No caminho para o aeroporto, Sophie só pensava na última cena que restou na sua lembrança: sua melhor amiga junto a sua antiga casa. Quanto mais ela pensava, mais nós formavam-se em sua garganta. Não! Ela não iria chorar dentro de um táxi e dividir seus sentimentos turbulentos na presença de um desconhecido. Ela era muito tímida e além disso fechada demais.

Enquanto tentava segurar o choro, o táxi finalmente parou enfrente ao aeroporto. Ela correu pra fora do veículo, enquanto a mãe pagava a corrida.

— Querida, que cara é essa? Ainda tá pensando na Julie, né? — perguntou a mãe, pesarosa, enquanto entravam no aeroporto

— Não mãe, estou apenas calculando quantas horas vamos passar dentro de um avião sem ter nada pra fazer. — ela definitivamente não iria desabafar com a mãe dentro de um aeroporto, e ainda mais rodeada de ouvidos desconhecidos

— Nós temos que aproveitar para descansar, porque como já lhe falei, o fuso horário de Londres é diferente do nosso. — ela tinha esquecido disso — Mas querida, eu sei que tem outra coisa te incomodando. Mais tarde quero conversar com você, tudo bem?

— Tudo bem, mãe. — era incrível como a mãe sempre sabia como a filha estava se sentindo

Enquanto Sophie estava no aeroporto ela ficou imaginando Felipe, seu ex. Lembrando da briga em que tiveram, tudo porque ele não queria aceitar a sua ida e não acreditava que o namoro duraria com a distância. Ela até argumentou, falando que o que ela sentia por ele distância nenhuma iria conseguir destruir e sabia que o sentimento era recíproco, mas ele não queria aceitar e simplesmente terminou. Terminou toda uma história por causa de uma droga de distância. Ela não conseguia entender. Julie falou que com a mudança ela iria esquecê-lo, mas Sophie não conseguia imaginar sua vida sem ele, que fora seu primeiro namorado.

Ainda na espera do voo, ela ficava imaginando-o correndo em sua direção, pedindo-a para ficar e dizendo que ainda a amava. Mas ela sabia que isso nunca iria acontecer, ela sabia o quanto ele era orgulhoso o bastante para admitir que errou. Mas ainda assim ela mantinha as esperanças, até que seu voo foi anunciado no telão a sua frente. Enquanto caminhava em direção ao corredor que a levaria ao avião, ela não deixava de pensar na sua casa, na sua amiga e no Felipe. Antes de entrar no corredor olhou para trás e aí deu-se conta de que ele realmente não viria.

Ao entrar no avião, apenas acomodou-se em sua poltrona, colocou os fones e fechou os olhos. Ela simplesmente queria desligar-se do mundo e idealizar uma vida perfeita na sua imaginação. Assim que os fechou a imagem do Felipe, da Julie e de toda a sua vida apareceu como um flashback. Dessa vez ela não aguentou e todas as lágrimas retidas caíram como um peso sendo retirado do seu coração. E foi assim que ela dormiu, com uma doce nostalgia na ponta da língua..