Memórias de Alice Moore escrita por Suh


Capítulo 22
Desmoronar


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, me perdoem a demora. Eu estava muito ocupada esses dias, faculdade voltou, entrevistas de emprego. Isso que dá envelhecer x_x.

Mas aqui estamos
Boa leitura ;***



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É claro, Edward já havia planejado milhares de formas de voltar, antes mesmo de eu ter aceitado o namoro. Ele era, indiscutivelmente, uma pessoa muito persistente. E insistente também.

      Não demorou muito, um ou dois dias, já me encontrava no aeroporto o esperando. A vontade de ser feliz tomava conta de mim e ele havia me prometido essa felicidade.

                  Eu fiquei alegre ao vê-lo, eu o abracei. Ele me beijou e eu senti que devia abrir as portas para um novo amor.

       Ele ficaria na casa da sua avó que morava aqui, até conseguir um emprego. Edward já havia terminado o colégio e, quando veio na primeira vez, estava de férias na faculdade. Ele havia trancado e ia tentar transferir para minha cidade.

      Ed continuava a me ligar todos os dias, mais de uma vez. Mandava várias mensagens e ia na minha casa sempre. Comecei a me perguntar como ele conseguiria um emprego se ficava o dia inteiro comigo.

      Passaram-se mais algumas semanas.

      De vez em quando meu coração se rasgava mais e o sangue escorria. Eu sentia dor, mas ainda tentava esconder. Notei que aos poucos, Melli crescia dentro de mim e eu não podia mais esconder aquilo.

- Ed... eu, eu não consigo mais...

- O que foi, Alice?

- Eu não consigo esquecê-lo, Ed... Eu amo o Alex e eu... me desculpe, mas eu não vou conseguir gostar de você.

- Não diz isso... vamos tentar, ta bom? Vamos tentar, por favor!

- Desculpe, Ed... – Meus olhos já se enchiam de lágrimas e eu não podia olhar para ele.

- Não faz isso Alice! – O tom de voz dele mudou, ele parecia me implorar.

- Eu...

- Alice! Por favor!

- Mas.... – Eu o olhei, seus olhos me suplicavam e eu não queria fazê-lo sofrer como eu estava sofrendo. - ...Tudo bem.

                  Eu queria ter sido mais forte.

      Não sei como consegui fazer provas naquela época, lembro que os professores passaram alguns trabalhos, acho que Eliza me ajudou muito.

Mas eu nunca mais havia visto Eliza ou Mi... Edward tomava todo o meu tempo. Quando ele não estava comigo, me ligava várias vezes. Eu não agüentava mais aquilo.

- Alice...

- Oi Eliza.

- Você está bem?

- Você quer a verdade?

Caminhávamos devagar, voltando da escola. Havíamos ficado até tarde fazendo uma maquete de artes junto com a nossa equipe. Foi ótimo para eu ocupar minha mente. Faltava pouco para o sol se pôr.

- Não estou gostando de te ver assim, você nunca tinha ficado tão mal. Precisa ser forte, amiga.

- Eu sei, Eliza... eu sei.

- Você precisa saber de uma coisa...

- ...

Na verdade, eu não queria saber de nada.

- A Mi...

      Meu telefone tocou e interrompeu Elizabeth.

                  - Oi Ed. – Silencio – É, to indo pra casa. – Silêncio -  Não, hoje eu                        preciso estudar. – Silêncio – Edward, depois conversamos!                                     Tchau!

- Me desculpe, Eliza, continue...

- Ele é muito grudento, Alice!

- Nem fale...

- Então, é que... a Mi foi lá em casa ontem.

- Legal, nem me chamam mais, não é?

- Não fui eu que chamei. Alex a levou.

                  Não sabia o que dizer. Parecia que meu cérebro ainda não havia processado a informação. Parecia que não era nada. Talvez não fosse nada. Eu estava tão confusa que nem sabia mais o que pensar. Passamos boa parte do caminho caladas, uma esperando que a outra falasse.

- Eliza...

- Sim?

- Eu estou grávida.

      Demorei alguns segundos para perceber que ela havia parado de caminhar e estava uns dois metros atrás de mim. Me virei para ela e vi finas lágrimas iluminadas pelo sol alaranjado cruzarem o seu rosto.

Fui até ela, que sorriu para mim. Eu retribuí o sorriso, deixei que as lágrimas invadissem o meu rosto também.

Éramos duas crianças, com sonhos de mudar o mundo. Duas idiotas que acreditavam e amavam a vida. Eu a abracei forte. Minha grande amiga. Minha irmã.

Duas idiotas chorando abraçadas no meio da rua deserta.

      Após alguns minutos daquele jeito, ela enxugou as lágrimas.

- Quando você soube?

- Há semanas atrás...

- Por que não me contou antes, Alice?

- Eu queria que o pai fosse o primeiro a saber... Me desculpe.

- Tudo bem, então o Ed já sabe?

- Não.

- Não disse que o pai deveria saber primeiro? – ela riu, enxugando algumas lágrimas que ainda teimavam em descer.

- É que... Alex é o pai.

      Eliza arregalou os olhos.

- Como é que é??! Alice! Então foi naquela vez?

- Sim...

- Você já contou pra ele? Como ele pôde te deixar?? Ele tem que assumir esse filho, Alice!

- Ele não sabe...

- O QUE?? Eu vou contar para ele agora! – Ela andou mais rápido e eu a segurei pelo braço, virei seu corpo para que ela me olhasse, ela se assustou ao ver que eu estava chorando novamente, copiosamente.

- Por favor! Por favor, Eliza, não faça isso!! Eu não quero que ele fique comigo só porque é o pai da minha filha! Não quero que ele fique comigo por obrigação de ficar!! Por favor! POR FAVOR, ELIZA!

- C-calma, Alice...

- Eu não agüentaria saber que ele está comigo só por causa disso... Então, não conte... eu te imploro.

- Tudo bem, eu não vou contar...

- Promete?

- ... – Ela também voltou a chorar – Eu prometo, amiga...

- Obrigada. – A abracei.

- Eu disse que vocês deviam ter se prevenido. – Ela soltou entre os soluços. Nós rimos.

- Me ajuda a contar para os meus pais?

      Estava sentada de frente para os meus pais na sala de estar. Minhas irmãs me encaravam sentadas perto de mim. Eliza também estava lá.

      É claro que meus pais surtaram. Me chamaram de muitas coisas, lamentaram de muitas coisas. Eliza me defendeu como pôde, mas não podia desafiar meus pais. Eles gritaram até não poder mais, enquanto Eliza e Sophia me abraçavam.

                  E então, depois de horas soltando palavras de ódio, minha mãe começou a chorar. Decidiram dormir, amanhã estariam mais calmos. Afinal, eu ainda era a filha deles e eles me amavam. Não podiam mudar isso.

      Os meses se passaram e meus pais aceitaram. Minha mãe ficou animada com um neto e eles passaram a amar a criança dentro de mim. Claro que eles acharam que o filho era de Edward, eu não neguei. 

É claro que na escola sofri um pequeno preconceito, "a garota que engravidou na adolescencia" mas eu não me importava nem um pouco com isso. Eu amava muito a Melli para me importar.

O tempo havia se passado. Minha barriga estava enorme e eu sorria enquanto a acariciava em frente ao espelho.

"Eu te amo, minha Melli"

Eu e minha mãe choramos na ultrasson.

- É uma menininha! – Exclamou a doutora.

“Eu já sabia”, pensei olhando para a Melli pela tela.

      Enquanto isso, Edward continuava a me ligar e a querer sair comigo. Eu contei que estava grávida de Alex e ele quis ficar comigo ainda assim. Disse que assumiria a criança.

- Alice... – Ele se ajoelhou.

- O que você está fazendo, Ed? Se levante!

- Se, algum dia, você quiser casar comigo, eu estarei aqui por você, não importa quando. – Ele disse. Em seguida beijou minha mão e se levantou.

      Eu fiquei sem falas. E o telefone tocou. “Salva pelo gongo”, eu pensei.

Quem me dera ser salva.

- Alice!

- Oi Mi! Quanto tempo!

- Eu e Alex estamos namorando.

      Sem querer, deixei que o celular deslizasse pela mão e caísse no chão, de forma que ele se abriu e a bateria voou para longe do aparelho.

- O que foi, Alice?

- Edward, você pode ir embora, por favor?

- Me diga o que houve!

- Me deixe em paz...

- O que aconteceu? Quem era?

                             Por que ele tinha de ser tão insistente?

- Sai daqui!

- Alice...

      Eu tentei empurrá-lo para fora. Ele era forte demais.

- Eu quero ficar sozinha, por favor! Por favor!

- Me deixe te ajudar!

- ME DEIXE EM PAZ, MERDA!

      Foi a única forma de fazê-lo ir.

      O que fazer? Não queria me contorcer de dor na minha cama. De novo não. Fui para o meu lugar.

Não importa o que aconteça naquela praça, sempre me sinto mais em casa lá do que na minha própria casa. Eu sabia, de alguma forma, que Midori me envolvia com carinho ali e eu não tinha medo disso.

      Mas, no meio do caminho, vi um casal há uns metros de distância. A moça havia saído do carro e o rapaz estava indo em seu encontro. A abraçou por trás e beijou seu pescoço com carinho. Seguraram as mãos e juntos atravessaram a rua até uma pequena lanchonete.

Eram eles. Mi e Alex.

      Ver aqueles dois juntos foi como ter a única base que segurava o meu coração retirada.

                                         Ele finalmente desmoronou.

      Rapidamente me virei e corri de volta para casa. Eu teria de deitar. Eu teria de chorar. Me senti como se estivesse me afogando num pântano de desespero. Meus sentidos foram ofuscados, não pensava em mais nada. Só em correr.

      Eu estava perto.

      Nesse momento, percebi que estava no meio da rua quando ouvi uma buzina furiosa me expulsando de seu lugar de direito. Tentei desajeitadamente fugir do carro que vinha na minha direção e caí violentamente no chão.

                  A pancada não foi forte, mas atingiu minha barriga.

Minha barriga?

      E então, pude raciocinar.

                             Melli.

      Imediatamente olhei para baixo e vi um pouco de sangue manchando meu vestido branco.

                                            

                  Não, não, não, não, não!

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!


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Notas finais do capítulo

Só uma pequena curiosidade besta: esse capítulo deveria se chamar "Terceiro". Acho que vocês não perceberam, mas o "Primeiro" foi por causa do primeiro cara que ela beijou: Alex. "Segundo", o segundo: Mi. "Terceiro" seria o Ed, mas achei que esse nome ficaria melhor.

Só mais uma coisa. Notei que 16 pessoas acompanham a história por e-mail. Não entendo porque o máximo de reviews que eu recebi é 14 .

Se leu, please, deixa review! Vai fazer um bem danado pra essa pobre autora aqui ç_ç

Beijos e até a próxima Espero que tenham gostado!