Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 16
XV: Whirlwind


Notas iniciais do capítulo

Yay! Consegui terminar um capítulo mesmo com as provas! Agora não tenho mais desculpas para atrasar e...
Enfim. Se o capítulo passado marcou o início das mudanças, este vai levá-las para outro patamar. Claro, ainda tem muita coisa pra acontecer.
Sem muitos detalhes por aqui...



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A manhã chegava ao seu fim, enquanto Himiko caminhava novamente pela praia de Dewford. Mais calma depois de se abrir com o Kirlia, e definitivamente arrependida por ter ignorado seus Pokémon por todo esse tempo, ela estava disposta a recomeçar. Liberou seus Pokémon para uma conversa, com a intenção de esclarecer qualquer coisa que tenha ficado para trás, acreditando poder recuperar a confiança de sua equipe. A mentalidade da garota era completamente diferente do que ela havia demonstrado durante toda a sua viagem até então; ela esperava que seus Pokémon pudessem perceber isso.

— Então, pessoal. — Himiko dizia. — Acho que é hora de começar de novo. Nunca me apresentei a vocês, assim como não dei espaço para que se apresentassem.

— Lá vem você com essa de novo… — o Bellsprout retrucou, duvidando da garota.

Ela não exatamente compreendia como os poderes de Futa haviam se desenvolvido daquela maneira depois da evolução, ainda que fossem uma bênção naquele momento. Enquanto ele a tocava, Himiko conseguia compreender o que os outros Pokémon falavam, como se eles estivessem usando a linguagem humana. Poderia não ser um meio muito prático, era verdade, entretanto a habilidade que ele demonstrava era conveniente.

— Não, eu tou falando sério. Eu posso ter demorado demais a perceber isso, mas eu estava errada.

— Aham, claro… e eu sou um Torchic. — o Bellsprout continuou. — Você já tentou nos convencer uma vez, acho que ainda se lembra como acabou.

— Menos, Monk. — Futa interviu. — Dessa vez eu acredito de verdade nela.

— Claro que acredita. Até chegar a hora em que você tiver que batalhar. O Bully nunca quis participar daquela luta de anteontem, ele sabia que poderia morrer… e não deu outra!

— Não é bem verdade, Monk. — O Swellow interviu. — Se tem uma coisa que eu gosto na Himiko é o jeito com que ela batalha.

— Pessoal, eu não quero brigar! — Himiko tentava manter o controle da situação. — Não nego que errei, tanto que vou entender se não quiserem seguir comigo.

— Eu já vim até aqui, não vou embora agora. Até porque ainda me sinto seguro com você. — o Swellow estendeu uma das asas em direção à garota, como quem a cumprimentava. — Meu nome é Nuri, caso queira saber.

— Obrigada pela confiança, Nuri.

— Eu sou Monk. — o Bellsprout se apresentou em seguida, para logo em seguida dar as costas. — Mas pode tirar o Ponyta da chuva se você acha que vamos nos dar bem.

— Monk e Wendy estavam começando a se conhecer melhor, se é que me entende. — Futa explicava. — Não acho que ele vai superar tão cedo…

O olhar de Himiko, porém, direcionava-se ao Igglybuff, que até o momento escutava tudo em silêncio.

— E você, amigo…

O Pokémon se fechava, não por raiva, mas por timidez.

— Eu não vou te machucar…

— E-e-eu não… não gosto de conversar.

— Ele é assim mesmo… — Futa respondia à dúvida da garota. — Não se dá muito com as pessoas.

— Mas ele parecia tão…

— Não julgue. — Futa respondeu imediatamente. — Depois eu explico.

— Tudo bem então…

— Você diz que quer recomeçar. — Monk interviu. — Por onde?

— Pra ser bem sincera… eu ainda não sei.

— Como assim não sabe? Você não tem nenhum objetivo? Porque você saiu em jornada?

O silêncio da treinadora frente à pergunta de seu Bellsprout não foi uma surpresa para a equipe; ela, porém, começava a se incomodar com a situação que criara. Não estava preparada para tocar nesse assunto delicado. Não ainda.

— Achei que os humanos viajassem para participar de batalhas ou contests… — Nuri intrometeu-se. — Você não?

— É um pouco mais complicado que isso, vocês não entenderiam…

— Mas você foi ao ginásio conosco, fez questão de pegar a insígnia depois da batalha, eu pensei que você estivesse pelas batalhas…

Himiko demorou alguns segundos para juntar os pontos. Passara tanto tempo fugindo que se esqueceu por um instante do que havia planejado. Ela havia embarcado nessa etapa da viagem por causa de Norman; daria muita coisa para poder conversar com ele em particular. Conseguir as quatro insígnias do oeste de Hoenn não era um preço tão alto a se pagar pela oportunidade, afinal.

— Bem… não seria má ideia visitar o ginásio, para falar a verdade…

— E o que estamos esperando? — Nuri animou-se imediatamente.

— Calma, pessoal. — Futa discordou. — Pode ser perigoso, não devemos fazer as coisas por impulso…

— Eu tou com o Nuri nessa. — Monk completou. — Quero ver na prática isso, quero saber se você é tão boa quanto ele diz.

— Tudo bem. — Himiko parecia ter tomado uma decisão. — Todos concordam em irmos ao ginásio?

— Eu… n-não quero ir.

— O que foi, Hélio? — Nuri dirigiu a palavra ao Igglybuff. — Você não era assim…

— É muito p-perigoso!

O clima tornou-se imediatamente desconfortável; a treinadora, porém, tentou contornar a situação.

— Não vou obrigar ninguém a ir se não quiser.

— Se você for, me deixe na pokébola.

— Claro, eu farei isso.

— E então, vamos logo? — Nuri perguntou, sem conter a ansiedade.

— Vamos com calma… — o Kirlia argumentou.

— Vai me dizer que está com medo, Futa?

— Não é isso, só acho que precisamos nos preparar melhor!

O Swellow começou a encarar a garota, como quem implorava para que ela tomasse a decisão de ir ao ginásio. Apesar do conselho de Futa, ela acabou cedendo.

— Podemos dar uma olhada, não vai nos fazer mal…

— Himiko… — Futa resignava-se. — Bem, espero que saiba o que está fazendo…

— — —

Mesmo com o tamanho reduzido da cidade de Dewford, Himiko teve dificuldades em encontrar o ginásio. Nenhuma das construções da cidade se destacava, com exceção do Centro Pokémon, de modo que a jovem logo se viu andando em círculos.

— Acho que já passamos por aqui, Himiko. — disse Futa.

— Eu também estou achando que sim…

— Você tem certeza de que tem um ginásio aqui?

— O Sr. Stone disse que tem um aqui, a Ravena também disse. Não acho que estejam ambos errados.

— Ainda assim… Já faz meia hora que estamos andando…

A conversa entre os dois foi interrompida por um rosto conhecido que se aproximava em sentido contrário.

— Himiko?

— Ah, oi…

— Já se esqueceu de mim? — o rapaz riu, notando a expressão da garota.

— Eu me lembro de você, estava no navio ontem e…

— E não lembra meu nome… — ele estendeu a mão para cumprimentá-la. — Darlan.

— Me desculpe, minha memória não é das melhores…

— Deixa pra lá. — disse ele. — Tenho a impressão de que você está perdida…

— Como você percebeu? — a treinadora deu um sorriso irônico. — Estou procurando o ginásio Pokémon.

— Olha só que coincidência, estou indo pra lá agora… vem comigo que eu te levo até lá!

Futa não reclamou, apesar de ter se sentido ignorado ao ver a dupla caminhando despreocupada em direção ao ginásio. Não demoraram muito a chegar, para a surpresa da jovem; ela estava consciente de já ter passado por ali antes, sem reconhecer que a academia de ginástica que adentravam naquele momento era o ginásio da cidade, em parte pela falta de identificação a esse respeito.

— É, chegamos. — Darlan disse.

A antessala, vazia, era claro sinal de que o ginásio se encontrava fechado àquele momento. Um simples aviso, com a mensagem “volto logo” em manuscrito encontrava-se afixada na porta que levava ao ginásio propriamente dito. A treinadora surpreendeu-se ao ver seu acompanhante ignorar a mensagem e abrir a porta, que se encontrava aparentemente destrancada.

— Você não vem? — perguntou Darlan, que ignorava a surpresa da jovem.

Ela o seguiu por um corredor fracamente iluminado, que terminava em um par de escadas.

— Você está aqui por uma batalha Pokémon, não? — perguntou ele. — A arena fica no andar de baixo, pode esperar lá.

Darlan então tomou a escada oposta, subindo em direção aos equipamentos de ginástica. Himiko, apesar de insegura, desceu, encontrando uma arena de batalhas muito bem equipada, mais até que a de Rustboro. O tamanho era relativamente o mesmo, mas ela podia claramente perceber os detalhes no acabamento, assim como a pintura do piso, que por sinal possuía pequenas construções rochosas, obviamente artificiais, porém mesclando-se à arena perfeitamente; permitiam que os Pokémon em combate pudessem usá-las para se proteger de possíveis ataques.

— Algo me parece estranho… — comentou Futa.

— O que quer dizer?

— Aquele Darlan… não sei, não fui com a cara dele.

— Eu prefiro não pensar muito… mas não posso dizer que confio nele…

A surpresa de Himiko se acentuou minutos depois, com a chegada de uma segunda pessoa na arena de batalhas.

Mais especificamente, Darlan havia voltado.

— Então, Himiko… Você está aqui pela insígnia, eu suponho.

— Estou sim, mas o líder não chegou até agora…

— Oh, desculpe, achei que já tinha me apresentado. — comentou o rapaz. — Sou o líder substituto do ginásio Pokémon de Dewford.

— Como disse?

— Brawly vai passar uns vinte dias fora de Hoenn, o ginásio não pode ficar fechado por tanto tempo. Seria um desrespeito aos treinadores, pra dizer o mínimo.

A surpresa de Himiko era evidente, apesar de misturar-se com a desconfiança. Como Futa lhe alertara, as coisas não se encaixavam.

— O que me garante que você está falando a verdade?

— Serve isso aqui? — Darlan puxou um pequeno estojo do bolso de seu colete vermelho, que continha uma razoável quantidade de insígnias idênticas, mostrando-as à garota. — Ou se quiser, posso lhe mostrar meu contrato.

— Tudo bem, me desculpe a grosseria.

— Eu consigo compreender sua desconfiança, quer dizer, depois do que aconteceu em Rustboro essa semana…

— Eu não estou por dentro dos detalhes, — blefou ela — o que tanto aconteceu?

— Basicamente, a líder do ginásio foi morta segunda-feira. Não deu dois dias e pegaram o assassino, mataram o cara dentro do ginásio.

— Caramba… — Himiko tentava demonstrar surpresa, ainda que soubesse que não era tão talentosa ao fingir. Ao mesmo tempo, percebeu certa despreocupação na expressão de Darlan; ele também não parecia chocado com o acontecido.

— Bem, não foi pra falar sobre crimes que você veio aqui, não é?

— Tem razão… Eu vim pra disputar pela insígnia, mas não sei se estou preparada…

— Está com medo? — perguntou ele — De que?

— Bem, eu já perdi alguns Pokémon em minha jornada, fico receosa de lutar sabendo que a qualquer momento eles podem morrer…

— Eu estou consciente disso, parece que tem alguma coisa fora do normal a esse respeito, é como se eles estivessem menos resistentes. — respondeu ele, com toda a calma do mundo. — Nunca gostei do estilo clássico de batalhas; pretendo usar essa minha filosofia no ginásio, inclusive.

— Me explique como isso funciona, então…

— Eu vou liberar um de meus Pokémon; você poderá usar até dois dos seus ao mesmo tempo. Você terá total liberdade de atacar, eu irei apenas me defender. Quem se cansar primeiro, perde.

— Me parece justo.

— Mas tem um porém: eu vou escolher qual Pokémon irei usar baseado nas suas escolhas.

— Eu devia ter imaginado… — Himiko analisou seu oponente. As condições de batalha pareciam favoráveis, mas ainda assim ela se encontrava receosa.

— Tem certeza de que você quer isso? — Futa perguntou, até então ignorado.

— Eu não sei… — respondeu ela. — Não vejo como isso pode dar errado, mas ao mesmo tempo acho que não estou pronta…

— Eu não quero te influenciar nem nada…

— Eu já entendi, Futa… Eu sei que é você quem não quer lutar…

Himiko deu um passo à frente, enquanto pegava duas pokébolas em seu cinto.

— Estou pronta.

— Ótimo. Escolha seus Pokémon.

— Nuri! Monk! Hora da batalha!

Os Pokémon se olharam enquanto saíam de suas respectivas pokébolas. O Swellow parecia bem mais empolgado que o Bellsprout, ainda que ambos se mostrassem preparados.

— Bela dupla a sua, parece capaz de cobrir todas as bases. Mas vejamos se eles tem experiência o bastante pra lidar com o Keith!

À menção do nome, Darlan puxou uma pokébola incomum; negra com detalhes em dourado. Ela parecia combinar demais com o Pokémon quadrúpede que se libertava do encapsulamento, cujas cores eram idênticas às da esfera. As manchas douradas em cada uma de suas patas, além da que ficava no centro de sua face, lembravam anéis brilhantes em sua pelagem completamente negra. As orelhas eram estreitas, assim como sua cauda; esta última tinha a ponta bastante arrepiada, como um tufo de pelos bagunçados, característica incomum para a espécie, tal qual os olhos azulados, por trás dos quais podia se ver sua expressão de poucos amigos.

Himiko já havia visto aquele Pokémon em sua infância, apesar de desconhecer suas habilidades. Enquanto o Umbreon se posicionava na arena para o início do embate, a jovem puxou sua PokéDex, na esperança de encontrar algo que pudesse ajudá-la.

“Umbreon, o Pokémon lunar. Surgido através da mutação de um Eevee exposto demasiadamente aos pulsos de energia lunares, Umbreon tem grande facilidade de lutar em ambientes escuros, sendo um exímio caçador. Este raro pokémon tem uma resistência bastante elevada, sendo capaz de caçar por dias a fio; Umbreon possui a capacidade de exalar veneno através de seus poros quando acuado.”

A treinadora se intimidou imediatamente com as informações apresentadas pela Pokédex, em especial pelas características peculiares daquela batalha, em que o Umbreon teria imensa vantagem. O fato dela poder usar dois Pokémon ajudava a atenuar essa vantagem, não a ponto de deixá-la tranquila, mas o bastante para que ela acreditasse poder vencer.

— Está pronta?

— Acredito que sim.

— Keith, mantenha-se na defensiva como treinamos.

Himiko encarou por alguns segundos o Pokémon negro movendo-se suavemente pela arena, sem se deixar enganar pelo seu tamanho. Era um Pokémon bastante ágil e, portanto, dificilmente seria atingido.

— Ok, Nuri, vamos começar com a investida!

O Swellow era, definitivamente, um Pokémon veloz, porém não o bastante para atingir o Umbreon, que desviou-se com grande facilidade.

— Monk, use o ataque de folhas! Nuri, tente outra investida!

Himiko imaginou que ao utilizar os dois ataques simultaneamente o adversário teria dificuldade em se esquivar. O Umbreon, porém, desviou-se de ambos os ataques com um pulo relativamente alto para seu tamanho, com a mesma destreza que demonstrara antes. Darlan deu apenas um sorriso, sem dizer nada, analisando a cena, apesar de que uma visão mais atenta de sua expressão denunciasse o quanto as habilidades da garota pareciam decepcioná-lo.

Ela, entretanto, não tinha a intenção de desistir facilmente. Aproveitando que estava com a PokéDex em mãos, começou a pesquisar os dados dos Pokémon que estavam em campo, em busca de algum detalhe com o qual ela pudesse se aproveitar. Além, é claro, de contar com a ajuda de Futa, que convenientemente se apoiava em sua perna, de modo que ela pudesse ouvir e compreender qualquer de seus Pokémon.

— Monk, tente o pó paralisante! Nuri, mantenha a investida!

O golpe do Bellsprout tinha um alcance menor que o ataque de folhas, porém seu efeito era muito mais demorado. Himiko não tinha lá tanta esperança de acertar o Pokémon negro com o golpe, visto sua agilidade; o objetivo era limitar seus movimentos, espalhando os esporos pelo chão de modo a reduzir o espaço de manobra.

— Desse jeito você não vai conseguir nunca, menina! — Darlan gritou do outro lado da arena, enquanto o Umbreon dava outro de seus saltos, fugindo da área que a poeira havia atingido. — Achei que você fosse melhor que isso.

—Nuri, perícia aérea! Monk, folhas brilhantes!

Darlan pareceu se interessar pela luta a partir daquele momento, visto a escolha dos golpes usados pela treinadora. Uma característica específica do ataque de folhas brilhantes era sua capacidade de detectar o movimento de seu alvo, funcionando essencialmente como um golpe teleguiado. Da mesma forma, as rajadas de vento criadas pela perícia aérea eram capazes de seguir o oponente de acordo com a maneira que ele se movimentasse. Não era uma tarefa fácil desviar-se de cada um dos golpes, apesar de possível caso o Pokémon se mantivesse na defensiva, como o Umbreon vinha fazendo até então. Evitar ambos os golpes, contudo, revelava-se impossível mesmo para um Pokémon ágil como ele, que acabou atingido pelas folhas do Bellsprout.

— Consegui…

Himiko conteve as palavras assim que o Pokémon negro atingiu o chão. Apesar do golpe que sofrera, ele parecia estar nas mesmas condições do início do combate, sem sequer um arranhão. O mesmo não podia ser dito da dupla usada por ela, que começava a demonstrar os primeiros sinais de fadiga.

— É só isso? — perguntou Darlan, sem muita empolgação com a batalha.

— Você é melhor do que eu pensei, — respondeu a garota — mas não vamos desistir.

— Vai com calma, Himiko! — o Swellow gorjeou do centro da arena. — Ele é mais ágil que a gente.

— Ele é só um contra vocês dois, temos que encurralá-lo. Mantenham os golpes!

— Keith, mantenha a evasiva, use o time duplo se precisar!

Os Pokémon da jovem continuaram atacando com as folhas brilhantes e com a perícia aérea, apesar de o adversário demonstrar cada vez mais capacidade de desviar dos golpes. Em determinado momento, sua esquiva foi tão rápida que por um instante Himiko pensou que houvessem dois Umbreon em campo; um deles, que parecia ser atingido pelos ataques, era apenas uma sombra, que desaparecia junto com as folhas que atingiriam o Pokémon caso ele ainda estivesse ali.

— O que você está querendo fazer, Himiko? — Futa perguntou, ao notar o desespero da treinadora com a evasiva perfeita do adversário.

Eu tenho um plano, só preciso encurralar o Umbreon em um canto, pensou ela, respondendo à pergunta do Kirlia sem verbalizá-la.

— Keith, vamos dificultar um pouco pra eles. Use o chamariz!

Se a situação da treinadora já estava difícil, ela se complicara mais a partir daquele ponto. Ela esfregou os olhos, descrente do que via. Agora, claramente, haviam dois Umbreon em campo. Cada um deles corria para um dos lados da arena, tornando a tarefa de atingi-lo com um golpe duas vezes mais difícil.

Mais uma vez a PokéDex foi de utilidade para ela; ao procurar informações sobre o tal golpe chamariz, descobriu que o usuário do golpe usava parte de sua energia para criar uma ilusão, idêntica a si, a qual desapareceria caso o Pokémon original fosse atingido por um golpe.

Ótimo. Agora que não vou conseguir mesmo…

— Calma, Himiko. — Futa falou, enquanto Nuri e Monk aguardavam por instruções. — Mantenha o foco, tudo o que ele quer é que você se desconcentre e se canse à toa.

Eu percebi, mentalizou ela.

— Estamos esperando o seu movimento, Himiko. — Darlan provocou. — Ou você já desistiu?

— Você precisa de mais do que isso para nos intimidar. Nuri, use a ventania!

— Bem pensado! — Futa exclamou. Como o golpe chamariz era apenas uma ilusão, ela não seria afetada pela ventania, de modo a identificar qual era o verdadeiro Pokémon.

— Monk. Mantenha-se atento pra usar as folhas brilhantes mais uma vez!

Por mais que o Umbreon tentasse iludir seus oponentes, ele não conseguiu fazer com que a ilusão parecesse ser impedida pelos fortes ventos gerados pelo Swellow. Com isso, o Bellsprout logo percebeu qual dos dois adversários era o verdadeiro, usando seu golpe na direção correta e atingindo mais uma vez o Pokémon negro, ao mesmo tempo em que ele era atirado para o canto esquerdo da arena, dessa vez levemente machucado pelo golpe.

— Conseguimos!

— Keith, use a aura lunar!

Himiko nem mesmo cogitou saber o que era a aura lunar, ou o que ela poderia causar; sabia que dificilmente teria outra chance como aquela.

— Monk, pó paralisante!

— Keith, abortar movimento, manobra evasiva!

— Nuri, use a ventania no pó paralisante! Atire-o na direção do Umbreon!

— Mas o quê?

A estratégia da jovem era consideravelmente inusitada; ao propagar os esporos com a ventania do Swellow, ela fechava o cerco contra o Pokémon lunar. Caso ele tentasse escapar da rajada pelo lado, daria de frente com o Bellsprout, que já se posicionava para atacar com mais esporos; do contrário, ele teria que enfrentar a ventania, sendo atingido de qualquer maneira pelo pó paralisante. A armadilha que ela preparara deu certo, tendo como resultado o Umbreon sendo atingido, estando com seus movimentos limitados a partir daquele momento.

— Agora a batalha começa de verdade! — Himiko berrou, finalmente obtendo vantagem. — Nuri, ataque com a investida! Monk, use a semente parasita!

— Keith, time duplo!

Os movimentos limitados do Pokémon lunar não o impediram de realizar seu ataque evasivo; o Umbreon brilhou rapidamente, executando o time duplo. Contudo, o efeito do pó paralisante logo se evidenciou, de modo que a manobra evasiva esperada como efeito do ataque falhou. Ao momento da investida do Swellow, a sombra do Pokémon negro desapareceu e reapareceu no mesmo lugar. Sem conseguir fugir, ele foi atingido em cheio pelo ataque do pássaro, caindo ao chão ao mesmo tempo em que a semente parasita do Bellsprout o atingia, criando vinhas em volta de seu corpo, drenando lentamente a sua energia.

— Keith! — Darlan gritou, preocupado com seu Pokémon.

— Nuri, use mais uma…

— Já deu, Himiko! — Futa vocalizou, para a surpresa da garota. — A batalha acabou.

Ela olhou para o campo, notando que seus Pokémon baixavam a guarda. O Umbreon mantinha-se caído ao chão, consciente; chegou até a se levantar, apesar da dificuldade que sentia. Parecia ter vontade de continuar lutando, todavia não tinha mais condições para tal.

— Foi uma boa luta, Keith, você fez o que pôde. — Darlan pegou a pokébola negra de seu bolso, chamando o Umbreon de volta. — Você também, Himiko, conseguiu me surpreender com sua combinação. Meus parabéns.

— Obrigada.

— Você é boa nisso, apesar de não parecer a um primeiro momento. — ele se aproximava, atravessando a arena. — No início, pensei até que o Keith iria ter uma luta fácil, mas você conseguiu nos surpreender. E por isso, eu tenho que lhe conceder a insígnia do ginásio.

Darlan retirou o estojo do bolso do colete, pegando um dos pingentes contidos nele e entregando-o à treinadora.

— Este é o certificado de que você venceu uma batalha contra o líder do ginásio de Dewford.

— Não fui em quem venceu. Foram eles.

— Por favor, Himiko. Você tem mérito sim, é uma excelente treinadora. Aceite essa insígnia.

— Muito obrigada.

A treinadora logo saiu do ginásio, absorta demais com o acontecido pra carregar preocupações consigo. Recuperara a confiança de seus Pokémon, vencera uma batalha de ginásio e o mais importante: conseguira sua motivação de volta depois das dificuldades que passara pelo último dia. Não mais se preocupava com pesadelos ou com os conflitos que passava; talvez fosse até leviano da parte dela. Mas sentia que nada poderia estragar aquele momento.


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Notas finais do capítulo

Batalha de ginásio? Nenhuma morte? As coisas dando certo para Himiko? Imagino até que esteja se perguntando se ainda sou eu quem está escrevendo, haha.
Mas fiquem tranquilos. Pois afinal, mesmo a vitória pode ser surpreendente. Em especial quando já esperamos por encrenca e ela não aparece. Só digo pra não se acostumarem...
E bati o recorde de palavras em um capítulo de fic. Woo-hoo!

Notas do in-game: De fato, foi uma luta irritante contra um Umbreon com Double Team. E foi só 1x1. Não é como se o Swellow não tivesse Aerial Ace pra ignorar a evasiva. Mais difícil foi lidar com pokémon feito Sableye, Houndour e Murkrow. Mas no geral, não foi a luta mais difícil do mundo. E ainda ganhei um TM decente de prêmio. Pursuit.
Ah, tecnicamente o Bellsprout deveria ter evoluído antes da batalha de ginásio na fic, assim como fez no in-game. Acabou que não coube a evolução nem depois…

Status do time:
Pokémon: 4
Kirlia Lv. 23; Bold, Synchronize.
Bellsprout Lv. 22; Bold, Chlorophyll
Swellow, Lv.25; Mild, Guts
Igglybuff, Lv.18, Bashful, Cute Charm



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