Novamente Você escrita por Letícia Castanheiras


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Gente, me desculpem pela demora. Fui viajar nesse começo de ano e voltei faz três dias. Tinha um capitulo quase pronto, mas as inspirações das ferias me fez mudar ele todinho.
Espero que gostem.



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Capítulo 13

POV Teresa

— Sinto muito. Sinto muito – Ouvi bem de longe você me falar. Sua voz estava ficando cada vez mais distante mesmo eu sabendo que estava ali do meu lado. Com o resto de forças que tinha consegui falar.


—Eu... também. Só... me importava – O resto das palavras não conseguiam sair tamanha era minha dor, então fechei meus olhos por alguns momentos para tentar conseguir energia novamente para pelo menos te dizer que a única coisa que importava pra mim era você estar vivo. Mas quando meu corpo me obedeceu e minha visão voltou ao normal você já não estava mais lá.


Desespero, medo, pânico, todas essas emoções se apossaram de mim naquele momento. Eu estava sozinha, todos haviam partido, eles haviam me deixado, VOCÊ havia me deixado para trás. De repente toda a dor física já não importava mais. Os ossos quebrados, o sangramento intenso, a falta de ar, a sensação de a morte estar do meu lado já não me faziam ter medo, ela poderia me levar se quisesse, pois eu já não tinha mais motivo para querer estar viva. Fechei meus olhos novamente e esperei que seu manto negro viesse me cobrir. Não sei dizer se fui uma pessoa boa ou ruim e qual o critério que usariam para me mandar para o céu ou o inferno e sinceramente eu já não me importava pra qual dos dois eu iria. Eu só não imaginava que o que fosse acontecer logo a seguir não se parecia nada com nenhum dos dois.


Abri meus olhos na esperança de já ter sido levado pra um lugar melhor ou pior, mas eu não conseguia enxergar nada, mas pelo cheiro de fumaça e o barulho de destruição eu tive certeza de que ainda estava no mesmo lugar. Será que eu era tão repugnante assim que nem a morte me queria? Até quando teria que ficar aqui esperando ela decidir pra onde iria me levar?


De repente a dor física que havia se anestesiado voltou com tudo e eu sentia que meu sangue saia como água corrente para fora do meu corpo. Agora sim eu sentia que estava morrendo. Com a visão turva, percebi que alguém estava segurando minha mão.


— Vai ficar tudo bem marrentinha. Eu prometo que vou salvar você.


Era um anjo, era um bondoso anjo que veio me buscar e acabar com toda minha dor. Então com uma sensação imensa de segurança deixei que ele me pegasse no colo e me levasse pra um lugar seguro, para o seu refúgio. Pude sentir o calor quente de seu corpo e ali tranquilamente adormeci.


Tranquilidade, sossego, calmaria eram as sensações que senti durante dias. O bondoso anjo havia me levado pra um lugar seguro e mesmo ainda delirando e não sabendo distinguir a sua face eu sabia que ele estava cuidando de mim.


Um dia abri meus olhos e percebi que minha visão havia voltado, olhando ao redor tive certeza de que não estava no céu e sim em um laboratório do CRUEL. Não fiquei decepcionada, pelo menos alguém estava querendo me ajudar. Alguém de bom coração.


Tentei encontrar o meu bondoso anjo pela sala, mas não tinha ninguém lá e cada vez que eu mexia alguma mínima parte do meu corpo sentia uma dor insuportável. Queria entender o quão grave era minha situação, pois eu estava cheia de tubos e agulhas perfurando todo o meu corpo. Eu sabia que havia escapado por um triz da morte.


— Só alguns minutos que eu saio do seu lado pra pegar um café e você resolve acordar? Isso é típico de você mesmo marrentinha, sempre me contrariando. – Ele se aproximou e beijou delicadamente minha mão sem tirá-la do lugar – Bem vinda de volta à vida.


Marrentinha, eu devia ter me tocado disso naquele dia que fui salva. Só ele me chamava assim. O meu bondoso anjo agora me fitava com os olhos mais azuis que eu havia visto na vida e esses olhos pertenciam ao Andrew.


— Não se preocupe, agora está tudo bem, você foi salva e está se recuperando como uma verdadeira guerreira.


— Eu não entendo. Como sabia que eu estava lá?


Andrew se afastou e foi se sentar em uma poltrona que estava um pouco distante.


— Ava Paige resolveu demonstrar um lado mãe dela que estava escondido em algum lugar no seu coração – Ele se calou por alguns momentos – Quando o Transportal se abriu para o Paraíso a intenção era que eu fosse junto. Ava queria que eu comandasse aquele grupo, pois querendo ou não, eles são o mais fortes que nós temos. Ela tentou me convencer que eu iria pra ser o líder, que com as minhas estratégias aquele seria o mais seguro dos Paraísos. Mas eu sei que lá no fundo ela estava é com medo de que eu acabasse morrendo aqui, como aconteceu com a maioria das pessoas.


— Isso foi bom, ela se preocupou com você. Andrew, você estaria a salvo em um lugar seguro. Por que não foi?


— Estava tudo certo. Eu iria esperar que todos entrassem e assim que o Transportal estivesse se fechando eu entraria. Mas uma coisa muito maior me segurou aqui neste mundo. E eu desisti de ir.


— O que exatamente fez você ter a loucura de não atravessar aquele Transportal? – Disse, já querendo dar uma bronca nele. Então ele abaixou os olhos timidamente como se estivesse receoso por o que iria dizer.


— Você!!!


— Como?


— Eu só não atravessei aquela droga de Transportal por sua causa, Teresa. Eu vi quando você salvou o Thomas e como consequência disso o muro te acertou. Eu o vi se aproximando e pensei que ficaria tudo bem, pois ele estaria do seu lado, ficaria com você – De repente ele levantou a cabeça e vi ódio, raiva em seu olhar – Mas não, aquele desgraçado, maldito te deixou lá para morrer, ele nem olhou para trás pra ter certeza de que você não estava viva. Eu estava a menos de dois metros da passagem, escondido. O Transportal estava se fechando, mas eu não podia ir, eu não podia te deixar, então eu desisti, deixei que ele se fechasse e fui até onde você estava.


— Mesmo de longe você sabia que eu estava viva?


Eu tinha esperança de que ele dissesse que não, que aparentemente pra qualquer um olhasse para mim estaria morta. Isso consolaria um pouco meu coração.


— Não dava pra saber, Teresa. Aparentemente de longe você já estava morta, mas eu tinha que arriscar. Eu tinha que ter certeza, eu não poderia viver com essa dúvida pro resto da minha vida.


— Você se arriscou muito, Andrew. Perdeu a chance de viver num lugar mais seguro por alguém que você nem sabia se ainda respirava.


— Eu não me arrependeria de ter feito isso mesmo que a morte tivesse te levado. Eu te tiraria de lá de qualquer forma, abraçaria seu corpo inerte com intensidade tentando mesmo que inutilmente mostrar pra ele que alguém ainda se importava com você, te vestiria com o mais lindo vestido e depois te enterraria no mais lindo jardim que ainda existisse na Terra.


Eu não sabia o que dizer. Lágrimas escorriam sem controle sobre meu rosto.


— Você deveria ter ido, Andrew. Não deveria ter se importado comigo. Eu iria morrer em algum momento e você a está hora provavelmente estaria em guerra com Thomas pra tomar a liderança do Paraíso.


— Você está viva, não está? – Afirmei – Então isso já é o suficiente. Acredite marrentinha, depois que eu matasse o Thomas e tomasse as rédeas daquele lugar, tudo acabaria se tornando monótono – Ele se aproximou de novo de mim acariciando meus cabelos – Eu não teria você do meu lado, então à vida não teria graça.


— Tinha me esquecido dessa sua obsessão com o Thomas. Esquece isso Andrew, agora acabou.


— Sabe, eu tinha me conformado com a ideia de ter te perdido pra ele. Você estar feliz era o que importava. Mas você não imagina o ódio que eu senti quando ele te abandonou, quando ele pegou nas mãos daquela garota e foi embora, correndo que nem um cachorrinho medroso. Você praticamente deu sua vida para salvá-lo e ele não teve a mínima hombridade de olhar um segundo que fosse para trás pra ter certeza de que você não estava viva. Depois de tudo que vocês passaram, era o mínimo que eu esperava dele.


Era o que eu esperava também, mas você nunca mais foi o mesmo depois da Clareira. Agora me tinha como uma traidora e me tirou do seu coração deixando todo o amor que sentia por mim, deste lado do mundo. Eu tinha que fazer algo parecido. Eu ainda te amava Thomas, mesmo depois de tudo, mas não podia permitir que esse sentimento continuasse se aflorando, criando raízes dentro do meu peito, então com uma força movida pela decepção, pela mágoa e talvez até pelo rancor fiz com que esse bichinho chamado amor que é tão traiçoeiro e perigoso, se congelasse aqui dentro do meu peito e a partir naquele momento meu coração se transformou em um iceberg.


Depois de algumas semanas havia me recuperado quase que por completa. Graças à avançada tecnologia do CRUEL todos os meus ossos e órgãos se recuperaram, as feridas antes abertas e expostas agora eram pequenos hematomas arroxeados. Estava me adaptando a minha nova moradia, uma sede subterrânea do CRUEL. Lá viviam o resto da humanidade que não estavam no Paraíso, o que era basicamente, eu, Andrew, uns vinte cientistas e médicos, trinta guardas e Ava Paige, está por sinal me recebeu de braços abertos, mas com certa tristeza no olhar. Parecia que Ava Paige estava começando a entender que ela havia falhado em algum momento e que essa falha nos prejudicou ainda mais.


De certa forma tudo estava correndo bem. Fui nomeada como uma das líderes do CRUEL, claro que bem abaixo da Ava e do Andrew. Não saíamos do subsolo, pois o mundo do lado de cima estava cada dia mais perigoso, os Cranks tomaram conta de tudo e eles estavam cada dia mais agressivos. Monitorávamos os Paraísos através dos Bergs que faziam contagem pelo calor corporal. Nas primeiras comunidades estava ocorrendo tudo do jeito que imaginávamos. As mulheres estavam grávidas então novas vidas saudáveis iriam nascer. Só que infelizmente não foi isso que aconteceu.


Chegada e época desses primeiros bebês nascerem percebemos que o números de pessoas estava diminuindo ao invés de crescer, foi quando que intrigados mandamos alguns guardas pra lá e foi ai que descobrimos o Fulgor X. Em uma semana a primeira comunidade havia sido exterminada e estava começando a acontecer com as outras mais antigas também. Ficamos feito loucos tentando achar o motivo, até que chegamos nos recém nascidos. Foi um baque pra todos saber que pequenos bebês indefesos eram os causadores dessa grande tragédia. Conseguimos coletar um pouco de sangue contaminado e fizemos testes para saber como o vírus agia no organismo. Andrew tirou uma amostra do seu sangue e misturou com o outro e eu fiz o mesmo. Aparentemente nada havia acontecido, mas no dia seguinte o sangue de Andrew estava começando a criar consistência de gelatina, ele estava coagulando aos poucos, mas pra nossa surpresa, quando foram ver a minha amostra, nada havia acontecido, ela estava do mesmo jeito do dia anterior. Foi ai que descobrimos que eu era imune, que eu possuía o antivírus dentro do meu corpo.


Percebemos que meu sangue poderia ser uma vacina, porém eu só produzia o necessário pra mim. Foi ai que Ava Paige teve a ideia da gestação. No começo eu fiquei com medo, mas depois acabei entendendo que era a única maneira de salvar o resto do mundo. Assim que aceitei, ela me deu a oportunidade de escolher quem eu queria que fosse o doador, apesar dela já saber que de qualquer forma eu escolheria o Andrew.


Assim que ele me salvou nós voltamos a ser aqueles amigos de tempos atrás. Claro que no começo ele tentou se aproximar mais intimamente com sorrisos bobos, toques demorados demais, abraços muito apertados, então eu precisei barra-lo um pouco.


— Andrew, eu gosto muito de você, mas meu coração se fechou, ele está congelado. Eu não consigo mais amar ninguém. Eu sei o que é amar e não ser amada. Não quero que você passe o que eu passei. Me desculpe.


— Não tem problema, marrentinha, eu sei esperar. Um dia você vai entender que sempre fui eu e não ele e quando esse dia chegar eu vou estar te esperando de braços abertos.


Mesmo eu não o amando, eu sentia um carinho gigantesco por ele. Ele sempre estava a meu lado. Quando eu ria, quando eu chorava, quando sentia um ódio sobre humano de tudo o que aconteceu comigo sempre era ele que estava lá me segurando, me dando a mão, me deixando se afundar em seu peito e chorar até as lágrimas não existirem mais. Depois de algum tempo, eu acabei entendendo que ele era o meu porto seguro, o meu farol, o meu abrigo, até chegar ao ponto dele ser a pessoa mais importante na minha vida. Eu não poderia escolher outro pai para meu filho.


Mesmo com os protestos de Andrew a gravidez foi feita através de inseminação artificial. Eu estava tão feliz sabendo que existia uma criaturinha crescendo dentro de mim e não foi diferente com ele. Andrew estava tão contente que nem Ava Paige reconheceu o próprio filho. O antes turrão, mandão e insuportável Andrew, se tornou alguém mais sociável, que cumprimentava as pessoas ao invés de só gritar com elas. Ele até permitiu que Thaís dormisse no meu quarto pra que eu não ficasse sozinha.


— O que você está dando pra esse garoto pra ele estar assim tão feliz? Me conte qual o remédio pra que eu possa colocar todo dia na comida dele – Thaís disse numa noite.


— Ele está feliz por causa do bebê, só isso.


— Não, ele está feliz por sua causa. Acredite, Teresa, quando você está por perto parece que ele se acalma, é outra pessoa. Por favor, nunca saia do seu lado e nós todos do CRUEL seremos gratos eternamente.


Quando fizemos o ultrassom, descobrimos que era um menino. Todos da CRUEL fizeram uma festa, afinal era o primeiro bebê que a maioria iria ver em anos. Tinha bolo com a palavra ‘menino’ escrito em cima, balões azuis, Ava Paige até mandou uma das médicas que sabia tricotar fazer um casaquinho azul pro bebê. Mas nossa felicidade se acabou alguns dias depois. Eu tive um sangramento e perdi o feto.


Nunca vou me esquecer daquele dia. Meu mundo e o do Andrew se acabou. Nós queríamos aquele bebê, ele já era amado e foi tirado de nós de uma hora pra outra. De repente mais uma vez, alguém que eu amava havia me deixado, eu não aguentava mais aquilo.


Fiquei alguns dias sem conversar com ninguém, trancada no meu quarto. Eu estava triste, amargurada, mas Andrew estava muito mais. Ele estava mudando por causa daquele bebê, começando a ser amável, bondoso numa forma de mostrar pro filho que ele estava tentando ser uma pessoa melhor, mas do nada sua base forte desmoronou, então ele voltou a ser o Andrew insuportável de sempre, se não pior.


Eu não queria engravidar de novo, mas as circunstancias mostravam o contrário, então não teve jeito, algumas semanas depois havia outro bebê crescendo dentro de mim e minha felicidade e vontade de ver seu rostinho estava crescendo novamente.


Resolvemos visitar os Paraísos que ainda não estavam com o vírus para alertar as pessoas sobre sua transmissão. Claro, todos ficaram desolados, sem esperanças, mas nós garantimos a eles que estávamos procurando uma cura que em breve iria chegar. Fizemos isso com quase todos, só faltava um no Japão e esse aqui. Andrew decidiu ir para o Japão primeiro, não contestei, mas tinha certeza que sua decisão tinha alguma coisa haver com você estar nesse aqui, sabia que ele acharia uma maneira de que quando fosse a vez desse eu não pudesse vir e eu aceitaria sem relutar a sua decisão. Ainda não estava preparada pra te ver.


Quando o Berg estava quase aterrissando, o sistema de alerta soou como estado emergencial, informando que não era pra descermos naquele local, pois estava com alto nível de contaminação, o que nos surpreendeu, pois ali não havia nenhuma gestante ainda. Um dos guardas vestiu o equipamento de segurança adequado e saltou do Berg para averiguar o que estava acontecendo e quando ele voltou as notícias não eram nada boas, o Braço Direito de alguma forma que ainda não descobrimos conseguiu o vírus e o espalhou por toda aquela área. Não havia mais o que se fazer.


Quando voltamos ao laboratório, Ava Paige nos informou que o líder do Braço Direito havia entrado em contato com ela, prometendo acabar com o resto da humanidade e capturar a hospedeira. A hospedeira sou eu. Andrew ficou louco, querendo de qualquer forma ir atrás deles, mesmo sem saber a onde encontra-los. Eu estava com medo, não por mim, mas pelo bebê. Comecei a passar mal e tive outro sangramento que dessa vez conseguiu ser contido. Mas foi ai que descobrimos sobre o meu sangue, sobre a incompatibilidade entre eu e Andrew. Eu sabia que meu bebê não iria aguentar, então decidi ser fria, tentar não demonstrar meu amor por ele, talvez para amenizar um pouco minha dor futura, mas no fundo ele continuava sendo a razão da minha vida.


Ava Paige fez Thaís procurar por algum tipo sanguíneo negativo nos arquivos do CRUEL, mas os únicos que existiam eram crianças ou mulheres. Não havia mais saída, se eu perdesse o bebê, estaria tudo acabado.


Com medo da invasão do Braço Direito a qualquer momento, Ava Paige teve a ideia de me mandar pra um lugar seguro e o único que estava nesse mundo imenso era aqui. Claro que ninguém mencionou isso a Andrew, ele jamais permitiria que eu ficasse aqui, então criamos um plano, o convencemos de vir para cá apenas para alerta-los sobre o Fulgor X, ela garantiu a ele que a minha presença ajudaria a convencê-los e que depois disso nós iríamos embora. Só que isso ainda não aconteceu por causa de uma peça que se desprendeu ‘acidentalmente’ na hora do pouso e agora está ‘desaparecida’. Eu tenho que ficar aqui até Ava Paige dar o sinal verde pra poder voltarmos, quando tudo estiver em segurança novamente.


— E você vai querer voltar? – Thomas me tirou de minhas memórias. Era a primeira vez que ele havia se pronunciado durante toda a história.


— Eu não sei. Quando cheguei aqui, era a única coisa que queria. Tive que fazer todo aquele teatro de garota feliz em te ver pra poder salvar Vanessa, mas por dentro te abraçar me fez sentir como se agulhas perfurassem todo o meu corpo. Thomas eu te odiei mais do que qualquer coisa nesse mundo e prometi para mim mesma que esse seria o único sentimento que eu ainda sentiria por você. Mas esses dias perto de você estão fazendo meu coração descongelar aos poucos, mesmo eu não querendo isso. Tem vezes que eu quero correr para seus braços e te pedir carinho, mas tem outras que quero voar em seu pescoço e te matar asfixiado.


—Thaís me disse que amor e ódio andam lado a lado e eu acho que essa frase tem tudo a ver com a gente.


— Ela disse isso pra mim também. Thomas, eu confesso que ainda te amo, e não sei se algum dia esse sentimento vai sair do meu peito. Eu quero estar perto de você, não é a toa que eu pedi para deitar em seus braços, mas ao mesmo tempo eu não quero isso pra mim. Não quero esse amor maluco, indeciso, amor regado pelo ódio, pela desconfiança, pelo sentimento de traição. Eu quero uma coisa estável pra minha vida, ou pelo menos pro resto dela.


— O que quer dizer com isso?


— Você me perguntou sobre o que eu tenho com Andrew e eu vou te responder essa pergunta da forma mais sincera possível. Fisicamente nós nunca tivemos nada, apesar das suas tentativas ele sempre me respeitou, mas eu com o tempo passei a cultivar um carinho especial por ele. Um carinho além de amizade. Ele é meu melhor amigo, o cara que esteve ao meu lado nas horas mais difíceis, quem me consola, quem me faz rir, me protege de tudo e de todos.


— Se fosse pra você escolher nesse exato momento com quem iria ficar qual seria sua resposta? – Percebi que seus músculos estavam ficando rígidos. Ele não com agressividade, mas também sem nenhuma delicadeza me fez sair de seus braços e se levantou me encarando.


— Mesmo eu te amando mais do que minha própria vida, eu escolheria ir embora com ele.


— Por quê? O que o senhor Andrew tem de tão especial que eu não tenho? –Ele estava vermelho de raiva, todo nervozinho e eu não podia deixar aquilo barato.


— Ele escolheria me ouvir antes de me chamar de traidora e ir correndo pros braços de outra. Ele ficou do meu lado quando todos achavam que eu estava morta e mesmo que eu estivesse, ele ainda estaria lá do meu lado. Quando eu inconsciente em cima de uma maca, quase morrendo devido aos ferimentos, gritava seu maldito nome, era ele quem estava segurando minha mão, dizendo que tudo ficaria bem. Então mesmo você sendo o meu grande amor, Thomas, Andrew ainda continua sendo a pessoa mais importante da minha vida.

 


Thomas se aproximou de uma forma intimidadora, colocou uma mão em meu queixo de forma um pouco agressiva e disse debochado.
— Ele por acaso daria a medíocre vidinha dele pra poder salvar a sua?


— Eu tenho certeza que sim – disse me desvencilhando de sua mão.


— Mas não foi o que aconteceu. Você estava morrendo há um dia atrás e enquanto a ‘pessoa mais importante da sua vida’ chorava feito um bebezinho foi o otário, imbecil aqui que salvou sua vida doando quatro bolsas do meu sangue pra que você não morresse. Fui eu quem quase morri pra você estar hoje aqui falando do seu doce Andrew. Tenho certeza que ele não te contou isso. – Ele cuspia as palavras e eu estava tentando discernir tudo o que ele havia dito.


— Se você foi meu doador, isso quer dizer que...


— É isso mesmo, o seu príncipe encantado pode te dar tudo nessa vida, menos o mais importante nesse momento que é um bebê saudável, futuro salvador da humanidade – Ele voltou pra janela e a atravessou – Pois isso benzinho, o único que poderia te dar sou eu. Eu vim aqui essa noite pra te contar sobre isso e falar que eu estava disposto a ter esse bebê com você. Mas agora, depois de tudo o que você disse, se depender de mim o mundo entra em extinção. Não me importa qual seria sua decisão porque quem não quer ter um filho seu agora, sou eu. – E então ele desapareceu na escuridão e eu fiquei ali tentando compreender o que eu acabara de ouvir.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que vcs devem ter odiado esse capítulo, mas eu precisava dar um crédito pro Andrew pois querendo ou não foi ele a estar do lado da Teresa.
Será que futuramente o nosso casal problema vai conseguir se acertar de uma vez por todas???

PS: uma das minhas leitoras lindas me deu a dica de postar a fic no wattpad, então quem quiser comentar lá também é bem vindo e a autora vai gostar muuuuuito.
BJS amores!!!



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