SOS - Em má companhia escrita por Leelan


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ou poderia tentar dar nome aos capítulos, mas acontece que sou muito ruim nisso kkkkk
Divirtam-se.



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Mikasa acordou com a mãe de Eren cantando logo abaixo dela, na cozinha. Tentou lembrar o que havia sonhado, mas nada aconteceu. Um pressentimento ruim pairava sobre ela, que tentou dispersar a sensação com o seu modus operandi habitual, não ficando parada. Levantou da cama sem lamento, prendeu o cabelo que havia crescido terrivelmente nos últimos meses em um rabo de cavalo, algumas mechas grossas se rebelando em ficarem presas, e fez a cama. Sabendo como era o Eren, não se preocupou em sair em disparada para disputar o banheiro, ele com certeza não havia acordado ainda, metade como afronta, metade como preguiça.

Após tomar banho e escovar os dentes, colocou o primeiro jeans que avistou e uma blusa básica. Pensou duas vezes sobre levar um casaco, mas sem dúvidas o ar condicionado do jatinho a incomodaria. Era o caribe, mas até chegar ao destino final o frio podia aparecer.

Desceu com sua mala, uma grande e outra pequena de mão e seguiu os aromas maravilhosos que atraíam qualquer um para o banquete na mesa da cozinha.

– Bom dia, tia. - Ela a cumprimentou antes de se sentar a mesa.

– Bom dia, querida. Já está tudo pronto? Cadê o Eren?

– Dormindo, provavelmente. E está tudo pronto sim. - Respondeu enquanto se servia.

– Esse Eren… - Foi só o que ela disse enquanto ia até o pé da escada. Com um fôlego que ninguém sabia de onde vinha, ela berrou seu nome. Apesar do aspecto delicado, era uma das pessoas mais fortes que Mikasa conhecia.

– Bom dia. - Saudou o pai de Eren que entrava naquele momento, ela retribuiu a saudação. Antes de abrir o jornal, Dr. Jaeger olhou sua mulher ainda ao pé da escada, com as duas mãos na cintura. - O chamado… - Murmurou, suave.

Mikasa sorriu pra ele, não sabendo exatamente a quem o Eren havia puxado, seus pais eram muito mais pacíficos e fofos do que ele jamais foi.

– Kiara, querida. Ele com certeza já a escutou.

– Esse Eren… - Ela repetiu, voltando para a cozinha quentinha. - Mikasa, você sabe como ele é difícil, poderia por favor manter um olho nele por mim enquanto vocês estão fora?

Dessa vez o sorriso de Mikasa não alcançou os olhos, ela estava cansada de tomar conta dele. E não porque não queria, mas todos tinham seu limite, e o dela havia sido alcançado só com o Eren tratando-a e destratando-a quando bem entendesse. Suspirou internamente, faria o que tinha de fazer, porque devia aos pais dele por toda a vida.

– Esse Eren não precisa de ninguém tomando conta dele. - Respondeu o próprio Eren, um de cabelo molhado e todo eriçado com uma carranca no rosto. Antes de sentar, ele deu um beijo no topo da cabeça da mãe.

– Finalmente, Eren. - Kiara também se sentou a mesa. - Agora vamos todos comer, já já nós os levaremos ao Nacional Impact. - Ela bateu palminhas, realmente animada. - Vai ser tão divertido, vocês verão.

Contagiada pela animação dela, e porque odiava decepcioná-la, Mikasa assentiu sorrindo, ao que Eren revirou os olhos e encheu a boca de pão. Quando todos acabaram, Mikasa ajudou-a a tirar a mesa e lavar e enxugar os pratos. Eren continuou sentado falando sobre esportes com o pai, a campainha soou e, como um aviso, todos se sentiram impelidos até a sala, oficialmente dando por terminado o café da manhã. Eles tinham um lugar para ir.

– Armin! - Saudou Eren ao abrir a porta, batendo afetuosamente no ombro do outro. - Chegou na hora certa, agora todos estão aqui para presenciar o meu fim.

Armin revirou os olhos.

– Não seja tão dramático.

Era a empresa do pai de Jean e, mesmo assim, ele foi o último a chegar. Annie mexia no celular, de costas para o resto; Mikasa sentou na sua mala de rodinhas, esperando. Armin e Eren estavam perto dela, conversando. Connie conversava com o piloto, Reiner. E então o príncipe chegou, uma mochila nas costas e uma mala na mão. Enquanto se aproximava, suspendeu os óculos escuros até o cabelo e deu um sorriso incisivo.

– Meus caros, só estavam esperando por mim…? - Disse inocentemente.

– Como se minha falta de graça precisasse ser prolongada. - Annie murmurou alto o suficiente para que ele ouvisse. - Já que o queridinho do papai nos deu a honra da sua presença, podemos…?

– Já tão cedo e tão amarga, tsc tsc - Jean respondeu, os olhos brilhando. - Eu me pegunto o que eu poderia fazer para melhorar sua cara azeda.

– Continue aqui enquanto partimos, ajudaria bastante.

– Esse efeito que eu causo em você… Intrigante, de fato.

Annie rosnou de leve, pronta para responder, mas Eren não permitiu.

– Eu não podia estar mais enfadado. Seria pedir muito que calem a boca?

– Disse o rei. - Zombou Jean.

– Não sou eu que me comporto como tal.

– É claro, você precisa se mostrar superior com essa sua falsa modéstia. Quão paradoxal pode ser isso?

– Quão hipócrita pode ser essa conversa? E cansativa. Vamos logo ou o quê? - Connie se aproximou, pegando sua única bagagem do chão. - Hein? Preciso arrastá-los?

Eren e Jean ainda se encaravam com raiva, Annie suspirou, entediada, indo até a máquina, Armin pôs a mão no ombro de Mikasa e ambos seguiram Annie.

– Palhaçada… - Connie disse antes de dar as costas aos dois.

Dez segundos depois, Jean sorriu sarcasticamente e foi se afastando, andando de costas, olhando para Eren até não poder mais. Eren por sua vez esperou o outro entrar para dar o braço a torcer.

Seria uma longa, longa viagem. Já havia passado uma hora e todos estavam inquietos em seus lugares, ninguém compartilhando o espaço com o outro. Armin tinha se sentado à mesa e já havia aberto um livro, sem querer perder tempo, mas até pra ele aquilo estava além do que pode ser considerado chato.

– Vamos jogar alguma coisa! - Propôs Connie.

– Dispenso. - Eren respondeu de imediato.

– O maioral não pode desperdiçar seu tempo com nós, meros mortais, ConCon. - Jean se inclinou para frente sem sua poltrona, dua filas atrás do de Eren, pronto para animar sua viagem.

– Ok, Jean, não começa. - Mikasa falou arrastado, estava quase pegando no sono.

– Então não defende. - Jean lhe respondeu. - Ele com certeza não merece sua atenção, ou só você não percebeu isso ainda?

Eren ficou vermelho.

– Qual é o seu problema? Idiotice virou hobbie?

Jean riu, satisfeito.

– Seria muito bom se eu pudesse estudar. - Armin se pronunciou.

– Que trio vocês formam… - Jean balançou a cabeça negativamente, como se maravilhado. - O nerd, a boneca e o otário. Vocês suportam o Jeager por caridade? Pronto, verdade ou consequência, respondam aí.

– Consequência pra você, babaca, pula do avião. - Eren respondeu entredentes.

– Consequência para todos. - Mikasa aumentou o tom, autoritariamente. - Mantenham-se calados.

– Assim disse a rainha. - Annie disparou, do lado oposto ao da Mikasa no corredor.

– Nem vem, Annie. - Mikasa respondeu. Jean ria, parecia se sentir em casa quando o caos se instalava.

– Gostaria de ser uma mosca no quarto das senhoras de madrugada. O que vai rolar, briga de travesseiro?

– Mas você já é um inseto, Kirschtein.

– E só um pra reconhecer o outro, não é mesmo, Erenzito?

Se havia uma coisa sobre o Jean é que ele nunca negava qualquer insulto sobre si, seja porque não valia o esforço ou porque ele acreditava no que diziam, Jean preferia deixar que pensassem mal dele.

Poucos insultos ainda se sucederam após aquele, farpas por todo lado, até que cansaram e voltou a inquietação, a tensão no ar. Dormiram, acordaram, comeram, usaram seus próprios eletrônicos ou leram seus livros, discutiram mais um pouco. Um arrepio passou por Mikasa, que apertou o casaco em volta de si, feliz por ter decidido levá-lo. Ela olhou ao redor, Eren estava sentado algumas poltronas atrás, do outro lado do corredor, olhava pensativamente para fora da janela, impossível de alcançar. Sempre impossível de alcançar. Suspirando, voltou para o seu livro.

Mais duas horas, quando as caixas de som chiaram. Todos se empertigaram, pensando que já haviam chegado e o pouso seria anunciado.

– Senhoras e senhores passageiros, ocorreu um problema no vôo. - A voz da co-piloto, Petra, ressoou pelo avião. Não sabiam dizer se o tom era impessoal ou tenso. - Infelizmente não estamos conseguindo avistar o destino final no painel. Não temos muito combustível restante. - Sua voz hesitou, sendo seguida por um pigarro. - Estaremos pousando no primeiro pedaço de terra que avistarmos. Coloquem os cintos. Não precisa de alarme, é só se manter em seus lugares.

Eles perceberam que o microfone tinha sido desligado, mas continuaram congelados em suas posições, esperando por mais alguma coisa, que não veio.

– Como assim não conseguiram encontrar o destino final? - Connie quebrou o silêncio, preocupado.

– Provavelmente significa que estamos perdidos. - Jean respondeu, sério. E todos inspiraram ao mesmo tempo. - E pra piorar, em pouco tempo estaremos sem combustível.


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