League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 3
Capítulo 2: Piltover


Notas iniciais do capítulo

Caitlyn se intriga com um crime e seu misterioso autor, C, um criminoso misterioso; Ezreal mostra Piltover para Lux, que tem uma visão sinistra de algo que está por vir.



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Capítulo 2:

Piltover

Caitlyn examinava outra cena de crime. Dessa vez, houvera um roubo com homicídio numa loja de conveniência próxima, ela simplesmente não sabia o porquê. No chão, a vítima do crime: um adolescente de dezessete anos. Era alto e corpulento, cabelos negros lisos e olhos claros, um verdadeiro galã. Era um desperdício, vidas tão belas e jovens roubadas por seja-lá-quem-for.

Ela notara, ao analisar o corpo, que ele tinha uma tatuagem com as letras XXV. Já havia visto coisas como aquelas antes. Eram números da antiga Noxus, de séculos atrás, números perdidos no tempo.

Se levantou, enquanto alguns de seus homens vasculhava a loja, em busca de pistas.

– Encontramos algo! – gritou um de um lado.

Caitlyn não perdeu tempo. Foi até Shane Hiroka, um dos seus melhores policiais. Era um jovem alto, levemente magro e corpulento. Tinha cabelos negros curtos e tinhas olhos puxados, como uma pequena parcela da população ioniana. Ele usava a típica roupa de policial piltoveriano, que fazia uso de uma palheta de cores um tanto quanto diferente da usual, com preto, roxo e marrom. Ele usava luvas de legista e segurava uma carta na mão. Estava cercado de policiais, que sabia, no fundo, que o caso estava “encerrado”.

Shane virou a carta para Caitlyn, que tinha um C desenhado.

Caitlyn suspirou, desanimada.

– Parece que já sabemos quem é o assassino – comentou, irritada.

Há alguns meses alguns jovens estavam sendo assassinados, todos eles com tatuagens do estilo daquele jovem. Foram, ao todo, vinte contando com aquele. Não haviam nenhuma pista sobre o assassinato, somente uma carta com a letra C estampada. Não havia marcas de pegadas, nem de digitais, até mesmo as câmeras não captaram o momento em que ocorreu o homicídio. Era como se o homem fosse um fantasma.

– Tem que haver mais pistas – resmungou Shane, chateado. – Não consigo acreditar num assassino como este.

Caitlyn gostava de Shane por isso: ele era inocente. Treinara para ser policial pois queria fazer justiça, e ingressou no ramo de vez após os feitos de Jayce, que deram mais esperança ao povo de Piltover. A ameaça externa de Viktor fora anulada, mas a interna, não. Houveram diversas formas de crimes pelo subúrbio piltoverianos durante os cinco anos que Caitlyn regeu a delegacia como xerife. Prendeu dezenas de criminosos, mas eles pareciam brotar. E este, o famoso C, era o mais difícil de todos de ser capturado. Ele simplesmente evaporava.

– Comece a se acostumar com isso – ela disse ao garoto. – Não podemos nos acostumar com simples criminosos, vendo o que esse cara pode fazer.

– Mas é loucura – disse um outro policial. – Precisamos chamar melhores detetives para resolver isso. Não subestimando-a, xerife.

Caitlyn fuzilou-o com o olhar, mas voltou-se para os detetives forense, que faziam de tudo para encontrar pistas. Ela sabia que o caso terminaria ali, sendo arquivado futuramente. Tinha uma lista extensa de casos solucionados, mas aquele, aquele deveria ficar para depois. Infelizmente, pensou, isso vai além do que posso fazer.

– O que faremos agora? – perguntou Shane.

– Vamos voltar à delegacia – respondeu Caitlyn. – Preciso contatar ao Ezra sobre isso. Ele adoro se meter em assuntos da polícia mesmo.

[...]

Chegando à delegacia, Caitlyn foi saudada por alguns policiais, todos subordinados a ela, algo que ela nunca imaginou que iria ser. Várias vezes ouviu assovios e recebeu cantadas, mas após umas broncas sérias, aqueles homens viram que ela não estava ali de brincadeira, e se limitaram a olhá-la quando ela passava, com todo o respeito, claro.

Shane sorriu quando avistou uma pessoa que estava esperando. À frente da sala de Caitlyn estava uma garota de aparentes dezessete anos, ligeiramente alta, não mais que ele, loira de cabelos curtos, penteado chanel com um coque no topo e uniforme básico de um colégio da zona leste de Piltover – uma saia roxa e uma blusa branca com detalhes marrons. A garota tinha olhos de um profundo azul ciano e pele branca. Também tinha um lindo sorriso no rosto.

Ela foi até Shane e os dois se beijaram, depois se abraçando, ele se inclinando, pois era muito mais alto.

– Senti sua falta, amor – ela disse. – Saí mais cedo e decidi vir aqui para te ver.

Para ele parecia que o mundo inteiro tinha desaparecido e só havia os dois ali, em uma completa Love Story. Esquecera-se do homicídio e que Caitlyn ainda estava ali, e os dois impediam-na em sua caminhada para sua sala.

– Eu também senti a sua falta, amor – ele respondeu.

Caitlyn cruzou os braços e pigarreou.

– Eu também sentia falta de quando não haviam casais se beijando à frente da minha sala.

A garota arqueou, como se tivesse se esquecido de algo importante.

– Ah, mil perdões, Tia Cait, digo, Caitlyn.

Caitlyn sorriu.

– Tá perdoada Orianna – virou-se para Shane. – E quanto a você, espero que tire duas horas de folga para levá-la em casa. Seu pai deve estar preocupado, Ori.

Orianna riu.

– Que nada, Cait. Eu avisei pro papai que eu vinha visitar o meu olhinho puxado favorito – e abraçou o namorado.

Caitlyn gostava muito de Orianna. Ela sempre fora uma garota muito boa, sempre a ajudando. Tão inteligente que já havia chegado a ajudá-la a resolver casos. Após Jayce se tornar famoso e mal ter tempo para a capital, elas se tornaram grandes amigas – sabe-se lá o porquê. Talvez pelo fato do maior envolvimento de Corin Reveck na delegacia, melhorando as armas e defesas da polícia.

Caitlyn sorriu.

– Claro, claro. Agora me deixem passar pois preciso falar algo importante com o Ezra.

Orianna levantou as sobrancelhas. Ezra era um nome tão imponente em Piltover quando o do prefeito.

– Ah, claro. Novamente mil perdões.

– Que nada.

Caitlyn passou pelo casal que saiu de lá de mãos dadas. Virando-se, ela percebeu o quão solitária era. Evitava ver romance na TV durante anos, e de repente, uma amiga de dezessete anos e seu parceiro de investigação começam a namorar. Claro, por que não? Podia ser um namoro colegial passageiro, mas já havia se passado dois anos e eles seguiam firmes e fortes. Não que queria que eles terminassem, mas também queria algo duradouro. Mas sempre que pensava nisso, só uma pessoa lhe vinha em mente.

Ignorou os pensamentos e seguiu para sua sala.

– Ah, graças, você chegou – Caitlyn levou um susto ao perceber que Ezra estava ali, plantado, de frente para sua mesa. Ele vestia-se com um terno e gravata pretos, seus cabelos loiros lambidos para trás com gel, e seus óculos pretos em cima da cabeça. Ele parecia um típico ator do show business. – Já estava cansado de esperar.

Caitlyn franziu a testa.

– Sério isso? Precisava vir até aqui? Sério?

Ele deu de ombros.

– Eu não tinha muito a fazer, então decidi vir te visitar.

– Quanto tempo você está me esperando?

– Umas duas horas.

Caitlyn arregalou os olhos.

– Você é maluco? Não sabia que eu estava numa investigação?

Ele deu ombros novamente, parecendo se divertir às custas dela.

– Eu tenho um smartphone de última geração com internet e vários joguinhos. Foi ganho ficar aqui, no silêncio, sem ninguém me atrapalhar – ele apontou para a porta. – Vale lembrar que eu tenho uma cópia da sua chave, sabia?

Caitlyn revirou os olhos.

– Acho que você já deve saber o porquê de eu querer falar contigo.

Ele assentiu.

– Sim, sim. O homicida C – Ezra falava muito rapidamente, parecia ter tomado muitas doses de café altamente estimulante. – Meus homens estão trabalhando nisso, não se preocupe. Estes assuntos mais surreais são conosco.

– Com você, com o Jayce... – suas palavras saíram meio que como uma indireta direta.

Novamente ele assentiu.

– Sim, sim. Jayce está se saindo muito bem como o Defensor, já até o chamam de herói, haha. Ele está trabalhando muito bem em missões em outras partes de Piltover, isso é certo.

Caitlyn não parecia tão contente com aquelas notícias. Era como se tivesse dado de tudo para um filho e ele houvesse a abandonado. Era assim que se sentia sobre Jayce. Havia investido nele e ele a abandonara. Fora tão tola ao pensar que ele ficaria com ela e a ajudaria a vencer o crime. Estúpida, xingava a si mesma.

– Claro, então nosso papo está encerrado? – não queria mais ouvir sobre os feitos de Jayce aqui e acolá. Era como uma tortura.

Ezra balançou a cabeça.

– Vim aqui para lhe avisar sobre um feito do meu serviço de operações – ele pegou seu smartphone e começou a digitar algo, deslizando e batendo o dedo exageradamente rápido. Caitlyn supôs que ele devia estar “chapado” de cafeína. – Sim, sim – apontou a tela do telefone para ela, onde mostrava uma notícia sobre a atual “heroína secreta de Piltover”, que dava uma surra em bandidos e os entregava à polícia com tudo o que eles haviam roubado. – Lembra dela? Da vigilante que muitos chamam de Defensora de Piltover.

Cait revirou os olhos.

– Como vou me esquecer? Me deu um baita trabalho, essa garota. Já quis pegá-la, mas desisti. Ela sempre foge antes. Agora só aceito a ajuda dela. Fazer o que?

Ezra Ridley abriu um sorriso insano. Os últimos anos fizeram dele um cara mais animado, talvez pelo simples fato de ter deixado de ser o presidente de uma corporação tecnológica e se tornou quase que um governador. Tudo que acontecia em Piltover era noticiado a ele, e ele meio que era um faz-tudo, e podia se intrometer em tudo que quisesse, principalmente na delegacia.

Caitlyn teria explodido de exaustão na posição de Ez, mas ele parecia gostar daquilo, e nada que umas doses de café não façam.

– B-bom, eu sei o que devemos fazer – os olhos dele estavam insanamente arregalados. – Na verdade, sei o que fizemos. Hehe. O que você não fez em meses, eu fiz em dias com meus aparelhos de localização global. Encontramos a vigilante!!

Caitlyn arregalou os olhos, não tanto quanto ele, o que era impossível. Mas fez por onde.

– Como é? E só estou sabendo disso agora?

– Quis eu mesmo noticiar a polícia, sabe como sou, não é? – ele deu um pequeno pulinho. – Vim aqui para te chamar para interroga-la. Vai ser muito legal!!

Caitlyn suspirou.

– Cara, você precisa mesmo tomar menos café. Parece exausto. Vá para casa dormir, ver sua esposa, o Ezreal – Cait franziu a testa. – Falando nele, onde ele estava esse tempo todo que sumiu?

O sorriso insano de Ezra sumiu. Por meses seu filho Ezreal sumira, e ele ficara desesperado. O procurou por todos os cantos da grande Piltover, que era tão grande quanto Noxus e Demacia juntos. Passou vários dias construindo algo que o localizasse, quando o encontrou em uma zona fantasma ao sudoeste de Piltover, mandou uma nave para encontrá-lo. Chegando lá, se deparou com um grande movimento de volta para casa tanto de Noxus quanto de Demacia. Digamos que ver uma nave flutuante meio que apavorou os homens de ambas as cidades.

– Ele parece não se lembrar do porquê ter ido àquele local, nem quando – concluiu Ezra. – Disse que encontrou o tio Anson, e os filhos de Evan Crownguard concordaram, dizendo que realmente, meu irmão estava lá, vivo. Acham que houve um grande evento com espíritos dos mortos. Algo sinistro.

Caitlyn sentiu um calafrio.

– Bom, pelo menos eles conseguiram resolver isso. Não quero me meter em assuntos demacianos tão cedo.

– Mas é possível que eles peçam ajuda com reforços, e eu já sei como ajuda-los. Quando chegarmos ao meu centro de pesquisa, você poderá interrogar a garota e vou te mostrar um dos meus novos projetos.

[...]

Ezreal acordou com o doce cheiro dos cabelos de Lux. Os dois dormiram juntos na cama dos pais de Ez, aproveitando a ausência dos dois. Não significava que os dois fizeram sexo, claro. Luxanna tinha votos de castidade, só podendo fazer amor com seu marido. Mas os dois estavam a dois passos daquilo.

Os dois acordaram abraçados, envoltos em cobertas do mais confortável tecido, encarando os olhos cintilantes um do outro. Sorriram e se beijaram. Há alguns dias, o simples ato de se beijar em público apavorava Lux, dormir juntos então... era a morte. Isso é baboseira, dizia Ezreal. Coisas de demaciano careta. Não querendo ofendê-la ou sua família.

Caretas era a melhor palavra para definir a família de Lux, os Crownguard. Demacia não estava em clima de festa, então, Ez teve de se apresentar ao rei e prometer uma aliança com Piltover. Lux foi de mensageira para o prefeito da cidade-estado, mas como a reunião fora marcada duas semanas após a chegada dela, os dois puderam aproveitar o tempo juntos.

– Bom dia, meu amor – ele disse.

Ela sorriu. Parecia mais “solta” podendo fazer o que quisesse sem que a governanta ou a mãe a corrigisse. Os demacianos eram muito rígidos, principalmente com as mulheres, que sempre eram as donas de casa, coisa que fora abolida em Piltover, até mesmo em Noxus. Em ambos os lugares, a mulher podia se destacar de forma a ocupar cargos importantes – quando dito isso à Fiora Laurent, ou era num pedido à morte, ou numa piada com intuito de duvidar a sexualidade da duelista.

Evan Crownguard fora contra a ida de Lux. Queria mandar outra pessoa, não sua filha, principalmente sabendo do envolvimento dela com Ez, mas a própria mãe da garota foi a favor, dizendo que ela precisava respirar novos ares. Garen teria ido contra, mas não foi por três motivos. 1: passara a respeitar Ezreal. 2: estava brigado com o pai por ter perdido o cargo superior. 3: não tinha o mínimo de moral na própria casa.

Lux precisava ir para algum lugar espairecer.

Ela se levantou e se espreguiçou. Ez bateu palmas e as cortinas se abriram automaticamente, revelando o dia ensolarado na grande Piltover. Lux saltou da cama e caminhou até a sacada do prédio. Seus olhos cintilavam enquanto olhava para aquela paisagem. A cidade-estado de Piltover, só a capital era maior que o reino de Demacia. Imensos prédios quase dourados emergiam do solo, embaixo várias casas e lojas e parques, mercados, mais lojas, pessoas andando, VEÍCULOS AUTOMOTIVOS, algo que ela nunca havia visto antes, só carroças, carruagens, e, bem, cavalos.

Ela suspirou. Ver o imenso prédio da prefeitura e as torres que o cercavam... todos pareciam formar um castelo um imenso império de última geração. A palheta de cores da cidade era bem comum, com cores amarelas, marrons, azuis e roxas. Haviam dirigíveis sobrevoando a cidade e muitas outras coisas. Seu cérebro parecia não conseguir acompanhar tudo aquilo.

– É tudo tão lindo – ela disse, sonhadora.

Ezreal foi até ela, abraçando-a por trás. Adorava tê-la como companhia. Ela era, sem dúvidas, a namorada que pedira aos deuses, se é que eles existiam. A taxa de ateísmo em Piltover era de mais de setenta por cento. Embora isso não precisou ter sido citado na reunião de família dos Crownguard – tão religiosos.

– Mais ainda quando você está do meu lado – ele a beijou no pescoço.

Mais tarde lá estavam eles, andando de mãos dadas no parque de Piltover. Era bem interessante o número de árvores da cidade que, embora fosse bem tecnológica, ainda deixava espaço para a sustentabilidade. As árvores e o campo, claro, tinham decorações na mesma palheta de cores da cidade,

Lux imaginou que as pessoas sempre andariam com as roupas naquelas cores, mas a moda de lá variava bastante, algo diferente de Demacia – vestidos, armaduras, cotas, saiotes, mais vestidos, mais armaduras... Luxanna ficou feliz por isso.

Viu muitos casais andando pelo parque, que era um local muito típico para romance, com bancos bonitos, pontes sob lagos, gramados, árvores dando sombra, fontes, e várias outras coisas românticas.

Ficou assustada quando viu alguns casais do mesmo sexo andando para lá e para cá e mãos dadas.

– M-mas isso é errado! – ela exclamou.

– Aqui não – ele respondeu, rindo. – Aqui nós respeitamos o jeito das pessoas e com quem elas querem se relacionar.

Ezreal entendia que em parte era ignorância da parte da namorada, algo que lhe fora implantada desde pequena.

– Em Demacia nós não aceitamos isso.

– Por que são caretas – riu Ezreal novamente.

Luxanna o olhou com um pouco de raiva; ela odiava ser contrariada. Mesmo assim ela parecia estar entendendo que não estava em Demacia, sim em Piltover, um local totalmente diferente, com regras diferentes e modos de vida diferentes.

Lux também entendeu que era hipocrisia de sua parte aceitar os direitos iguais entre os gêneros em Piltover, mas não entre as diferentes opções sexuais. Odiava hipocrisia, e quase foi pega sendo hipócrita. Por sorte Ezreal parecia ser imensamente paciente com ela, o que a fazia se sentir confortável.

Em Demacia tudo era imposto, não deveria ser questionado e nem modificado, apenas seguido, sem perguntas. Já ali as pessoas podiam ter diferentes modos de pensar e viver em paz, sem ameaças de guerra ou sabe-se lá o que. Não tinham muitos inimigos como Noxus. Tinham Zaun, mas eles raramente faziam algo contra. Pensou seriamente que viver eternamente em Piltover era uma ótima opção.

Mesmo assim desertar de Demacia e sua família não era algo certo a se fazer. Ezreal era seu namorado a poucos meses, enquanto que sua família sempre esteve ali, cuidado dela.

– Está gostando da cidade? – ele perguntou.

– Adorando – ela respondeu. – Mas... não é minha casa. É tudo tão diferente do que fui acostumada.

Ezreal fez uma cara triste.

– Ah, entendo. Não que eu queira que você abandone sua família e more aqui, mas...

– Eu sei – ela respondeu, como se finalizasse a conversa. Porém, continuou. – Também te quero ao meu lado, mas sabe que somos de mundos muito diferentes. Em Demacia mal temos luz elétrica e aqui... bem, vocês têm chuveiros, fornos, geladeiras, carros, motos, até mesmo robôs... Gosto muito da forma como aqui é iluminado, mas é tanta coisa para minha cabeça. Tantas informações. Só me sinto em paz quando te olho, mas é só olhar ao redor e me sinto perdida.

– Então só olhe para mim – ele parecia desesperado, mas contido.

Ela sorriu. Aquela cena parecia de um filme de romance que ela havia visto dois dias antes – se surpreendeu com a caixa mágica chamada “televisão”, mas ficou fascinada. Aquilo parecia um romance adolescente de verão se desfalecendo, e ela sabia como aquilo terminaria. Ou ela viveria ali, como uma legítima piltoveriana, nunca se adaptando às tecnologias e fugindo do serviço nas guerras – algo inaceitável em seu código de honra –, ou Ezreal iria voltar para Demacia, se casando com ela e se tornando um cavaleiro ou sacerdote – algo inaceitável para ele –, talvez mago, embora demacianos não gostassem tanto de usar magias em guerra. Ele jamais se adaptaria ao regime demaciano e à falta de tecnologia. Iria surtar.

– Sabe que isso não vai terminar bem, não é? – ela perguntou.

Explicou a ele tudo aquilo sobre se adaptar. Moravam em locais totalmente diferentes e com culturas diferentes. Talvez se unissem futuramente, mas não agora. Estavam em guerra com Noxus, e aquilo não era um encontro romântico, era uma missão diplomática. Demacia precisava de ajuda, mesmo que Jarvan III não quisesse admitir, mas estava com medo de Jericho Swain. Sabia que ele liberaria todas as maiores armas que Boram guardou aqueles anos. Precisavam de ajuda.

– Então, talvez, depois da guerra... – ele supôs, mas não conseguiu terminar de falar. Mesmo assim ela entendeu.

– Sim – assentiu. – Depois da guerra resolveremos isso. É um problema para a Lux e o Ezreal do futuro.

Ezreal riu.

– Claro – e os dois riram juntos.

Lux olhou para o lado, ainda rindo, quando avistou algo que lhe deu um frio na espinha. Uma garota pálida, magra, com longos cabelos azuis vestida com um macacão de hospício e presa à uma camisa de força com trancas de ferro a observava. A garota tinha orelhas fundas e um sorriso insano. Parecia analisar Ezreal, não Lux. Voltou-se para ele, assustada. Ele franziu a testa.

– Algum problema?

Quando voltou a olhar, a garota havia desaparecido.

– Nada – respondeu Lux, sem saber explicar. – Só me assustei com um pensamento ruim.

Ele sorriu.

– Claro – e se levantou. – Vamos, pois nosso tour por Piltover não terminou. Você ficará por aqui por pouco tempo, não é? Então vamos fazer valer a pena, certo? Vamos, quero te mostrar o museu!

Lux levantou junto dele, sorrindo. Se animara com a ideia de que ele não ficara triste com sua decisão. Parecia animado, como se estivesse prestes a morrer e quisesse curtir a vida adoidado.

Tornou a olhar para o ponto onde a garota estava, e se apavorou quando viu que o macacão e a camisa de força estavam jogados no chão, dobrados no gramado. A garota havia se libertado.


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Notas finais do capítulo

Nota: Demorei a postar por preguiça mesmo, sorry e-e.
Os capítulos serão menos complexos que os últimos da primeira temp pelo simples fato de serem os iniciais, durr. Precisam enrolar, ou não, sei lá. Vou adiantar os acontecimentos, já que haverá um espaço bem grande entre um pov e outro, já que são tantos.
Dica: reparem no cabelo azul.



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