It's You escrita por Malina


Capítulo 16
Uma certa proposta


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco que muito né? Mas assim... Espero que gostem mesmo assim. Escrevi até onde minha imaginação me levou kkk. Bom, boa leitura. Enjoy



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Era meio dia e Maura encarava o pote de gelatina em sua frente enquanto a garfava sem vontade nenhuma de comer aquilo. O médico a liberara para comer fazia algumas horas, e lá estava ela, sem fome nenhuma com os pensamentos distantes focados em como faria para recuperar a amizade de Jane, mas nada vinha em mente. Seus devaneios foram interrompidos por uma batida na porta que estava aberta.

– Maura?

– Oh! – Maura se assustou com a visita inesperada – Mamãe, entre por favor.

Constance entrou no quarto com a preocupação estampada em seu rosto, juntamente com algumas rugas de expressão que Maura jurava nunca ter visto em sua mãe.

– Maura como pode levar um tiro e não me ligar? Fiquei preocupada!

– Mãe... O que faz aqui?

– Como o que faço aqui? Eu sou sua mãe, você levou um tiro e está hospitalizada, não é motivo suficiente?

– Perdoe minha indelicadeza. Só não esperava vê-la por aqui.

– Não esperava porque não me contou nada. Tive que ouvir pela Sra. Rizzoli.

– Ela contou pra você?

– Contou. Mas filha... Como você está? – Perguntou sentando na poltrona ao lado da cama.

– Bem, acho que não vai demorar muito pra eu ganhar alta.

– Que bom! Pois era exatamente disso que eu queria falar. Eu ando preocupada com você filha, desde que se juntou à essa gente você tem se machucado tanto, e isso não está certo.

– Onde quer chegar mãe?

– Maura, eu conversei com um amigo meu de Nova York e ele está muito contente em te oferecer um cargo como legista chefe de lá. O que acha?

– Não... Mãe eu sou feliz aqui, eu tenho meus amigos, eu tenho Jane, tenho minha vida aqui.

– Você não percebe Maura? Depois que conheceu Jane, você vive em perigo... Eu me preocupo, só quero você a salvo.

– Eu estou a salvo mãe, e eu agradeço a preocupação, mas eu estou bem.

– Pelo menos pensa no assunto... Talvez você mude de ideia.

– Eu irei pensar.

– Certo, agora me conte como aconteceu tudo.

*****

Era a quarta vez que Jane apertava o botão de recusar chamada, cansada de receber ligações de Maura, a detetive desligou o celular. Cansada ela levantou do sofá e andou vagorosamente até a geladeira, e de lá retirou uma cerveja, voltando para a sala e deitando no sofá novamente. Quando finalmente estava confortável, com a cabeça apoiada no braço do sofá e as pernas esticadas no outro braço, ela procurou pelo controle mas sem sucesso. Estava muito cansada para levantar novamente então optou por não ligar a TV. Levou a garrafa até a boca e se deliciou de um gole da gelada e amarga cerveja, e logo fechando os olhos, descansando a mente de tudo. O silêncio do apartamento estava quase que perfeito, se não tivesse sido rompido pelo toque incessável do telefone residencial.

Jane abriu os olhos rapidamente, e pulou do sofá levando um susto pelo som repentino, caminhou até o telefone.

– Alô? – atendeu de uma forma menos oficial.

– Jane, finalmente! Para de me ignorar.

– Não estou te ignorando.

– Sim você está. Disse que ia tentar mudar, que não ia ficar estranho.

– Maur, olha eu estou cansada, ajudei Frankie com as mudanças, preciso descansar.

– Pode pelo menos falar um pouco comigo?

Jane suspirou, estava realmente cansada, mas queria falar com Maura, então aceitou.

– Posso.

– Minha mãe apareceu aqui hoje.

– Qual delas?

– Constance.

– Como ela...?

– Angela – Maura respondeu já sabendo a pergunta

– Ah, mas é claro.

– Ela me ofereceu...

– Olha Maur... Não é que eu não queira falar com você ou algo do tipo, mas é que eu estou cansada, vou descansar um pouco. E prometo mais tarde passar ai no hospital em algumas horas. Certo?

– Certo...

Maura estava indignada, a morena dissera que não mudaria, que não a evitaria, mas ainda tinha uma esperança, Jane a prometeu que iria no hospital visita-la, assim poderiam conversar sobre a proposta que a mãe da médica havia feito. Maura então levantou da cama do hospital, sentiu que precisava andar um pouco, apoiou-se na cama quando se sentiu tonta. Começou a caminhar lentamente até a janela de seu quarto, a vista não era bonita, muito menos privilegiada, via apenas as estradas, carros indo e voltando, ambulâncias passavam constantemente. A única coisa que pensava era em sair daquele hospital, respirar ar puro e sentir o calor do sol. Soltou um suspiro e passou pela porta do quarto, andou pelos corredores sendo cumprimentada por muitos empregados do hospital que já a conheciam, todos sorriam felizes, Maura parecia mais corada, mais alegre talvez, não era mais a paciente que se assustava de medo toda vez que alguém entrava em seu quarto, parecia mais confiante.

Maura continuou andando até se cansar, passou por vários quartos, várias portas, vários rostos. Andava reto até que de repente um som chamou atenção de todos, código azul havia sido acionado no quarto ao seu lado, ela viu vários médicos correndo em sua direção e encostou-se na parede para abrir espaço. Viu toda a correria no quarto, todo o movimento, todo o esforço para salvar a tal paciente que corria riscos. Isso a fez voltar no passado, lembrou-se de quando ainda era uma interna, descobrindo as maravilhas e os horrores de trabalhar em um hospital, pra ela havia mais horrores que maravilhas, nunca se deu bem com pessoas vivas, não se importava em responder as perguntas de seus superiores sobre algum diagnostico, mas quando tratava-se de fazer procedimentos, ela apenas entrava em pânico, sabia o que fazer, mas não conseguia.

Tudo passou muito rápido, após várias tentativas de reanimar a paciente, os médicos desistiram, Maura viu o doutor que segurava as pás do desfibrilador olhar o relógio de pulso e declarar a hora do óbito. Ainda meio em choque do que acontecera Maura voltou a andar, mas na outra direção, na direção de seu quarto. Já no quarto em vez de deitar-se na cama, ela sentou na cadeira de visitantes, só assim percebeu o quão desconfortável era.

– Doutora Isles? – Chamou o homem parado na porta aberta, batendo de leve na madeira.

– Sim? – Olhou para quem batia e viu seu médico entrar no quarto.

– Vi que saiu para caminhar hoje, sente-se bem?

– Sim, foi bom sair para andar, acho que até me animou um pouco.

– Sair da mesmice é bom – Sorriu

– Muito.

– Já recebeu alguma visita hoje?

– Sim, minha mãe esteve aqui mais cedo, e Jane virá em poucas horas.

– A policial?

– Sim, essa mesmo

O doutor agora tinha um olhar sério, mas um sorriso solidário no rosto, limpou a garganta e segurou a mão de Maura.

– Maura, eu estou aqui para checar você, mas principalmente... Bom... você passou por coisas horríveis e difíceis, não seria uma má ideia consultar um psicólogo.

Tais palavras assustaram Maura, não queria falar sobre aqueles dias nunca na sua vida, muito menos à um psicólogo. Em sua cabeça não precisava procurar por ajuda, achava que estava bem. Tirou sua mão que estava debaixo da do médico e descansou-a em seus colo.

– Eu não preciso de ajuda, estou bem – Sorriu para a

– Mesmo assim, conversar pode tirar um peso dos seus ombros.

– Não acho que eu precise, mas se precisar eu procurarei por ajuda.

– Espero que sim – Ele sorriu e se pôs de pé.

Maura acenou e observou o médico sair do quarto, depois voltou para sua cama e mexeu no seu celular, via sua galeria de fotos, grande parte das fotos era ela junto com a Jane, quando viu isso se emocionou, amava Jane e a queria por muito tempo, mas por medo ela evitava. Assustou-se quando ouviu alguém batendo a porta.

– Entre. – Disse depois de limpar a garganta.

– Hey... – Jane foi entrando no quarto lentamente.

– Você veio.

O sorriso no rosto de Maura era incrivelmente grande, Jane sorria levemente quando entrou no quarto e ficou de pé aos pés da cama de Maura.

– Não quer sentar? – Maura propôs.

– Não, obrigada. Mas e ai? O que queria me contar?

– Constance apareceu. Ela estava preocupada comigo e com a minha segurança, me ofereceu um emprego em NY

Jane estava em choque, não falava; Estava boquiaberta olhando fixamente nos olhos de Maura, depois para a janela.

– Você... você tá pensando em aceitar? – A detetive perguntou com receio.

– Não – Respondeu prontamente – Eu não quero sair daqui, não quero me afastar da minha casa, dos meus amigos, de você.

Jane não deixou de notar que Maura não a citara como um dos amigos. E de novo a legista a confundiu.

– Que bom. Digo... Se é isso que você decidiu, espero que dê tudo certo.

– Vai dar, não vai?

– Sim. Eu acho que sim.

Houve um silencio.

– E então como está todo mundo lá da BPD? – Perguntou Maura

– Estão bem, todos muito preocupados com você, e ansiosos pra te ver de volta. Não aguentam mais o Pike

Elas riram

– Espero que ele não sente em minha cadeira.

– Vou ter certeza de que ele não sente – riu levemente ao ver a verdadeira preocupação da doutora apenas em pensar que Pike sentara em sua cadeira.

– Senti falta disso

– Eu também

– Sinto falta da minha cama

– Você será liberada logo, vais estar deitada na sua cama Queen com seus travesseiros de penas de ganso o quanto antes.

– Besta

– Talvez.

Elas sorriram uma para a outra e o silencio constrangedor dominou elas e a sala. Jane tamborilava seus dedos na cabeceira da cama enquanto Maura puxava os fiapos do lençol. A legista sentiu o nervosismo subir, e suas bochechas rosarem, não sabia porque se sentiu assim, mas uma onda de calor a atingiu, logo retirou o lençol que cobria suas pernas e empurrou com os pés o cobertor que cobria os mesmos. Assim que fez isso e relaxou arrependeu-se de seu ato, via Jane encarando sua coxa ferida, e imediatamente botou o lençol de volta no seu colo, abaixando a cabeça.

– Eu quero matar o cara que fez isso com você – Jane dizia entredentes

– Estou bem Jane...

– Você está, mas eu não estou. Eu deveria ter percebido que era uma emboscada desde o princípio...

– Jane – Maura interrompeu – Não se culpe, não é sua culpa.

– Você vai ter que se acostumar com elas... – Apontou para as coxas de Maura, a doutora pressionava o lençol tão forte em sua pele que parecia tentar unir-se com o pano

– Não sei se consigo.

– Posso ajudar... digo... um dia você me ajudou, gostaria de fazer o mesmo por você.

– Você já fez. Vindo aqui, me visitar me deixou muito melhor. De onde acha que tirei aquela vontade de caminhar? Eu estava ansiosa – Sorriu

Jane queria sorrir de volta, mas apenas por gentileza porque ela mordia os lábios para não demonstrar a tristeza em seu rosto.

– Me desculpe – Maura disse ao olhar para os olhos da amiga e perceber o quanto a frase a afetou.

– Tudo bem...

Jane ficou por mais um tempo, já estava tarde quando a morena se despediu da loira com um simples aceno e foi para casa. Maura gostou do tempo passado com a detetive, sentia que elas iriam voltar ao que eram, e que com o tempo o clima estranho sumiria, mal podia esperar para voltar à passar fins de semana com Jane, aqueles dias frios em que aproveitavam a companhia uma da outra com um filme, uma coberta, pipoca e uma garrafa de vinho, mal podia esperar pra isso voltar a acontecer novamente. Afinal esse era o ritual delas. Queria voltar a se encontrar com Jane e os outros detetives no Dirty Robber após um caso difícil. Queria voltar a jogar conversa fora durante uma autopsia, contar fatos inúteis para Jane sabendo que a mesma não se lembraria do que dissera em cinco minutos. Sentia falta de arrastar a amiga para uma loja, e obriga-la a comprar roupas mais femininas. Riu com a lembrança da última vez que levara Jane no shopping, a morena demorou horas para encontrar algo que a agradasse. Deitou-se totalmente na cama e fechou os olhos, continuou com todas aquelas imagens na cabeça até que caísse no sono, ansiosa para o dia de amanhã.

Se ao menos ela soubesse...


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Notas finais do capítulo

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