Quando Aurora acordou, percebeu que estava em seu quarto. Tentava se lembrar como havia chegado lá. Ao se levantar para fechar a janela, pois estava sentindo frio, escutou a porta se abrindo. E quando viu que um rapaz loiro entrar, foi a resposta de sua dúvida.

(Shaka entrando)– Aurora, você está se sentindo bem?

(Aurora)– Sim, estou bem. Foi você que me trouxe até o meu quarto ontem a noite?

(Shaka sem jeito)– Você acabou dormindo enquanto eu... te abraçava. Então eu te peguei no colo e levei você até o seu quarto, para você descansar.

(Aurora) - Obrigada.

(Shaka)– Imagina, te trazer até aqui era o mínimo que eu podia fazer...

(Aurora)– Não é só disso que eu estou falando. Eu quero agradecer por você ter me ouvido ontem a noite e mesmo eu não poder admitir, eu precisava muito daquele abraço.

(Shaka se aproximando)– Eu também precisei daquele momento ontem. Sinto muito falar dessa maneira, mas eu precisava sentir o seu cheiro de novo, a macies da sua pele. Sei também que provavelmente você vai pedir para que eu esqueça a noite de ontem...

(Aurora)– Eu não vou te pedir isso, por que eu não quero esquecer. Só não acho que devemos contar a Ártemis isso, pelo menos não agora e quando o momento chegar. Eu irei falar pra ela.

Shaka agradeceu mentalmente por ela não ter pedido para ele esquecer. Pois isso seria impossível. Ele e Aurora tomaram café da manhã, pois Shaka havia trazido. Quando terminaram, Aurora perguntou.

(Aurora)– O que vai fazer hoje?

(Shaka)– Vou com Camus até o vilarejo que fica aqui perto. Só para ver como as coisas vão por lá.

(Aurora) - Esse é o vilarejo que eu ajudei, não é?

(Shaka)– É sim.

(Aurora)– Posso ir com vocês, gostaria de ver como vão as coisas por lá.

(Shaka)– Claro, me encontre com Camus daqui a meia hora.

Shaka saiu do quarto de Aurora, deixando a Caçadora se arrumando. Ela vestiu uma calça, com uma blusa de mangas compridas e botas. Quando chegou ao encontro dos dois cavaleiros, eles começaram a caminhada até o vilarejo.

O caminho era bem complicado, cheio de rochedos e trechos íngremes. Durante o percurso, Shaka imaginava Aurora percorrendo esse caminho na direção oposta, desesperada, para ir a seu encontro.

(Shaka pensando)– Eu fiz Aurora sofrer, pensar em seus gritos na casa de Virgem me corta o coração. Durante o período em que estive no mundo dos mortos eu conseguia sentir o cosmo dela, era quase como ouvir a sua voz. E no momento em que quebramos o muro, pronunciei um '' adeus ''. Mas é claro que ela não merecia isso.

Quando finalmente chegaram ao vilarejo. Era possível perceber que havia várias das casas já estavam reconstruídas, o local mantinha sua simplicidade. Com floriculturas, pequenas padarias e casas simples. As ruas do vilarejo estavam cheias de crianças brincando, o que Aurora sorrir.

(Camus)– Aurora, eu e Shaka precisamos resolver algumas coisas. Você vai ficar bem sozinha?

(Aurora)– Claro, podem ir.

Quando os dois saíram, Aurora começou a caminhar pelo lugar. E uma menina, com aproximadamente 11 anos, chamou sua atenção. Quando a Caçadora se aproximou, percebeu que a menina estava brincando com uma boneca.

(Aurora)– Muito bonita a sua boneca.

– Obrigada.

Quando a menina se voltou para Aurora, ficou encantada com a beleza da Caçadora.

– Uau, você é tão linda. Parece uma princesa. Posso fazer um penteado em você?

(Aurora sorrindo)– Claro. Qual o seu nome?

– Lily. E o seu?

(Aurora se sentando)– Aurora, muito prazer Lily.

Lily começou a pentear o cabelo de Aurora. A menina começou a fazer uma linda trança embutida e ao terminar, pegou algumas flores. Ela fez uma coroa com elas e colocou na cabeça da Aurora.

(Lily entregando um espelho) - Terminei. Olhe.

Quando Aurora viu o penteado, ficou encantada. Lily era tão talentosa, a trança tinha ficado perfeita.

(Aurora admirada) - Nossa Lily, ficou linda. Você tem muito talento.

(Lily sorrindo)– Obrigada.

Em um certo momento, Aurora viu que Lily estava com a mão em sua barriga, provavelmente com fome.

(Aurora)– Onde estão seus pais?

(Lily entristecida)– Eles morreram na guerra. Minha tia que cuida de mim agora.

Foi muito triste escutar algo tão lamentável sair da boca de uma criança. Nesse momento uma senhora chegou perto de Lily, ela possuía um olhar meigo e carinhoso.

(Senhora)– Vamos Lily. Hora de almoçar.

(Aurora)– Você é a tia dela?

(Senhora sorrindo para a menina)– Sim sou eu. E quem é você minha jovem?

(Aurora)– Me chamo Aurora. Estou ajudando Atena aqui no Santuário.

(Lily para a senhora)– Tia, ela pode vir almoçar com a gente?

(Senhora)– Não sei minha querida. Se ela puder será bem vinda.

(Aurora)– Sinto muito Emily, infelizmente eu não posso, estou esperando dois colegas meus. Mas vamos fazer um trato. Eu vou voltar aqui no vilarejo e almoçar com você e você vai lá no Santuário me visitar e brincar com a minha loba.

(Lily com os olhos brilhando)– Você uma loba?

(Aurora sorrindo)– Tenho sim. E você poderá conhece-la quando vier me visitar.

Quando Aurora se despediu de Lily e de sua tia, foi ao encontro se Shaka e Camus. Quando ela os encontrou, os cavaleiros ficaram admirados com o quanto ela estava bonita com aquela trança e flores.

(Camus admirado)– Nossa Aurora, você está linda. Parece até uma deusa grega.

(Aurora corada)– Obrigada Camus.

(Shaka pensando)– Uma deusa. Sim de fato ela está idêntica a uma. Lembro-me que no dia em que enfrentamos as Guardiãs da Vingança e da Ira, eu lembro de tê-la visto por um momento com uma coroa de louros dourada e um vestido grego. Acredito que existe sim uma deusa que usa uma coroa de louros, mas não me lembro quem é.

Quando eles voltam para o Santuário, Aurora passa o dia meditando. E quando a noite cai ela prefere ir direto para o seu quarto e dormir.

Mas nessa noite, novamente Aurora teve um sonho.

Aurora estava em lugar escuro e a sua frente encontrava-se uma figura do que parecia ser a de uma moça, porém ela não possuía rosto.

(Aurora)– Quem é você?

– Eu sou o seu reflexo Aurora.

A voz da moça era idêntica a aquela voz que Aurora tinha escutado em seu último sonho, no qual ela tinha se visto em uma masmorra acorrentada.

(Aurora)– Como sabe meu nome? E por que está invadindo novamente meus sonhos?

– Eu sei tudo sobre vocês, somos mais parecidas do que você imagina. Eu estou aqui para te dar as respostas para a suas perguntas. Peço que me acompanhe até um lugar no qual preciso te mostrar.

Aurora ficou confusa. Nunca tinha visto aquela moça na vida, como elas poderiam ser parecidas? Mas para obter respostas aceitou e acompanhou a estranha mulher.

Esta a levou até um lugar amplo, devastado, cheio de corpos no chão e com um por do sol que envolvia o cenário.

(Aurora) - Onde estamos?

– Estamos no lugar onde nunca saímos, no Santuário de Atena. Mais precisamente 500 anos atrás, esse foi o cenário e o lugar da batalha final dessa Guerra Santa, considerada a pior de todas.

(Aurora)– O que aconteceu nessa guerra?

– Nessa Guerra Santa, Atena começou a perder a confiança em sua vitória. Durante essa guerra, Hades estava muito forte e quase ganhou. Se não fosse pelo Sacrifício do Anjo.

(Aurora confusa)– Sacrifício do Anjo? O que foi isso?

– Eu te trouxe no exato momento em que ele aconteceu. Para que você possa ver com seus olhos.

Quando Aurora olhou novamente para o campo de batalha, ela viu Atena e Hades duelando e caído perto da Deusa da Sabedoria estava o Cavaleiro de Pégasus. Parecia que a batalha estava caminhando para a vitória de Hades. Porém Aurora olhou para o céu e de lá ela pôde ver imensas asas de anjos indo em direção ao chão.

Foi então que uma mulher se materializou entre Atena e Hades, uma mulher com enomer asas de anjos, uma armadura branca linda e impactante segurando uma espada. A deusa Nike, ela possuía cabelos loiros ondulados e uma pele clara. Esta desferiu golpes de espada contra Hades, mas em certo momento Nike abaixou sua espada e permite que Hades enfie a sua em seu corpo e a mate.

A deusa vitória é envolvida por chamas até que não se encontra mais uma mulher e sim um báculo dourado. Atena o apanha e com este consegue derrotar Hades.

(Aurora compreendendo)– Isso significa que essa foi a última vez que Nike esteve aqui na Terra?

– Exatamente. Ela se sacrificou para dar a Atena a vitória da Guerra Santa.

Aurora começou a olhar para a estranha mulher e percebeu que através da luz do sol era possível ver que os fios de seus cabelos eram loiros.

(Aurora)– Espere um pouco, você é...

Mas não conseguiu concluir sua frase, pois novamente a dor em suas costas havia aparecido.

– Não lute contra essa dor. Ela será a chave para as suas respostas, ela é parte de você. Acho que você já descobriu quem eu sou. Olhe para mim Aurora e começará a entender quem você é.

Aurora assim fez, olhou para a misteriosa moça e tudo o que enxergou foram dois olhos verdes, similares aos dela. Era como se ela estivesse vendo o reflexo de seus olhos em um espelho.

– E não se esqueça, aceite quem você é Aurora.

Foi com essa frase que Aurora desperta. Estava ofegante e suada. Tinha descoberto algumas coisas mas ao mesmo tempo precisava de algumas respostas e sabia onde poderia consegui-las.

Aurora se levantou, vestiu um casaco por cima de sua camisola e saiu do quarto. Fazia frio lá fora, mas não demorou muito até chegar ao quarto de Bonnie. Quando chegou lá, bateu a porta.

Pouco tempo depois Bonnie atendeu e quando viu Aurora ficou confusa.

(Bonnie confusa)– Aurora? O que faz aqui a essa hora?

(Aurora)– Desculpe acorda-la. Mas preciso que me conte tudo o que sabe sobre o Sacrifício do Anjo.