Anteriormente em Art Rebel, a arte do amor
–Estamos presos.

LEÓN
Ela soava desesperada. Chovia e estávamos trancados para fora do teatro. Pelo que eu me lembrava, Violetta não tinha medo de chuva, nem de ficar trancada para fora de algum lugar.
Ela estava com medo de ficar sozinha comigo. Que constrangedor. Uma ex-colega de banda me odeia. Na última vez em que nos vimos, brigamos e ela foi para o outro lado do mundo me odiando.
Pensei que ela tivesse mudado, que ela não guardasse rancor daquela briga. E como começo, ela realmente não pareceu guardar, mas agora, ela está muito irritada.
Não era a minha intenção. Tudo o que eu queria era conversar com ela, ver se podíamos recomeçar, como se aquela briga no aeroporto nunca tivesse existido. E no começo, parecia que sim, mas agora, presos no terraço e molhados, ela parece muito brava.
–Violetta?
Ela se vira, já com o semblante calmo e claro, como um livro. Leio-a com calma, para ter certeza de que está tudo bem.
–O que foi?
–Eu… Queria pedir desculpas.
–Pelo quê?
–Pela briga… Por estarmos aqui… Por tudo.
–Não há nada de mal nisso. É apenas um engano, um engano terrível.
FRANCESCA
Não acredito no que fiz. Empurrei a minha melhor amiga para o melhor amigo do meu namorado. Sim, fui eu quem chutei a porta e tranquei Violetta e León para fora. Mas não contava que a chave ia cair da fechadura e ia começar a chover na mesma hora.
Me ajoelho no chão e começo a tatear o capete procurando a chave para trazê-los de volta, mas não a encontro em lugar nenhum.
–O que está procurando? - Pergunta Diego.
–Uma chave, pode me ajudar?
–Não. - Ele diz cruzando os braços - Porque você estragou o meu plano.
–O que eu fiz?
Mas ele não responde, somente vira as costas e sai.
DIEGO
Não acredito nisso. Francesca trancou meu melhor amigo com uma garota na chuva. Apesar de ser romântico e eu querer estar nessa situação com Francesca, odeio saber que isso aconteceu a León e Violetta.
Você deve estar se perguntando: Mas isso não é bom? Não, não é. Há tantas coisas que mudaram em León desde que Violetta partiu da vida dele. Acho que ele não a suporta, mesmo que ele não demonstre, afinal não faz sentido ter ódio de uma menina no passado se hoje ela já é uma mulher totalmente diferente. Queria que os dois conversassem, por isso que sai da edicula durante o ensaio, mas parece que eles brigaram tão feio que foram se matar no telhado.
E o pior disso tudo é que depois que meu pai subir e encontrar os corpos, vai ME matar. Se Francesca não tivesse chutado aquela porta, eu simplesmente não teria que fazer isso. Vou ao almoxarifado, peguei um pé-de-cabra e volto até a porta, onde Francesca ainda está procurando a chave.
–O que posso fazer para consertar as coisas? - Ela pergunta.
–Duas coisas. Primeira, dê licença. Segunda, pegue o celular.
Ela se posta ao meu lado, pegando o celular.
–O que faço agora?
–Tente ligar para a Violetta, e diga a ela para se afastar da porta porque eu vou arrombá-la.
Ela vai para um canto e fala por pouco tempo ao aparelho. Depois volta para o meu lado, mas fica alguns passos atrás. Concentro toda a minha força nos ombros e me impulsiono para a frente, mirando o pé-de-cabra na fechadura. Ela se parte em dois pedaços, então chuto a porta e ela revela Violetta e León encharcados e aos beijos. Não me movo, a fim de atrapalhá-los, e Francesca fica imóvel, com os dedos enlaçados aos meus, apreciando a cena. Quando eles nos notam, entram, corados.
–Eu já sei de tudo. - Falo.
–Como assim? - Pergunta Violetta.
–Você - aponto para León - estava debaixo da cama dela - aponto para Violetta - quando eu fui levar as flores, porque quem pediu foi ela - aponto para Francesca.
–Entendo… - Diz León.
–Tudo está em paz. - Diz Violetta.