Por onde você andou, Miles Foxx? escrita por Lord


Capítulo 21
O maior segredo é revelado.


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei, e agora é pra ficar.
Desculpem a demora, mas é que eu tava horrivelmente ocupado colocando as séries em dia, estudando para o final do semestre e coisa e tal (mentira gente, nem estudei se eu passei foi por um milagre de São João). Alguns cortes foram feitos para eu aproveitar melhor os últimos capítulos, então não estranhem se as coisas acontecerem um pouco rápido.



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Quando Liv saiu da pequena casa da árvore o sol já estava quase se pondo. Ela trazia uma grande caixa de papelão, havia um sorriso bobo em seu rosto, como se ela tivesse acabado de fazer um filhote dormir.

– A infância inteira dele está lá. – Ela disse entrando no carro. – Precisamos encontra-lo, tipo o mais rápido o possível, vocês estão com raiva dele eu sei, mas temos que achar Miles.

– Não precisamos. – Eu disse. – Olha o que ele fez com Kyle.

Apontei para o garoto que estava completamente encolhido no banco traseiro ao lado de Freya que estava com muita raiva para dar à mínima. Rato estava muito quieto, certamente ele era o próximo.

– Podemos deixar ele em qualquer lugar e ir pra casa? – Freya perguntou irritada. – Quero lavar o cabelo.

– O que tem na caixa? – Kyle perguntou baixinho.

– Algumas fitas VHS, fotos e a minha carta. – Liv pegou o envelope branco. – Não estou com medo, eu sei qual o motivo disso tudo e compreendo completamente.

– Vai ler a carta ou não? – Rato perguntou um pouco grosseiro de mais.

Liv quebrou o lacre e começou a ler.

– Querida Liv, você de longe é a minha preferida. – Certa alegria surgiu em sua voz. – Não porque é a mais divertida, ou mais bonita. Liv ninguém se importa com você, isso te faz especial. Te mostrei cada detalhe da minha estranha infância, acho que você já sacou o que aconteceu, certo? No fim do dia deixarei você contar tudo, já que todos estão com muita raiva para me ouvir, mas sei que não são monstros e vão sentir pena da minha trágica história.

Que história? A história de como ele virou uma vadia má?

– Liv, você e o George são as pessoas mais santas/puras que eu conheço, então duvido muito que eu tenha algum podre de vocês, exceto quando peguei os dois no flagra, mas eu já espalhei isso para todos. É incrível como eu tenho a língua maior que a boca. Enfim, eu só queria pedir desculpas para vocês. Mentira, não sou tão bonzinho, mas amo árvores então vou falar sobre você e o Rato na mesma carta para não gastar papel.

– Cretino. – Rato murmurou.

– Nenhum dos dois engravidou, ou teve o nome trocado com o do irmão gêmeo morto. – Liv continuou lendo. – Como eu disse, nenhum dos dois é tão interessante. Mas Alguém conhece o pai do Rato? Não, ninguém conhece o pai do Rato, apenas o padrasto. Eu não moro com o meu pai, Freya não mora com o pai dela, mas nós comentamos sobre nossos pais e volta e meia ganhamos um ou outro cartãozinho em uma data comemorativa. Mas antes que você ache que o pai dele morreu, ele está vivo, e na verdade todos nós conhecemos ele. Rato é o filho do diretor. Não é nada de mais, tirando o fato de que o diretor é negro e o Rato é mais branco que papel. O diretor achou que ele é um bastardo e nega a paternidade até hoje. Um cretino não acham? E Rato, você devia contar seus segredos para a Liv e não para mim, sério, eu não ligo.

– Agora eu sei como você passa de ano sendo mais burro que uma porta.

– Freya!

– Foi mal.

– Não tem a minha parte da carta. – Liv disse surpresa. – Como assim não tem a minha parte na carta?

– Miles te acha tão insignificante que ele não escreveu nada. – Rato falou baixinho. – Pelo menos você não é bastarda.

– Rato você não é um bastardo. – Falei.

– Diga isso ao meu pai.

O meu celular tocou.

– Liv, me desculpe, mas minha memória não é tão boa assim. – Miles disse. – Mas você continua sendo a minha preferida. Leo...

A voz dele falhou.

– Ok, isso vai ser mais difícil do que eu pensei. – Ele continuou. – Se ainda estiverem dispostos a terminarem com isso vão até o melhor lugar para ver as baleias, toquem a campainha e digam que querem falar comigo, Liza vai levar vocês até mim.

A ligação terminou.

– Qual é o melhor lugar para ver as baleias? – Liv perguntou.

– O farol.

***

Quando eu tinha cinco ou seis anos, era comum eu visitar o farol da mansão Ladevou acompanhado do pequeno Miles. Era completamente estranho voltar lá, era o mesmo farol, a mesma mansão, o mesmo mar e mais uma vez eu estava em busca do mesmo amor que eu tinha desde sempre. A única diferença é que o amor estava quase se tornando ódio mortal.

Desci do carro correndo. Toquei a campainha apressadamente. Uma garota de cabelos escuros e cara feia abriu a porta, logo a sua expressão mudou para um leve sorriso. Provavelmente ela era a Liza de quem Miles tinha falado.

– Está procurando o Miles?

– Você é Liza?

– Ele está no farol. – Liza disse ansiosa. – Vou levar vocês até lá.

Liza voltou para dentro de casa e voltou em alguns minutos. Sem dizer nada ela foi em direção à grande construção branca que antigamente servia para guiar barcos. Liza andava muito rápido principalmente por ter pernas longas de uma modelo.

– Como conheceu o Miles? – Perguntei.

– Ele estava no meu farol e eu resolvi abrigar ele por algum tempo. – Liza respondeu.

– Eu tomaria cuidado se você, nunca se sabe o que aquela vadia está tramando. – Freya disse rabugenta.

– Querida, por favor, eu cresci ao lado da minha mãe. – Liza disse com desprezo.

Como já estava escurecendo tropecei em uma ou outra rocha, isso acabou me deixando com mais raiva.

– Ele está aqui. – Ela me entregou as chaves. – Por favor, não morram ou matem ninguém no meu farol, não vou querer a policia aqui em casa depois do que eu fiz. E vendo como estão com raiva não duvido que vocês o empurrem lá de cima. Boa sorte.

– O que você andou fazendo? – Freya perguntou. – Você tem cara de garota malvada, mas não achei que fosse tanto.

Liza sorriu e voltou para sua casa.

Abri a porta do farol e subi as escadas o mais rápido que eu pude, contando que eu tenho o pulmão mais fraco do mundo. Parte de mim não queria seguir o conselho de Liza empurrar Miles de cima do farol. Como aquele desgraçado fez cada um vir até aqui pra depois ser uma vadia com todos? Eu nunca havia sentido tanta raiva antes.

Assim que alcancei o topo da escada me deparei com a silhueta pequena de Miles.

– Vocês demoraram. – Ele disse sério.

– Você gostaria que tivéssemos demorado mais.

Acertei um soco no rosto de Miles me encarou surpreso. Antes que ele pudesse revidar eu já havia o derrubado com um chute na perna. Demorou mais alguns socos até que sua face ensanguentada se contraísse para dar início ao choro.

– Liv. – Ele pediu ajuda em meio aos soluços.

– Leonard! – Liv saltou em minha direção e me tirou de cima do garoto que se arrastou para longe.

– Ele teve os motivos dele. – Liv disse assustada e com lágrimas nos olhos.

Eu não conseguia ver Miles, mas eu conseguia ouvir o som do choro que saia engasgado.

– Quais? – Gritei.

– Ele foi molestado. – Liv respondeu séria.


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