A Depressão De Amy Cortese escrita por Letícia Matias


Capítulo 9
Capítulo 9: Fagulhas de Cigarro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem??
Espero que vocês gostem do capítulo e por favor, COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO! As vezes eu acho que eu nem tenho leitores porque vocês não se comunicam comigo e eu fico muito triste por causa disso hehe :/
Boa leitura ;)



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Mais tarde naquele domingo, eu estava andando pelo parque perto de casa. O Sol estava raiando forte com uma leve brisa. Eu estava usando um vestido preto que batia nos joelhos e uma sapatilha da mesma cor. Eu estava olhando para os meus pés e ouvindo o som das folhas sendo amassadas por eles quando eu pisava em cima delas. A grama estava verde demais, o lago estava reluzindo a luz do Sol e tudo parecia estar em perfeita harmonia.

Eu estava andando de cabeça baixa quando um menino de cabelo escuro passou correndo e esbarrou em mim. Virei-me para olhá-lo e senti um choque.

– Oi Amy.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu agachei.

– O que está fazendo aqui¿

– Eu queria te ver.

Sorri e limpei as lágrimas que escorriam dos meus olhos. Sentei-me na grama e ele também se sentou.

– Você está bem¿

– Sim. – sorri. – Como você está¿

– Estou preocupado com você.

Franzi o cenho.

– Por que¿

– Você está sempre chorando, Amy. Por que está sempre chorando¿

Engoli em seco e balancei a cabeça.

– Não se preocupe com isso, eu estou bem.

– Que louca!

Olhei para cima e vi duas meninas me olhando de modo estranho. Uma delas riu.

Franzi o cenho.

– Você está muito bonita, deve ser por isso que tem tanta gente olhando pra você.

Sorri e olhei para trás. De fato tinha muitas pessoas olhando para mim. Mas elas não pareciam estar admirando algo em mim.

– Não sei não, elas não parecem estar me achando bonita. – eu disse e virei-me para olhar para...

Franzi o cenho. Para onde ele tinha ido¿ Olhei para o lago e engoli em seco.

– Saia daí! – gritei me levantando. – Sai, você vai se afogar!

Ele sorriu para mim e deu uma piscadinha e foi afundando lentamente a medida que se distanciava do lago.

– Saia daí! – eu saí correndo e me joguei no lago fundo, mergulhando.

Debaixo d’água meus olhos tentavam enxergar na água turva. Eu não conseguia mais vê-lo. Onde ele estava¿ Olhei para todos os lados desesperada.

Senti algo me puxar para cima e eu gritei.

– O que está fazendo menina¿

Eu me debati e olhei para o homem desconhecido que estava segurando meus braços.

– Não vê que está perturbando a todos¿ Isto é um lugar familiar.

– Ele está se afogando! Eu preciso encontrá-lo!

– Pare com isso. – o homem alto e careca apertou meu braço furioso. – Vá para casa. Deve estar drogada.

– Me solta! – eu disse desvencilhando-me de sua mão.

Olhei ao redor do parque, todos estavam olhando para mim. Franzi o cenho e olhei para a água. Não havia ninguém ali. Olhei para o homem na minha frente olhando-me e comecei a andar em direção a beira do lago enquanto todos os olhos me fitavam.

As lágrimas começaram a sair desenfreadas de meus olhos. Saí do lago e de cabeça baixa fui passando pelas pessoas que me observavam com o olhar de repugnância e medo.

Mas eu tinha visto ele...

***

Na segunda-feira de manhã, o despertador tocou ás seis e meia. Bati a mão em cima dele para que ele desligasse e fitei o teto de gesso. Depois do parque, cheguei em casa ensopada, fedendo aquela água suja e me tranquei no quarto sem comer nada. Eu estava tão... Cansada.

Levantei-me da cama e abri meu guarda-roupa. Peguei um suéter vermelho e vesti com uma calça jeans preta. Coloquei o All Star surrado preto no pé e peguei a mochila ao lado da minha cama.

Fui para o banheiro e escovei meus dentes lentamente enquanto olhava meu reflexo no espelho. Eu sentia tanto... Ódio de mim mesma! É possível alguém se odiar tanto, como eu me odeio¿

***

O clima estava úmido, havia chovido na noite passada e o céu estava nublado. O Sol estava escondido e eu esperava que ele não desse as caras. As ruas estavam molhadas com algumas poças de água nas calçadas. Eu fui andando até a escola, ainda pensando no que tinha acontecido no parque. Por que ele tentou se comunicar comigo¿

Quando eu estava chegando perto do estacionamento da escola, peguei um cigarro no maço e acendi dando uma tragada. Respirei fundo e depois virei à esquina chegando ao estacionamento daquele local desprezível.

Todos estavam me olhando, eu não sabia se eram as minhas roupas ou porque eu estava fumando, mas cada pessoa daquele estacionamento estava me olhando e se afastava para eu passar como se estivessem com medo de encostar em mim.

– Olha se não é a louca do parque!

Eu reconheci aquela voz. Parei e me virei lentamente. Encarei Faye que estava sorrindo para mim com as mãos na cintura.

– Todo mundo já viu. – ela continuou.

– Viu o que¿ - perguntei.

– Você não viu¿ - ela perguntou sorrindo e pegou o celular de seu bolso. Passou a mão na tela e depois me entregou o celular.

Eu peguei o celular da mão dela e franzi o cenho ao ver-me na tela. Eu estava no parque, no lago, no meio da água gritando com o homem careca. Eu me debatia enquanto ele tentava me puxar para cima.

Olhei para cima e vi todos me olhando enquanto as lágrimas transbordavam dos meus olhos. Olhei novamente para a tela do celular e vi Faye sorrindo.

– Eu poderia ganhar um Oscar com esse vídeo. – ela riu. – Você é uma ótima atriz, Amy. Muito boa mesmo! E aposto que usa ótimas drogas para ficar louca desse jeito. – ela falou e tomou o celular da minha mão.

– Foi você¿ - sussurrei.

Ela sorriu triunfante.

– Eu não podia deixar de filmar, você entende não é¿ Você é a atração nova da escola e para algumas pessoas, mas, será que elas sabem mesmo quem é você Amy¿ Quem é você¿ Já podemos ver que você não bate muito bem da cabeça, né¿ - ela riu.

Um calor percorreu pelo meu corpo, subindo e me consumindo dos pés a cabeça.

– Cala a boca. – eu disse.

– Quem estava tentando salvar¿ Um peixinho¿ Eu achei muito comovente, eu não sabia que você gostava de nadar em lagos sujos.

– Eu disse, CALA A BOCA! – eu gritei e joguei a mochila no chão partindo para cima dela.

Pulei em cima de Faye e joguei ela no chão com o cigarro na boca.

– Você não sabe quem eu sou, você não sabe o que sou capaz de fazer, então cala a boca! Essa é a última vez que vou aguentar suas piadinhas.

– Sai de cima de mim! – ela gritou tentando puxar meus cabelos.

– Vou lhe dar uma coisa para se lembrar de mim, você nunca mais vai esquecer e nunca mais vai me perturbar. Eu te prometo! – gritei e dei uma última tragada no cigarro.

Ela olhou para mim alarmada e parou de se debater por um instante. Soltei um sorriso e fui aproximando o cigarro de seu rosto.

– Essa é a última vez que vai mexer comigo! – eu disse e bati com o dedo na ponta do cigarro para que as cinzas caíssem sobre a bochecha dela.

Ela gritou e eu peguei no pescoço dela.

– Cala a boca, cala a boca!

– Me solta, sua louca!

Joguei o cigarro no chão e puxei seu cabelo.

– Do que você me chamou¿

– LOUCA! – ela gritou e puxou meus cabelos.

Alguém me puxou para trás enquanto eu me debatia. Um garoto puxou Faye para trás. Todos olhavam o espetáculo.

– Eu vou te denunciar pra polícia! – ela gritou com a mão no rosto.

Eu comecei a rir descontroladamente enquanto era arrastada para longe dali. Os olhos assustados de todos me fitavam.

– O que diabos pensa que está fazendo¿

Sean me colocou no chão e eu me curvei rindo. Eu não conseguia parar de rir. Olhei para ele, ele me olhava com a testa levemente franzida. Isso fez com que eu risse mais. Eu odiava tanto aquele lugar! Eu odiava tudo e todos!

A humilhação me deu uma bofetada na cara e eu comecei a chorar novamente, descontrolada, escorregando as costas na parede de tijolos do fundo da escola. Cobri meu rosto com as mãos e comecei a soluçar.

– O que aconteceu com você¿ - ele perguntou baixinho e pegou meus pulsos tirando minhas mãos da minha cara para me olhar.

Olhei para ele enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto.

– Me deixa em paz. – sussurrei.

– Por favor, deixa eu te ajudar!

– Não, você não entende! – eu disse empurrando Sean.

– Mas eu quero entender!

– Por que você não me deixa em paz¿ - gritei.

Ele olhou para mim perplexo.

– Eu não posso fazer isso. – eu disse. – Me deixa em paz, por favor! – levantei-me e peguei minha mochila deixando Sean agachado no chão.

Saí correndo antes que ele pudesse cogitar em me seguir.

***

Esperei uma hora para depois entrar nas dependências da escola. Joguei meu cigarro no chão e apaguei-o pisando em cima. Entrei na enorme quadra e vi uma piscina poliesportiva grande vazia. Era tudo o que eu precisava.

Eu estava cansada de tudo e de todos. Era a saída perfeita. Ninguém se importava.

Subi os degraus da escada íngreme e sentei-me na prancha. Deveria ter uns quatro metros e meio de altura. Estava tudo silencioso e calmo. A piscina estava iluminada com lâmpadas fluorescentes em suas extremidades. Ela era divida com várias raias azuis e brancas.

Abri a mochila e peguei a nécessaire pequena, tirei de lá a pequena navalha.

Levantei a manga do suéter e pressionei a navalha com força em meu pulso, rasgando-a. Arfei e as lágrimas escorreram por meus olhos enquanto a ardência irradiava em meu braço. Sorri e fiz outro corte, dessa vez um maior. O sangue começou a manchar minha calça. No braço direito, rasguei a pele verticalmente. Peguei o frasco laranja de dentro da bolsa e peguei dois comprimidos engolindo-os secamente.

Encostei a cabeça no que restava do corrimão e fiquei fitando o azul claro da piscina. Olhei para minha calça que começava a se encharcar com o sangue e fechei os olhos sonolenta. Abri-os uma última vez e inclinei-me para frente. Foi como se alguém tivesse me empurrado de lá de cima. Fechei os olhos antes que eu pudesse sentir meu corpo afundar na água. Mas, eu nem senti.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Please, comentem, dê sua opinião e crítica!!!
Te espero no próximo capítulo :)



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