Andamos naquele carro durante seis horas e meia. E olha que segundo Oliver, isso é metade da viajem! Imaginem como estou feliz!

– Oliver! Vamos parar pra almoçar? Eu to com fome.

– Eu não sei se você percebeu, mas estamos no meio do nada... - ele é irônico.

– Se eu passar mau, a culpa não é minha!

E assim viajamos por mais duas horas. As paredes do meu estomago se contorciam, estava com tanta fome que doía.

Quando fomos achar um lugar pra comer já estava anoitecendo. Vimos uma pousada um pouco antes, mas por motivos obivios, preferimos não ir pra lá.

Agora estamos em um Motel, completamente sujo e bagunçado.

– Nossa! Poderíamos ter ficado em um lugar melhor! - falo passando a mão em um móvel literalmente branco de poeira.

– Ta reclamando do que? A essa hora você poderia estar morta! - ele fala irônico.

– Nossa calminha ai! Pra que tanto estresse?

– Não sei sabe... Afinal, ser perseguido por capangas do canalha que eu prendi, ficar em um hotel sujo, bagunçado e fedorento, ouvindo cama do andar de cima ranger por causa de um casal que esta transando e ainda ouvir você reclamar de tudo isso como se eu não estivesse aqui nunca seria motivo pra estresse.

– Se não gosta de me ouvir reclamar por que raios resolveu me trazer junto com você? - pergunto no mesmo tom que ele.

– É exatamente isso que eu estava me perguntando! - ele fala. Eu saio do quarto batendo a porta com força. Vou pro bar que tem ao lado do motel.

Quando entro só tem homens com cara de mau. Sou cantada por alguns deles mas ignoro. Sento no banco e peço a bebida mais forte. Só o que me vem a cabeça é Oliver. Que saco! Desde quando penso no Oliver? Não! Isso não pode acontecer!

– O que uma moça linda como você faz sozinha em um bar? - um homem de cabelos longos me olha apoiado no bar.

– Ah! Todos os caras do mundo conhecem essa cantada ou o problema sou eu? - pergunto irritada.

– Calma moça! - ele fala - Eu só estava elogiando você. E você não é problema pra ninguém! Pode ter certeza! - ele fala me olhando de cima a baixo. - A não ser que você queira ser o meu! - ele fala malicioso.

Começa a se aproximar. Eu levanto, mas como estou "levemente" bebada caio no chão. Ele me levanta pelos braços e me aperta contra seu corpo.

– Por favor! Não! - falo já com lagrimas nos olhos. Todos no bar parecem achar aquilo normal.

– Desculpa gracinha... Mas agora vou conseguir o que quero: Você! - ele fala e põem a mão em meu seio.

– Larga ela agora! Filho da Puta! - grita Oliver com muito odio em sua voz.

– Que bonitinho! O namoradinho veio proteger a namoradinha! - fala zombando da cara de Oliver.

– Eu disse pra solta-la! - ele fala ignorando a provocação. - Eu não irei te dar uma segunda chance!

– Nossa! Eu estou com tanto medo! - ele zomba novamente.

Oliver se aproxima e o homem me aperta em seus braços. Oliver da um chute no saco dele, que afrouxa o aperto do "abraço" e eu aproveito pra sair de perto. Corro pra trás de Oliver, que começou a dar vários socos no homem. Em um momento de fraqueza o homem bate na cabeça de Oliver com a tabua do banco. Oliver cai no chão desacordado e o homem vai embora correndo.

– Oliver! - falo tentando acorda-lo. - Por que sempre que vamos a um bar alguém acaba machucado? - pergunto pra mim mesma.

Peço ajuda pro balconista, que depois de ser subornado ajuda a levar Oliver pro quarto do Motel.

Começo a cuidar de seus ferimentos. Alguns ralados na bochecha, um galo onde a tabua do banco bateu e alguns roxos na perna.

– Oliver! - o chamo. Ele tem que acordar logo... - Olie, por favor! Acorda! - eu choro um pouco em meio as palavras.

– Oliver, por favor! Acorda! - ouço sua voz numa tentativa falha de imitar minha voz.

– AI MEU DEUS OLIVER! - grito. - COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO? ESTAMOS
SENDO PERSEGUIDOS POR DOIS LADRÕES MALDITOS E VOCÊ FAZ ISSO COMIGO? - agora minhas palavras demonstram a raiva que estou sentindo. - Eu pensei que você tinha entrado em um coma por causa da batida na cabeça! Você acha que eu ia sobreviver sozinha? NÃO! EU NÃO IA! - grito a ultima parte.

– Calma Felicity! - ele fala se levantando. Ele fica em uma distancia perigosamente perto de mim. - Se preocupando? - ele fala com
um sorriso de lado. Meu coração, por algum motivo não identificado, começa a bater freneticamente. "O motivo é ele Felicity!" meu interior grita pra mim me fazendo refletir.

– O motivo é ele... - repito inconsistentemente. Oliver me olha sem entender.

– Felicity? Ta tudo bem? - pergunta aparentemente confuso.

– Está tudo ótimo! - falo e o beijo. No começo ele não corresponde, mas após uns segundos ele me beija de volta. Só Deus sabe o quanto senti falta desses lábios.

– Espera... - Oliver diz separando nossas bocas, mas ainda estamos bem próximos. - Por que isso agora? - essa pergunta me pega de surpresa. O motivo do sentimento é ele, agora falta descobrir qual é o sentimento.

– Não sei... - falo e ele me olha confuso. - Como assim não sabe, Felicity? - pergunta mais confuso ainda.

– Eu só não sei. Ver como você me defendeu hoje, e a sensação de dor ao ver aquele cara com o triplo de seu tamanho te fazer desmaiar... Eu só não estou entendendo oque está acontecendo comigo, e você não ajuda quando sorri de lado assim como está fazendo agora, ou quando se aproxima assim! - me afasto um pouco. - E Oliver, eu ainda não entendi, você vive reclamando, ai me salva, ai reclama de novo, decide me levar junto com você pro seu esconderijo, reclama por eu estar com você a caminho do esconderijo, e depois por algum motivo não
confirmado ainda, retribui o meu beijo que eu não faço ideia do por que que aconteceu. DA PRA ME EXPLICAR ALGUMA COISA? - grito com ele. Ele está mais bipolar do que eu de TPM.

– Tudo bem, Felicity, vou te explicar. - seu tom é calmo, sua voz é baixa, rouca e incrivelmente sexy - O motivo de eu reclamar é que você
é uma pessoa realmente chata! - ele falou mesmo isso? - Eu vou te levar pro esconderijo pois eu realmente me preocupo com você, embora eu não demostre... - ele se preocupa comigo? - E pra finalizar, retribui o beijo pois é uma coisa que quero fazer desde que nos beijamos no Hotel em Amsterdã! E ele aconteceu por que mesmo que você negue, você também queria me beijar.

Não falo mais nada. Não por medo ou por ignorância, o único motivo é que não há mais nada a se falar! Ele esclareceu todas as minhas duvidas. Mas com isso, milhões de outras vieram.

– Eu cansei de fingir! - falo depois de um tempo, ele me olha com um olhar indecifrável.- Eu acho que o que sentimos um pelo outro não passa de atração física! - seu olhar continua o mesmo. - Eu tenho uma proposta pra você!

– Qual? - ele me pergunta com a voz baixa.

– De agora em diante essa tensão sexual tem que sumir! Então faremos o seguinte: você quer me beijar? Me beija! Você quer transar? É só pedir! - seu olhar em mim agora é pasmo. - E faremos isso até a tensão sexual em nós dois passar. Eu te conheço Olie! Sei que não é homem de uma mulher só! - ele continua a me olhar, passam-se minutos e eu decido levantar - Pense nisso Oliver! - saio do quarto dele e me dirijo ao meu. Entro no banheiro e ligo o chuveiro.

– Eu não acredito que eu disse aquilo! Da onde saiu essa proposta, Felicity? Por que você mente pra você mesma? Seus sentimentos pelo Oliver são muito mais do que atração! - sou franca comigo mesma pela primeira vez em anos. Entro dentro do boxe. Ouço um barulho vindo do quarto. Resolvo ignorar.

– AAAH - grito. - Oque está acontecendo comigo?