As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 19
19- A Grande Bicha


Notas iniciais do capítulo

E aí, preparados para conhecer a poderosa? Então boa leitura!



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Sensei já estava bem longe quando a luta entre Darukane e Hermaphrodite acabou. Mas não tão longe quanto queria ou podia. Estava cansado, com fome, com o braço voltando a doer e tão perdido quanto seu olhar de doido que aparecia de vez em quando, nas instantes em que se lembrava de tudo que tinha passado no outro mundo (tinha passado realmente ou era passado fictício?). Mesmo se arrastando, se encostando pelas paredes, ainda virou mais uma (ou cinco) esquinas e finalmente deu de cara com o caminho certo: viu uma fileira de couves-flores roxas tomando conta de uma rua inteira em frente a um prédio imponente que Sensei não conseguia ler, porque as luzes do letreiro eram fortes demais e suas lentes não eram antirreflexo (salário de professor, promoção da ótica... Já viu, né?).

Sentiu vontade de correr até o lugar. O corpo não obedeceu. Sorte dele, porque a mente funcionou (com o atraso da exaustão) e lembrou que as hortaliças explodiam ao toque. Foi andando até a entrada da rua. Encostou de leve em uma couve-flor. Nada aconteceu. Sorriu (ou quase isso). Começou a andar com o máximo de cautela possível. Pelo que entendeu, as couves só explodiam com impactos mais fortes. Ou seja, em teoria, seria muito fácil passar por ali.

Em teoria.

As couves eram, na verdade, couves não-tão-perfeitas que as bichas da casa das peixiguetes descartavam de suas dietas da chou-fleur. Ou seja: estavam estragadas. Pareciam bonitas à primeira vista, mas quando Sensei começou a remexê-las com os pés, começaram a exalar um cheiro forte de podre. Um cheiro MUITO forte. E como o nariz de Sensei era uma das poucas partes que estavam funcionando perfeitamente, se sentiu tonto, enjoado, e acabou tropeçando. Não tinha nada a fazer além morrer na praia (pior: no mar de couves podres explosivas). Sorte dele que ainda havia alguém que poderia fazer algo, mesmo que a total contragosto.

Antes de cair, Sensei sentiu-se puxado (leia-se arrastado) pelo meio das hortaliças podres. E se não morreu dos barulhos das explosões e de tiros que ouviu, quase não resistiu a ter várias couves no estado mais nojento possível passando na sua cara. Depois de alguns instantes (extremamente malcheirosos, diga-se de passagem), se viu parado em uma escadaria. Verificou o corpo. Os pés mexiam, os músculos das pernas e dos braços também. Ao lado dele, arfando (ou seja, também se mexendo, o que era bom), estava um Kruba.

– Até que você não é um tão ruim assim... Pra um cão de guarda. Agradeço pela ajuda ocasional.

– De nada. Bem, até que você não é tão ruim pra um professor maluco metido a herói. Você conseguiu atravessar as doze casas noturnas, e fez isso praticamente sozinho. Da última vez vieram uns cinco ou seis, e todos morreram no meio do caminho.

– Depois de conseguir fazer os alunos aprender nas condições que trabalho, no estado mental que tenho, ganhando o que ganho... Doze casas noturnas é fichinha.

Já “recuperado” do susto, Sensei se levantou devagar e se esticou como podia, virando pra Kruba e dizendo: – E aí, você vai finalmente lutar de verdade ou amarelar de novo?

– Eu sou preto, cara. Essa parada de amarelar né comigo não! Tá me estranhando? Só que as minhas meninas são gulosas, um inimigo só é pouco. E pelo visto, elas já arrumaram acompanhantes pra hoje – respondeu Kruba, acenando para frente com a cabeça.

– Ouviram? Ele chamou a gente de acompanhantes, hein... É hoje! – disse uma bicha, do outro lado do mar de repolhos. As outras (muitas, umas 30) que estavam ao lado dela riram. Pela beleza de rosto e magreza de corpo excessivas, provavelmente eram discípulas da casa das peixiguetes e adeptas da dieta estranha. Kruba havia trazido com ele o cardume inteiro.

– Como eu disse, vocês serão as acompanhantes das minhas meninas – respondeu o atirador, puxando as pistolas. – A Milena – balançou a direita – e a Jackie – balançou a esquerda.

– Milena, é? Hmmm neném, agora entendi, nem precisa contar o que tu fez pra arrumar essas armas escrotas aí....

– Ah, cala a boca e vai logo!

Enquanto discutiam, as peixiguetes se aproximavam lentamente pelos repolhos, sabendo que não poderiam se mover bruscamente para não virarem peixe frito. Só que ainda havia muitas couves no caminho, e elas não sabiam o quanto isso era ótimo para Kruba.

– Olha, se eu fosse vocês procuraria outro boy. Esse aí só tem pose. É um covarde de primeira linha. Ele ataca de longe, e vocês vão demorar pra chegar perto, então... Meus pêsames. Boa sorte! – disse Sensei, antes de virar e subir as escadarias da casa da grande bicha.

Ouviu vários gritos de “invejosa”, “recalcada”, e até mesmo um “isso é você que queria ele e não conseguiu!” e vários outros de bichas certamente sendo atingidas de raspão ou pelos tiros de Kruba, ou pelas couves explosivas nas quais ele atirava. E então, ao finalmente entrar no salão da grande bicha (as portas se abriram sozinhas), não ouviu mais nada. Talvez o revestimento acústico do lugar fosse ótimo, mas certamente a admiração de Sensei ajudou muito a desligá-lo do que acontecia lá fora. O lugar era exuberante. Bastante estranho para os seus padrões, mas exuberante e muito detalhado. Tão detalhado que Sensei não conseguiu captar tudo no estado em que estava. O que posso lhes contar é que era um enorme salão retangular sustentado por seis colunas de cada lado. As colunas, muito trabalhadas, possuíam formato descaradamente fálico, com sulcos e detalhes em tons dourados. As paredes e o chão eram coloridos e brilhantes. O salão inteiro brilhava em tons neon por causa das constantes variações de luz do lugar. No final do salão, estava um trono imenso. Sentada nele de pernas cruzadas, queixo erguido e ar de diva estava ela, o objetivo final: A Grande Bicha.

Não era tão grande quando o título. Na verdade, era bem pequena até. Mas o tamanho do salto plataforma (anormal até para os padrões de uma diva do gleetter), o porte poderoso e a aura que emanava não deixaram nenhuma dúvida em Sensei: era ela. Vestia uma túnica com estampa de onça (bordada em fios de ouro) que lhe cobria o corpo inteiro. Por cima da túnica vestia uma espécie de proteção de couro preto sobre o pescoço e ombros. As ombreiras estavam cobertas de algo que deveriam ser espetos, mas não terminavam em pontas, e sim em bolinhas peludas. Por cima da proteção usava ainda um colar gigantesco de sementes multicoloridas que tomava toda a área do busto. Não era possível ver seu rosto: estava coberto com uma máscara metálica bastante peculiar (e familiar, de alguma forma. Talvez finalmente estivesse se acostumando a tudo aquilo). Tinha a forma de um rosto metade masculino, metade feminino, de expressão neutra e olhos fechados. A parte masculina da máscara parecia estar completamente maquiada, enquanto a outra não usava nada, mas possuía o desenho de uma barba. O resto da cabeça estava coberto por um capacete dourado que ostentava vários detalhes, incluindo uma miniatura de pavão com a cauda aberta. O conjunto de penas majestosas apontava para o teto exibindo (obviamente) vários tons de dourado. Tudo naquele ser era tão brilhante e exuberante aos olhos que Sensei não sabia para que parte olhar primeiro ou em que focar sua atenção. Até mesmo as unhas impressionavam, pintadas em um meticuloso degradê das cores do arco íris. As mãos daquele ser, extremamente delicadas, pareciam ao mesmo tempo serem capazes de um afago carinhoso e esmagar montanhas e exércitos de machos sarados entre os dedos.

Sensei se questionou se alguém poderia sobreviver debaixo de tanta produção. E como que lendo seus pensamentos, a Grande Bicha não só deu sinal de vida, como mostrou que aquilo tudo não passava de sua segunda pele. Levantou-se graciosamente de seu trono, deu dois passos para frente, parou apoiada em uma das pernas e disse (com uma voz dupla, masculina/feminina):

– Eu lhe parabenizo por chegar até aqui, Sensei. Você é um divasso bronzeado, mas digno de uma patente top. Você lacrou, arrasou, pisou e fechou de cadeado.

– Agradeço pela parte que me toca. Acredito que você saiba o motivo da minha vinda até aqui.

– Claro. O que me dá prazer (ui, e como dá) nesse trabalho é exatamente isso: sou obrigada a saber de tudo e todos. E saber do motivo da sua vinda me irrita duas vezes.

– Por que, senhorita... bem, como devo chamá-la?

– Senhorite GB, por favor. E bicha, você ainda pergunta? Você fez um cabaré com as minhas meninas pra no final recusar meu prêmio super-hiper-mega-power-luxo-glam-glitter-mara-top! Sim, eu já sei que você vai recusar. Problema seu, né. Mas não bastasse isso, você quase se matou por causa de uma informação. Sério mesmo que você fez isso? Pra quê? Você é doido? Não é assim que se faz a “bicha louca” não, viu?

– Talvez eu seja doido mesmo... Mas que diferença isso faz, Senhorite GB?? O que é normal se nada é igual? Seria lícito te chamar de louca porque você coloca tudo isso só para tentar parecer maior, melhor, mais luxo-diva-rica-power-glam e poderosa do que já é?

– Hmm... É, faz sentido. Você não é um professor à toa. Então, vai mesmo recusar minha oferta de luxo em troca de uma mísera informação aleatória?

– Sim.

– Certeza?

– Sim.

– Absoluta?

– Sim.

– Então tá, né... Depois não diga que eu não avisei. Já que você me irritou muito, está negando minha cortesia e causou alguns prejuízos às minhas meninas, eu vou aumentar só mais um pouquinho o preço da informação. Que tal... Sua vida? – disse ela, emendando uma gargalhada, daquelas que são sinistras e bastante demoradas.

– Como as-

– Um desafio. Um último desafio de vida ou morte, mas dessa vez sem ficar aliviando pro seu lado como aquele bando de rapariga fez. Eu até entendo a delas, piraram no material (aliás, que material, heim... Você acabou com ele pra chegar até aqui, mas ainda assim é um desperdício ter que te matar quando poderíamos aproveitar tanto a nossa noite). Ai, mas elas pirarem tanto a ponto de desobedecer às ordens da mami poderosa aqui? Inadmissível! Vou esmagar na unha uma por uma!

E Sensei teve medo. Sabia que na verdade o desafio era de morte ou morte, e que claramente seu corpo não iria aguentar mais um golpe que fosse. O esforço para se manter em pé com o mínimo de decência diante daquela presença ao mesmo tempo acolhedora e sufocante já era imenso. Respirava fundo para tentar compensar o ar que lhe faltava constantemente. Sabia que não tinha como fugir. Nem voltar atrás. Barganhar com aquele ser quase transcendental estava fora de cogitação. Só poderia aceitar ou aceitar. Alguma coisa dentro dele, muito escondida e retraída ainda tentou animá-lo com um pensamento de “vai dar certo, gato, você vai arrasar”. Mas antes de poder pensar em de onde veio aquilo ou se aquele incentivo era realmente confiável, foi intimado pela poderosa.

– E então, meu amor? Vai dar pra trás agora, depois disso tudo, ou mostrar que você só come?

O professor fechou os olhos, buscando ar e lembranças de épocas tão desesperadoras quanto aquele momento, e descobriu que só tinha uma resposta a dar.

– Eu aceito o seu desafio.

– Você e eu, baby... Chegou a hora de finalmente resolvermos aquilo. – disse uma outra voz, imediatamente reconhecida por Sensei.

– Deft Kalderón. Era só o que me faltava...

– Exatamente – disse a grande bicha. – Ele não é uma das doze, mas é tão poderoso quanto qualquer uma delas. Dependendo de quanto tempo você aguentar e do seu desempenho eu posso te contar até mais do que você quer... No seu túmulo, claro!

– É isso aí, professor, eu e você... Vamo botar pra ferver?

Sensei respondeu se colocando em posição de luta (ou o mais próximo disso que podia). Ficaram parados, esperando algum sinal, fato que deu tempo para Sensei finalmente prestar atenção em Kalderón.

Era alto, forte, pele bronzeada. Os cabelos pretos iriam até o ombro se não estivessem espetados pra todos os lados. Olhos azuis com lápis de olho preto. Nada mais de maquiagem. Era o único até aquele momento que Sensei havia visto sem salto naquele lugar. Usava um sapato social básico, calça preta de couro colada no corpo e uma camisa de botão aberta, multicolorida com estampas de onça.

A Grande Bicha sentou-se novamente. Com um movimento de mão chamou uma de suas meninas-criadas, que veio com uma garrafa de vinho e duas taças de cristal em uma bandeja de prata. Depois de servida, a diva poderosa provou a bebida, levantou a taça e disse.

– Não me decepcionem. Quero ver O SHOW, hein! Vamo lá, meninas!

Os dois ouviram o recado. Em seguida, ouviram o barulho de uma taça se espatifando no chão. E então não ouviram mais nada além do barulho dos próprios corações no máximo da tensão. Kalderón atacou primeiro. Sensei não tinha gás para reagir à tempo: levou um soco direto no rosto e foi jogado na porta do salão.

– Tsc... Eu devia ter acabado com a tua raça naquela hora mesmo... Pelo menos você ia durar uns cinco minutos. E aí, vai levantar pra levar pelo menos um segundo golpe?

Ele levantou. Não sabe como, mas levantou. O “sei lá o quê” que ainda o incentivava parecia ter tomado conta dele completamente. Não ouvia nada. Não sentia nada, e não estava lembrando nem de longe que seu corpo não iria aguentar mais dois minutos naquele nível de estresse. Não via nada além de seu inimigo e não pensava nada além de como derrotá-lo. Kalderón viu a mudança da postura. Os olhos estavam prateados, lhe encarando com as pupilas dilatadas. Sensei estava curvado com as mãos em forma de garra, rosnando. Era um bicho prestes a atacar. Pior: um monstro. “Como ele ainda consegue ficar de pé nesse estado?”. E então, quando Kalderón pensou que deveria ter muito cuidado e ficar alerta para se defender, não viu mais nada. Sensei se moveu rápido demais e chutou Kalderón em uma das colunas. Ia emendar outro golpe em seguida, mas o gêmeo conseguiu se desviar. E começaram o show. Até mesmo a Grande Bicha estava tendo certo trabalho para acompanhar quantos e quais golpes os dois estavam trocando. Até esqueceu o vinho. Curvou-se para frente, a fim de observar melhor. Pouco depois suspirou, desanimada, e tomou o resto do vinho. Percebeu que o show não ia durar tanto quanto ela esperava.

Sensei era um monstro de verdade. Conseguia lutar de igual para igual com Kalderón. Talvez fosse até superior. Só que era um monstro preso em um corpo humano que já havia passado de qualquer limite imaginável. E Kalderón sabia disso muito bem. Tanto que esperou um golpe, desviou como podia e PÁ! Acertou um golpe direto no ombro acabado de Sensei. As doze casas noturnas ouviram o grito. A Grande Bicha balançou a cabeça negativamente ao ver Sensei cair de joelhos tentando ao mesmo tempo respirar e não chorar de dor. Kalderón levantou seu inimigo pelo pescoço e o jogou nas portas fechadas do salão. Estava acabado.

– Acabou pra você. MORRA, SENSEI!

– MURALHA DE GLEETTER!! – interrompeu uma voz conhecida, antes que qualquer golpe fatal pudesse ser desferido. Uma muralha translúcida brilhante apareceu na frente de Sensei.

– Lo sacroprofano espadón forjado no fuego do amor, LA TREPADERA! – disse uma segunda voz. Uma rajada de vento passou pelo local, e a porta do salão caiu, partida em pedaços. Atrás dela, estava o último socorro de Sensei.

Atrás de Mulan, que ainda estava mantendo a muralha de proteção, estavam Ladiba, Shakeella, Milena, Sissyneyde, La Cindy e Kamizaki. Todas com cara de poucos amigos.

– BANDO DE RAPARIGAAAA!!! – gritou uma Grande Bicha exaltada, levantando-se do trono. – Vocês vão mesmo ter a coragem de querer passar por cima das minhas ordens e ficar contra mim por causa de um macho todo acabado?

– Primeiro, meu amor, – disse Shakeella, cruzando os braços e batendo pé – rapariga é você, mal amada. Segundo: ele só não está lindo e maravilhoso e ao nosso dispor por sua causa. E terceiro e mais importante: sim, vamos. Você não tem moral pra mandar na gente. Eu já sei de tudo, tá?

– Como é??? – perguntou ela.

– BABADOOO!!! CONTA! CONTA! – gritaram as outras em alvoroço.

– Ney, ney! – gritou Sissyneyde, chamando atenção das outras e fazendo seus sinais de forma apressada e afobada.

– Desculpa querida, mas a gente não te entende. Traduz aí Shakeella, você que é a sabichona.

– Ela não é a Senhorite GB verdadeira. – disse Sensei, com algum resquício de fôlego recuperado.

– QUE? – gritou a maioria.

– Ela não é a Grande Bicha? – disse Milena.

– Não, não é. – respondeu Shakeella.

– Não pode ser, isso deve ser algum engano! Eu nunca ouvi falar disso... Como assim ela não é grande bicha? Não é possível, eu...

– É verdade. Ela não é. – disse Sensei.

– Ney. – confirmou Sissyneyde.

– Mas...

– CALA A BOCA, MILENA! – gritaram todos em uníssono.

– Tá bom, tá bom... Só me expliquem então.

– A Sissy, por motivo de força maior (o bofe) saiu de seu estado morta feat. enterrada e nos contou que ela é uma farsa. E ela silenciou a própria Neydinha, que com medo de ser a primeira a morrer se o babado se espalhasse, fez boquinha de siri até hoje – explicou Kamizaki.

– Exatamente – retomou Shakeella. – Ela pode estar toda montada e banhada no glitter, mas é tudo fake.

– E pensar que ela nos enganou direitinho, hein... – desabafou Ladiba.

– TUDO BEM, TUDO BEM, CONFESSO! Vocês estão certas – disse a falsa Grande Bicha. – Vocês ganharam o primeiro round. Mas isso não importa. Eu sei o que o macho quer saber, e pra isso ele vai ter de me provar que é digno de saber esse babado fortíssimo.

– Que seja... Mas ele não vai lutar contra esse ogro aí. Se você quiser, qualquer uma de nós toma o lugar dele tranquilamente, queridinha.

– Tsc... Shakella atrevida... Não precisa, não precisa. Como vocês descobriram quem eu sou, dou um desconto nessa. Maaaaas... Só conto se ele próprio descobrir sozinho. Nada de soprar na cabeça dele, viu Mulan?

– Tá...

“droga... boa sorte” soprou ela na cabeça de Sensei.

– Mas isso é fácil. Você acabou com o meu corpo no caminho, mas o cérebro (milagrosamente) ainda tá funcionando, senhorite. Ou deveria dizer Ageminotta?

– QUÊÊ???? – gritaram as outras todas, menos Sissyneyde.

– Você é realmente esperto, professor. Pegou as minhas dicas. – disse ela, tirando a máscara e o capacete.

Sensei teve quase certeza de que era uma mulher (mas estando onde estava, sempre ficava a dúvida). Traços delicados, olhos castanhos, cabelos loiros bem claros, cacheados e na altura do ombro. Na verdade era uma peruca, mas estava muito bem montada.

– RAPARIGAAAA! Você fingiu que sumiu e esse tempo todo tava sambando na nossa cara? – disse Shakeella.

– Depois eu explico, bee. Tem um motivo pra tudo isso. Agora preciso despachar esse bofe, antes que ele morra. Só falta uma terceira e última prova.

– Ainda...? Mas eu já passei por essa merda toda...

– Concordo. É injusto você ter que passar por tudo isso só pra conseguir uma informação. Mas você tem que concordar que também é injusto que todas tenham provado um pouco da sua famosa espada e eu não, né?

– É boy, nessa ela tá certa... – disse Mulan.

– Desculpa, migs, mas não tem como te defender dessa vez. – completou Shakeella.

– Mas... você não tá pensando em... – e antes que Kamizaki pudesse terminar, foi interrompida.

– Sensei, você sabe que pode e com certeza vai morrer tentando, mas ainda precisa se provar pra mim, né. Então minha proposta é: um golpe. Só um. Se você resistir a um golpe meu, eu te conto tudo que você quiser e mais um pouco.

– QUÊ?????? – gritaram todas as outras, e começaram a protestar veementemente.

– Aquele golpe? – perguntou Shakeella

– Ele vai morrer se você usar aquilo! Aquilo derruba uma boiada inteira, quanto mais ele que tá pior que bezerro manco? – protestou Ladiba.

– Bem, se é pra matar ele, eu mesmo posso terminar o trabalho... – disse Kalderón, estalando os dedos e partindo pra cima da barreira de Mulan. Ele só esqueceu que ela não estava sozinha. Ladibarán saiu de trás da muralha e segurou Kalderón pelo braço e disse:

– Bonitão, você tá muito malcriado, hein... Quando uma bicha fala, a outra escuta.

– Cala a boca, vaca gorda! – gritou Kalderón, soltando-se da diva e acertando um chute na cara dela. O chute não conseguiu movê-la um centímetro. Pior: fez a diva gargalhar.

– Primeiro: tu precisa comer mais feijoada, macho. Tu tá gostoso, mas muito fraquinho. – disse Ladiba, segurando o pé de Kalderón. Engrossando mais ainda a voz, continuou: – E segundo: NUNCA CHAME UMA DIVA DE VACA GORDA!

A vaca das vacas mostrou por um instante como é um touro furioso: calçou o pé de apoio de Kalderón e o empurrou no chão, fazendo o salão inteiro tremer.

– NUNCA. NUNQUINHA. Entendeu ou vai querer provar o terceiro chifre? – completou em um tom que fez até a gelada Kamizaki se arrepiar.

– Uau... – foi a única coisa que Sensei conseguiu dizer.

– Pois é, a vaca é mansinha, mas quando se irrita fica pior que boi brabo. Parece até que tá possuída pela satã imperatriz, aloka! – comentou Mulan.

– Ainda não, mas... Eu posso providenciar isso! MUNHECA DA BICHA MÁ! – gritou a diva de duas caras, pulando em Ladiba. Mulan reagiu a tempo e defendeu o golpe com sua muralha de Gleetter. Mas já estava fazendo aquilo a algum tempo, e Ageminotta era conhecida por ter um dos melhores ataques de todo o santuário vermelho.

– Ai miga, socorre aqui senão a vaca vai pro brejo! – apelou Mulan.

– Xá comigo... WAKHAN! – disse Shakeella, criando uma defesa por trás da muralha para sustentar o golpe da gêmea até fazê-la recuar.

– Agora sou eu quem pergunto... – disse Kamizaki. – Você está disposta a brigar com todas nós por causa de um macho?

– Não né? Mas como eu falei, só conto se ele aguentar meu golpe.

– Ele vai morrer se você fizer isso, bicha burra! – protestou Milena.

– Tu quieres matar el cabrón?? – completou La Cindy, seguida do protesto das outras.

– Ah, calem a boca! – disse Ageminotta – Vai dar certo, bando de bicha burra! Ai, quer saber? Saiam daqui! Vão tarar seus machos em OUTRA PERVERSÃO!!!!

E de repente, depois de uma ventania forte, Sensei se viu sozinho com Ageminotta.

– Ahn... o que-

– Eu sei, é confuso – interrompeu a diva, antes que o cérebro de Sensei conseguisse mandar as perguntar pra boca. – O meu “Outra Perversão” é um golpe que não ataca diretamente, mas é muito eficaz contra essas taradas. Ele manda azinimiga pra o lugar mais longe possível de onde o objeto de desejo delas esteja. Ou seja, manda elas procurar outra perversão. Elas agora estão beeeem longe. Mas como elas são rápidas e estão malucas por você, eu não tenho muito tempo. Mas pelo menos agora tenho tempo suficiente pra fazer o que quero.

– Como assim...?

– Como assim “como assim”? O golpe, claro.

– Ah, o golpe. – E respirou aliviado, para depois ficar mais preocupado do que nunca.

– Pronto pra morrer tentando, Sensei?

– Ninguém está pronto pra morrer, mas todos deveriam se aprontar toda vez que abrem os olhos pra continuar tentando sobreviver.

– Ótima frase de despedida. – disse ela, jogando a túnica para o alto. Então Sensei teve certeza: era a única mulher nascida mulher entre as doze divassas douradas. Usava um maiô dourado colado cheio de placas de proteção, meias arrastão e os saltos enormes. Possuía ainda uma máscara pendurada em cada ombro. A visão era estonteante e aterrorizante. Afinal, há algo mais assustador e belo do que uma linda criatura emanando uma aura mortal?

Ageminotta levantou os braços. Sensei abaixou os seus e respirou fundo. Se entreolharam.

– Está pronto?

– Sim.

– MORRA, SENSEI, SEU MACHO GOSTOSO! EXPLOSÃO ORGÁSTICA!!!!!

Não houve grito. O lugar não estremeceu. Não se ouviu nada além de um corpo caindo no chão.


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Notas finais do capítulo

E aí, goz- digo, é... gostaram?
O Sensei sofreu nesse capítulo, hein. Deu até pena. Mas ele era muito OP nas outras aventuras dele, precisava sofrer um pouquinho nessa pra compensar, rs.

Bem, eu não tenho muito mais a comentar. Estamos em contagem regressiva. Faltam três capítulos (será que Sensei morreu e o resto é só enrolação? Vocês vão descobrir...semana que vem).

Queria apenas agradecer a todos que leram até aqui, em especial a Desenhistapunk que é uma das mais ansiosas pelos capítulos. E qualquer dúvida, sugestão, comentário ou reclamação, já sabem, podem deixar nos comentários!

Não percam, semana que vem o penúltimo capítulo (sim, penúltimo, o último é uma espécie de epílogo) das Divassas do Zodíaco: A deusa.

Até lá!



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