A Cartada Final escrita por Pedro Ivo
Notas iniciais do capítulo
Quinto capítulo da história.
Seis e meia da manhã de uma segunda extremamente chuvosa. Micaelly, Bia, Alan e Samara estavam conversando entre si sobre coisas diversas da vida. Até que um garoto entrou naquela sala de aula e todos se viraram para poder estudar o tal garoto. Alan abriu um sorriso e as meninas o observaram de longe. Leo havia chegado de uma longa viagem pela Europa e estava pronto para retornar a rotina diária no Brasil. Ele também era um bom amigo de Alan.
– Olá pessoas, sobreviveram sem mim? – Perguntou Leo, com um sorriso irônico em seus lábios.
– Finalmente você voltou! Estávamos com saudade. – Disse Alan.
– Pois é Leo... Você demorou muito. – Complementou Samara.
– O importante é que eu voltei, certo? – Leo suspirou e continuou a falar. – Alan, eu e Carol precisamos falar contigo.
A expressão de Leo estava séria assim como as das meninas. Como assim Alan precisava falar com Carol? Aquela garota era insuportável e todos concordavam que precisavam manter distância dela. Alan ficou nervoso e tentou driblar o assunto.
– Leo... Eu não falo mais Carol sabe. – Disse Alan.
– Mas vai precisar falar comigo agora. – Carol cortou Alan, se aproximando de Leo – Querendo ou não.
– Sai daqui sua idiota. Alan não precisa fazer nada que ele não queira. – Micaelly se meteu, irritada.
– Ah, ele precisa sim. É sobre aquela pessoa, Alan. – Carol sorriu e observou a todos.
Alan consentiu e se foi com Carol e Leonardo. As meninas ficaram chocadas com aquilo tudo... Como Alan pode se encontrar com aquela víbora? E por que Leonardo era tão próximo de Carol? Todas estavam com uma pulguinha na orelha para descobrir do que se tratava o assunto que Leo e Carol queriam falar com Alan.
– Ai, meninas, isso não tá nada bem. – Começou Bia, sentando-se em sua banca.
– Pois é... E de que pessoa eles irão falar? – Perguntou Micaelly, pensativa.
– Eu não sei. Mas deve ser uma pessoa bem importante! Alan ficou todo nervoso e Carol estava muito mais séria que o normal... Com certeza ela não estava brincando. E eu tenho certeza que Alan não vai querer falar para a gente quem é. – Samara respondeu, séria.
– Ah, meninas, eu trouxe umas fotos para vocês verem, espera aí. – Bia falou correndo em direção a sua bolsa.
Bia ao abrir sua bolsa, deu um grito estridente.
– BIA! – Samara e Micaelly falaram em coro, correndo em direção a amiga.
– Ai meu Deus... Socorro. – Ela estava horrorizada e completamente assustada.
Samara levou seu olhar em direção a mochila jogada no chão e percebeu que cinco escorpiões saiam de dentro da bolsa... E não era qualquer escorpião, esses escorpiões tinham uma coloração negra, ou seja, poderiam matar facilmente Bia. Micaelly se aproximou da bolsa e verificou se não havia nenhum escorpião. De fato, não havia mais nenhum, porém tinha uma carta ali.
– Gente, tem uma carta. – Disse Micaelly.
– Dane-se! Vamos sair daqui, estou com muito medo desses escorpiões. – Disse Bia, puxando Samara e Micaelly para longe da sala.
***
Longe dali, Alan, Leo e Carol conversavam numa lanchonete um pouco distante do colégio. Carol continuava séria e parecia extremamente irritada. Ela começou a brigar com Alan e Leo apenas observou.
– Aquela imunda pode estar viva, sabia disso?! – Carol começou, irritada.
– Não é minha culpa! Quando ela desapareceu, eu pensei que ela estava morta. – Alan tentou se defender.
– É sua culpa sim. Larissa não pode voltar para a bosta dessa cidade, está me entendendo Alan? Pois se ela voltar, você vai voltar a ser um zé ninguém, você quer isso? – Carol formou seu sorriso irônico pela primeira vez naquele dia – Nós temos que impedir que ela retorne para esse colégio.
– Carol, pelo o amor de Deus, você nem sabe se a criatura está morta ou não. A informação pode estar errada... – Leo tentou acalmar as coisas.
– Escuta aqui, “amiguinha”, não precisa ficar com medo de Larissa, só porque acha que ela vai fazer você voltar a ser uma nerd. Eu tenho certeza que ela está morta! Mas já que você insiste tanto nisso, vamos investigar... Como nos velhos tempos. – Alan sorriu.
Leonardo e Carol continuaram sérios. A informação que Larissa poderia estar viva não agradava a ninguém e Carol faria de tudo para afastar aquela garota da escola. Mas no fundo, Carol sabia que Larissa não retornaria agora. Ela teria que explicar a policia... O motivo do seu desaparecimento. E nem Larissa, poderia inventar uma mentira tão grande capaz de burlar todo o sistema policial. Mas talvez... Se ela soubesse do que aconteceu aquela noite, ela poderia voltar.
– Vamos voltar para a escola, não quero pensar naquela víbora por mais nenhum segundo. – Carol falou, agarrando sua bolsa e saindo dali.
– Ai, ai... Eu não acredito que Carol vai voltar a ser aquela doida de antes. – Falou Alan.
– Você vai contar para as meninas que talvez Larissa esteja viva? – Perguntou Leonardo.
– Não... Elas não precisam saber disso. – Finalizou Alan, levantando-se.
***
– VAI LOGO MICAELLY, LÊ A MERDA DA CARTA. – Bia começou a gritar.
As três meninas estavam num box do banheiro feminino da escola. Por incrível que pareça, Micaelly ainda não tinha lido a carta. Bia estava totalmente assustada com os escorpiões e Samara estava achando um tédio todo aquele drama.
– Ai gente, eu tô com medo que tenha alguma coisa aqui nessa carta. – Disse Micaelly, tristonha.
– Me dá logo isso aqui, deixa que eu leio. – Samara irritou-se, agarrando a carta da mão de Micaelly.
Samara começou ler tal carta... Aquilo era totalmente assustador e estranho. Seus lábios ficaram brancos e suas mãos começaram a tremer. Micaelly e Bia ficaram assustadas com a expressão de Sasa e começaram a se preparar psicologicamente para o conteúdo da carta.
– “ Isso é apenas um presentinho meu, meninas. Eu estou ansiosa para voltar a escola. E sei que vocês também estão, certo? E Samara, estou muito desapontada com você por ter se tornado melhor amiga de Alan... A proposito, quando eu voltar, vou por ele e Carol em seus devidos lugares, com muito amor, Larissa. “ – Samara recitou o que havia na carta.
– E-ela está viva... Com certeza está. E ela tem raiva da gente... – Micaelly começou a falar... Já com lágrimas nos olhos.
– Sasa... Se ela tá viva, o que nós devemos fazer? – Perguntou Bia, abraçando Micaelly.
Samara enxugou as lágrimas e começou a falar. – Temos que descobrir onde ela está escondida. Vamos criar um grupo garotas... Para saber onde Larissa está se escondendo e o motivo dela estar fazendo isso conosco.
– Devemos falar isso para Alan e pra Leo? – Perguntou Mica.
– Não! Se eles tem os seus segredinhos nós também vamos ter o nosso. – Finalizou Samara.
– E o que vamos fazer primeiro? – Perguntou Bia.
– Eu já sei, venham comigo.
As três garotas voltaram para a sala, a aula já havia começado. Alan, Carol e Leo ainda não haviam chegado. Samara ignorou a ausência de seu amigo e partiu em direção a sua bolsa, retirando de lá um papel e uma caneta.
– O que você vai escrever? – Perguntou Mica.
– Uma cartinha para Larissa. – Respondeu Sasa.
“Amiga, estamos com muita saudades de você. Então eu e as meninas pensamos se você não pode nos encontrar em algum lugar, algum dia... Afinal, você é Larissa e não vai temer suas melhores amigas, né? Beijos, Sasa.”
Samara escreveu a carta e guardou em seu bolso. As três aguardaram até o fim das aulas... E estranhamente, nem Alan, nem Leo e nem Carol retornaram. Quando todos saíram, Samara caminhou em direção ao centro da sala.
– LARISSA! SE VOCÊ ESTÁ NOS OBSERVANDO OU NOS ESCUTANDO... SAIBA QUE DEIXAMOS ESSA LINDA CARTINHA AQUI PARA VOCÊ. ESPERAMOS UMA RESPOSTA. – Samara colocou a carta na mesa do professor e saiu dali junto com suas amigas.
***
Nove horas da noite... Uma forte tempestade assolava a cidade. O colégio estava totalmente vazio e a água invadia os pátios... Mas havia uma pessoa ali. Uma pessoa assustadora, com um moletom, calça e sapatos pretos. A pessoa esboçava um sorriso em seus lábios. Em passos sutis e leves, caminhou em direção a sala de aula. Num chute forte e definitivo, arrombou a porta.
– Olha só... Que carta interessante. E é um convite! Claro que eu vou aceitar. – A pessoa encapuzada leu a carta e a colocou em sua mochila. – Ai, ai... Os pais dessas garotas não ensinaram a elas que não se deve brincar com fogo.
A pessoa saiu da escola em passos rápidos e sumiu em meio a escuridão. Após uma hora de caminhada, a tal pessoa estava em frente a casa de Micaelly. Caminhou em direção a porta de entrada e com ajuda de alguns equipamentos, conseguiu abrir a porta sem dificuldades.
A casa de Micaelly era bem organiza e limpa, com um cheiro de aromatizante e grama recém-cortada. A pessoa estranha subiu as escadas e adentrou ao quarto de Micaelly. A pobre Mica, estava num sono profundo e nem percebeu a entrada do estranho.
– Micaelly, você vai dormir um pouquinho mais essa noite.
A pessoa encapuzada retirou uma agulha com um líquido incolor de sua bolsa. Se aproximou de Micaelly e aplicou o líquido na veia de seu pulso. A pobre garota soltou um pequeno suspiro de dor, mas logo caiu num sono mais profundo ainda, devido aos efeitos do SEDATIVO.
– Agora, vamos abrir a boquinha... Seja uma garota boa.
O estranho abriu a boca de Micaelly e pegou alguns equipamentos de dentista. A tal pessoa passou cerca de duas horas e meia mexendo na boca de Micaelly e colocou algumas coisinhas em seu dente. Após finalizar seu trabalho, ela saiu da casa de Micaelly.
Os primeiros raios de sol iluminavam o quarto de Micaelly... E a mesma se encontrava chorando bastante deitada em sua cama, ao lado de sua mãe.
– Meu dente tá doendo muito... Argh! Liga para Samara e Bia, por favor! – Micaelly tentou falar, chorando.
– Filha... Hoje é terça. Elas não irão vir a este horário. – A mãe de Micaelly tentou argumentar, mas foi inútil.
– Diga que é um caso urgente. Elas vão entender, vai logoooo! – Micaelly gritou e sua mãe ligou para as amigas.
Após cerca de três horas, Bia e Samara entraram no quarto de Mica, todas preocupadas. Samara sentou-se ao lado da amiga e segurou suas mãos.
– O que foi Mica?! Viemos o mais rápido possível. – Disse Samara.
– Quero que vocês vejam minha boca. Tem uma coisa muito estranha. – Micaelly falou, abrindo a boca.
Samara ao se aproximar da boca da amiga, se afastou e tomou um susto. Isso contribuiu para Micaelly ficar ainda mais assustada e Bia também.
– Ai, o que você viu, Sasa?! Fala! – Gritou Bia.
– Tem alguma capsula de metal no seu dente... Tá horrível! – Samara falou, chocada.
Bia correu em direção ao armário de Mica e retirou uma pinça de lá. Entregou para Samara que conseguiu finalmente retirar a capsula estranha. Infelizmente, o dente de Micaelly continuava sangrando e estava fora do lugar... Ela teria que ir para um dentista e rápido.
– Ai... Meu dente ainda tá doendo pra caramba. – Micaelly falou deitando-se.
– Gente, tem um papel aqui. – Samara falou, retirando um filete de papel de dentro da capsula.
– Leia.
“ Vocês são ousadas demais... Me convidando para um encontro? Que vagabundas... Mas quero que saibam que eu aceitei sim. E mais... Essa mensagem no dente de Mica, é uma demonstração de como eu posso ser perigosa amigas e de como eu posso causar estragos em vocês, beijooos, com amor, Larissa. “
– Que vadia! Quando eu me encontrar com ela... Juro que eu arranco todos os dentes daquela vagabunda. Mas agora que eu pensei... Nós não definimos um local para encontrar ela. – Disse Micaelly.
– Tenho certeza que Larissa irá nos enviar alguma carta com o local e o horário. Mas agora precisamos ir para o dentista, acho que vai ter que extrair esse dente, Mica. – Disse Bia, tristonha.
– Eu não sei se vou aguentar isso por mais tempo... Ela está nos torturando. – Disse Mica.
– Temos que ser fortes, senão, ela ganha o jogo. – Respondeu Samara.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!