Bella relaxou e permitiu o toque suave que o marido insistia em fazer contra seu braço. Era estranho aquela proximidade depois e tantos dias de cortesia comedida. Senti-lo deitado na própria cama, nu ao seu lado parecia um sonho, uma imagem irreal. Ela também estava nua, pensou quase corando.

O corpo masculino se esparramava pelo espaço do colchão, obrigando-a a ficar muito perto.

Com um sorriso satisfeito Bella soltou um suspiro aliviado observando a janela, devia aproveitar tudo aquilo; deixar perguntas e medos sem sentido de lado. A claridade da tarde ainda inundava seu quarto, Jacob estava ali, ela estava feliz e não se sentira obrigada a nada, tudo soava diferente do que a mãe dissera e do que ela imaginava, soava muito melhor.

Nada mais importava, fofocas, as mães deles, Vitória...

O que restava da tarde poderia ser repleta de momentos apenas deles. Jacob pensou a principio enquanto aninhava a menina entre os braços. Ele não precisava sair correndo e voltar para a própria casa. Seus compromissos estavam em ordem, aquelas próximas horas até a noite finalmente cair, pertenceriam apenas à esposa.

Ao menos ele pensou que seria assim, mas Sarah estipulou que seria diferente. Antes do final da tarde chegar, a marquesa mandou um bilhete intimando a presença do filho em sua casa. Descontente com a petulância da figura materna, o marquês devolveu o bilhete autoritário com outro onde garantia estar muito ocupado, e que se faria presente na residência da mãe na manhã seguinte, pouco depois das dez horas.

Então, a contraproposta da marquesa retornou com um ultimato. Ou o filho iria até sua antiga casa naquele momento, ou ela viria até ele.

– Melhor você ir. – Bella sugeriu enquanto ele se erguia da cama mostrando toda a irritação com um resmungo azedo enquanto Isabella pensava o quão difícil era escapar de suas famílias.

O corpo bronzeado tinha formas bonitas a garota admirou sentindo o rosto aquecer enquanto o marido caminhava quase pelado pelo quarto. Jacob enrolara um lençol na cintura, não queria ultrapassar todos os limites num único dia, Bella fora muito tranquila em aceita-lo de forma pura, ele poderia ser tranquilo quanto ao resto também.

– Estava tudo tão bem! – a voz voltara ao tom de reclamação – O que minha mãe pode querer agora que não possa ser resolvido amanhã pela manhã? – ele perguntou a encarando.

Bella sorriu da expressão fechada no rosto de Jacob.

– Não faço a menor ideia. Sua mãe, ou deveria dizer nossas mães são imprevisíveis.

Quando ouviu o comentário ele sorriu antes de se aproximar.

– Então você já percebeu a capacidade dela de ser dissimulada?

– Oh, sempre soube disso meu bem. – ela comentou se sentindo propensa às brincadeiras.

Ele riu alto pensando que talvez estivesse tão carregado de sentimentos felizes que qualquer coisa que a mãe lhe dissesse não o importunasse.

– Então, creio que irei até lá...

– Creio que concordo com você. – ela rebateu enquanto segurava a colcha sobre os seios – Melhor será se você for até ela, do que ela vir até nós.

Jacob se aproximou um pouco mais, beijou-lhe os lábios suavemente falando:

– Voltarei para o jantar... vai me esperar aqui?

Rapidamente o rosto dela se tingiu de vermelho. Não esperava aquela pergunta. Jacob riu baixo comentando:

– Adoraria encontra-la neste mesmo lugar... o que me diz?

Sim, sim, sim, ela disse mentalmente antes de confirmar:

– Sim.

*

Apesar da ilusão de acreditar que a mãe tinha assuntos banais referentes a mudanças na casa para tratar, especialmente depois da conversa que tivera com Emily. Jacob teve uma bela surpresa quando a mulher o recebeu com a expressão amarrada. E com uma reunião familiar.

Assim que ingressou na sala de visitas da marquesa, que antes pertencia a Bella, Jacob visualizou o irmão sentado a um canto. Sério Edward o encarou como se dissesse que a matriarca estava descontrolada. Emily, mais próxima de Sarah o olhava entre assustada e incrédula.

– Depois de tantos dias longe, eis que me espera uma bela recepção. – ele brincou enquanto se aproximava para cumprimentar mãe e irmã.

– Esperava você mais cedo. – Sarah falou firmemente.

– Estava ocupado. – a resposta veio rápida.

– Estava tão ocupado que sequer teve alguns instantes para escrever um bilhete à sua mãe aviando que chegara?

O fato de Sarah estar irritada em nada mudava o fato de que ele estava de bom humor.

– Acreditei que Emily avisaria de minha chegada bem como da intenção de visita-la amanhã.

Os olhos dos irmãos se encontraram e Emily parecia cada vez mais assustada.

– Sente-se Jacob. – Sarah ordenou mostrando que a paciência acabara, e parecendo não se sentir satisfeita com o tom imperioso usado contra o filho mais velho, fez a mesma coisa com o mais novo - Venha para cá Edward.

Apesar de contrariados, os dois acabaram por obedecer. Assim que se sentaram, os irmãos se olharam de frente, Jake percebeu que o outro assim como Emily sabia o teor da conversa que se desenrolaria ali. Parecia que apenas ele não fazia qualquer ideia do que poderia ser.

– Por que você não me atendeu quando o chamei pela primeira vez?

Será que ela não entendera a resposta clara que ele oferecera segundos atrás?

– Porque, se minha mãe não lembra, sou um homem casado. – respondeu quase sorrindo ao lembrar dos ótimos momentos que passara junto a esposa – E passei muitos dias longe de casa...

– Está querendo me fazer acreditar que você dá alguma importância para esse fato? Não me julgue tão tola!

Vociferou a mulher batendo com a mão contra a perna. Um sinal de alerta acendeu na mente do marquês, ela estava mais zangada do que alguém que tem apenas algum assunto bobo para tratar. Sarah continuou:

– Você sabe quem esteve nesta casa esta tarde?

Ele cruzou os braços.

– Com certeza muitas pessoas, a senhora adora receber amigas para o chá.

Edward escondeu um sorriso desviando o rosto levemente. A mãe estava realmente irada e tudo o que ele não queria era atrair essa ira para si.

– Jacob Black! Não seja insolente! Você pode ser o novo marquês, mas eu ainda sou sua mãe, e você me deve respeito!

Ele suspirou alto enquanto se acomodava no estofado pequeno. Conhecia bem aquele sofá, sentara nele por algumas tardes para tomar chá com a irmã e a esposa, era muito desconfortável.

– Mamãe, vou pedir que seja mais clara, não estou compreendendo onde esse assunto nos levará. A senhora me chama. Me tira de perto de Isabella, que não vejo há praticamente uma semana. Não diz o motivo do chamado, e ainda espera que minha tolerância às suas perguntas sem sentindo esteja intacta?

Parecendo não ter escutado o que o filho rebateu, Sarah continuou:

– Sua sogra esteve aqui.

Não precisava dizer mais nada. Ele já entendia tudo. A fofoca que chegara a sua casa, também chegara a residência de sua mãe. Talvez ou provavelmente por isso Emily o observava com aquele olhar incrédulo.

– Ela esteve em minha casa também. – informou sério.

– Está muito irritada com você e tem toda a razão para estar depois de seu comportamento deplorável com aquela mulher! Chegou a dizer que queria anular seu casamento para casar a filha com Edward.

Jacob desviou os olhos do rosto da mãe e encarou o irmão.

– E usando de toda a sinceridade Jacob. Me arrependo de ter permitido que você fizesse aquele pedido. Sempre soube que não seria um bom marido. Vivia em bordeis, seduzindo mulheres, bebendo... Mas nunca pensei que enxovalharia o bom nome de seu pai, além de seu título, tão rapidamente.

– Veja bem as asneiras que fala mamãe... – ele tentou começar.

– O que será de sua irmã agora? – Sarah não lhe dava chance para explicar o ocorrido – Qualquer jogador libertino virá para pedi-la em casamento e você terá que aceitar, não tem moral para recusar.

– Pare lá! – ele pediu em alto e bom som fazendo a mãe arregalar os olhos.

O filho mais velho jamais erguera o tom de voz para ela quando o marido era vivo, nem mesmo nas discussões por causa da irmã mais nova. A surpresa a fez calar-se por tempo suficiente para Jacob retrucar.

– Vamos colocar a situação na forma correta. Primeiro, Emily sempre será resguardada. Nunca permitirei que um idiota qualquer se casa com ela... segundo, encerrei minha relação com Vitória antes do casamento, nunca mais voltei a estar com ela da mesma forma. Bella sempre foi respeitada. E antes que a senhora me coloque como um verdadeiro demônio, saiba que muito do que se fala, a boca pequena pela cidade, a meu respeito é mentira. Nunca tive a intenção de esclarecer fofocas porque jamais me afetaram... e também, porque me era conveniente...

Para escapar de casamentos indesejados, as fofocas eram sim um conveniente útil.

– Mas... – era a voz meiga de Emily, a garota esquecera por completo a presença da mãe quando o irmão começou a falar.

Jacob a olhou rapidamente sem compreender onde ela pretendia chegar.

– Fique calada Emily! – Sarah ordenou e a garota se encolheu na poltrona enquanto a mulher dirigia a atenção novamente para o primogênito - Não voltou a estar com ela, mas deu um presente e recebeu outro.

Então a mãe sabia de tudo.

– Você foi descuidado - Edward sussurrou.

Até o irmão acreditava que ele continuava a manter a mesma relação com a cortesã? Estava mesmo perdido!...

Ou colhendo o que plantou. Disse a si mesmo.

– O que você falou Edward? – a matriarca logo perguntou atraindo a atenção do filho caçula. – Está apoiando o comportamento desregrado de seu irmão? Você foi o mais prejudicado com tudo isso. Bella seria agora sua esposa se Jacob não tivesse feito o que fez.

O marquês ficou em pé. Aquela conversa já passara dos limites. A mãe já passara dos limites.

– A conversa acabou! – determinou irado – Volto para conversar sobre o que a senhora quiser a respeito da casa, sobre quaisquer alterações que deseje fazer. Mudanças nos móveis, nos cômodos, no jardim... mas sobre minha vida com Bella e meu casamento nunca mais.

Deu as costas para a mãe e saiu da peça sem se dar ao trabalho de se despedir. Estava zangado com a audácia da mulher em fazer aquelas cobranças quando nem conseguira organizar a própria vida enquanto casada. Mas, o que mais o incomodara fora pensar no irmão casado com sua esposa. A simples menção desse acontecimento o perturbava profundamente.

Saiu para a noite fria, respirou o ar gelado enchendo os pulmões, tentando aliviar a zanga e viu ao longe um raio cortar o céu. Seria uma noite de tempestade. Uma daquelas que ele gostava especialmente. Mas, se não queria tomar um bom banho de chuva estava na hora de voltar para casa.