Memórias de Alice Moore escrita por Suh


Capítulo 24
Mi


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o capítulo que todos esperavam *-*
Se tiverem dúvidas, podem me perguntar nos reviews^^ e também, por MP. Algumas pessoas reclamaram que não conseguiam me enviar MP, é porque minha caixa de entrada tava lotava x_x mas eu já apaguei as mensagens, podem me enviar de boa agora o/ haiushai

Boa leitura.



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      Tremi ao perceber que tinha as intimidades da minha amiga em mãos. Não sei o que me deu para invadir sua privacidade, mas eu sentia que precisava fazê-lo.

      Continuei a ler...

 

 

      Hoje conheci Alice Moore! Foi um dia incrível!

      Era intervalo quando a Mi, quer dizer, quando eu avistei de longe na cantina a última sobremesa de limão do dia! Aquele docinho tava sorrindo para a Mi. Corri antes que alguém mais colocasse o olho nele e foi aí que aconteceu: eu trombei numa moça. :O

      Era Alice Moore! Aquela menina mais linda que eu já vi! Na queda, a pobrezinha machucou o bumbum e eu fiquei muito sem graça!

Mas depois comecei a falar muito. Fazia tempo que eu não tinha oportunidade de conversar, né. Ela foi bem simpática e me chamou para ir ao cinema! Claro que eu aceitei. Quando nos despedimos, a minha sobremesa havia sumido, mas valeu a pena!

      Mais tarde fomos ao cinema e ela foi bem legal, ouviu todas as besteiras que eu falei, compramos sorvete depois do filme e ela disse que era aniversário dela! Aiaiai, por que ela não tinha dito antes? Eu podia comprar alguma coisinha para ela. Ela é tão linda... muito linda!!! Omg >.<

      Conversamos sobre nossos sonhos... descobri que o maior sonho de Alice é ser mãe. Que lindinha!

 

 

      Sorri com essas lembranças e com a forma de Mi escrever.

 

 

      Ela me chamou para a festa de aniversário, mas... É, eu não podia ir, né. Voltei para casa, me arrumei e fui ver aquele homem. Saco! Cheguei agora pouco. Ele pediu de novo para ler meu diário, claro que eu neguei! Quem ele pensa que é? ¬¬ Tudo bem que foi ele quem me deu esse diário, mas isso não o dá o direito de lê-lo! Humpf!

      Amanhã ele vem para cá. É dia da inspeção. Nyaa >.< Tenho que arrumar a casa!!

 

      “Aquele homem”?

      Decidi ler as primeiras páginas para ver se falava algo mais sobre este homem e porque ele tinha dado um diário para a Mi. Folheei o caderno até a primeira página. Nela, Mi escreveu:

 

 

 

                  Oi.

      Ahn, a Mi não sabe como começar essas coisas.

      Foi hoje, o homem disse que ia dar um presente para a Mi, e ela ficou muito animada. Depois da sessão, ele mostrou este caderno preto horroroso. A Mi não gostou >.<.

      Mas ele disse que devia exprimir meus sentimentos aqui. Disse que seria bom para Mi e que ia estar sempre cobrando. Aff.

      Se bem que não é uma má ideia. Diários são legais, né! Mas Mi vai ter de enfeitar esse aqui, está muito sem graça. >.<

      Hum, ele disse que ela devia começar falando nome, idade e essas coisas. Depois o que Mi pensa, seus sentimentos e o que ela quiser.

      O nome da Mi é Demetria Caloni. Aquele homem chama a Mi de “senhorita Caloni”. Blergh!

      Ele perguntou por que Mi era Mi.

      Quando Mi era mais nova, algumas amigas chamavam de DemEtria, e Mi dizia que se pronunciava DeMItria. Eu insisti muito e elas acabaram chamando a Mi só de Mi.

      19 outonos.

      Um metro e meio, mais 1 centímetro de bônus.

                  Essa é a Mi.

 

 

                  Como assim? Mi tem 19 anos? Ela nunca havia contado. Olhei a data. Ela estava fazendo 20 anos hoje. Ela nunca contou isso, como estudava uma série a menos que eu e Eliza, sempre achei que ela fosse um ano mais nova, mas na verdade é dois anos mais velha!

       Virei a página, ainda precisava saber quem era esse homem.

 

 

 

      Hoje ele disse que Mi devia parar de falar em terceira pessoa. Aparentemente não é normal.

      Faz tempo que Mi fala assim. Acho que a Mi não é mais a Mi.

      Quando cheguei da escola hoje, no espelho do banheiro, Mi viu a outra Mi. A Mi que vai voar com as asinhas das boas ações. Um dia vou voltar a ser a Mi.

     

      Mi acha que ninguém vai ler este diário.

                  Então, vai contar seus segredos. Diários são para isso, não são?

     

      Os tios da Mi estavam incomodados em tê-la em casa. Eles iam mudar de cidade e a própria deu a ideia de ficar. Claro, eles adoraram.

      Mas com a condição.

      Mi  deveria ser inspecionada pelo psiquiatra uma vez a cada 2 semanas e ir ao psiquiatra todos os dias. Aquele homem chato.

      Eles pagam minhas contas. A casinha da Mi não é muito grande, foi ela que escolheu.

      É assim que a Mi vive. E estuda aqui perto.

      Inclusive, falando em escola, só hoje a Mi notou a tão falada Alice Moore. Ela é muito mais linda do que Mi imaginou.

      Não sei como ir falar com ela. Ela parece ser tímida, fala com pouca gente e sempre dá fora nos garotos que gostam dela.

      Não que a Mi possa falar muito, ela também não fala com o pessoal. Não por timidez, mas por medo de não aceitarem a Mi como ela é.

      Mi não sabe o porque, mas sente que Alice Moore é diferente. Alice atrai Mi.

      Alice atrai muitos.

 

 

      Então... o “homem” de quem Mi falava era um psiquiatra?! Mi vai ao psiquiatra todos os dias? Inspeção? O que é isso, Mi?

      Eu estava meio confusa, folheei um pouco, mas não parecia ter mais nada importante, só o que Mi fez no dia e ela falando em terceira pessoa. Decidi voltar a um dia depois de ela ter me conhecido:

 

 

 

                  Eu me lembrei.

 

      Hoje Alice não foi para o colégio. Descobri que ela havia sido atropelada ontem à noite. Provavelmente depois de me deixar em casa. Fiquei preocupada, consegui seu endereço e quando a aula acabou, fui até a casa dela.

      Fiquei feliz ao vê-la bem.

      Eu ainda era a Mi.

      Tivemos o melhor dia da minha vida. Conheci Eliza, amiga da Alice e Sophia, sua irmã. Fazia anos que eu não me divertia. Anos de verdade. Pensei um pouco nisso naquela hora. Por que eu não me divertia? O que havia acontecido comigo? Aquele sentimento de felicidade me incomodava de alguma forma, parecia que eu estava dormindo, tendo um lindo sonho e aos poucos ele mudava, se tornando cores aleatórias. Até voltar ao pesadelo.

      A Mi estava acordando.

      Psiquiatra. Alice me chamou para dormir na casa dela, mas eu precisava ir ao psiquiatra. Por que?

      No caminho para casa, eu lembrei.

 

                  Eu matei meu pai.

      Não a Mi, eu mesma. Ou não eu, a Mi.

      Qual a diferença?

                  Alguns flashes de lembranças me atingiram. Sangue, fogo e aquele lugar.

      O homem veio aqui, estava tudo em ordem.    

     Não falei pra ele sobre isso.

      Mas eu escrevi aqui, é quase a mesma coisa, não?

 

 

                  Eu estava ficando realmente assustada. Minhas mãos suavam e as dores que Melli me provocava estavam se ocultando pelo som do meu coração que pulsava forte. Mi tinha um grande segredo, eu percebi. Aquilo parecia mudar a minha vida drasticamente.

 

 

 

      Ontem eu passei o dia deitada.

      Pensei em como eu gostava da Alice e como fazia tempo que eu não me sentia assim. O sentimento por ela despertava outra coisa dentro de mim.

      Era estranho ter lembranças do passado. Hoje acordei suando com o sonho que foi uma memória daquela noite.

      Não fui para o colégio.

 

                  Meu pai era alcoólatra. Desde sempre.

      Ele traía minha mãe.

      Aquele lugar.

                  O sentimento por Alice me lembrava a minha mãe.

 

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                  Lembrei de mais.

                  Eu já o odiava. Ele chegava bêbado e batia em mim.

      Eu o vi traindo minha mãe na nossa própria casa.

      Além de vagabundo.

      O ódio está voltando. E meu pai nem existe mais.

 

                  O pior de tudo que me lembro, é que minha mãe o amava. E eu a amava. Ela sofria... e eu sofria.

                  Quero minhas penas de volta.

 

 

 

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                  Hoje Alice estava completamente feliz. Eu nunca a vi assim. Na verdade, eu nunca tinha visto ninguém tão feliz assim. Havia conseguido o amor da vida dela ¬¬; O irmão da Eliza.

      Eu, Alice, Eliza e Sophia prometemos ter as melhores férias das nossas vidas!

      Sinto as penas voltando.

      Espera, as minhas penas voltaram, afinal. Eu voltei a ser a Mi.

      A grande boa ação foi matar meu pai. Falta pouco para que eu possa voar.

      Que saudade da Alice. Vou ligar pra ela.

 

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      Alice estava na casa do namorado. Eu disse que estava com saudade e ela disse que eu sentia saudade muito rápido!! Dá para acreditar?? Como assim? Ela devia sentir falta de mim também, não?

      Este cara... está roubando Alice de mim!

      Nossa, o que é isso? Eu estou sentindo ciúmes?

 Eu... eu amo Alice Moore.

 

 

                  Era impossível não me arrepiar com todas essas declarações. Mas eu não podia parar de ler. Não agora...

                  O sonho de Mi... fazer boas ações e ganhar penas para voar no céu. Meu Deus, ela acha que ter matado o próprio pai foi uma grande boa ação? Aquilo me assustava.

 

 

       

      Hoje não vi Alice.

      O homem pediu pra ler meu diário. De novo.

      Isso me deixa irritada. Ele não pode saber que eu sou a Mi novamente. Eu preciso voar.

Aí eu vou ser feliz.

      Eu quero a Alice.

 

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      Hoje minha querida Alice ligou. Eu fiquei surpresa quando ela disse que queria sair comigo!

      Mas na verdade era com todo mundo... mas tudo bem, o que importa é estar com ela.

      Não quero que ela saiba que moro sozinha. Sei lá. Ah, tenho que me arrumar. Depois vou escrever o que aconteceu.

 

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      Voltei. O piquenique com as meninas foi divertido... até um determinado momento.

      No meio do lanche a mãe de Eliza ligou e disse que eles iam viajar. Até aí tudo bem... Mas aí a Eliza chamou Alice para conversar a sós.

      Tentei não me importar. Mas pouco tempo depois, Alice estava correndo praça afora. E eu não me enganei, vi lágrimas.

      Queria ter ido atrás dela, mas já estava escurecendo e eu precisava ir ao psiquiatra.

      Acabo de voltar. Estou furiosa porque, de alguma forma... sei que o que fez Alice sofrer... foi o tal de Alex.

 

 

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      Ver Alice sofrer esses dias me fez ter todas as lembranças de volta. Lembranças das quais ainda não falei aqui.

     

      Era um fim de semana.

      Dizem que os loucos não tem consciência de que são loucos. Mas a Mi sabia que estava ficando louca quando dia após dia, seu pai machucava a ela e as pessoas que ela mais amava.

      Tanto fisicamente, quanto psicologicamente.

      Quando ele, bêbado, passou a levar aquela mulher para casa, Mi enlouqueceu de vez. Saiu de casa um dia.

      E voltei no outro, tarde da noite.

 

                  E foi quando eu vi. O meu pai, mais bêbado e mais furioso do que nunca. Ele nem me notou chegar com o êxtase do momento.

      Eu presenciei ele bater na minha mãe e no meu pequeno irmão, até tirar a vida preciosa dos dois.

      Ele era mais louco do que eu. E eu não conseguia me mover vendo a cena.

      Mesmo depois de mortos, ele continuou espancando-os. Como se pudesse tirar a vida da alma deles também.

      E então, o ódio tomou conta.

 

      Só me lembro do sangue em minhas mãos, no meu corpo, uma faca ao lado e minha família. Toda minha família, morta.

      E então, toquei fogo na casa. Era para tudo sumir, sabe?

      Abracei minha mamãe e esperei que ela e meu pequeno e lindo irmãozinho gritasse de dor junto comigo no mar de fogo.

      Era tudo muito bonito.

 

      E depois, eu já estava naquele lugar. Lá era tudo branco. Pessoas de branco para lá e para cá. Remédios, homens iguais ao homem.

      Eu não tinha consciência. Mas a Mi sabia que era um manicômio. Só depois, a Mi soube.

      Eu não.

                  Foram três anos naquele lugar, até que eu virei Mi.

                  Agora, a Mi voltou a ser a Mi. Graças a Alice, eu posso ser feliz.

 

 

      Eu comecei a chorar. Droga. O que era tudo aquilo?

      E então eu entendi... por causa de tudo isso, Mi havia parado de estudar com 16 anos. Ficou 3 anos sem estudar e por isso voltou atrasada.

      Mi também havia sofrido.

 

      Pulei muitas páginas, eu precisava saber o que tinha na cabeça da Mi para namorar com o Alex.

 

 

      Alice está sofrendo muito. Aquele maldito Alex devia pagar pelo que fez minha querida passar.

      Hoje está um dia chuvoso... eu gosto de dias assim. Vou para a casa da Alice ver como ela está.

 

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      Alice estava péssima. Eu não agüentei, acabei beijando ela.

      Finalmente beijei a minha Alice.

      Foi totalmente incrível.

       Eu a amo tanto.

 

 

Havia um coração desenhado no fim desta frase.

 

 

 

                  Eu odeio o Alex. O odeio tanto quanto o meu pai por fazer minha Alice sofrer como a minha mãe.

      Eu o conheci e ele me ligou. ¬¬ Ele quer se encontrar comigo! Pobre Alice!

      Mas... pensando bem... talvez eu possa fazer Alice esquecer Alex dessa forma...

      Sim! Minha próxima boa ação será fazer Alice esquecer o Alex! Pra que ela não sofra mais!

 

 

 

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                  Faz tempo que não escrevo. Tenho estado ocupada.

      O colégio, o homem... o namorado.

      Sim, eu estou namorando com Alex. Ele é muito fofo, entendo porque Alice se apaixonou.

      Descobri que Alice está grávida. Dizem que é do namorado, o Ed... mas eu acho que não... Alice não gosta de Ed, não creio que ela tenha feito isso com ele. Tenho quase certeza... quase certeza de que esse filho é do Alex.

      E isso me dá ainda mais ódio dele.

      Aconteceram muitas coisas esses dias... mas eu amo Alice cada dia mais. Não acho que ela vai esquecer o Alex assim...

     

      Espere... tive uma ideia! Sim!! Oh meu Deus, por que não pensei nisso antes?

      Eu vou matar o Alex!

      E assim, farei com que Alice o esqueça e volte a sorrir! E conseguirei minhas penas. É... com essa boa ação, com certeza terei penas suficientes para levar a minha Alice para voar no céu.

      Me encontrarei com a mamãe.

      E todos seremos felizes, sorrindo novamente! Que incrível!

 

 

                  Havia um rosto sorrindo bem ali.

      Eu tremi, as lágrimas ainda desciam. Alex corria perigo, eu corria perigo. Precisava avisar. A essa hora, meus pais já estavam no trabalho.

 

      E foi assim, bem assim... neste dia, que eu descobri...

                             A Mi era louca.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^
Estou pensando em fazer um tópico de Curiosidades na Comunidade da fic sobre esse e outros capítulos.

Queridinhos do coração da Suh ♥ se vcs gostam da autora e da fic... ou só da autora, ou só da fic... por favor, não esqueçam de deixar as 10 estrelinhas junto com os reviews.*-* fico grata ♥

Se não for muito incomodo, recomendem a fic também ^^ eu adoooro recomendações, fico super animada!

Até o próximo capítulo *-*
beijinhos ;**