Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 15
XIV: Pound


Notas iniciais do capítulo

Houston, temos um problema aqui.
Vou ignorar que gastei meu tempo livre com outras coisas (inclusive com terminar outra fic). Mas só isso não explica certos problemas.

Primeiro: Desde o dia 18, estou em período de provas finais da faculdade, terminando somente no dia 02/12. Logo, são duas semanas em que não escrevo absolutamente nada.
Até aí tudo bem. Quer dizer, eu sempre escrevo um capítulo na frente por conta de emergências e...

Segundo: Tive um brainstorm comigo mesmo essa semana. O resultado dele foi eu apagar completamente o capítulo que estava programado para hoje. Quando eu finalmente acredito que seja o momento de explicar certos enigmas da história, percebo que estou criando um caminho fraco na história e que pode ser melhorado. Dito isso, terminei anteontem a noite o capítulo de hoje. Mas não posso prometer que o capítulo de 04/12 vai sair a tempo. Não com as provas vindo.

Terceiro: Como estar ocupado não é desculpa para narrativa ruim, podem reclamar à vontade caso o texto esteja pobre ou mal-construído. Eu não tive tempo de revisar, nem de pedir para lerem o texto como eu costumo fazer em situações normais. Talvez passe até mesmo algum erro de grafia, mas acho que desses eu consigo fugir dando aquela olhada básica antes da postagem.

No mais, boa leitura.



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Himiko soluçava enquanto chegava ao Centro Pokémon de Dewford, ainda destroçada com o resultado da última batalha. As lágrimas que a abandonavam não eram destinadas ao Hoppip, porém. Ela não sabia dizer exatamente o porquê, mas parecia se conformar com seus colegas que morriam com certa facilidade. Seus problemas pessoais pesavam mais em sua consciência do que deveriam, mas ao mesmo tempo isso não justificava sua falta de empatia.

Não seria errado dizer que Himiko não se dera ao luxo de pensar com calma na morte de seus outros Pokémon como fizera com o Zigzagoon. Talvez fosse por ele ter sido o primeiro, mas parecia ser a maior das perdas.

Comparado a ele, ela superara muito melhor a morte do Poochyena na caverna. Ela tinha problemas maiores consigo mesma naquele momento; perceber que não havia de fato perdido a confiança de seus Pokémon parecia atenuar a dor.

O Beautifly morrera em uma batalha oficial; talvez por esse motivo a morte dele fosse ser mais dolorosa. Mas não, Himiko havia se metido em um apuro dezenas de vezes maior naquele instante, anestesiando a dor da perda de mais um Pokémon.

Será que…

A morte do Hoppip, entretanto, abalara a garota de uma maneira completamente diferente. As experiências anteriores pareciam mostrar à treinadora o quanto ela estava se tornando fria e, porque não dizer, egoísta em se tratando de si. Afinal, ela embarcara nessa jornada em busca de se reencontrar. Não necessariamente consigo mesma.

Ela tinha plena consciência de que não estava assim por causa do Pokémon, não por aquele que ela usava pela primeira vez em uma batalha que tinha tudo para ser amigável.

Brendan…

Sentia nojo ao lembrar do nome dele. Fora ele o culpado pela morte do Hoppip. Fora ele quem permitira que o Seedot saísse de seu controle. Himiko não tinha culpa de ter usado um golpe que atingisse o ponto fraco do adversário; o fato de este ter saído do controle era apenas a falta de preparo de seu treinador.

— Pois não, o que deseja?

Os pensamentos da garota foram logo interrompidos pela atendente no momento em que chegava a vez de Himiko ser atendida.

— Ah, desculpe… — a treinadora corou pela surpresa. — Eu queria saber se vocês ainda tem vaga no alojamento de treinadores…

— Temos sim, é uma das últimas. Você pode me entregar sua licença por um momento para eu pegar seus dados?

A treinadora não teve nem tempo de se perder novamente em seus devaneios; a resposta da funcionária foi mais rápida que os sentimentos de raiva da garota.

— Himiko Senri… sua cama é a de baixo, no último beliche.

— Obrigada.

— Se quiser, pode deixar seus Pokémon comigo, eu posso encaminhá-los para a enfermaria, eles vão estar mais confortáveis lá.

Himiko não pensou muito antes de entregar suas pokébolas. O céu nem mesmo havia escurecido completamente, mas a garota não pensava em fazer mais nada até que amanhecesse.

Sentiu-se estranha enquanto deitava-se. Por um lado, parecia ter perdido completamente a empatia com seus Pokémon, com a possível exceção de Futa. Por outro, sentia ódio daquele que havia matado seu Hoppip. Não pelo ato em si, mas por considerar uma traição frente à confiança que lhe depositara.

Ela adormecera logo. Para sua sorte, antes que Brendan chegasse para ocupar a cama de cima do beliche.

— — —

Himiko abriu seus olhos, tentando reconhecer o ambiente em que se encontrava, o qual lhe parecia bastante familiar apesar de sua visão distorcida. Ela via pouco mais do que uma mancha disforme, um tom negro azulado à sua direita destoando do resto da visão em tons de creme, acentuados por um tom amarelado que parecia surgir do topo de sua cabeça.

A ausência de detalhes, contudo, não a impedia de se movimentar. Pelo contrário, a garota sabia exatamente aonde deveria ir, virando-se na direção contrária à zona mais escura.

Depois de dar alguns passos, sua visão foi se tornando levemente nítida. Conseguia, com certa dificuldade, reconhecer uma escada, por onde imediatamente subia apoiando-se no alto corrimão de um tom mais escuro de marrom. Não era guiada por nada além de seu próprio instinto. De alguma maneira ela sabia que deveria tomar aquele caminho.

Ao topo da escada, encontrava-se o que parecia ser um corredor. Ela ainda não conseguia enxergar com clareza, mas seu subconsciente fazia com que avançasse, um passo de cada vez. Himiko sentia que já estivera ali antes, mas sua memória lhe traía naquele momento.

E a cada passo que dava, sua visão lhe parecia mais clara. Os tons amadeirados já dominavam a visão da garota. A sua frente, mais uma mancha escura, da qual se aproximava lentamente; esta tomava uma forma retangular, a qual parecia chamá-la.

Já era capaz de discernir algumas formas presentes no escuro ambiente no instante em que o adentrava. A tal mancha escura lhe parecia uma janela, um portal para a noite que se abria ao fundo. Passava por uma porta, branca, que demarcava o limite entre o corredor por onde viera e o que parecia ser um quarto.

E dentro dele, duas pessoas brigavam, exatamente ao lado da janela.

Himiko via a maior das duas pessoas esbofeteando a outra, que não reagia. Um grito agudo e seco de dor ecoou pelo ambiente, um grito que a garota parecia já ter ouvido, apesar de não reconhece-lo.

— Pare!

O grito de Himiko fez com que o agressor se virasse para a intrusa. Ela, em resposta, correu para abraçar aquela que não conseguia reconhecer visualmente, mas tinha certeza de ser uma pessoa conhecida.

A forma aparentemente masculina, apesar de surpresa, não pareceu ser intimidada pela interrupção. Pelo contrário, ele voltou a se virar para seu alvo original, puxando Himiko pelo braço e a atirando de qualquer maneira para trás.

A garota, porém, cambaleou sem apoio. Não reconhecera a forma do agressor, assim como não havia discernido a agredida nem mesmo pela voz. Tentava encontrar algo atrás de si para que pudesse reencontrar equilíbrio, enquanto culpava-se por sua memória falhar justamente naquele momento; ao tatear para trás, porém, encontrou o vazio.

Seu corpo parecia se lançar para trás; sua visão ainda turva mudou imediatamente de tonalidade, passando da escuridão do quarto para o brilho azulado do céu noturno. Seu corpo tombava pela janela, justamente aquela que fornecia a parca iluminação do cômodo. A mesma que lhe parecia chamar para aquele ambiente.

Ela olhava para baixo no breve instante de queda. O tom esverdeado da grama aproximava-se rapidamente; o impacto era iminente…

Himiko fechou os olhos, aguardando pelo fatídico momento, que não chegou a ocorrer.

A jovem teve coragem o bastante para abrir os olhos novamente ao sentir que já deveria ter atravessado o solo. Ainda continuava em um movimento de descida (ou seria agora uma subida?), sua visão agora tomada pela cor azul.

Ela ganhava velocidade, enquanto seu percurso parecia chegar a um novo fim. Podia perceber um reflexo se aproximando de seu campo de visão, era como se uma barreira de vidro aparecesse em sua frente, sua distância em relação à garota diminuindo mais e mais…

Um barulho de água corrente se fez quando Himiko ultrapassou a barreira. Sentia como se chegasse à superfície do oceano, com uma desenvoltura que sabia não possuir. Nunca fora uma boa nadadora, porém conseguia se mover rapidamente pela água utilizando somente o pensamento. Era exatamente o que fazia, deslizando suavemente pela superfície transparente, aproveitando que podia ver as coisas com clareza.

A um primeiro relance via apenas água por todos os lados. Mas não… havia um homem sentado sobre uma prancha mais adiante, ainda alheio a presença dela.

Himiko sentia cheiro de sangue; saboreava-o. Ele fazia com que a garota se sentisse ávida. Seu impulso era de atacar aquele rapaz de cabelos azulados que se encontrava inocentemente sobre as águas, ainda que não desejasse fazê-lo.

O homem parecia se mexer, agora atento à aproximação de Himiko. Ele tirava uma pokébola do cinto, levantava seu braço segurando-a… Não havia escolha…

Atacou-o uma vez, derrubando o homem de sua prancha. Atacou-o uma segunda; também uma terceira vez, enterrando suas mandíbulas na carne do rapaz, sentia suas costelas se partirem sob seus dentes afiados, o sangue jorrando quente por sua boca…

O homem urrava de dor, porém logo se calou. Seu corpo desfaleceu-se, seus músculos pararam de oferecer qualquer resistência. As águas agora se tingiam de vermelho…

No momento seguinte, ela foi atingida por um feixe de luz avermelhado, que parecia sugá-la. Himiko era puxada por uma estranha força que vinha do céu, seu corpo subia rapidamente; a grotesca visão do corpo do rapaz que acabara de atacar distanciando-se…

E a escuridão foi a única coisa que viu a seguir.

— — —

O despertar de Himiko não foi dos melhores. Havia sido incomodada com o pesadelo e, se não bastasse isso, reconheceu a mochila de Brendan ao pé da cama. Ele não se encontrava no recinto, possivelmente tomando um banho ou já o café da manhã, mas a mera presença da mochila já a deixara irritada por antecipação.

Por tal motivo, não se sentiu surpresa ao encontrá-lo sentado à mesa do centro Pokémon quando foi se alimentar.

— Bom dia, Himiko!

— Oi. — o tom frio da resposta da garota não correspondeu ao sorriso que ele dava, o qual logo desapareceu.

— Não precisa ser tão seca assim comigo…

— Já vai começar?

Brendan recuou frente à grosseria da garota, que decidiu por não se sentar, rumando para fora do centro. Ele, que ainda comia, levantou-se para ir atrás dela, ainda com uma torrada na mão.

— Você parece horrível. — continuou ele, seguindo-a. A garota distanciava-se, já em direção à praia procurando se isolar, ao que ele não deixava.

— O que é que você quer, afinal? — retrucou ela. —Terminar de ferrar com a minha vida?

— Eu venho aqui na melhor das intenções e é assim que você me responde?

— E quem é você pra falar alguma coisa depois de ontem?! — Himiko já havia se alterado novamente. — Você não passa de um moleque mimado que…

Paf!

Himiko arregalou os olhos ao ser atingida no rosto por Brendan. Ele parecia receoso pelo tapa que dera; sua expressão denotava que ele não estava arrependido de tê-lo feito, porém. O rosto da garota ardia enquanto ele desabafava.

— O mundo não gira em volta de você, Himiko. Eu só quero te ajudar, assim como seus Pokémon. Você não está aguentando o tranco de sair em uma viagem, quer resolver tudo sozinha, mas não está preparada pra lidar com isso. Até seus Pokémon já perceberam isso e você ainda não. Seu Hoppip pode ter morrido em um acidente, mas ele morreu feliz. Uma pena que o resto de seu time não possa sentir-se assim…

O silêncio da treinadora, desconfortante, dizia muito mais do que qualquer palavra. O rosto doía um pouco por conta do tapa, apesar de não ser comparável à reação que tinha. Ela encolhia-se, acuada; tremia pelas palavras que ouvia, tremia de medo. Ela se viu incapaz de olhar para o colega enquanto ele continuava a colocar senso na cabeça dela.

— Você deve ter seus motivos pra agir assim, não sei, mas tenha certeza de que não está sozinha nessa. Seus Pokémon vão ter muito que lhe agradecer quando você tomar consciência do que eu te falei. Converse mais com eles, desabafe. Nem todo mundo tá contra você.

Lágrimas escorriam pelo rosto da garota, que se ajoelhava na areia da praia. Talvez estivesse tomando consciência de onde errara, pois era claro o bastante para Brendan que ela se sentia extremamente mal pela situação.

— Esfrie a cabeça. Tente relaxar um pouco. Se quiser conversar depois, eu vou ficar feliz em lhe ouvir.

O treinador a abandonou, um leve remorso o acompanhava por ter tomado uma atitude extrema como aquela; entretanto, estava consciente de fazer o que considerou necessário. Talvez sentisse muito mais se soubesse o que passava pela cabeça dela naquele momento...

— — —

As portas do centro Pokémon se abriram com a chegada de Himiko cerca de uma hora e meia depois. Alguns jovens que se deram ao luxo de acordar um pouco mais tarde ainda se alimentavam, mas a garota não pensava nisso naquele momento; apesar de estar ainda com o estômago vazio, ela o sentia embrulhado, incapaz de receber o café-da-manhã. O rosto da menina ainda sentia o incômodo do tapa que levara, mas nem de longe fora o que mais lhe doía. O instante que ela passara sozinha servira ao menos para que ela pudesse encaixar novamente suas ideias, apesar de não ter sido o bastante.

Himiko decidiu que precisava desabafar com alguém. Ela sabia quem seria o conselheiro ideal para aquela situação, alguém que talvez pudesse entender tão bem quanto ela o que sentia. Não imaginava, contudo, que conversar com Futa acabaria por prolongar os questionamentos.

— Brendan tem razão, Himiko. Você não está bem.

A treinadora soluçou, isolada em um canto no Centro Pokémon. Ouvir isso de seu pokémon parecia atingi-la com mais intensidade, muito mais do que antes.

— Ok, eu já entendi essa parte, Futa.

— Pois não parece. Já parou pra pensar que todo mundo está preocupado com você?

O silêncio mental de Himiko denunciava que ela não estava preparada para mais uma rodada de combate emocional.

— Você só me chama quando está em apuros e precisa de ajuda. Eu não gosto, mas não tenho o direito de reclamar. Isso não significa que eu deixo de existir quando estou na pokébola.

— Eu… eu nunca havia pensado dessa forma. Quer dizer, vocês são só Pokémon e…

— Quem disse que Pokémon não podem pensar e se preocupar com seu treinador?

Himiko encarou o Kirlia, sentado no assento ao lado; ele apresentava expressão de tristeza evidente. A garota não soube o que pensar ao vê-lo daquela maneira, em especial considerando que ele tinha razão.

— Deixa eu te perguntar uma coisa, por mais que eu já saiba a resposta: quando foi a última vez que você conversou com o Monk?

— Monk?

— O Bellsprout, Himiko! Você nem mesmo chegou a perguntar o nome dele, não foi?

— Mas eu nem tenho como…

— Himiko, alguma vez você se lembrou de que eu converso com eles e poderia traduzir tudo o que eles dizem?

Como eu pude ser tão estúpida…

— Eu teria lhe ajudado, Himiko. Mas você nunca deu oportunidade…

As lágrimas que escorriam pelo rosto da treinadora eram genuínas.

— Eu passei boa parte da noite conversando com eles. Estão sentindo falta do Bully; ele era meio durão, mas era um bom amigo… Aliás, acho que você devia ter me falado que a Wendy morreu também, é chato quando eu fico sabendo as coisas tendo que vasculhar sua mente, sabe…

Himiko sentiu-se mais culpada por não saber quem era Bully do que por não ter comentado sobre a morte do Hoppip. Era um claro sinal do quão mal ela estava se relacionando com o resto de seus Pokémon.

— Como eu ia dizendo… todos estão descontentes. Você não dá a menor atenção a eles. Só pensa nos Pokémon na hora das batalhas… Pelo menos nisso você é boa, ou então nem estariam mais com você… Se bem que a gente deixasse, o Hélio já teria ido embora…

A expressão do Kirlia denunciava (assim como sua voz) o quanto o time estava descontente com a garota.

— Eu… eu não sei nem o que dizer…

— Não precisa dizer nada, Himiko, eu tento entender o que se passa com você… O que está faltando é tomar uma atitude. Fazer algo por eles, mostrar que se importa. Isso é, se você realmente estiver arrependida…

— Eu quero que você me ajude, Futa. Preciso desfazer as besteiras que andei fazendo esse tempo todo.

Pokémon e treinadora se abraçaram naquele momento; ela, chorando, desejava que aquele momento não acabasse.


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Notas finais do capítulo

Quarto:
...
Sim, eu vou continuar a contagem das notas iniciais, ué.

Não sou o tipo de pessoa que divide a história em arcos. Não faz meu estilo quebrar a continuidade da narrativa. Contudo, se eu o fizesse, esse seria o final do primeiro arco (nos meus planos). Se serão dois, três ou quatro, nem mesmo eu sei responder; afinal, fanfictions de gameplay tem dessas coisas.
Tanto é que vocês vão perceber algumas diferenças daqui em diante, como acabei de prenunciar.

Status do time:
Pokémon: 4
Kirlia Lv. 21; Bold, Synchronize.
Bellsprout Lv. 20; Bold, Chlorophyll
Swellow, Lv.23; Mild, Guts
Igglybuff, Lv.18, Bashful, Cute Charm

Mortes: 4 +0 = 4



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