“Aquilo era uma péssima ideia.”

Se havia algo em comum entre eles naquele momento, era o mesmo pensamento. Nunca viram algo dar tão errado como a relação que tinham, o que era uma decepção para seus pais, amigos desde o colegial. Eles acharam, os pais, que a amizade entre seus filhos dariam continuidade à deles, como irmãos de alma que passam de geração em geração. Mas, invés disso, alguns mal suportavam outros, viviam discutindo, sendo maldosos e, em um momento crítico de suas infâncias, machucando-se fisicamente. Era uma guerra, poucos ali se salvavam.

E então, depois de 18 anos de espera, os queridos progenitores resolveram que aquela situação já havia passado dos limites. Nas férias que ocorriam entre um semestre e outro, eles armaram uma viagem para seus filhos em um resort no caribe. 6 adolescentes-quase-adultos sozinhos em um resort all inclusive 5 estrelas. O que poderia até ser remediado, se as meninas não tivessem que dividir o quarto entre si, e o mesmo tivesse sido providenciado aos garotos. É claro que para eles, as férias ainda podiam ser salvas se, por exemplo, não dormissem em nenhum momento, e assim não tivessem que sentir a presença um dos outros na madrugada, ou, em uma medida menos extrema, sumissem durante o dia e aguentasse duramente à noite. Mas cada um tinha seus próprios amigos e planos para aquele mês, de modo que uma geleira se instalou em cada casa após o comunicado.

Poucos festejaram internamente. Mikasa, por exemplo, não podia estar mais feliz por ter esse momento com o Eren, quem sabe ele podia finalmente notá-la nessa viagem, ela estava cansada de ser a ação caridosa dos pais deles após eles a terem adotado quando sua mãe, melhor amiga da mãe dele, morreu em um acidente de carro. Ela queria que ele a visse como a garota que era, como uma das garotas que ele sempre estava ficando, se bem que ela queria ser mais permanente em sua vida do que elas eram. E, além disso, dentre todos os outros que iam, Armin era seu amigo. Se tudo desse errado, ainda assim teria ele para lhe fazer companhia.

Eren não podia estar mais furioso com a ideia ridícula dos seus pais, mas, para ele, também tinha o Armin, seu melhor amigo e cúmplice. Diversão não ia faltar e, apesar de amar seus pais, não podia acreditar que eles pensavam realmente que essas férias imposta fosse a solução. Sem nenhum adulto com eles, o que obrigaria cada um a se relacionar com o outro?

Jean odiava todos, ou quase todos. Mesmo que ele negasse até a morte, o fato de estar em uma viagem com Annie o animava. O por quê não se sabia, já que ela estava sempre te dando patada, e vice versa. Mas trocar farpas com ela podia fazer o seu dia muito bem sucedido.

Já Annie, não é como se ela os odiasse, ela só era indiferente a eles. Discutia com um ou outro só por falta do que fazer, e com Jean porque ele pedia, em sua opinião não havia ninguém mais egoísta e idiota do que ele. Aquela invenção seria um tédio só, levaria um monte de livros para se salvar.

Armin não tinha nenhuma ideia negativa quanto a isso, não como os outros. Pretendia estudar as férias toda, pois já havia um projeto para a volta às aulas e se fosse bem sucedido podia ter uma chance real de estágio na Master Publicity, grande empresa no ramo de publicidade e marketing. Conseguir isso logo no início do curso seria perfeito, não via porque não mover seus plano para uma das ilhas mais cotadas do mundo.

Connie estava feliz. Férias no Caribe, quem não queria? De todos, devia ser o único que preferia melhorar a situação entre eles, não que precisasse. Era, de certa forma, popular, sua personalidade brincalhona permitia ter vários amigos, mas também não levava desaforo pra casa e só por isso a ideia não caiu bem. Queria férias no Caribe, mas sem estresse.

Além do “Aquilo era uma péssima ideia.”, cada um não conseguia entender como estava levando aquilo adiante. Sabiam a merda que daria, mas por causa dos pais, do destino da viagem, do que quer que fossem, só fecharam a cara, gritaram tudo o que tinham que gritar e, não resolvendo, engoliram o fato. Agora, faltava um dia para todos se encontrarem na empresa do pai de Jean, de onde sairia o jatinho. E ninguém queria pensar muito naquilo, mas não deixaram de se perguntar: O que ia acontecer?