League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 6
Capítulo 5: Demacia


Notas iniciais do capítulo

Jarvan III é atormentado por diversos corvos que rondam Demacia; Garen conversa com um velho amigo; Fiora volta para casa após alguns meses fora, não sendo tão bem-vinda por seus irmãos; a Rainha Jaynee se vê numa situação terrível ao lado do marido.



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Capítulo 5:

Demacia

Jarvan III já não aguentava mais aqueles grasnidos. Estava quase enlouquecendo com todas aquelas aves negras rondando seu castelo. Estava em sua sala, assinando acordos e coisas que um rei resolve, mas tudo que conseguia ler eram pedidos de socorro. Apertava os olhos e via que não era aquilo, eram só malditos pedidos de seja-lá-oque.

Um corvo pousou em sua janela, logo atrás de si. O corvo balançou a cabeça, parecendo analisar o local. Podia não estar o vendo, mas podia o sentir. A ave alçou voo e pousou na mesa, ao lado do tinteiro. Jarvan encarou aqueles três olhos escuros que o observavam, como se houvesse alguém por trás deles. Como se fossem câmeras piltoverianas.

Levou a pena lentamente até o tinteiro, hesitante. Quando pingou a ponta da pena na tinta negra, o bico do animal, como um relâmpago, se chocou contra a mão do rei. Ele gritou e se levantou da mesa, recuando. O animal continuava a olhá-lo, o bico ensanguentado, sua mão sangrando. Rangia os dentes, enfurecido com o animal.

Pa-pai!! – o animal pareceu gritar. – Pa-pai. Pa-pai. Pa-pai. Pa-pai!

Não sabia distinguir quem gritava, se era Quarto ou se era Jericho. Uma hora parecia um grito de socorro, outra hora uma proposta. Papai, me salve, ou, papai, é bom revê-lo. Não sabia quem gritava mais alto.

Foi quando sacou a espada mais próxima e brandiu contra o animal, cortando-o em dois pedaços, ensanguentando sua mesa. Sua mão estava perfurada em um ponto estratégico que o impedia de escrever, mas não de usar a espada.

Naquele mesmo momento a rainha Jaynee adentrou à sala do rei, arregalando os olhos.

– Querido? – ela não sabia com o que se surpreendia mais, se com o corvo morto na mesa, ou o modo como o rei se portava.

Ele guardou a espada na bainha e a mão na roupa.

– Não aguento mais – ele disse. – Esses animais... eles estão me destruindo. De dentro para fora.

Jaynee foi até ele, o longo vestido de rainha deslizando as pontas pelo chão. Seus cabelos também haviam crescido, estavam maiores e mais cacheados. Ela o abraçou forte, o envolvendo.

– Fique calmo, amor. Tudo dará certo.

Infelizmente ela não tinha certeza se TUDO daria certo. O futuro em si era incerto, não sabiam nem metade do que estava por vir. Swain devia tê-los em seu joguinho, todos posicionados. Jaynee sabia que o objetivo final era o rei, como num jogo de xadrez. Deveria saber quem eram as peças brancas e quem eram as pretas para aí sim dar o xeque-mate em Noxus. Ela, enquanto abraçava seu rei perturbado, sabia que se Swain não morresse, Jarvan iria, cedo ou tarde. De nada valia o príncipe se o rei ainda estava de pé. Ele podia facilmente engravidá-la e dar à luz a um Jarvan V.

Recuou, sorrindo para ele.

– Você precisa tomar um pouco de ar. Vamos?

Ele permitiu-se sorrir.

[...]

Patrulhar as ruas era algo que Garen estava acostumado a fazer, mas não como um mero guarda. Sua armadura era bem menor que de costume, e era bem menos original. Todos os guardas demacianos se vestiam da mesma forma, e como ele era um Crownguard, às vezes se permitia se gabar da armadura original.

– E aí, Crownguard – diziam outros guardas –, não é tão original agora, é?

Disso ele não se orgulhava. Se pudesse voltar no tempo e mudar tudo, não estaria naquela situação. Talvez, se ficasse com Jarvan IV naquele momento de luta contra Jericho, talvez pudesse emboscá-lo e cortar a sua cabeça. Se isso ocorresse, muitos desastres futuros poderiam ser evitados – o pai de Garen o ensinou a prever sempre o pior das guerras.

Com Swain no poder, a guerra com certeza seria pior.

As ruas demacianas estavam bastante movimentadas, disso tinha certeza. Pessoas andavam para lá e para cá, alguns vendiam coisas, outros compravam. A cidade era bem bonita, com grandes casas e estabelecimentos, era como uma versão antiga da grande Piltover, como Lux dissera numa carta.

Garen olhou para o céu e viu o tanto de corvos que o observavam de cima das casas. Alguns poucos tinham três olhos, o terceiro sendo tão profundo quanto um buraco negro.

Depois foi até um local onde poderia bater um papo com um velho amigo recém-chegado de viagem.

No porto, alguns homens desembarcavam de um grande navio de madeira, típico de Demacia – os mais baratos, claro. Ele era um cargueiro e então ele carregava cargas de lugares para outros, este deveria ter vindo de Bilgewater, que ficava do outro lado do mapa, mas que, ironicamente, era mais rápido de barco. Por terra haviam muitas depressões, montes, florestas e perigos.

Um homem em especial trazia algumas cargas e as dispensava no chão. Era um homem de cor negra de pele, magro, mas forte, musculoso, as laterais da cabeça eram raspadas, deixando o cabelo restante em dreadlocks e tranças. Ele usava uma camiseta branca e calças pretas. Ele estava todo suado.

Quando viu Garen, o homem sorriu, e ele também.

– Grande Lucian! – exclamou Garen.

O homem, chamado Lucian, apertou a mão de Garen.

– Grande Garen – olhou para a armadura do amigo e franziu a testa. – Foi rebaixado? Como assim, cara? Você nunca é rebaixado.

Garen revirou os olhos.

– Nem precisava ter me lembrado, ai, ai. Não ficou sabendo sobre o que houve em Kalamandra, não?

Lucian fez que não.

– Houve boatos, mas nada além disso. Bilgewater é uma cidade porto, existem pessoas de todos os cantos, mas ninguém mencionou mais do que simples boatos de que Demacia e Noxus estavam trabalhando juntas. Eu quase não acreditei.

– Pois é, foi o que houve... Mais ou menos.

Garen contou tudo o que houve. Os dois tiveram tempo, pois havia acabado o descarregamento da carga e os trabalhadores estavam indo embora, o capitão do barco também.

Quando terminou de ouvir tudo, Lucian abriu um grande sorriso.

– Então você transou com a Du Couteau? – ele parecia estar gostando da ideia.

Garen fez uma cara feia.

– Darkwill foi morto, Swain virou um corvo gigante, Jarvan IV foi levado, espíritos invadiram a guerra... E foi só isso que você gravou da história?

Lucian riu.

– Não me leve a mal, cara, mas sabe como é. Já fui a todos os cantos de Valoran, já ouvi muitas histórias, e elas nunca me surpreendem. Não estou duvidando do que diz, sei que você não mente, mas sabe como é. Essa de espíritos... já ouvi rumores de um homem morto com lanças espectrais depois de ser perseguido por uma espécie névoa verde e azul, então...

Garen suspirou.

– De boa, cara. Mas estou bem feliz que você tenha voltado, sabe? O sequestro do Jarvan e a morte do meu primo me fizeram muito mal, sabe? Meu pai mesmo quase não olha na minha cara.

– Sei como você se sente, cara. E meus pêsames pelo Jaime, ele era um cara muito gente boa.

Um homem desceu do navio, e pelo olhar de Lucian, ele não era conhecido. O homem parecia um peão de rodeio com uma calça super apertada e preta, com um sobretudo azul-escuro com mangas e gola douradas, cinto, colete vermelho, um chapéu de cowboy e sapatos sociais. Ele tinha longos cabelos pretos e lisos, e também tinha uma espécie de cavanhaque. Era difícil de ver seus olhos, sempre cobertos pelo chapéu.

– Olá, cavalheiros – ele olhou de Lucian para Garen – ou só cavaleiro. Tanto faz. Me digam, onde fica o clube mais próximo?

Garen franziu a testa.

– Clube? Que tipo de clube?

O homem riu.

– Oras, você sabe que tipo de clube estou falando. Até vocês, demacianos caretas devem saber se divertir.

Lucian fez uma cara feia.

– Vi você saindo do navio – ele era bem maior em tamanho e em corpo que o outro homem, mas mesmo assim parecia impossível intimidar aquele homem, de tão elegante. – Não me lembro de você.

O homem elegante sorriu.

– Talvez não tenha uma memória tão boa, mí amigo – se voltou para Garen. – Ouvi boatos, em Bilgewater, sobre um clube incrível que havia inaugurado aqui em Demacia.

– Prossiga...

– Bom, disseram para eu procurar um tal de – fez um gesto com a mão e uma carta pulou da manga, ele a pegou e leu um nome nela – Louis Laurent. Conhece?

Garen abriu um grande sorriso.

– Sim, eu o conheço muito bem. E acho que sei aonde podemos encontrá-lo neste exato momento.

[...]

Fiora Laurent saltou de seu cavalo logo na entrada da cidade. O seu escudeiro ficou com a responsabilidade de colocar os dois cavalos em seu devido lugar. Ela observou a cidade com um olhar possessivo. Aquela cidade estava não mudara em nada desde que ela saíra.

Após Kalamandra, ela saiu numa missão de espionagem em Noxus para coletar informações, sem sucesso. Aparentemente ela era muito conhecida, teve de matar alguns pobres noxianos que a reconheceram, e tudo que ficou sabendo era que Swain tinha um grande plano em mente, nada mais.

Pensou que os corvos empoleirados nos topos de Demacia haviam a seguido, mas o povo parecia estar acostumado, embora alguns parecessem irritados com a grande quantidade.

Se os boatos noxianos estiverem corretos, ela pensou, Jericho sabe tudo o que acontece aqui.

Amaldiçoou Jericho por isso, aquele bastardo.

Não ouvira boatos só sobre Swain, mas odiou saber algo sobre sua família, algo muito feio para a moral demaciana. Quando chegasse em casa resolveria isso com as próprias mãos.

Foi o que fez.

– Fiora... – disse uma de suas irmãs mais novas, Luciela. – Você chegou, mas tão cedo.

A garota era baixotinha, mas tinha longos cabelos negros e cheios, um corpo jovem e bonito, e usava vestidos de princesa. Era a mais nova, gêmea de Louis. Tinha tanto veneno quanto ele.

Ao todo, na casa Laurent, haviam seis filhos, três homens e três mulheres. O mais velho se chamava Olyvar, era um homem alto, esbelta, forte, um homem da guarda (que já foi um duelista famoso, mas desistiu ao perder para Fiora), ele era ambicioso e era pervertido ao ponto de ter diversos bastardos espalhados por aí; tinha quarenta anos. O segundo filho era Régis. Ele era alto e magricela, usava sempre roupas brancas e ternos, o mais elegante de todos, porém, era tão perfeccionista quanto Fiora. Ele geralmente usava um penteado rabo-de-cavalo; tinha trinta e cinco anos. O terceiro, Louis, era menor que os outros, mas tão elegante quanto. Ele era conhecido por ter um bigode fino; tinha vinte e cinco anos. A quarta era Fiora (que nascera antes de Louis); tinha trinta e dois anos. A quinta era Luciela, que nascera gêmea de Louis. Os dois eram muito chegados e cúmplices de quase tudo. E a sexta, a mais nova, era Francié, com apenas doze anos.

Fiora despejou sua mala no meio da sala, observando a irmã que sorria de forma desdenhosa enquanto sentada no sofá. A Casa Laurent era extremamente bonita, tão bela quanto o castelo, com tudo no lugar, pois todos na casa eram perfeccionistas.

– Também estou feliz em te ver, Lu – respondeu Fiora, tão desdenhosa quanto a irmã. Olhou ao redor. – Onde está sua cópia?

Lu franziu a testa.

– Se refere ao Louizinho? – ela perguntou, cheia do que Fiora chamava de “jeitinho”. – Ele saiu há algumas horas.

Fiora franziu a testa.

– Onde está o resto da família?

Lu sorriu.

– Papai e mamãe viajaram com a Francié para algum lugar, disseram que voltam em algumas semanas. Já o Olyvar está no castelo, no conselho, e o Régis está treinando desde ontem.

– Você e o Louis estavam sozinhos?

Ela fez que sim.

Durante os últimos meses Fiora notara uma mudança no comportamento dos gêmeos. Tão cúmplices quanto nunca, tão chegados e tão unidos. Pareciam até um casal. Não... Fiora riu do próprio pensamento. Não poderia ser.

– Sabe onde posso encontrá-lo?

Luciela se levantou, erguendo o vestido de babados com as mãos.

– Bem... – ela parecia meio nervosa. – Ele está no clube.

Fiora cerrou os punhos.

– Imaginei que estava.

[...]

Jarvan III e a Rainha Jaynee resolveram por caminhar no jardim real. Haviam flores e grandes árvores ali, tudo de uma beleza infindável. Os dois andavam lado-a-lado, os braços entrelaçados, parecendo felizes. Algumas pessoas passavam e os cumprimentavam.

– Vê? – ela perguntou. – Existe muito mais num castelo para um rei que as salas de reunião ou escritórios.

Jarvan riu.

– Claro, minha rainha. O aroma doce de todas essas flores me é de bom agrado.

Ela sorriu e apertou-se ao braço do marido.

– Ultimamente me sinto tão mais próxima a você.

Ele fez uma careta, como se não imaginasse aquilo.

– Mesmo? Pensei que sempre fomos bem próximos.

Ela fez que não.

– Não dessa forma – ela suspirou. – É que antes eu sentia como se fôssemos só aliados, não marido e mulher. Mas agora... depois que você me revelou aquilo sobre você-sabe-quem, eu me sinto tão...

Jarvan parou de andar, interrompendo o discurso da rainha. Ela franziu a testa, confusa.

– Algum problema?

Ele olhava para cima, assustado. Ela fez o mesmo e, quando olhou, teve uma terrível visão. Um conjunto de corvos estava empoleirada nas árvores. Eram, no mínimo, uns cem. Todos tinham três olhos, todos eram assustadoramente negros, e todos tinham garras tão afiadas quanto navalhas.

Jarvan recuou.

Jaynne se manteve em seu local.

– Eles não nos atacaram se ficarmos parados – ela disse.

– Mas nós vamos!

Os dois deixaram de olhar para cima para olhar para a frente. Tiveram uma visão tão assustadora quanto a anterior. Viram um grupo de três homens vestidos com mantos negros, com um decote V. Eles pareciam monges, mas algo neles era diferente. Eles usavam máscara pretas, com bico de corvo e três olhos. Também tinham adagas nas mãos, adagas ensanguentadas. A rainha viu que, atrás deles, alguns guardas estavam mortos, juntos de dois cidadãos comuns do castelo.

– Q-quem são vocês? – perguntou o rei.

Jarvan percebeu que os corvos das árvores haviam desaparecido.

Quem nós somos? – perguntou o homem do meio. – Nós somos corvos.

Jaynee colocou a mão em um pequeno bolso no vestido – que ela mandara fazer – e retirou um pedaço de pão?

– Gostam de pão? – perguntou meio sem jeito.

O Corvo do meio riu.

Demacianos imundos irão pagar – os três começaram a avançar na direção dos dois.

– Corra! – gritou Jarvan III quando o primeiro Corvo saltou em cima dele.

Jaynee, desarmada, colocou-se a correr enquanto o rei desembainhou sua espada, defendendo-se de um dos ataques. Infelizmente foi golpeado por um dos Corvos numa área ao lado da barriga, urrando de dor.

Antes que outro Corvo pudesse o matar, os três se dissolveram em fumaça escura.

O rei caiu no chão, mas foi segurado pela rainha, que voltara por ele.

– Estão bem? – Uma mulher correu até eles. Ela tinha longos cabelos negros e lisos, olhos azuis-escuros e um vestido cinza-azulado curto. Ela segurava duas bestas pequenas e tinha uma maior nas costas.

A rainha colocou uma mão na ferida do rei, tentando conter o sangramento.

– Muito obrigada – ela agradeceu. – Quem é você?

– Agora não é hora! – ela exclamou. – Vou chamar socorro.

A mulher deu a volta e saiu correndo.

O rei agonizava enquanto respirava com pesar.

– Aquela mulher...

– Não fale, só tente viver.

– A-aquela mulher... é a filha dos Vayne, Shauna.


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Notas finais do capítulo

-Não se assustem da forma como apresentei o Lucian, pois tenho tudo sobre controle :3
—Os outros irmãos da Fiora vão aparecer também.
—A história da Vayne será bem semelhante a do Batman.
—Sim, aquele cara ERA o TF.
—O arco do Clube do Louis, ou das Gatinhas de Demacia, como gosto de chamar, valerá muito a pena.
—Quem nasceu pra ser Louis e Luciela, nunca vão ser Cersei e Jaime.



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