Memórias de Alice Moore escrita por Suh


Capítulo 23
Perder


Notas iniciais do capítulo

Gente, meu coração bateu forte de emoção ao ver 8 recomendações *___* amo vocês ♥

Então, perdoem a demora. Vou poupá-los de explicações.
Espero que gostem e entendam o capítulo. Qualquer coisa, podem perguntar nos reviews

Boa leitura.



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Minha cabeça girava. As imagens eram turvas, uma confusão de cores dançava na minha cabeça.

      De repente tudo ficou claro, eu ainda estava deitada no meio da rua. E lá estava a minha filha, linda, olhando para mim. Mas então, apareceram seres vestidos de preto. O que é isso? O que estava acontecendo ali?

      Eles estavam levando a minha Melli de mim. A minha vida.

                  Por que? Por que eu não me movia?

                  Eu quis chorar, eu quis gritar. Mas nada.

                  Eu estava acordada? Sim! Eu estava acordada! Então por que não me movia? Meu Deus, para onde estavam levando a minha Melli?

      Eu estava tremendo, meus pelos se arrepiaram. Era o meu corpo reagindo a dor. Eu sabia que ia sofrer.

      Eu a perdi, ela se foi.

      Sim, e eu sabia que ela não ia voltar.

 

      No momento eu sabia disso. Tudo ficou escuro, ouvi algumas vozes se aproximando. E eu desmaiei, de dor no coração que ruiu.

 

 

 

 

 

      Ao acordar, vi o teto branco. Já era um pouco familiar, então me esforcei um pouco para lembrar. A imagem me lembrou meu aniversário quando, praticamente, tudo havia começado.

      Instantaneamente, senti novamente aquela dor. Que dor! Como um soco no estômago, as imagens foram voltando rapidamente: o acidente, a minha Melli indo. Nenhuma dor física chegava aos pés daquilo que eu estava sentindo.

      Só sendo mãe para entender a dor de perder um filho. Só sendo eu para saber o que eu sofri. Eu amava aquela criança, era mais importante do que qualquer outra coisa para mim. Era parte de mim.

      As lágrimas não demoraram. Mas tentei chorar o mais silenciosamente possível. Não porque eu estava em um hospital, mas porque Edward dormia numa cadeira ao meu lado.

      E eu definitivamente, não estava nem um pouco a fim de falar com ele.

 

      Na verdade, não estava a fim de falar com ninguém. Absolutamente.

 

      Eu me levantei, me movi devagar. No meio do corredor, alguns pacientes também passeavam para lá e para cá, junto com médicos e enfermeiros, todos ocupados demais com seus próprios problemas ou com seus próprios devaneios. Ocupados demais para se preocupar com uma mocinha que sofria por amor. Por isso, ninguém me notou. Peguei um elevador e fui até a cobertura daquele prédio. Não havia ninguém ali. Era exatamente isso que eu queria.

 

                  Gritei o mais alto que pude.

                  Chorei desesperadamente.

                  Eu estava inconsolável.

      Caí no chão tentando segurar meu coração, como se, de alguma forma eu pudesse estancar o sangramento, tentando aliviar a dor.

      Tudo que eu havia passado até agora, parecia estar subindo à tona. Eu sabia que não podia mais agüentar tudo aquilo.

      Parecia que o tempo voltava bem à minha frente, o dia em que o conheci, o ato que gerou Melli, o fora que ele me deu, ele com Mi, o acidente. Todos aqueles sentimentos se misturaram e o que predominava era a dor.

 

      Após um tempo chorando, eu parei. A dor era tão forte que eu nem sentia mais. Era tão descomunal, que meu corpo estava dormente.

 

      Me levantei, caminhei vagarosamente até a borda do prédio do hospital.  Tive sorte: uns 11 andares.

                  Quem olhasse para minha expressão séria e meus olhos sem vida, adivinharia facilmente o que eu estava prestes a fazer.

 

      Eu sempre adorei altura. Quando olhava do alto, sentia que podia qualquer coisa. Que podia voar, livre. Quando olhava do alto, me sentia bem. Eu gostava tanto de altura, que a odiava. Porque eu sempre sentia vontade de pular. De voar.

      De me libertar.

      Mas naquele dia, aquilo não ficava só na vontade. Eu o faria.

      Me livraria da dor.

 

 

      A realização de um sonho, eu pensei. Vou voar, mesmo sem minhas asas.

 

      E depois... vou morrer.

 

 

 

 

 

- ALICE!!!! – Era Edward – Alice, Alice, Alice!! – ouvi sua voz se aproximar. Ele me agarrou por trás. – O que você pensa que está fazendo?

 

- ...

 

- Estávamos te procurando. Por que sumiu assim?

 

- Eu adoro altura sabia?

 

- O que?

 

- O céu está azul hoje também.

 

- ... A-Alice... você precisa voltar, todos estão preocupados...

 

- Melli...

 

- Ela está bem.

 

                  Ela está bem...

                  Ela está bem?

      As palavras ecoaram na minha cabeça. Involuntariamente, toquei minha barriga. Olhei para ela.

 

- Ela está bem? – sorri.

 

- Está. A pancada foi externa, não atingiu a placenta. O machucado foi em você, não na Melli. Uma fraca hemorragia, fácil de estancar. Não se preocupe, o médico vai te explicar melhor.

 

      Chorei de novo. Eu estava ficando louca com tanta mudança de sentimentos em tão pouco tempo. Como eu conseguia? Talvez sim, talvez eu fosse forte. Minha fraqueza estava em amar. Mas será que isso é mesmo uma forma de fraqueza?

 

      No dia seguinte, fui para casa. Mi me ligou diversas vezes, mas eu não atendi.

      Ainda estava fraca, não podia ir a escola. Era fim de ano, fiz as provas em casa sob a responsabilidade de um professor. Sempre fui boa aluna, mas com tudo aquilo, minhas notas haviam caído. Considerando a minha situação, os professores fizeram um conselho. Passei em todas as matérias.

 

                  Eliza estava sempre lá em casa, me via fraca e chorava. Eu sorria, dizia que estava tudo bem.

      Edward não me deixava em paz, continuava a ir todos os dias. Eu acabei com ele, consegui forças. Mas ele estava sofrendo tanto com isso que eu também sofria. Ele não desistia, mesmo quando eu dizia para que ele não fosse, ele ia para minha casa.

      Dizia que estava desesperado. Que não queria me perder.

      Me ligava todas as madrugadas me pedindo para voltar.

 

- Edward! Eu passei por isso não faz muito tempo! Talvez por algo pior... e você não me vê na casa dele o tempo todo!

 

- Mas... eu sinto muita dor, Alice... eu te amo muito.

 

- Por favor, Edward.

 

      Eu me identificava com a dor dele, isso me fazia sofrer mais. Mas eu não podia sacrificar o pouco da felicidade que eu tinha agora pela dele. Eu já havia feito isso a vida inteira.

      Edward começou a me perseguir, se eu saísse, ele se escondia em algum lugar só para me ver saindo. Às vezes me seguia. Eu estava ficando assustada. Foi assim por um bom tempo.

      Comecei a atender os telefonemas da Mi. Ela conversava como se não houvesse nada de errado. O que, de certa forma, não havia. Ela não sabia que o Alex era o pai da minha filha. Eu não brigaria, jamais, com a minha amiga por causa de um homem. Voltamos a ser grandes amigas, mas ainda não saíamos muito.

      Depois ela voltou a ir à minha casa. Aos poucos, sentia que as coisas se normalizavam. Até que ela voltou com a história de que me amava. Aparentemente ela não estava nem um pouco a fim do Alex.

 

      Um novo ano. Tudo sem graça.

Até que eu entrei na faculdade.

      Faculdade de Direito.

 

      Ele estava lá. Não na faculdade. Quer dizer, na faculdade também, mas... ele estava na minha sala.

      Por que na minha sala?

      Haviam duas turmas de Direito de primeiro período, por que tínhamos de ficar na mesma sala? E por que diabos ele estava no primeiro período?

      Eu falei com ele normalmente, mas aquele sentimento voltou, aquele sentimento abominável tomou conta novamente de mim. Eu o odiava.

 

      O odiava tanto quanto o amava.

 

      Lembrei-me do dia em que ele e Eliza me disseram que ele estava tendo problemas na faculdade por causa da viagem. Eliza me explicou que ele não havia trancado, então a faculdade tomou como desistência. Por causa disso, ele teve de recomeçar a faculdade no outro ano, por causa do início do período.

      Eu merecia, não é?

      Todos os dias, quando o via, sentia aquela angústia, aquela vontade de gritar tudo que ele merecia ouvir. Ao mesmo tempo, a vontade de abraçá-lo. Eu o observava novamente. Por que aquilo tinha de acontecer comigo?

 

      Eu suportava Edward, Mi... e ainda tinha de ver Alex todos os dias. Meu coração já estava ruído. O que me restava?

 

Melli.

      Estava vivendo por ela.

 

 

 

 

 

                  Estava se aproximando o aniversário da Mi. Ela disse que não faria nada de especial. Meu telefone tocou.

 

- Oi Mi.

 

- Alice, como você está?

 

- Indo.

 

- Sabe que estou aqui por você, não é?

 

- Claro, não se preocupe. Então, o que vamos fazer no seu aniversário?

 

- Não quero nada. Quer dizer, não quero esse tipo de coisa... eu só quero uma coisa de você, Alice.

 

- Claro, pode dizer.

 

- Fica comigo?

 

- O que??

 

- Me dá só esse presente de aniversário? Fica comigo?

 

                  Pensei por dois segundos. Na verdade, não pensei. O ódio voltou, eu queria me vingar.

 

- T-tá certo.

 

- Obrigada, Alice! Eu te amo.

 

- Eu vou para aí de manhã no seu aniversário.

 

- Não se preocupe, eu vou aí, ta certo?

 

- Tudo bem.

 

      O que eu estava fazendo?

      Edward finalmente se foi, seus pais não admitiam que ele continuasse lá, sendo sustentado pela avó, sem estudar, sem trabalhar, apenas obcecado por uma garota grávida.

      Que estava prestes a dar a luz!

      E eu sorria com esta ideia!

      Mas Edward continuava a ligar, até que eu disse que não queria nem ser sua amiga, eu não agüentava aquilo.

Ele me disse que faria da minha vida um inferno. Ainda assim, o ignorei.

 

 

      O dia chegou. Mi chegou cedo lá em casa. Nos trancamos no meu quarto.

      Ela estava fofa como nunca. Um vestidinho com poucos babados, alguns laços azuis, uma pequena mochila, pouca maquiagem, mas perceptível.

      Eu não sabia o que estava fazendo. Fiquei sem jeito. Ela guiou tudo, disse para eu me soltar. Que vergonha!

 

                  Alguém bateu na porta. Minha mãe me lembrou que eu devia ir a faculdade.

      Mi foi embora, sorrindo e agradecendo.

 

      Depois que ela se foi, disse a minha mãe que não me sentia bem, Melli provocava algumas dores. Pedi para me deitar.

      Minha mãe estava fazendo todos os meus gostos.

 

      Cheguei no quarto e deitei. Olhei para minha filha.

 

“Logo eu vou te ver, meu amor”

 

      Foi aí que notei, no canto do quarto. Mi havia deixado a mochila. Não sei porque, mas o impulso me fez olhar o que tinha dentro. Gloss, blush, caneta, algumas outras coisas e... o caderno preto.

      Ele era mais fino do que parecia olhando de longe. Alguns adesivos coloridos se espalhavam pela capa como se pudessem dar mais vida ao preto predominante. Um adesivo branco estava colado no canto da capa e tinha escrito:

      “Para Demetria Caloni”

 

      A curiosidade falou mais alto. Rapidamente abri e folheei o caderno.

      A letra de Mi tomava conta de quase todas as páginas e o caderno estava todo datado. Encontrei uma data específica e comecei a ler.

 

 

 

                                         Hoje conheci Alice Moore...

 

 

 

                  Algo maior do que eu, a vontade de conhecer todos os segredos e o que Mi escondia tomou conta de mim.

 

      Eu tinha em minhas mãos o diário da Mi!

 


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Notas finais do capítulo

Me desculpem por ter resumido tanto este capítulo, mas se eu não fizesse isso, nunca chegaríamos ao fim, nem ao diário da Mi!
Até a próxima ;**

Ah! Peço por favor, um pouco de compreensão! o diário da Mi vai ser difícil de fazer e eu vou ter de re-ler toda a fic >.< talvez demore um pouco, mas postarei o mais rápido que eu puder!
Por favor, leiam: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/81437/Uma_Vez_Vampiros
Fic Uma Vez Vampiros, de YayBek, muito boa o/
E... KAMIME, SE LER ISSO, ATUALIZE MEANINGLESS!! please! ç_ç
beijinhos ;*