The Faberry Mission escrita por Jubileep


Capítulo 45
Capítulo 45 - A carta de Rachel


Notas iniciais do capítulo

Hey, migoooooooos! Tudo bom? Espero que sim, comigo está ótimo.
Alguns avisos básicos: dia 21 foi meu aniversário, recebi muito amor, e gostaria que vcs despejassem muito amor nos reviews também u_u (sim, tenho cara de pau e peço parabéns mesmo).
Não vai ter tumblr pq gente... eu tenho cara de quem tem tempo pra administrar um tumblr sério de fics? Infelizmente, não :( Mas, no futuro, quem sabe?
Vai ter segunda temporadaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!! E vai ter personagens novos e uma passagem de tempo de (pasmem!): 12 ~fucking~ anos.
Quero me tornar uma pessoa mais séria e mais ativa no menino twitter, por isso criei um novo pq sou dessas. Sigam-me e POR FAVOR, interajam comigo lá: @jubileep21
Eu ia fazer esse cap ser o último mas ele teria 8.000+ palavras, então escolhi dividir em dois. Ou seja, o próximo será o último.
Dia 30/06 sai o capítulo 46!!!111
Dia 05/07 sai a short-fic Brittana
Dia 15/07 sai a segunda temporada!!!!111
Só colocarei essa fic como finalizada quando a segunda temporada sair por motivos de: quando sair a short brittana e a season 2 eu posto aqui o link e vcs serão atualizados como se fossem capítulos novos (e dps eu deleto e tal).

SIGAM SIGAM SIGAM SIGAM: jubileep21



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Noite do Baile

Ginásio do William McKinley High

— E... E... Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. – Sua voz saía falha e trêmula, o papel entre seus dedos estava inquieto. – Talvez eu realmente não te mereça, talvez nossa história não seja a mais romântica do mundo, mas... Eu te amo, Rachel Barbra Berry.

Os globos de luzes sobre as cabeças dos estudantes do McKinley eram chamativos, mas nada atraía mais atenção do que os passos lentos de Rachel Berry em direção à saída do ginásio.

Ela nunca fora popular; sempre que fora notada em seu curto espaço de tempo no WMHS era para ser premiada com slushies em seu rosto. Pela primeira vez, entretanto, ela conseguira saber como era ter uma multidão se abrindo para sua passagem como se fosse o Mar Vermelho.

Todos os olhares caíram sobre ela quando a voz de Quinn Fabray começou a falar no microfone, há cinco minutos. E os olhares continuavam sobre ela, ansiosos para o que ela faria a seguir.

Mas, bem... Nem ela sabia qual era o seu destino.

[...]

Dias antes

 

 

— Eu não faço ideia do que falar pra ela! – Rachel Berry resmungou, deitada no sofá de sua sala, com Finnbecil, Brittany e Porcelana lhe encarando como se logo sugariam sua alma.

Não podia criticá-los. Eles estavam esperando há pelo menos duas horas e meia algo sair de Rachel, mas nenhuma palavrinha bonita sequer havia sido posto no papel em sua frente.

— Diga algo legal. – Finn sugeriu, enquanto os olhares mortais antes direcionados à baixinha eram instantaneamente transferidos para ele.

— Isso não dá uma linha! – Kurt exclamou, revirando os olhos e apoiando a cabeça na almofada ao seu lado. Estava farto do drama Faberry, mas ainda assim, queria ver no que aquilo iria dar.

Pierce suspirou, enquanto os demais sucumbiam aos olhares exaustos.

— Fale dela antes de te conhecer, fale de você antes de a conhecer, fale... Fale de algum detalhe que você ama nela, e algum defeito e... Fale tudo que você sempre achou piegas demais pra falar na cara dela. Fale tudo que você precisa falar. Exija suas desculpas e... Peça desculpa. – Fora Brittany quem sugerira, recebendo em troca alguns olhares surpresos. Falara de forma tão séria e, ao mesmo tempo, genuína que Kurt e Finn abriram a boca.

Enquanto isso, Rachel engolia em seco; pensando na fala da loirinha. Todos a viam como a garota que não batia muito bem da cabeça, com suas sugestões e ideias ligeiramente tolas, mas não daquela vez.

Brittany S. Pierce podia achar que golfinhos fossem tubarões gays, ou que seu gato Lord Tubbington tenha lido seu diário, mas ela sabia do amor. Queria ajudar Faberry, é claro, mas suas palavras foram verdadeiras não por causa de Quinn ou Rachel. Era certa latina teimosa e esquentada que lhe tirava o sono e lhe causava esse tipo de efeito.

— Talvez devêssemos sair e te deixar sozinha com seus sentimentos. – Kurt sugeriu e Berry concordou em silêncio.

Assim que o trio fora embora temporariamente de sua casa Rachel procurou, no fundo do seu coração, tudo que ela precisava falar para Quinn Fabray. Desde a forma encantadora que ela segurava seus poms-poms até a forma irritante que ela omitia seus sentimentos.

Rachel umedeceu o papel com duas ou três lágrimas, e encharcara a manga do próprio cardigan com milhares delas. Sua mente estava uma bagunça, mas soava uma boa ideia exteriorizar seus pensamentos mais tumultuosos.

Quatro horas e meia se passaram e o trio retornara com um pacote de jujubas e algumas latas de refrigerante, se acomodaram no sofá e fitaram Berry com esperança de que algo de bom havia sido escrito por ela.

Que pelo menos alguma coisa tivesse sido escrito por ela.

— E aí? – Hudson perguntou, curioso enquanto tentava espiar o papel que Rachel cobria com uma das mãos.

— Eu... Eu escrevi algumas coisas. Agora só falta vocês entregarem a ela. – A ex-namorada de Finn dobrou o papel quatro vezes de forma minuciosa e irritantemente metódica, levantou-se e entregou nas mãos de Brittany S. Pierce, que era a pessoa mais confiável do cômodo.

Não que Kurt não fosse confiável, mas ele era doido por uma fofoca. E Finn? Bom, você sabe a história. Se ela estava ali, agora, recorrendo às cartas e palavras bonitas ele era o culpado.

A Cheerio sorriu de modo amigável e se levantou. Fitou o papel entre seus dedos e o enfiou no bolso do casaco, um segundo depois ela tirou novamente um papel do bolso e o entregou para Berry.

— Essa é... É a carta de Quinn? – Indagou, enquanto a garganta queimava pela possibilidade de ler verdades vindas da ex. Segurou o papel que Britt lhe entregava e o abriu, achando a forma como tal fora dobrado estranhamente familiar.

Quatro vezes dobrado de forma minuciosa e irritantemente metódica.

— Essa é a minha carta! – Rachel protestou, inquieta pelo silêncio dos demais. Brittany deu de ombros, Finn parecia ligeiramente confuso e Kurt revirou os olhos para a baixinha.

— Esse é o problema de vocês. Estamos aqui só pra te ajudar a organizar os próprios sentimentos. Duvido que fosse ter a iniciativa de escrever tudo que estava aí dentro do seu peito no papel sem a nossa ajuda. – Disse Hummel, enfiando uma jujuba na boca. – Enfim, agora que você escreveu todas as palavrinhas que acha necessário falar para Q pode dizer tudo na cara dela sem morrer internamente.

— Eu não vou ler isso pra ela! É patético! – Negou, segurando o pedaço de papel firmemente em suas mãos, quase como se quisesse o amassar e atirá-lo longe. Talvez quisesse, na verdade.

— Rachel... – Brittany abaixou-se e ficou de joelhos em frente à garota sentada no sofá, segurou sua mão e fitou dentro de seus olhos. – O que você quer fazer então? Se você tiver uma ideia melhor, tudo bem, ligo pra Santie agora e cancelamos tudo isso...

Silêncio.

— Você tem algo em mente ou vai ficar fugindo dos problemas pra sempre?

“Fugir soa como uma boa ideia” quis responder, mas não teve coragem de fazê-lo diante do olhar compassivo de Pierce. Nunca imaginou que a garota ingênua podia ser mais responsável que ela naquele sentido.

— Não. – Respondeu pela baixinha. – Então ou você entra no carro de Kurt agora e vai com a gente até a casa da Fabray, ou você corre o risco de perder a única pessoa que te amou do jeito que você é. A pessoa que... Que mais te tirou sorrisos, a pessoa que fez com que você não tivesse medo de se apaixonar por mais obcecada por solos que você seja.

Rachel abriu um sorrisinho fraco quando Britt citou sua fixação por solos, mas logo a curva confiante em seus lábios desapareceu ao analisar as opções limitadas diante dela.

— Tudo bem... Eu acho.

[...]

 

— Eu não acredito que estou confiando em você pra ler essa carta idiota. – Quinn reclamou, de barriga pra cima, deitada em sua cama, enquanto Kailtin lia as palavras que a irmã escrevera para Rachel. – Onde eu estava com a cabeça? Isso é loucura. Recuperar Rachel é loucura, confiar em você é loucura.

— Ou desespero. Chame como quiser. – A mais velha zombou, dando de ombros, enquanto olhava a caçula por cima do papel. – É uma droga, eu sei, mas eu tenho o selo de aprovação de Santana Lopez e Sue Sylvester, então... – Kaitlin levantou as sobrancelhas enquanto lançava um olhar para as duas figuras atrás da Fabray mais jovem, que sorriam orgulhosas por sentirem que as suas aprovações significavam de algo. –...Agora, fique quieta porque ainda não terminei.

Quinn levantou e virou a cabeça de modo que pudesse encarar a treinadora das Cheerios e a melhor amiga do outro lado do cômodo, sentadas em uma poltrona e um pufe roxo, respectivamente. Assim que seus olhos encontram os olhos das duas mentes por trás daquilo tudo ela revirou os mesmos, tentando expressar a maior fúria cabível em seu rosto angelical.

— Odeio vocês. – Murmurou, não querendo interromper a leitura de Kaitlin.

— Não vai odiar quando estiver tesourando com GayBerry daqui alguns dias. – Santana retrucou, cruzando os braços de modo vitorioso. Pelo canto dos olhos, Quinn pôde notar a irmã mais velha estremecer com a fala da latina; todas aquelas ideias ainda estavam frescas demais em sua mente e a caçula, apesar de tudo, conseguiu compreender sua reação.

Não podia esperar que Kaitlin se tornasse a mulher mais desconstruída do mundo do dia pra noite, afinal. No fundo, ela estava contente apenas com a ideia de Kaitlin procurar descontruir, pelo menos um pouquinho, seus conceitos antiquados.

Espera... Desde quando se tornara tão compassível? Okay, talvez essa coisa toda de exteriorizar seus sentimentos em forma de carta realmente tenha mexido com seu emocional e com a sua forma de lidar com os dilemas com a irmã.

Algumas horas atrás ela podia jurar que iria pular no pescoço de Kaitlin Fabray e compensar os anos que passara sendo oprimida pela moça. Agora, mais calma e relativamente mais frágil em relação às suas emoções, Quinn permitia-se agarrar à pequena faísca de esperança.

— Lucy... – Kaitlin pigarreou, praguejando baixinho por não ter perdido aquele hábito. – Quinn, isso tudo é... Hm... É muito bonito. Eu gostaria de não ter ficado tanto no caminho de vocês duas e... E-Eu... Enfim... – Nunca vira a irmã mais velha gaguejar com aquela intensidade, mas aparentemente, há uma primeira vez pra tudo. – Pelo jeito você... Você realmente ama essa garota. – Os olhos de Kaitlin estavam marejados.—... Essa é a provavelmente a coisa mais bonita que eu já li em um bom tempo. – Completou.

Quinn já esperava que suas palavras fossem cheias de carga emocional, mas não esperava ver a irmã mais velha sucumbir às lágrimas. Kaitlin Fabray chorar por palavrinhas bonitas... Aquela era a cena mais inédita presenciada pela cheerio em toda sua vida.

Antes que a Fabray mais nova pudesse agradecer pelos elogios da primogênita a esposa de Peter levantou-se da cama da irmã e rumou em passos ligeiros até o banheiro no fim do corredor.

O que diabo estava havendo com Kaitlin?

— Kaitlin! – Quinn ainda tentou chamar, sem saber ao certo se deveria segui-la ou não. Era ela a Fabray com problemas amorosos a serem resolvidos, não Kaitlin... Certo?

Suspirou enquanto o sentimento de desnorteio ocupava toda sua íris.

No segundo seguinte, a ex-capitã das Cheerios fitou Lopez, que parecia estar prestes a lhe estapear. Era como se sentisse que tivesse feito ou provocado algo de errado, mas bom... Era complicado identificar tal coisa quando Kaitlin era quem costumava lhe torturar emocionalmente.

— O que está esperando? Ela precisa de você, sua idiota! – Vociferou. – Todo mundo tem problemas, parece que você despertou os dela.

E, mesmo hesitante, Quinn Fabray foi em direção ao banheiro onde Kaitlin havia se trancado. Do outro lado da porta ela podia ouvir a irmã gemer baixinho, além dos soluços de alguém que se permitira chorar como uma criança depois de um sonho ruim.

— Kaitlin... Me deixa entrar. – Pediu, carinhosamente. Um tom que ela nunca pensara que viria a usar com a irmã mais velha.

Cerca de cinco minutos se passaram até que a progenitora de Jane cedesse e abrisse a porta para Quinn. Seus olhos inchados e a expressão vulnerável da jovem de vinte e um anos fizeram com que a caçula tivesse o ímpeto de abraça-la até que seu coração se aquietasse.

Controlou sua vontade de abraça-la, sem saber se conseguia o fazer ou se ao menos já estavam naquela fase do relacionamento. Tudo, no fim das contas, acontecera tão rápido que já nem sabia mais as regras e os limites dentro da relação das duas.

— O que houve? – Indagou. Pela primeira vez ela começara a pensar como era ser Kaitlin Fabray. Ela era uma das mulheres mais arrogantes que já cruzara a vida de Quinn, mas isso não fazia com que sua vida fosse menos miserável.

— Sua carta, Lucy. – Sussurrou, sem incomodar-se em corrigir o nome da irmã, esta que também não pareceu inquieta por escutar o nome Lucy novamente. Não importava a forma como Kaitlin lhe chamava, ela só precisava saber o que se passava por aquela mente. – Você ama Rachel e, pelo que eu soube, essa garota te ama. E é tão... Bonito. Mas tão triste, pra mim. Eu nunca amei ninguém dessa forma, e muito provavelmente nunca ninguém vai me amar dessa forma. Minha vinda inteira tem como base estruturas... Superficiais. É como se tudo fosse de plástico.  

— Você não sabe disso. – Quinn negou. – Você tem vinte e um, tem milhares de caras pra conhecer.

— Eu sou casada. – Lembrou, levantando a mão esquerda e balançando seu dedo anelar. – Com o cara mais babaca da face da Terra e... E eu nem sei como começar a explicar pra ele que o odeio. Eu tenho uma filha com ele!

— Só porque você ama Jane não quer dizer que precisa continuar com Peter.

— “Na alegria ou na tristeza”.

— Isso é besteira. – Retrucou, sem rodeios, de um jeito mais frio do que gostaria. – Você é nova... Quer desperdiçar sua vida inteira com um cara abusivo por causa de uns votos estúpidos?

— Na verdade, agora, eu só quero um abraço. – Murmurou, exausta, suas palavras pegando a caçula de surpresa, os dedos massageando as têmporas na falha tentativa de amenizar sua dor de cabeça.

Quinn analisou o estado da irmã, enquanto seus braços pareciam querer tomar a iniciativa de envolver o corpo dela dentro deles. Contudo, era como se seus membros estivessem mais relutantes do que deveriam... Era como se seu coração dissesse sim, mas algo na sua mente impedisse tal ato.

Ela ainda era a Kaitlin que lhe xingara horrores e que lhe tratara como lixo por anos, lembrou em tom rancoroso. Droga! Não queria que aqueles sentimentos pesados preenchessem seu peito novamente.

Fechou os olhos, esperando afastar momentaneamente aquelas lembranças ruins que tinha com a mulher do seu lado.  

Gradativamente, os braços de Quinn passaram pelas costas da jovem e seu corpo acomodou-se entre eles. A menor podia sentir as lágrimas de Kaitlin umedecerem seu uniforme das Cheerios e suas mãos agarrarem sua cintura com urgência.

É difícil dançar com um demônio nas costas. – Sussurrou.

E por mais que Kaitlin estivesse genuinamente apreciando o abraço e o apoio da irmã caçula a campainha tocou no andar debaixo, atraindo a atenção de ambas e quebrando seu momento especial.

Enquanto Quinn praguejava baixinho Kaitlin, surpreendentemente, sorria. Ela sabia o que aquela campainha significava.

— É pra você, Lucy. – Murmurou para a irmã, enquanto enxugava as lágrimas que ainda teimavam em cair. – Vai lá. E... E leva sua carta.

 

[...]

Rachel podia escutar as pernas gritarem a respeito da grande possibilidade de desabarem daqui alguns segundos, sua mão estava trêmula e o pulmão não parecia conseguir manter seu usual ritmo.

O branco da tintura da porta em sua frente preenchia todo seu campo de visão, enquanto ela relutava contra o ímpeto de espiar pelas janelas ao lado da entrada.

Kurt e Finn decidiram permanecer no carro. Bom, Hummel fora obrigado por Brittany – que não queria que mais fofocas a respeito de Faberry se espalhassem. Hudson, por outro lado, queria evitar mais um tapa – além de que a culpa em suas costas era deveras pesada para ele conseguir carregar até à entrada da casa de Fabray.

Brittany, contudo, acompanhara Rachel e, quando a baixinha não demonstrou coragem suficiente, fora ela quem apertara a campainha da casa.

Demorou alguns minutos até que ambas conseguissem ouvir os passos de alguém do outro lado, rumando à porta. Tal demora fez com que Rachel questionasse tudo aquilo novamente.

Será que deveria correr atrás de Quinn daquela forma? Ou será que deveria exigir desculpas? Ou, até mesmo, será Quinn apresentaria argumentos melhores do que os dela e, então, ela viesse a descobrir que fora a vilã durante o tempo todo? E por que queria transformar aquilo novamente numa competição de quem tem a melhor carta?

Merda! Sua mente parecia fazer de tudo para lhe afetar psicologicamente e temia que, logo, fisicamente. Por alguns segundos, inclusive, a ideia de desmaiar naquele exato momento soou um bom plano de fuga.

Enquanto seu emocional articulava planos para lhe sabotar o campo de visão de Rachel Berry alterou-se, de tinta branca sobre a madeira para os olhos mais apaixonantes que um dia ela pôde ter a oportunidade de navegar.

A filha de LeRoy podia observar o inchaço sob os olhos de Quinn, como se ela também tivesse acabado de passar por um momento com vasta carga dramática. Ela perguntava-se o quê. Havia grandes chances de ser por causa da carta, mas havia milhares de outras possibilidades pairando por aí.

Perguntar o porquê naquele momento, contudo, estava fora de cogitação. Tudo que ela mais queria era ler aquelas palavrinhas na carta que escrevera horas atrás e deixar que o destino cuidasse do resto.

Okay... Talvez não fosse o que mais queria, porém precisava que aquela tortura acabasse o mais rápido possível. Ler a carta era a única forma de terminar com tudo isso.

— Quinn Fabray... – Começou, enquanto tentava desviar o olhar dos dedos trêmulos da ex e dos seus olhos melancólicos e tentava focar em sua letra cursiva na folha em sua frente, presa entre seus dedos. –...Você é uma vaca.

A irmã de Kaitlin estremeceu, assim como Brittany, logo atrás da baixinha. Pierce aproximou-se de Berry e tocou seu ombro de forma carinhosa, descendo a mão até poder entrelaçar seus dedos nos da cantora.

Rachel não demonstrava, mas estava surpreendentemente amedrontada. E Brittany S. Pierce sabia disso, até porque por mais que muitos duvidassem, ela sabia de muita coisa sobre a vida.

Sobre os ombros da cantora a melhor amiga de Santana Lopez pôde ler um pouco da carta, e depois de alguns poucos segundos, um sorrisinho foi formando-se nos lábios da jovem.

Rachel realmente sabe como fazer uma entrada.

— E isso foi o que eu proferi por mais tempo do que eu gostaria. – Continuou, ligeiramente mais aliviada pela confiança que Britt lhe transmitia. – E não por causa de nossa mais recente briga. Eu proferi isso o meu primeiro ano inteiro. Toda vez que você passava por mim, com as mãos grudadas nas de Hudson, com seus pom-poms fabulosos e seu rabo de cabelo perfeito. Nunca um fio de cabelo fora do lugar... Quinn Fabray, você é uma vaca!, eu dizia contra meu reflexo no espelho, esperando que um dia eu pudesse dizer na sua cara e... Hoje eu posso dizer isso na sua cara, eu só não quero. Porque por mais que eu queira te odiar e, dessa vez, não pelos pom-poms e pelo rabo de cavalo, eu não consigo.

Suspirou, resgatou oxigênio e um bocado de coragem. Armazenou-os em seu peito e prosseguiu.

“Nós nunca nos apresentamos formalmente. Nossa primeira conversa envolveu farpas e muitas discussões... Talvez essa seja nossa “coisa”: discutir. Não que isso seja bom, discutir tanto nunca é bom. E, enquanto eu escrevo essa carta, eu tento me lembrar de todos os nossos momentos prazerosos. Eles são bem mais numerosos que nossas brigas, e nossas discussões. Eu gostaria também de te odiar um pouquinho mais por ter me usado para destruir o clube do coral; isso não é nada romântico. Mas você me salvou do armário e de mim mesma; e isso sim soa bem romântico.

E essa carta está, em geral, bem romântica. Você deve estar se questionando se estou com raiva. Porque, supostamente, eu deveria estar. E eu estou. Eu estou com raiva por você não ter acreditado na minha palavra, por ter preferido acreditar em Finn Hudson mesmo comigo chorando e insistindo na minha inocência, eu estou com raiva por não ter lidado melhor com nossa acidental saída do armário. Eu estou com raiva por ter acreditado que eu poderia te arrancar do armário depois de ter me mantido ao seu lado por tanto tempo. E eu queria estar com raiva por você ter tido tanto medo em admitir que você estava errada, por você não ter nem tentado novamente depois que tudo aconteceu... Mas seria hipócrita da minha parte ter raiva disso, porque eu também tenho tanto medo.

Eu estou com raiva, e quero não estar mais. Porque eu estar com raiva me afeta de todas as maneiras, e porque por mais que eu esteja com raiva, estar com você sempre superou todos os maus momentos. Minha mente entra em conflito sempre que penso sobre isso, e sobre você. Porque é muito raiva mesclada com saudade.

No fim das contas, a saudade sempre ganha; e minha mente sempre acaba confessando a vontade de te ter por perto. Você me fez mal, mas sempre faz bem. E isso me deixa confusa.

Finn, Britt e Kurt saíram há alguns vários minutos, e as palavras estão finalmente saindo e sendo colocadas nesse papel. Foi aterrorizante ficar sozinha com meus pensamentos, mas agora eles estão claros.

Primeiramente, antes de eu anunciar minha decisão final, gostaria de ressaltar os motivos pelos quais não deveria te querer por perto: você não acreditou em mim, gritou comigo sem eu ter feito nada de errado, não me ouviu quando gritei pelo seu nome assim que me arrependi de ter falado aquelas coisas ruins a seu respeito, não me procurou por mais semanas que deveria.

Motivos pelos quais eu quero você por perto (e essa parte será grande, já aviso de antemão): você tem o sorriso mais lindo que eu já vi, você tem os olhos mais encantadores que eu já fitei, você sabe cantar e nossas vozes se mesclam muito bem, você é a única que aguenta minha lista interminável de filmes relacionados à Broadway, você me ouviu falar de Barbra Streisand por três horas consecutivas sem dormir ou reclamar, você sempre deixa os últimos salgadinhos para mim, você nunca reclamou do meu hábito de acordar cedo demais, você me fez aceitar quem eu realmente sou, você me amou de verdade (e eu sei que sim), você aceitou espiar o VA comigo, você me protegeu quando Finn Hudson foi agressivo comigo na minha festa, você limpou meu vômito, você nunca me culpou por sua queda na pirâmide social, você nunca me fez se sentir mal por amar alguém que não fosse eu mesma, você me salvou de um desastre quando esqueci a letra do meu solo nas Sectionals, você foi a única que esteve do meu lado durante o drama da cirurgia do nariz – independente de quais escolhas eu tomasse –, você perdeu sua casa por minha culpa e nunca jogou isso na minha cara, durante nosso namoro você nunca debochou dos meus sonhos, você me fez a garota mais feliz do mundo, você não ronca quando dorme, você despertou as borboletas no meu estômago, você me tira o sono, você costumava sempre mandar “boa noite” e “eu te amo” seja por SMS ou pelo MySpace e você é a garota que eu amei e ainda amo.

Motivos pelos quais você não deveria me querer por perto: eu namorei com Finn só pra te machucar, eu te fiz sofrer sem razão nenhuma após nosso primeiro beijo, eu invadi o escritório de Sue Sylvester na madrugada só pra te destruir, eu acreditei quando Finn falou que você queria tomar meu lugar, eu te acusei de ainda estar querendo sabotar o clube do coral e de quebrar propositalmente meu coração após tudo que passamos.

Agora tudo que eu sei sobre nossa situação está claro. E eu sei que não sou a vilã. Mas eu entendi que você também não é. O que foi difícil entender, mas eu o fiz.

As histórias no cinema nos fazem acreditar que sempre há apenas um vilão, um casal protagonista bonzinho pra caramba e um dilema central causado pelo vilão maquiavélico. A vida me ensinou que vilão é um termo meio pesado em relacionamentos, às vezes somos apenas burros demais pra nos comunicar corretamente. Burros demais para deixarmos de drama. Burros demais por acreditarmos que há apenas uma tentativa pra fazer as coisas darem certo.

Por isso eu peço desculpa, por tudo que eu te causei. E eu admito, eu te quero de volta. Eu te quero da forma mais desesperada que alguém poderia o fazer, porque eu ainda te amo. Mas eu não posso voltar sem exigir minhas desculpas.

Porque isso não é uma história com um só culpado. Finn é o culpado, Sue talvez até também seja, e Kaitlin também. Mas eu também sou culpada... E você, Quinn, também é culpada pra caramba.

Eu só exijo que você admita. E, então, nós podemos seguir em frente. Da nossa forma meio torta de seguir em frente, mas da nossa forma. Juntas.”


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Notas finais do capítulo

Como Quinn vai reagir? Brittany é ou não o serumaninho mais fofo e amável do mundo? Deu dó da Kaitlin, não? O que acharam da carta de Rachel? E esse salto no tempo logo no começo do capítulo? O que isso deveria significar? Palpites?
Não esqueçam de me seguir no tt e interagir comigo por lá pra eu não ficar sozinha nesse mundo: @jubileep21
Comentem xuxus! Amo vcs!!!!! AI SCRR TO EMOTIVA QUE O PROXIMO E O ULTIMO CAPITULLOOOOOOO
Beijão, J


Twitter: @jubileep21