League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 5
Capítulo 4: Ionia


Notas iniciais do capítulo

Shen, Akali, Kennen e Kelsen fogem de uma força sombria; Irelia retorna para casa com Karma; Varus é surpreendido com uma visita inesperada.



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Capítulo 4:

Ionia

Shen sentia a agonia da selva ioniana lhe cortar, em vários sentidos. Corria selva a dentro, tendo sempre de se certificar de que Akali, Kennen e Kelsen estavam atrás de si. Tinha que liderar o caminho, tentando cortar a grama alta e afiada com suas espadas, mas estava psicologicamente abalado o suficiente para quase tropeçar diversas vezes.

Há alguns minutos viu a cabeça de seu pai rolar pelo chão, isso foi demais para ele. Seu pai dissera que podia confiar em Zed, mas ele sabia que algo daria errado. E no final deu. Perdeu mais do que só o pai, como perdeu diversos amigos, mortos, massacrados.

Queria chorar, mas não podia. Era o líder, deveria ser como um. Deveria ser forte. Sabia que seu pai não aceitaria um filho chorão, muito menos um fraco. Deveria ser como sempre quis ser, sem medo. Sabia que podia, sabia que poderia ser tudo o que quisesse, principalmente alguém livre de maus sentimentos. Um olho. Um crepúsculo. Um olho do crepúsculo.

Enquanto cortava o mato do caminho, sentia-se melhor, talvez pela selvageria descontada ali, sua fúria se esvaindo, sua vontade de se vingar. Pelos deuses, ele nunca quis isso, esse sentimento de vingança. Sabia que isso o corroeria por dentro se não soubesse controlar. Deve controlar seus sentimentos, não só a raiva, não só a tristeza, mas também o sentimento de vingança.

Atrás de si podia ouvir Kelsen chorando, enquanto a filha a ajudava a prosseguir.

– Todos morreram?! – ela gritou, não sabendo se perguntava ou exclamava. Não sabia se tinha certeza daquilo. – Por que Zed está fazendo isso??!!

Shen queria responder, mas não tinha tempo. Tinha que manter o olho no caminho, para evitar que se perdessem. Kennen começou a saltar pelos galhos, donde tinha uma melhor visualização do caminho.

– Por ali – o yordle apontou para a direita de onde Shen estava indo.

– Sabe aonde vai? – perguntou Shen após saltar de uma raiz imensa do chão.

Infelizmente Kelsen não o viu, e Akali foi no impulso de saltar, se esquecendo que a mãe estava terrivelmente abalada. Ela caiu no chão, se ralando. Akali hesitou em prosseguir, se voltando para a mãe.

– Mãe!!

Kelsen, caída no chão, enlameada, parecia não resistir mais. Akali tentou ajudá-la a se levantar, mas algo na mãe não parecia certo. Foi quando percebeu que o pé dela não estava virado para o lado certo. Percebeu que a mãe não conseguiria prosseguir daquela forma, teria de carrega-la.

– Fique calma, mamãe – Akali não a chamava daquela forma faziam anos. – Vou chamar o Shen e nós te ajudamos. SHEN! Me ajude!!

Kelsen engoliu em seco. Aprendera a não demonstrar a dor física, independentemente do quão grande ela fosse.

– Por favor, não me deixe – ela pediu, implorou.

Começou a chover, a água molhando tudo e piorando a situação.

Akali fez uma cara confusa, mas também preocupada.

– Como assim, mãe? Não precisa pedir, eu jamais te deixarei.

– Não é isso – ela continuou; transparecendo a dificuldade em segurar a dor. – É que eu não quebrei o pé quando caí.

Akali franziu a testa.

– Mas o que?

Queria ter segurado a mão da mãe com mais força, pois assim, talvez, pudesse impedi-la de sair deslizando para longe, arrastada pelo chão de lama. Tudo aconteceu tão rápido, odiou-se por não perceber a mão de sombras segurando o pé da mãe. Agora ela estava gritando floresta adentro.

– Mãe! – gritou.

Shen apareceu tarde demais. Havia as perdido, sem perceber que elas haviam ficado para trás. Sabia o que estava acontecendo. Somente uma pessoa poderia controlar as sombras daquela forma. Kyrie...

– Precisamos ir atrás dela! – Akali estava quase indo, mas Shen a segurou pelo braço.

– Pode ser uma armadilha de Zed. Ele não nos quer vivos!!

Akali viu o medo nos olhos de Shen. Mas havia algo além daquilo, que era a preocupação. Estava com medo de perde-la, de perder Kennen, e se o preço de ter os amigos ao lado fosse o rapto de Kelsen, que seja. Porém, odiou por nem tentar. Não arriscar. Ele ainda tinha que aprender muito, e ia, agora que estava fora de sua zona de conforto.

Kennen apareceu numa esfera de eletricidade, correndo na direção de Kelsen.

– Droga, Ken – exclamou Shen. – Vamos!

Os dois começaram a correr atrás do amigo. Os gritos de Kelsen cessaram, mas por algum motivo Kennen parecia saber se guiar. O caminho fora difícil na ida, mas na volta estava sendo pior, talvez por causa da chuva, talvez por causa da lama, talvez por tudo. Seus pés pareciam que iriam escorregar a qualquer momento.

Equilíbrio.

Correram quase metade de todo o caminho, quando encontraram Kennen parado, olhando para cima. Pela expressão do pequenino, ele parecia assustado.

– Seu amigo parece não entender – Shen ergueu a vista, mesmo que fosse difícil com a chuva caindo, para ver quem falava. Seu palpite estava certo, era Kyrie. O garoto, agora crescido, flutuava a quase quatro metros do chão, com uma roupa escura e com um cachecol imenso. Ao seu lado, Kelsen flutuava, se debatendo. Algo parecia estar segurando-a. – Vocês também não devem entender como cheguei a tal ponto, é claro.

– Devolva minha mãe! – Akali tentava soar ameaçadora, mas estava cansada demais para isso.

Kyrie sorriu.

– Posso fazer o que quiser, mas não a matarei, prometo. Sabe, tenho boas recordações dela, sabe, das aulas dela, de quando ela me ajudava em alguns treinamentos, quando espantava os garotos que mexiam comigo... – ele cruzou as pernas no ar. – Já estou satisfeito tendo os matado, claro. Não preciso ceifar a vida da sua mãe.

– Se lembra das vezes em que ela fez curativos em você? – perguntou Akali, esperançosa.

– Ele não lembra de nada! – provocou Kennen. – É um traidor, não se lembra das coisas boas que fizeram a ele.

Kyrie riu.

– Quase ouvi um: “coisas boas que nós fizemos a ele”. Humph. Não me lembro de vocês tentando me ajudar quando eu estava sozinho, nem quando os garotos me chamavam de... de muitas coisas pejorativas.

Shen bateu o pé no chão.

– Isso não é hora de chorar as mágoas!

– Claro – prosseguiu Kyrie. – Zed me pediu que os levasse vivos de volta ao Templo das Sombras.

Shen, num surto de raiva, agarrou a sua arma.

– É KINKOU! – e atirou-a em Kyrie.

Antes que a katana chegasse, ele a repeliu com um gesto. Umbracinese? Provavelmente. Queria saber como aquele garotinho que era quase do tamanho de Kennen chegara àquele ponto. Ele parecia um imperador sentado em um trono invisível àquela altura.

Energias sombrias começavam a brotar do solo como se fosse névoa. Os três ninjas de Kinkou se uniram, tentando obter o máximo de espaço possível longe daquela energia.

– Meus problemas não se resolvem com as suas mortes, mas... – com um feitiço sombrio, sombras de samurais ascenderam do chão, com suas respectivas armaduras e lanças. Por um segundo Shen percebeu que, no olhar de Kyrie, ele não queria fazer aquilo. – Divirtam-se.

Os samurais brandiram as lanças para a frente, encostando-as no chão, esperando para atacar. Eles os cercavam.

– É aí que você erra, amigão – riu Kennen, fazendo com que Kyrie franzisse a testa. – Houve um motivo pelo qual nós seguimos por este caminho. Digamos que eu tenho contatos.

Puderam ouvir o barulho de vinhas e grama alta sendo cortadas por uma espada em alta velocidade. Nem mesmo Shen nem mesmo Akali sabiam o que estava acontecendo, muito menos Kyrie. Seu cabelo escuro estava molhado, caindo na frente da cara. Por algum motivo ele usava uma franja, que combinada com sua pele pálida e seu gosto por roupas pretas o faziam parecer um, como dizem os piltoverianos, emo.

Alguma coisa extremamente rápida começou a girar em torno dos três, como se tentasse cortar as sombras, que se dissipavam. Quando estavam totalmente dissipadas, o tornado parou, e um homem apareceu, entrepondo-se aos três e a Kyrie.

O homem era alto e imponente, magro, mas parecia forte. Ele usava um sobretudo branco com tiras douradas, calça de couro cor de vinho, grevas prateadas – enlameadas também (ironicamente ele não levantou lama enquanto correu naquela velocidade) – com espadas extras e menores, luvas, ombreiras e, por mais incrível que pareça, um capacete com sete olhos. Ele também tinha barba e uma trança – na barba. Ele também empunhava uma espada.

Kyrie, Shen e Akali se espantaram com aquela forma à frente. Aquele homem irradiou luz por alguns instantes, se apagando logo depois. Ele sorriu e fincou a lâmina no chão.

– É você quem importuna meu antigo pupilo?

Shen fez uma expressão confusa para Kennen.

– Antigo pupilo?

Kennen fez uma cara de: te explico depois.

Kyrie cruzou os braços.

– Master Yi – suspirou, tentando esconder medo. – Já ouvi falar sobre você. Pensei ser uma lenda.

Yi se voltou para Kelsen, o que era difícil saber, pois ele tinha tecnicamente sete olhos funcionando.

– Kelsen! – ignorou totalmente o comentário do garoto das sombras, voltando-se para a mulher que ainda flutuava. – O que faz com ela? Damas não devem ser expostas a tal influência sombria. Garoto, acha que merece tal desafio?

Kyrie riu, erguendo o queixo de leve.

– Talvez, se você achar que pode simplesmente derrotar sombras com ataques ridículos como estes.

Com um gesto, as sombras se reconstituíram.

Pff... – zombou Kennen. – Yi só estava atravessando a velocidade do som, francamente.

Kyrie franziu a testa, assustado.

– C-como é?

Yi sorriu.

– Meu antigo pupilo sempre gostou de tirar a surpresa – um feixe de luz se originou do ponto de onde Yi estava, se projetando para a frente, destruindo as sombras. Kelsen também não estava mais flutuando nas sombras, estava, agora, ao lado das filhas. Yi guardou a espada na bainha, como uma afronta. – Espero que volte para onde veio, garoto, caso ainda queira viver.

Kyrie sorriu, enquanto seu corpo se dissolvia em névoa escura, em sombras vívidas.

[...]

Irelia chegou, desolada de volta para casa. Seu pai estava na varanda, acompanhado de sua raposa de nove-caudas, Ahri. Ela ficava em seu colo enquanto ele a acariciava; suas nove caudas balançando.

Quando avistou a filha, ele arregalou os olhos. Porém, ela não estava sozinha. Logo atrás vinha Karma, as duas havia saído da carruagem antes, a pedido de Irelia, para que os homens não vissem a raposa. A própria Karma se espantou ao vê-la, mas ambas tinham coisas a tratar com Lito.

Ele, mesmo que com dificuldade, foi de encontro à filha, apoiando-se em sua bengala. Ele não tinha menos que cinquenta anos, mas era tão frágil quanto um velho de oitenta.

– Filha! – ele a abraçou. – Eu já estava ficando com saudades e... – percebeu a tristeza nos olhos da filha. – Algo aconteceu? Karma?

Karma fez que sim.

– Muitas coisas aconteceram, Lito, e prevejo que muitas ainda estão para acontecer.

A raposa apareceu atrás, encarando Karma, que a olhava repulsivamente.

– Entrem, entrem – pediu ele. – Só não se acue com Ahri, Karma, ela é totalmente inofensiva. Vamos, entrem.

[...]

Varus acordou naquela manhã com um mal pressentimento. Antes havia sonhado com sombras, ele nu, flutuando no vazio, e a corrupção o envolvendo. Teve vontade de gritar, mas a voz não saía. Viu-se envolto daquela energia, sentindo seu organismo queimar. Viu também pessoas sofrendo, muitos morrendo e uma sombra se erguendo sobre Ionia.

Acordou suado, respirando muito rapidamente. Olhava para o teto, sem saber o que dizer. Naturalmente, diferente das casas de Valoran, as casas ionianas não tinham camas altas, e sim camas no chão. Meio difícil de se explicar.

Ele estava com calor, retirou as cobertas e viu que estava nu. Não era normal ele dormir nu, sabia disso. Olhou para o lado e se assustou com o que viu. Viu uma mulher totalmente nua o observando. Ela tinha longos cabelos negros e um corpo escultural. Ela estava acordada, o observando, os imensos seios parecendo que também o observavam.

– Que merda... – foi só o que ele disse. – O que faz aqui?

Lembra-se claramente dela o seduzindo naquela maldita festa de Randuin, que não terminara nada bem. Ele havia perdido muita coisa, assim como o anfitrião, mas, pelo menos, havia perdido a virgindade. Mais que isso, transou com oito mulheres ao mesmo tempo, incluindo aquela que se projetava sobre ele naquele exato momento, tentando se encaixar em todas as partes. Todas as suas partes.

– Sentiu saudade? – agora ela estava em cima dele, ele resistindo à tentação de possuí-la ali mesmo, com toda a voracidade que tentava esconder. Havia sonhado com ela durante os anos que não a viu, mas sabia que aquilo não era um sonho. Ela estava ali, naquele momento, trepada em cima dele. Seu membro já estava ereto. – Pois eu senti.

Ele estava nervoso, vermelho. Havia tentado esquecê-la totalmente durante aqueles anos, e quando já vivia sem lembrar da noite em que a teve e ter ereções contra a própria vontade, ela reaparecera.

– Vá embora – ele disse. – Estava muito bem sem você!

Ela sorriu.

– Vamos dar uma volta.

Todo o quarto se desfez em névoa de diversas cores. Varus pensou estar caindo num abismo, mas quando abriu os olhos, estava nas ruas da Aldeia de Pallas, seu lar, com todas aquelas pessoas andando para lá e para cá. A primeira coisa que fez foi cobrir as partes íntimas, mas percebeu já estar vestido. À sua frente, a mulher também estava vestida com uma roupa típica de sacerdotisas, porém, a roupa era mais promíscua, mostrando mais do que deveria dos seios e das coxas.

– O-o que diabos...?

– Eu disse que iríamos dar uma volta – ela disse, sorrindo.

Ele ainda não acreditava que não estava mais em casa, mas na rua. Se beliscou, verificando se era verdade o que estava acontecendo. Sentiu dor, então era verdade. Não estava sonhando.

– Quem é você?

– Eu? – ela deu de ombros. – Importa?

Ele franziu a testa.

– Geralmente, quando homens transam com mulheres, eles gostam de saber o nome delas.

Ela riu.

– Não de prostitutas.

– Você não é uma prostituta, eu sinto isso.

Ela sorria de forma tão sincera que ele não conseguia imaginá-la seja como puta, seja como bruxa. Ela não parecia nenhum dos dois. Era só uma mulher linda e com um corpo escultural – e com magia, sim, magia.

– Uma prostituta não sabe usar magia, você deve imaginar – ela cruzou os braços. Ele fez um sorriso bobo de talvez. – Na verdade, eu sou mais que uma mulher bonita, eu sou...

O cenário da vila de Pallas se desfez em névoa, ele caindo novamente em sua cama, nu, com ela em cima dele. Dessa vez, ela o observava com uma expressão sombria. Seus olhos brilhavam num tom sombrio e avermelhado. Ele passou do êxtase do prazer para o do medo.

Ela abriu uma boca cheia de dentes pontiagudos, como os de um demônio.

Eu e minhas amigas somos o que alguns chamam de Succubus. Nós seduzimos os homens e depois devoramos seu corpo, depois a alma.

Ela voltou rapidamente ao normal, sendo uma bela jovem.

– Mas você é diferente, sua alma não pode ser tomada. Geralmente nós devoramos homens sem propósito, mas você tem um propósito, não tem?

Ele fez que sim.

– Então eu serei sua até que ele seja concluído para que eu possa devorar sua alma – ela colocou as mãos dele em sua cintura e ela mesma deslizou para acomodar-se sobre o membro dele.


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Notas finais do capítulo

Capítulo relativamente pequeno, só para começar o arco de Ionia nessa temporada. Muitos personagens ainda vão aparecer, mas tudo ao seu tempo. Eu devia mais coisa por conta do tempo que demorei, maaaaas, é só o inicial.
Novamente o capítulo do Monte Targon foi adiado.



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