O Vizinho Perfeito - Leonetta escrita por Nicky Uchiha Zoldyck


Capítulo 5
CAP. 5 - Castilho = Blake, Diego Domínguez


Notas iniciais do capítulo

Oi Gente, Hoje alcançamos a marca de 10 comentários por isso postei mas um capítulo se chegarmos aos 20 comentários ainda hoje eu posto mais dois.
Beijos!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615908/chapter/5

Violetta não teve nenhuma dificuldade em des­crever o que havia acontecido, enquanto León rezava para que ela conseguisse ser breve o suficiente para que eles fossem liberados logo. Evidentemente, tinha noção de que sua esperança era vã. Mas um homem podia so­nhar, não podia?

Porém, sua esperança arrefeceu de vez quan­do um dos policiais uniformizados se voltou para ele.

– O senhor viu o que aconteceu aqui? - León suspirou.

– Sim.

Portanto, já eram quase duas horas da manhã quando ele e Violetta finalmente voltaram para casa. Continuava com aquele gosto horrível do café da delegacia na boca e com aquela dor de cabeça que começara quando o policial lhe fizera a primeira pergunta.

– Foi um bocado excitante, não foi? Todos aqueles policiais e marginais reunidos em um mesmo lugar... A certa altura, notei que a única diferença entre eles era o fato de os policiais estarem uniformizados, por que os rostos inti­midadores pareciam todos os mesmos. Por que será que eles insistem em manter aquela ex­pressão todo o tempo? Um sorrisinho não faria mal a ninguém. Foi muito gentil da parte deles me mostrar a delegacia. Você deveria ter nos acompanhado. As salas de interrogatório pare­cem exatamente como aquelas que vemos nos filmes: escuras e assustadoras.

León tinha certeza de que ela era a única pessoa do mundo que se interessava em fazer ex­cursões por delegacias.

– Estou elétrica - anunciou ela. - Você não está? Acho que não vou dormir tão cedo. Quer alguns biscoitos? Ainda tenho uma porção deles.

León quase ignorou o convite enquanto tirava a chave do bolso, porém a sensação de vazio em seu estômago o fez lembrar-se que não havia co­mido nada nas últimas oito horas. E aqueles bis­coitos eram um pequeno milagre.

– Acho que vou aceitar.

– Ótimo! - festejou Violetta, abrindo a porta e tirando os sapatos, antes de se dirigir à cozinha. - Pode entrar - disse por sobre o ombro.

– Vou colocá-los em um prato, para que possa comê-los no refúgio de sua casa, mas também não precisa ficar esperando no corredor.

León entrou no apartamento, deixando a por­ta aberta atrás de si. Não ficou surpreso ao ver um ambiente decorado com cores alegres e com detalhes chamativos. Andou pela sala, mantendo as mãos nos bolsos, enquanto ouvia a voz de Violetta vinda da cozinha.

– Você fala demais.

– Eu sei - respondeu ela, colocando os bis­coitos no mesmo prato que emprestara antes para ele. - Principalmente quando estou nervosa ou elétrica.

– E alguma vez você já se sentiu de outra maneira?

– Sim, mas isso é raro.

León viu uma série de porta-retratos sobre a estante, vários pares de brincos, um par de sa­patos a um canto da sala, um romance sobre a mesinha de centro e sentiu um leve aroma de maçã pelo ar. Tudo aquilo combinava com ela. Continuou examinando os detalhes da sala até parar diante de uma tira de jornal emoldurada e presa à parede.

Amigos e vizinhos - leu o título impresso e observou a assinatura no canto direito inferior da tira. Lia-se apenas "Vilu". - Isto é seu? - perguntou, no momento em que ela entrava na sala.

Violetta olhou para o quadro.

– Sim, é minha tira de jornal. Não acho que você seja do tipo que lê as tiras cômicas do jornal, ou estou enganada?

Sabendo muito bem reconhecer uma pergunta pessoal quando uma lhe era dirigida, León olhou-a por sobre o ombro. Devia ser o sono, con­cluiu, que o estava levando a considerá-la tão atraente àquela hora da noite.

– "Macintosh", de Germán Castilho- León leu outra tira emoldurada, pendurada ao lado da de Violetta.

– É seu pai?

– Sim - ela assentiu.

Ler o sobrenome "Castilho" era o mesmo que ler "Blake", pensou León. Não era mesmo uma interessante coincidência?

Atravessando a sala, serviu-se de um dos bis­coitos que Violetta havia colocado sobre o balcão que separava a sala da cozinha.

– Gosto do estilo do trabalho dele.

– Tenho certeza de que ele ficaria lisonjeado em ouvir isso. - Violetta sorriu ao vê-lo pegar outro biscoito.

– Quer um pouco de leite?

– Não. Você tem cerveja?

– Com biscoitos chocolate?

Ela fez um ar de quem considerara aquilo muito esquisito, mas mesmo assim foi até a geladeira. León teve a chance de ver que estava muito bem abastecida quando Violetta se inclinou para exa­minar seu conteúdo, que também lhe deu a chance de ver o que uma calça preta sob medida era capaz de fazer a um traseiro feminino irresistivelmente arredondado. De fato, só se deu conta de que havia contido a respiração quando Violetta se virou para ele com uma garrafa de Butterbeer black.

– Isto não serve? O Diego gosta.

– Esse tal de Diego tem bom gosto. É um namorado?

Enquanto pegava os copos para servi-lo, ela respondeu:

–Não, é um grande amigo. Diego é o marido de Fran. Francesca e Diego Domínguez do 2B - explicou ela. - Fui jantar com eles esta noite e com Tomás, o primo excessiva­mente insuportável de Fran.

– Por isso estava resmungando quando voltou para casa?

– Eu estava resmungando? - Violetta franziu o cenho, então apoiou-se sobre o balcão e comeu outro biscoito. Resmungar era outro dos hábitos dos quais ela não conseguia se livrar.

– É pro­vável. Essa foi a terceira vez que Fran arranjou um encontro entre mim e Tomás. Ele é corretor da bolsa. Trinta e cinco anos, solteiro e bonito, se você for do tipo que aprecia tipos atléticos e másculos. Tem um BMW, um apartamento em Upper East Side, mora em Cambridge, tem uma casa de praia em Hamptons, só usa ternos Armani, aprecia a cozinha francesa e tem dentes perfeitos.

Divertindo-se com a maneira como Violetta estava descrevendo o sujeito, León tomou um gole de cerveja e perguntou:

– Então por que já não está casada com ele e morando em Cambridge?

– Ah, você acabou de descrever o sonho de Fran.

E vou lhe dizer por que não quero isso para mim. - Ela comeu outro biscoito.

– Primeiro, não que­ro me casar ou ir morar em Cambridge. Segundo, e mais importante, eu preferiria a morte a ter de me casar com Tomás.

– O que há de errado com o sujeito?

– Ele... Ele me cansa! - desabafou ela, com uma careta de desagrado.

– Oh, droga, acho que fui indelicada, não?

– Por quê? Soou sincera para mim.

– Sim, estou sendo completamente sincera. - Violetta pegou outro biscoito e o comeu, sentindo-se apenas um pouquinho culpada.

– Ele é uma boa pessoa, mas acho que não leu um livro ou foi ao cinema nos últimos cinco anos. Talvez tenha as­sistido a alguns filmes selecionados, mas não a um filme para se divertir, entende? Tudo que ele sabe fazer é criticar o cinema o tempo inteiro, ou melhor, durante os cinqüenta e nove minutos de cada hora em que não fica falando das aplicações da bolsa de valores.

– Eu nem conheço o sujeito e já me cansei dele.

O comentário fez Violetta rir e pegar outro biscoito.

– Ele é conhecido por ter a mania de olhar o próprio reflexo na colher quando está sentado à mesa - continuou ela. - Para se certificar de que continua perfeitamente "irresistível". E como se não bastasse tudo isso, ele beija como um peixe.

León arqueou uma sobrancelha.

– Como é isso exatamente?

– Ah, você sabe... - Violetta fez um biquinho arredondado com os lábios e depois começou a rir. - É possível imaginar como os peixes beijam, mesmo que eles não façam isso. Mas se beijassem, seria como Tomás. Quase consegui escapar sem ter de passar pela experiência esta noite, mas Francesca, como sempre, deu um jeitinho de interferir.

– E não lhe ocorreu simplesmente dizer "não"?

– Claro que me ocorreu! Todo o tempo! - Violetta forçou um sorriso, exasperada. - Mas parece que nunca consigo me expressar no momento certo. Fran me adora e, por razões que até a própria razão des­conhece, ela também adora Tomás. Está convencida de que formamos um casal perfeito. E você sabe como é quando alguém que você estima começa a fazer esse tipo de pressão "para o seu bem".

– Não, não sei.

Violetta inclinou a cabeça. Então lembrou-se da sala vazia no apartamento dele. Nenhum móvel, nenhum membro da família...

– A situação se torna muito inconveniente por que você corre o risco de magoar alguém, e isso não me agrada nem um pouco.

– Como está sua mão? - perguntou León, ao vê-la massagear as juntas.

– Ainda está um pouco dolorida. Provavelmen­te terei dificuldade para trabalhar amanhã. Mas tentarei transformar a experiência em uma boa tira cômica.

– Não consigo imaginar Emily tendo coragem de nocautear um bandido - disse León.

– Ei, você minhas tiras! - exclamou Violetta, rindo com satisfação.

– Uma vez ou outra.

Ela era realmente encantadora, pensou León, admirando aquele lindo sorriso e o brilho de di­vertimento nos olhos incrivelmente profundos cor de mel de Violetta. De súbito, flagrou-se imaginando como seria provar o sabor daqueles lábios rosados.

Era isso que acontecia quando um homem se dava a liberdade de ficar comendo biscoitos de chocolate no meio da noite na casa de uma linda mulher capaz de fazê-lo ver o mundo sob uma nova perspectiva. Uma perspectiva que, para ele, ainda oferecia riscos.

– Não tem o tom irônico de seu pai nem o gênio artístico de sua mãe, mas tem um talento inusitado para o absurdo.

Violetta riu com indignação.

– Ora, muitíssimo obrigada pela crítica construtiva.

– Não há de quê. - León pegou o prato que ela havia separado para ele levar.

– E obri­gado pelos biscoitos.

Violetta estreitou o olhar enquanto ele se dirigia à porta. Bem, ele iria ver quanto talento ela tinha para o "absurdo" ao longo das próximas tiras.

– Ei!

Ele parou e olhou para trás.

– Ei, o quê?

– você tem nome, apartamento 3B?

– Sim, eu tenho um nome, apartamento 3A. Vargas.

Dizendo isso, levantou no ar a latinha de cerveja e o prato, em sinal de agradecimento, e saiu, fe­chando a porta atrás de si.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!