não pego ele, eis a questão. Foi uma bela briga a que acabamos de ter, mas eu não podia deixá-lo assim.

Por sorte, ele sobe no pier de novo.

– Ela está lá em baixo.- ri.

– Por que não a pegou?

– Ela é sua, não é?

– Spancer, venha, nós vamos para a cidade!!- grita Martha.- e avise Bine que ela tem um dia de folga!

Bryce se sentou na beirada do pier e ficou olhando as nuvens de tempestade que vinham. Subi discretamente numa escada atrás dele e tentei correr para outro lugar, mas tinha uma abelha na grama e eu pisei justo nela.

Cubro a boca com a mão, mas não antes sem dizer um ai bem baixo, Bryce ouviu. Ele se virou para me ajudar, mas não o fez.

– Me diga um motivo para eu ir aí?

– Eu fui obrigada a fazer aquilo. Você acha que eu ia desistir de você para ficar com aquele babaca?

– Me prove!

– Você tem que confiar em mim!- choro.

– Lembra do dia em que você dormiu na minha casa, você disse que não confia em mim.

Tento continuar a andar, mas eu estava triste, com fome e dor. Não consegui dar mais de dois passos se cair de novo. Tiro o ferrão do pé tentando não apertar e tento mais uma vez, mas piso em uma das frutas de madeira que caiu da árvore e todas as lascas entraram no outro pé.

– Não precisa gostar de mim, só me ajuda, eu estou congelando e com fome!- grito para que Bryce pudesse ouvir.

Ele se levanta e me ajuda a andar até o quarto em que eu dormia antes, ele acende a lareira e me dá uma muda de roupas.

– Se seque, vai ajudar.

Faço o que ele pediu e visto a roupa quente, me cubro na cama e agradeço por estar quente de novo.

– Que tal um sanduba, como nos velhos tempos?

Sorrio enquanto ele esquentava uma pilha de coisas que encontrou nos armários e me deu depois de pronto.

Devoro tudo sem me preocupar com limpeza e limpo a mão na parte de baixo da cama.

– Nem sei o que te dizer.

– Que tal perguntar se eu estou bem?

– Por que dormiu com ele?

– Já disse, não tive escolha. Se eu dissesse não, ele contaria para a Dona Martha a verdade.

– Como ele soube?

– Ele me seguiu e viu nosso beijo. To desculpada?- faço uma carrinha fofa.

– Não.-Ele fechou a cara para mim e se virou.- vou embora amanhã, aqui está sua parte do dinheiro.

Ele me entrega um bolo de dinheiro e me encara.

– Você vai ficar sozinho?- pergunto.

– Existem outras pessoas no mundo, Bine, pessoas melhores que você.

Baixo o olhar e faço beicinho. Valeu Spancer.

– Boa sorte, então.- digo baixo.

– Eu não vou estar aqui para te ajudar, então… se vire bem, maninha.

Ele se deita na própria cama depois de muito tempo. O resto do dia, eu fiquei sem fazer nada, a não ser tentar dar um jeito no meu pé. De noite, eu me forcei a dormir e fui acordada por batidas frenéticas na porta, Martha.

– Preciso falar com vocês.- ela diz.

Saio da frente do caminho e a deixo entrar no quarto.

– O que foi?- pergunto.

Bryce já estava acordado e sentado na cama, que eu tivesse percebido, ele não olhou para mim.

– Infelizmente, eu não tenho mais trabalho nenhum para vocês aqui, desejo boa sorte em tudo e aqui está o último pagamento.

Martha entrega um bolo de dinheiro para Bryce que me dá uma parte sem me olhar nos olhos.

– Obrigada.- digo.

Saio da edícula e ando feliz até a saída da fazenda, fazia tempo que eu não vinha aqui, desde que cheguei aqui, minha vida se resumia a casa, celeiro e edícula. Sigo meu caminho para lugar nenhum e conto quanto eu tinha de dinheiro, o suficiente para viver em um apartamento. Tinha uma enorme vontade de me virar para trás e ver Bryce de novo, mas soube que não seria uma boa ideia, ele não gostava mais de mim. Ando pelas ruas da cidade que demorou um tempo para chegar incrivelmente não atraindo olhares estranhos. Que porra eu faço da vida agora? Eu já perdi a convocação para as gangues a um tempo, não adiantava voltar para Cato, seria inútil como rido que eu já fiz na vida!

Vejo alguns caras sentados em caixas conversando, fico os encarando até que um cara diz;

– Vamos, sente-se ninguém fica de fora com isso.

– Eu?- pergunto colocando as mãos no peito

– Não! Comandante de Cato.

– Explica isso.- peço me sentando.

– Cato é a pior cidade do continente, é uma terra de ninguém, por isso que eu falei comandante de Cato.

– Ei, eu venho de Cato!- rio.

– Como fala tão abertamente disso?- pergunta um outro.

– Por que, de vez em quando, quero que as pessoas tenham medo de mim.

– É nova na cidade?

– Sim.

– Vou te dar uma dica, de uma passeada por ai que oferecem empregos muito bem remunerados.

– E pra casa? Como eu fico?

– Do mesmo jeito que com trabalho, de uma procurada que acha.

– Bem… eu sou de Cato, não sei como as coisas aqui funcionam.

– Quando tem algo a venda, tem uma placa com os contatos de quem vende. Fácil. Boa sorte.

– Obrigada.

Me levanto da caixa e ando mais um pouco pela cidade a procura de um apartamento, por sorte, acho um barato e confortável. anoto o número com uma caneta emprestada e uso o orelhão para falar com a pessoa.

Olá, Tina!

Oi, é a Bine e eu queria saber mais sobre seu apartamento que está a venda.

Claro! Vamos nos encontrar para negociar, ok?

Certo, que tal em um café?

Qual?

Sou nova na cidade, fale um aí que eu me viro para achar.

Pão Salmão, vamos lá.

OK.

Desligo a ligação e reflito nesse nome, pão salmão… que porra é essa? Saio por ai pedindo informações sobre esse café e, depois de cinquenta quilómetros de caminhada, finamente acho essa merda. Como um pessoa super informada, fico parada na porta procurando pela Tina, mas no final desisto e digo o seguinte.

– Tina, por favor, se apresente!

Depois de um tumulto, ela levanta a mão e eu sento em sua frente.

– Não me faça passar vergonha! Certo, vamos fazer uma negociação, quanto você tem?

– Cerca de mil kiras.

– Posso te vender por isso. O que acha?

– Tão barato assim?

– Se quiser, cobro por seis mil.

– Não, assim está ótimo.- rio.

Ela fez uma cara estranha enquanto desviou o olhar para porta.

– O que foi?- pergunto me virando.

Droga.


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