Em meus sonhos eu me encontro com os fantasmas

 Das pessoas que vieram e se foram

Memórias, elas parecem mostrar-se tão rápido

Mas o deixam muito rápido

— High Hopes (Kodaline)

POV´S Violetta

— O que aconteceu com ele? – Eu perguntava já à beira do desespero, procurando por respostas ao olhar para o médico que havia chegado no quarto há pouco tempo.

O homem de estatura alta pareceu respirar fundo e se dirigiu especificamente aos pais de León.

— Não sabemos muito sobre como e por que aconteceu, mas Diego, que acompanhou seu filho até aqui nos disse que havia ligado algumas vezes para León, não sendo retornado ele foi para a casa de Violetta- estremeci um pouco ao ouvir o médico falar, aquilo era o que Diego faria, já que provavelmente imaginara que León ainda estava em minha casa - Vendo León caído a poucos metros do carro no caminho, imaginamos que o carro capotou e León foi arremessado do mesmo.

Claire e Ramón, assim como eu, estavam assustados demais para formular uma resposta ou até uma pergunta para o Dr. Ramirez, fazendo o mesmo continuar a nos dar algumas informações necessárias para processar tudo aquilo.

— Pela gravidade dos ferimentos, podemos dizer que você é um cara de sorte León- Sorriu fraco e olhou para o garoto de olhos verdes que estava com a testa franzida, tentando assimilar o que estava acontecendo ali.

~1 semana e meia depois~

Queria ser como León, naquele momento ele era uma pessoa normal, pois não se lembrava direito das coisas e pessoas ao seu redor. Sendo assim, eu não lembraria de tudo o que ocorrera em minha vida, às vezes eu apenas queria uma vida normal, mas uma pessoa lá fora não queria isso, fazia de tudo para que eu ficasse destruída por completo, e ela está quase conseguindo que isso aconteça outra vez.

— Hey Vilu! – Naty e Maxi falaram em uníssono, logo após eu abrir a porta e os cumprimentar com um abraço.

As coisas estavam corridas para a maioria de nós, mas conseguíamos dar um jeito de nos ver quase sempre, Maxi e Naty eram os que menos conseguiam fazer isso, mas quando conseguiam, aproveitavam ao máximo.

— Está tudo bem? – Foi Naty que pediu, dando lugar ao seu “eu” preocupado.

— Na medida do possível, sim – sorri fraco e alternei o olhar entre os dois- Vocês têm algo para me contar? É algo com alguém do grupinho? – Grupinho era como nós mesmos nos chamava, já que quando éramos mais novos, gostávamos que fosse nós dez para tudo, mesmo que fôssemos em um grande número.

— É sobre León- Maxi sorriu- Ele está se lembrando algumas coisas sobre nós, pelo menos nossos nomes, mas não podemos forçar muito já que as memórias estão vindo aos poucos e ainda não são completas.

Finalmente, uma notícia boa em dias. Eu não via León desde o dia no hospital, havia conversado apenas com Fran e Diego sobre aquilo, tentando obter mais informações de Diego, que infelizmente não tinha mais alguma além das que eu já sabia. Isso me deixara profundamente irritada, mas não demonstrara porque Diego não tinha culpa, o desgraçado, que era como eu o chamava desde meus 14 anos que é o culpado, não há dúvidas disso.

POV´S León

Era muito difícil viver em um lugar onde tudo e todos pareciam estranhos, mesmo que as duas pessoas que viviam ali comigo eram meus pais. Recebi algumas visitas, no começo era muito difícil fixar as coisas, principalmente o que a garota loira e o garoto que possuía um grande topete diziam sobre eventos antes do trauma, provavelmente sobre nossa infância, que a garota insistia em dizer que passamos juntos.  

— Mãe – falei um pouco alto para que a mulher com a mesma cor de cabelo que o meu pudesse escutar, logo ouvi ela suspirar e vir para perto de mim.- Quem eram aqueles dois que vieram aqui ontem?

— Ludmila e Federico, eles são seus amigos filho- acariciou meu ombro, sorriu fraco e saiu indo ao encontro de meu pai, me deixando sozinho no deque da piscina, que era o lugar onde eu mais ficava naqueles últimos dias apenas olhando para a água clara da mesma.

Ludmila e Federico.

Ao pronunciar o nome deles, me lembrei um pouco sobre os mesmos, algumas vezes eu lembrava de algo em relação à minha família e meus amigos, como Naty e Maxi que haviam vindo me visitar mais cedo, mas a maioria das lembranças recuperadas eram povoadas por uma garota de cabelos curtos loiros, que Naty me disse ser Violetta, mas falou apenas isso já que teve que ir com Maxi sei lá para onde.

E quase como tivesse escutado seu nome e se teletransportasse para ali, a tal Violetta se aproximou e se sentou ao meu lado, por alguma razão ela demonstrava insegurança, o que me deixou mais curioso ainda para saber sobre ela e o que significava em minha vida.

— Ooi León- ela disse e puxou seus joelhos contra seu peito, logo abraçando os mesmos e me fitando com aqueles olhos castanhos que ainda demonstravam um certo tom de hesitação.

— Oi...Violetta né? – Sorri ao ver uma faísca de surpresa em seu olhar, pensando que Violetta estava ficando aturdida ao perceber que eu sabia seu nome. Quatro dias após saírmos do hospital minha mãe me contou sobre o acidente, mesmo eu não sabendo absolutamente nada sobre o mesmo.

— Sim, como você...

— Como sei seu nome? Naty me falou, mas não me explicou porque em algumas lembranças minhas aparecem nós dois, com você chorando em meus braços – Algo em sua expressão mudou, mas como eu não fazia ideia do porquê, continuei. –O que somos, Violetta?

— Um casal –uma voz desconhecida por mim se deu por ouvir atrás de nós, me fazendo olhar para a tal pessoa. Com o canto do olho pude perceber a garota pequena de cabelos loiros encolher os ombros e desviar o olhar rapidamente.