A Depressão De Amy Cortese escrita por Letícia Matias


Capítulo 8
Capítulo 8: Agradecimento




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Um calor aquecia minhas costas quando abri meus olhos lentamente. Eu estava um pouco confusa sem saber muito bem onde eu estava, mas, depois eu me lembrei. Olhei para o lado e vi o rosto de Sean adormecido. Ele respirava calmamente com a boca ligeiramente aberta.
– Porra! - sussurrei. Eu não estava acreditando no que tinha acontecido.
Sentei-me com cuidado para não balançar a cama demais, peguei meu vestido jogado no chão e o vesti. Senti meus músculos doloridos e fui até o banheiro fechando a porta de fininho.
Olhei-me no espelho embaçado e suspirei. Eu estava completamente descabelada e mortalmente arrependida do que eu fizera. Passei os dedos por entre os fios do meu cabelo para tentar desembaraçá-los e depois me agachei lavando meu rosto na água fria.

Quando saí do banheiro, andei em direção a porta do quarto e antes que eu pudesse abrir a porta para escapar dali ouvi uma voz dizer:

– Você é o homem!

Fechei os olhos e suspirei. Virei-me e olhei para Sean que estava sentado na cama apoiado em seus cotovelos.

– Perdão¿

Ele estava sorrindo.

– Você é o homem que vai embora sem ao menos dizer “olha a noite passada foi legal”.

– Eu... Preciso ir.

– Por que está fugindo desse jeito¿ - ele perguntou levantando-se da cama.

Olhei rapidamente para o outro lado. Ele estava nu. Ele riu ao perceber que eu estava tentando não olhar para ele.

– Você pode vestir alguma coisa pelo menos¿ - perguntei olhando para meus pés.

Ouvi-o rir baixinho e revirei os olhos.

– Pronto.

Olhei para ele, ele estava vestindo abotoando a calça jeans.

– Ok, muito obrigada. Agora eu preciso ir.

– Não, espere! Qual é não precisa ir embora assim.

– O que você quer que eu faça¿ - perguntei.

Ele abriu a porta do banheiro, ouvi o barulho de água caindo na pia.

– Eu te levo na entrada pelo menos. – ele apareceu na porta do banheiro secando o rosto numa toalha branca encardida.

Jesus! – pensei.

Ele saiu do banheiro e colocou sua camisa polo azul e veio até mim. Parou do meu lado e me olhou de cima a baixo.

– Podemos¿ - perguntei abrindo a porta do quarto.

Desci as escadas da boate com Sean atrás de mim, o local estava trancado e vazio. Os holofotes ainda estavam ligados, girando de um lado para o outro. Estava uma bagunça com copos jogados por todos os lados, garrafas de vidro de cerveja e outras bebidas alcoólicas e papeis por todo o lado.

– Quer beber alguma coisa¿ - ele perguntou.

– Não, eu realmente preciso ir.

Parei em frente à porta de ferro que tinha de ser levantada e olhei para ele. Ele veio até mim e me olhou.

– Olha, eu realmente agradeceria se você não espalhasse o que aconteceu ontem para ninguém e...

Parei de falar quando ele levantou a porta até o teto fazendo um barulho alto e estrondoso. Ele semicerrou os olhos quando a claridade do Sol nos envolveu. Ele olhou para mim.

– Não falarei nada.

– Obrigada. – eu disse e virei-me para ir embora.

– Ei, mas foi divertido não foi¿ - ele gritou quando eu já estava dobrando a esquina do local.

Parei e olhei para ele e revirei os olhos. Ele tombou a cabeça para trás e deu uma risada. Virei à esquina e reprimi um sorriso. Que imbecil!

***

Mais tarde naquele sábado, eu estava deitada na minha cama lendo O Morro Dos Ventos Uivantes quando uma pedra quebrou o vidro da janela me fazendo saltar da cama.

– Mas que diabos¿ - fechei o livro e levantei-me correndo para ir até a janela.

Arregalei os olhos.

– Que porra é essa¿ - gritei. – O que está fazendo¿

– Eu vim te ver.

Franzi o cenho e balancei a cabeça exasperada fechando a cortina. Deitei-me novamente na minha cama até ouvir a campainha ser tocada. Revirei os olhos e pulei da cama. Saí do meu quarto pisando duro e desci as escadas rapidamente. Dirigi-me até a porta e abri-a.

– O que diabos você está fazendo¿ E que porra é essa¿ - eu perguntei apontado para um balão rosa em forma de coração.

– Eu trouxe bolo e achei que ia ser legal te dar um balão.

– Que diabos têm de errado com você¿ - exclamei.

Sean arregalou os olhos.

– O quê¿

– Você quebra a minha janela, aparece na minha porta com um bolo e um balão e fala que veio me ver¿ Não é porque eu transei com você que você tem o direito de aparecer na minha porta ou quebrar a porra da janela do meu quarto!

Ele ficou olhando para mim tentando reprimir um sorriso.

– Desculpe eu achei que você ia gostar.

– O que é isso¿ - perguntei.

– Uma forma de agradecimento.

Bufei.

– Mas que... Agradecimento pelo que¿ Por eu ter transado com você¿ - perguntei exasperada.

Ele deu de ombros.

– Foi divertido!

– Faça o favor de sumir daqui. – eu disse entrando e fechando a porta.

Logo em seguida tornei a abrir a porta e peguei o bolo pequeno de chocolate com chantilly e morango da mão dele. Fechei a porta novamente.

Ouvi uma batida na porta. Bufei e abri.

– O que é¿

– O balão. – ele disse estendendo o balão na minha direção.

– Eu odeio rosa! – eu disse.

Ele sorriu e eu fechei a porta.

– Quem era¿ - minha mãe perguntou descendo as escadas.

– Ninguém. - eu disse pegando o bolo e levando até a cozinha.

Coloquei a bandeja preta e redonda do bolo em cima da mesa e retirei a tampa de plástico de cima. Reprimi um sorriso. Quem é idiota o suficiente para transar com você e comprar um bolo pra agradecer como se você tivesse feito um favor¿

Sean Pasqualino!

***

Na madrugada de sábado para domingo eu tive um pesadelo com Dom. Eu tinha esquecido de tomar meu remédio e por isso tive este pesadelo. Eu estava sentada num banco de madeira numa rua deserta e Dom estava no meio da rua e então um ônibus vinha em sua direção, mas eu não conseguia falar nada nem me mover, eu só estava ali sentada no banco, presa e colada. O ônibus avançou em direção a Dom e quando eu gritei, um clarão me cegou e eu acordei arfando, com o coração disparado e com lágrimas nos olhos.

Levantei-me cambaleante e acendi a luz do banheiro. Abri o armarinho e de lá peguei o frasco laranja com dois comprimidos brancos e enfiei na boca. Minha blusa estava molhada de suor, eu estava suando frio e tremendo, pálida. Decidi tomar um banho rápido.

Tirei a roupa jogando-a no chão e liguei o chuveiro. A água morna caiu sobre meu rosto misturando-se com as lágrimas salgadas. Comecei a chorar silenciosamente e sentei-me na banheira enquanto a água do chuveiro caia sobre minha cabeça e eu chorava encolhida.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal, espero que tenham gostado do capítulo. Por favor, comentem!!!



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