Bonnie pareceu meio chocada com a revelação de Aurora. Fazia anos que esse assunto não era tocado.

(Bonnie)– Como descobriu sobre O Sacrifício do Anjo?

(Aurora)– Isso não vem ao caso nesse momento. Mas preciso que me explique Bonnie, é urgente.

Bonnie olhou para Aurora e abriu um pequeno sorriso. A senhora abriu mais a porta e disse.

(Bonnie)– Entre minha querida. Vou fazer um chá, temos muita coisa pra conversar.

Aurora entrou e se sentou no sofá, Bonnie trouxe duas xícaras de chá quentinhas e se sentou ao lado da Caçadora.

(Bonnie)– Acho que a primeira coisa que deve saber é que O Sacrifício do Anjo, aconteceu aqui no Santuário de Atena. Há 500 anos. Lembro-me como se fosse ontem, foi a última vez em que Nike esteve na Terra. Naquela época a reencarnação da Deusa da Vitória, era uma jovem chamada Diana.

Por alguma razão, quando Aurora ouviu o nome da jovem que era reencarnação de Nike. Uma grande curiosidade cresceu dentro dela.

(Aurora)- Como era essa moça?

(Bonnie)– Uma jovem linda. Tinha cabelos loiros ondulados, uma pele bem clarinha e algumas sardas embaixo dos olhos. Muito bondosa, sempre gostava de ajudar aqueles que precisavam, era muito amiga dos cavaleiros. Diana gostava muito de flores, ela sempre gostava de prender uma no cabelo e plantou várias árvores floridas pelo Santuário, que até hoje estão por aqui.

Bonnie então deu uma pausa e olhou para Aurora.

(Bonnie)– Mas o que mais chamava a atenção nela. Eram seus olhos verdes. Estes que são muito semelhantes aos seus Aurora. É engraçado, mas você me lembra a ela, seus olhos, seu cosmo e até mesmo o seu sorriso.

(Aurora mudando de assunto)– O que aconteceu com ela?

(Bonnie)– A Guerra Santa chegou. Mas dessa vez, Hades estava muito forte e Atena não estava conseguindo assegurar a sua Vitória. Diana então, ao perceber que até Atena estava perdendo as esperanças, decidiu ajuda-la de uma maneira inesperada.

Flashback on.

A primeira coisa que ela fez, foi levar sua armadura até Jamiel. E lá foi ao encontro do homem que consertava armaduras. Deve saber que o caminho até lá é muito difícil, mas depois de alguns dias ela conseguiu chegar até lá.

Quando encontrou a residência desse homem, ela bateu em sua porta. Quando o homem viu de quem se tratava ficou em choque, nunca passou pela sua cabeça que pudesse receber a visita de uma deusa.

– O que deseja grandiosa Deusa Nike?

(Diana)– Vim aqui lhe pedi algo.

– O que quiser.

Diana então mostrou a ele sua armadura. O homem ficou admirado com aquela armadura tão Impactante. Mas o que Diana lhe pediu foi surpreendente.

(Diana)– Quero que você crave a minha espada nessa armadura.

– O que? Mas por que?

(Diana)– A minha armadura, vem acompanhada por uma espada. Preciso que a armadura esteja perfurada de tal modo que uma espada pudesse entrar.

– Não... eu não poderia fazer algo assim com uma armadura tão bela.

(Diana ajoelhando-se)– Por favor, eu lhe imploro.

O homem não conseguiu mais negar. Ele então pegou a espada de Diana e perfurou a armadura. Deixando nela uma fenda, no qual uma espada poderia atravessar.

Quando o dia da batalha final chegou. O ar estava pesado e até mesmo o por do sol estava sombrio. Enquanto Hades e Atena duelavam, Diana sobrevoava o céu e quando ela percebeu que Atena iria perder, ela interferiu na luta. Diana se posicionou entre Hades e Atena, lutou contra o Imperador do Mundo dos Mortos, mas permitiu que ele a matasse e foi através daquela fenda em sua armadura que a espada de Hades a perfurou.

Diana se sacrificou por Atena, pois dessa forma ela poderia se transformar em báculo para derrotar Hades.

Flashback off

(Bonnie) - Nunca vou me esquecer daquela imagem. Uma menina tão doce, mas ao mesmo tempo muito corajosa. Desde aquela noite, senti que a presença dela ainda estava aqui, mas ao mesmo tempo sentia falta daquele brilho de seus olhos verdes.

Aurora parecia estar mais pálida e Bonnie percebeu.

(Bonnie curiosa)– O que foi Aurora?

(Aurora) - Bonnie, não sei se você já teve a sensação de que aquilo que você está descobrindo acaba te assustando.

(Bonnie) - Minha querida. Eu apenas te direi uma coisa. Não tenha medo do destino, abrace-o. Todos nós tememos o desconhecido, mas as vezes precisamos sair da nossa zona de conforto.

Aurora sorriu perante as palavras de Nike, mas em seguida sentiu uma leve ardência nas costas.

(Bonnie) - Não tenha medo dessa dor em suas costas, logo verá o que significa. Você está perto de desvendar os mistérios Aurora, não desista.

(Aurora)– Obrigada Bonnie, por tudo. Boa noite.

(Bonnie sorrindo)– Por nada querida. Boa noite.

Antes de sair, Aurora voltou-se para Bonnie.

(Aurora)– Bonnie, você tem alguma foto da Diana?

(Bonnie)– Eu devo ter mas não está comigo no momento.

Aurora agradeceu e começou a caminhar em direção ao seu alojamento. Sabia que não conseguiria dormir depois de tudo o que descobriu. Durante o caminho, ela foi percebendo várias árvores floridas.

(Aurora)– Mesmo depois de 500 anos, essas flores ainda estão desabrochando.

Aurora sentou-se perto da cachoeira e começou a refletir sobre os acontecimentos. Mas quando olhou para seu reflexo na água, percebeu que seu cabelo não estava tão cacheado, ele estava ondulado e tom de verde de seus olhos parecia estar mais intenso.

(Aurora)– Em meu sonho, aquela voz pediu para que eu olhasse para algo e tudo que vi foram olhos verdes. Era quase como me olhar em um espelho. Acho que estou começando a entender o que está acontecendo. Mas ao mesmo tempo não quero que isso seja verdade.

Aurora percebeu que o céu estava começando a clarear, isso significa que logo o sol iria nascer. Ela então foi até o alojamento e trocou de roupa, quando estava colocando a blusa, percebeu que havia algo em suas costas.

Era uma espécie de marca. Começava em um ponto no meio de suas costas, desse ponto saiam duas linhas formando uma espécie de V, porém mais curvado e quando eles alcançavam certa altura, as linhas começam a cair. Parecia uma marca bem primitiva e antiga. Ao ver isso o estômago de Aurora revirou, mas preferiu não revelar isso a ninguém.

Quando ela terminou de se arrumar, o céu já estava claro e era possível escutar vozes vindo das doze casas.

Aurora começou a caminhar em direção a tenda onde as demais Caçadoras estavam se recuperando. Quando parou na frente da tenda, respirou fundo para tentar disfarçar a sensação incômoda que estava sentindo no fundo de seu estômago.