O Próximo Passo - Charlie B. e Anne M. escrita por Anne Liack


Capítulo 2
Capítulo 2 - Entendendo


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora... Não estava muito motivada, mas resolvi tentar dar continuidade...
Espero que gostem!



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Tom tinha tido a idéia de acampar aquela noite. Charlie não podia dizer que estava animado, mas sabia que os irmãos o distrairiam como sempre. Por isso, como seu pai parecia o único empolgado com o tal acampamento, sentiu-se na obrigação de ajudá-lo a montar as barracas. Quem sabe as coisas poderia ser como há oito anos pelo menos naquela noite.

– Gosto da Lisa e da Robin - ele ouviu Kim comentar, enquanto folheava um livro ao lado da gêmea, sentadas na escada da casa.

– Sim, elas são legais e inteligentes o que são características raras de se encontrar conjuntamente no mesmo individuo. - comentou Jessica.

– Na verdade, acho que a maioria dos Murtaugh são assim. Você viu os troféus na sala?

–Hmhum...

– Mas acho que o nível de competitividade daquela família agride aquele grande lar.

– Pode ser. Viu o que a Robin falou da irmã mais velha?

– Anne Murtaugh. - Charlie apurou mais o ouvido para a conversa das irmãs mais nova no momento.

– Assim como os outros irmãos parece bem focada em vencer na vida. Pelo que a Robin disse ela deveria ser exatamente como o pai.

– Mas, não pela minha concepção. Ela me pareceu legal e um tanto mais amigável que o Senhor Murtaugh quando passou pela gente.

– É a loira não é? A mais velha. - Perguntou Jessica ao que Kim confirmou. - A outra, Becky me pareceu mais propícia a se tornar o Senhor Murtaugh, ela sim tem um espírito competitivo pelo que pude observar hoje.

– Acho que no fundo todos foram ensinados assim...

– Vai saber... - as duas falaram ao mesmo tempo enquanto mudava o rumo da conversa sobre os campeonatos de ginástica.

Anne Murtaugh era ela hoje pela manhã nadando no lago? Não podia ser. Ao que se lembrava Anne Murtaugh não tinha nada de encantadora quando criança.

Já era noite, e como Charlie previra lá estava ele entretido na anarquia que os irmãos faziam em volta da fogueira, assando machimellows e gargalhando com as brincadeiras de uns para com os outros.

– Pai, por que aquele pessoal sabe acampar tão bem? - Mike perguntou inocentemente, apontando para a casa do outro lado do lago onde os Murtaugh pareciam está dando uma festa, foi o suficiente para que Tom tomasse a posição, como sempre fazia, de alegrar os filhos.

– Que tal uma música de acampamento? - perguntou o pai depois de alguns segundos pensando, e em seguida iniciou a velha canção que a maioria ali conhecia bem. Por um momento o clima pareceu se amenizar, mas a olhada do seu pai por cima do ombro em direção a casa do vizinho fez Charlie perceber que eles pareciam ter voltado no tempo e que a noite só estava começando.

De repente ouviu-se um coral de vozes bastante afinadas se erguerem do outro lado do lago, uma música calma e sublime, como a de um coro de igreja, e então a guerra começara. Tom levantou incentivando os filhos a fazerem o mesmo aumentando o tom de voz, enquanto do outro lado os Murtaugh também pareciam mais animados.

Charlie desistiu de cantar, seus irmãos estavam distraídos o bastantes ou talvez não desse a mínima para o que realmente estava acontecendo, mas ele sabia que a música não era mais uma questão de divertimento. E quando o pai soltou entre dentes:

– Esse cara é tão competitivo! - se referindo ao Senhor Murtaugh, ele se perguntou se o pai não percebia que estava agindo exatamente igual ao vizinho.

Mal sabia ele que do outro lado do lago a garota loira de tatuagem de borboleta estava sentada na varanda observando a mesma cena e tendo o mesmo pensamento.

*

Já era madrugada quando o Senhor Murtaugh entrou com os outros filhos, passou pelo quarto de sua super-estrela que estava distraída olhando pela janela, ela tinha um caderno nas mãos e este foi fechado rapidamente quando ela percebeu sua presença.

– Por que não desceu querida? - perguntou ele. - Foi uma noite maravilhosa.

– Pude acompanhar daqui - ela respondeu sem olhá-lo. - A batalha musical foi incrível - disse irônica, porém o pai não pareceu perceber.

– Nós mostramos a eles não é? - comentou o velho Murtaugh. - Porém tenho certeza que se estivesse lá, teríamos vencido mais rápido. - aproximou-se dela e beijou-lhe a cabeça, Anne revirou os olhos.

– Eles só estavam se divertindo, pai. Devíamos apenas tentar fazer o mesmo.

– E não foi divertido calar a boca dos Baker?

Anne suspirou.

– Acho que Tom Baker estava apenas tentando fazer os filhos se divertirem, não estava pensando em nós quando decidiu acampar - ela disse um tanto irritada, mas tentando não transparecer. - Me parece que é isso que ele faz. Tenta divertir os filhos fazê-los felizes.

– Você não conhece aquela raposa velha, super estrela. - ele levantou seu rosto. - Tom Baker é bem competitivo e junto com aquela corja mirim se acha imbatível...

– Pai...

– Vá dormir, Anne. Já está tarde! - deu-lhe outro beijo na cabeça antes de sair. - Boa noite, super estrela.

Anne suspirou pesadamente. Será que seu pai não via o que estava fazendo? Não via o quanto ela e todos os seus irmãos se sentiam pressionado e acuados diante de todas as imposições e expectativas que ele lançava. Era um fardo pesado demais.

Pela manhã, logo no café seu pai anunciou que tinha decidido chamar os Baker para um almoço. 'Confraternizar em união' foi o termo que ele usou, por algum motivo ela sentiu que um soldado de guerra sentiria da mesma forma diante de uma proposta de paz que ele sabia que não viria tão logo. Conhecia o pai que tinha e sabia que Jimmy Murtaugh só estava pulando pra fase dois, esbanjar sua soberba ao demonstrar a sua riqueza. Ela odiava aquilo, mas por ora se permitiu a esperança que algo de bom podia sair daquele almoço.

Quem sabe uma conversa amigável com Tom Baker pudesse fazer o pai enxergar, que às vezes escolhas mais simples pode resultar em mais felicidade. Quando seu pai havia lhe contado, embora que em tom de reprovação, que o chefe dos Baker tinha largado um emprego muito promissor de técnico dos Stallions de Chicago para se dedicar mais a família Anne não podia pensar numa atitude mais nobre. Já o seu pai achava mais fácil trancar os filhos em colégios e internatos para não ter de lidar com os problemas deles e por fim colher os frutos que a boa formação renderia, porém sem ter a mínima idéia das dificuldades que eles passaram para conseguir tais coisas, sem conhecê-los de verdade. Anne sabia que era uma tarefa inglória, mas se permitiu ter a esperança de que Tom Baker servisse de exemplo para Jimmy Murtaugh.

– Os Baker estão chegando! - Anne ouviu Elliort avisar e correu para a janela do quarto. Dali dava pra ver a mini-van se aproximando da entrada de Bolders e logo atrás seguia o conversível e ela logo reconheceu os cabelos ao vento de Charlie Baker, respirou fundo e sorriu.

Depois de uma última olhada no espelho saiu para recebê-los.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor, me digam o que acham...
Beijinho especial à Gabi Felix que me deu um incentivo a continuar a história!
Até a próxima!



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