League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 2
Capítulo 1: Freljord


Notas iniciais do capítulo

Aatrox se ergue da névoa da batalha de Freljord, amedrontando a todos. Novos inimigos surgem, fazendo com que Ashe e Sejuani tenham que batalhar suas lutas longe uma da outra. Porém, seus destinos se cruzarão, em tempo.



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Capítulo 1:

Freljord

Ashe apavorou-se com aquela presença avermelhada e diabólica. Ouvira falar sobre Aatrox há muitos anos, quando seu pai lhe contava histórias para dormir. Contou sobre os guerreiros Darkin, que já haviam vagado pelo mundo e auxiliado em guerras, principalmente aquele que se apresentava à sua frente, à pelo menos uns quinze metros.

Sejuani colocou-se à frente de Ashe, como se pudesse salvá-la daquele monstro. Ironicamente elas ainda estavam com feridas devido à luta recente que haviam se envolvido. Era incrível como uma hora eram amigas e em outra, inimigas. Se perdoavam fácil quando deviam trabalhar juntas.

– Ele matou todos? – perguntou.

Nunu analisou os corpos com rápidos olhos juvenis e se voltou para Ashe.

– Não. A maioria está inconsciente. É parte da influência de Aatrox em guerra.

O guerreiro Darkin gargalhou, uma voz que parecia a de um homem, grossa, porém remixada, em termos piltoverianos.

Não falem como se eu não estivesse aqui, por favor – ele sorriu sadicamente. Brandiu sua espada no ar, girando-a, criando uma zona quente que derretia o solo de neve ao redor. Parou de girá-la e abriu as asas. – É mais que influência de guerra, garoto. É um poder há muito esquecido.

– Enquanto eles estiverem em guerra estarão sob o seu controle – continuou Nunu.

Impressionante dedução, garoto. É inteligente demais para a idade.

Sejuani revirou os olhos.

– Também fala demais pra idade.

Nunu irritou-se com Sejuani, mas ignorou-a e voltou-se para Aatrox. Antes que pudesse falar, Ashe o impediu de continuar. Ajoelhou-se para falar com ele cara-a-cara.

– Ele pode te controlar se você se irritar, e eu odiaria tê-lo de tal forma – ela disse.

Nunu assentiu, engoliu em seco e recuou.

Ashe se levantou e encarou o ser.

– O que quer conosco?

Ele sorriu.

Sangue. Sacrifícios. Morte. Destruição. Na verdade, eu quero uma obra prima. Uma guerra magistral. Quero me alimentar do ódio e da discórdia. E mais, quero assistir à destruição desse reino de camarote.

Ashe se sentiu levemente acuada. O Darkin a dava medo, tipo, muito medo. Sentiu-se tremer, mas não poderia temer. Era uma rainha, ela e Sejuani. Não queria demonstrar medo perto dela... de novo.

– Por que? – perguntou Sejuani, percebendo a dificuldade de Ashe em prosseguir.

Aatrox bateu as asas, começando a erguer-se do chão. Sua expressão agora era séria.

Por que eu já decretei a queda de Freljord há muito tempo. Agora venho para findar o que comecei.

Ele ergueu a espada e voou na direção dos três. Automaticamente Ashe colocou-se à frente de Nunu, e Sejuani empurrou os dois, ficando na frente da espada. Teria sido um sacrifício honrado, ela teria sido uma heroína, mas não era hora de sua morte. Naquele mesmo instante, a espada de Aatrox chocou-se contra outra, ferro contra ferro.

Nunu abriu os olhos e viu Tryndamere, que flexionava todos os músculos, usava toda a sua força para não deixar Aatrox passar. Ele rangia os dentes, a mão forçando a espada para a frente.

O Darkin riu.

Tryndamere – disse como se eles já fossem conhecidos –, minha maior criação!

Trynda fez uso de toda a sua fúria para afastar o homem vermelho, que tombou para trás, rolando na neve, mas saltando e ascendendo com suas asas, firmando-se no chão. Ele grunhiu.

– Fique longe da minha família! – urrou Trynda. – E da Sejuani.

Sejuani revirou os olhos, como quem diz: “Típico”.

Aatrox recuou, sorrindo. Ele parecia mudar de expressão muito rapidamente. Olhou para Nunu, como se o lesse. O garoto fez o mesmo. Ashe achou incrível a coragem que o garoto tinha, como se não temesse aquela forma maligna. Ela, por outro lado, estava apavorada. A mão tremia. Não podia tremer. Era uma atiradora. Suas mãos nunca tremiam.

– Guerreiros Darkin nunca trabalham sozinhos – exclamou o garoto, quase que liderando a operação de interrogatório. – Para quem você trabalha?

Aatrox avançou, mas foi interceptado por Trynda, que golpeava-o com sua espada, aço contra seja-lá-o-material da espada do Darkin. Ironicamente, ele parecia não se importar em conversar enquanto lutava.

Meu invocador está longe de seus olhares, garoto!

Ashe olhou para longe, na mesma direção de Aatrox. Viu uma forma surgindo na nevasca, uma forma encapuzada. Percebeu que essa pessoa sombria ria da cara dela, como se contestasse seu reinado. Aquela pessoa não emanava a mesma energia que Lissandra, com certeza não era ela.

– Não é o que parece – ela disse, apontando para o invocador. – Ele está bem mais perto do que imagino.

Aatrox deu um golpe poderoso na espada de Trynda, que fez com que o bárbaro recuasse quase três metros. Ele ofegava, suado, mesmo que estivesse extremamente frio.

– Maldito! – exclamou, entre dentes.

Aatrox riu.

Você nunca poderá me derrotar, rei bárbaro!

– Termine logo com isso – exclamou a voz do invocador, que soava como algo etéreo, uma voz sombria e indefinível. Era impossível saber se era um homem ou uma mulher por trás daquele capuz, até por que o manto cobria parte do corpo.

Aatrox assentiu. Bateu suas asas e flutuou sobre o chão, enquanto que sua espada dobrou de tamanho. Ele ascendeu ao ponto de estocar contra o chão a toda a velocidade na direção de Ashe. Ela não soube o que fazer, novamente, ficando travada.

– Isso é entre nós dois!! – Tryndamere gritou e saltou na frente da espada, que perfurou-o na barriga. Ashe conseguiu se esquivar a tempo e, no calor do momento, atingiu uma flecha no pescoço de Aatrox, que pareceu sentir dor.

Tryndamere sangrava pela boca e pela ferida, segurando a espada do inimigo com as mãos, também sangrava por elas. A flecha de Gelo de Ashe, ao perfurar o pescoço do Darkin, pareceu feri-lo gravemente, pois ele sangrava um sangue preto. Os dois urravam de dor.

– Tryndamere! – gritou Ashe.

Sejuani se levantou e girou seu mangual.

– Desgraçado! – quando a pedra do mangual atingiu Aatrox na cabeça, ele cambaleou para trás, rolando ladeira abaixo em direção do seu invocador. Ele parecia enfraquecido, pois sua pele foi de um vermelho escarlate para um vermelho claro quase adoecido. A flecha encravada em seu pescoço estava vermelha.

O invocador rangeu os dentes, irritado. A espada vívida permanecera no corpo de Tryndamere, mas Aatrox estava demasiadamente enfermo para pegá-la.

– Vamos embora – disse em sua voz indecifrável. Ele fez um feitiço com suas mãos, e os dois se teleportaram por um círculo no chão, desaparecendo no ar.

[...]

A batalha fora um fracasso. Devido às novas ameaças, como Lissandra e Aatrox, Sejuani teve de arcar com uma trégua com os avarosianos – algo que não a animava muito.

Após o desaparecimento de Aatrox, os guerreiros voltaram a si, acordando do transe. Todos voltaram para casa, infelizmente, após a triste situação. Sejuani ainda tentava engolir a sua infeliz tentativa de salvar a vida de sua inimiga. O quão trouxa ela fora ao pensar que seria dada como heroína por Ashe? Francamente. Sorte que só haviam avarosianos acordados, ou seja, Nunu e Tryndamere. Odiava a ideia de que algum dos seus acabasse vendo aquela cena. A chamariam de fraca.

Chegaram no superacampamento em pouco tempo – um dia. Ouviu muitos resmungos sobre não ter havido uma guerra justa, e muitos nem acreditaram no que Sejuani dissera sobre o guerreiro Darkin, o que a enfureceu.

Passou o resto do dia organizando suas tropas no acampamento, certificando de que todos estariam bem. À noite pôde ter um momento de calma, andando pelo local. Havia colocado Bristle para dormir em sua casinha ao lado dos cavalos, e ia direto para a sua tenda, quando se encontrou com Mestre Reed. O velho parecia perdido, meio distraído.

– A história sobre a guerra foi algo incrível que ouvi – ele disse. – A Bruxa, um Darkin, a flecha de Ashe quase tê-lo matado e o fato de Tryndamere ter sobrevivido mesmo com uma espada vívida se remexendo dentro de sua barriga foram coisas que me surpreenderam.

Sejuani sorriu. Gostava daquele velho.

– Realmente, mestre. Tantos mitos desmentidos em um só dia – ela suspirou. – Estou tão cansada, você não tem nem ideia.

– Você deveria dormir, minha rainha – a voz calma e “fofa” do velho a alegrava. – Fez muito pelo seu exército nos últimos dias, acredite. Ashe será eternamente grata pelo que fez, mesmo que você a faça acreditar que a odeia. Ações valem mais que palavras.

Sejuani fez uma expressão de pavor.

– C-Como você sabe?

O velho hesitou.

– B-Bem, eu sei de muitas coisas, hehe. Tenho poderes que você nem imagina, haha.

Sejuani quase se permitiu desconfiar de algo, mas riu de si mesma. Reed era um mago poderoso, podia ver muitas coisas, é claro. Sempre sabia das “artes” que ela fazia quando criança, não seria diferente agora.

– Bom – ele disse –, vim aqui para lhe avisar que talvez Ashe tenha seus próprios problemas, mas enquanto isso você também terá o seu.

Ela franziu a testa.

– Como assim?

Ele gesticulou para o lado, foi quando ela percebeu que estavam cercados. Homens vestindo roupas bárbaras mais sofisticadas saltaram de locais escuros com espadas, escudos, machados e martelos. Sejuani sacou seu mangual e o girou, atingindo todos que se aproximaram em cheio. Os que não foram atingidos começaram a ter partes do corpo congeladas espontaneamente, algo que deveria ter sido causado por Reed, sem dúvidas.

– Opa, não matem meus homens! – um homem maior e mais bem vestido apareceu nas sombras, mas sem armas nas mãos. Ele parecia um rei, com uma coroa de gelo e roupas de frio bastante sofisticadas. Ele tinha um cavanhaque e cabelos negros longos. Ele lembrava um pouco Tryndamere, só que numa versão mais nova e mais imprudente, ao tempo que mais moderna. – Só queremos conversar.

Sejuani cerrou os punhos.

– Se quiserem conversar dessa forma novamente, serão congelados e quebrados!

O homem sorriu.

– Claro, rainha Sejuani. Podemos conversar sério agora?

– Quem é ele? – ela perguntou a Reed, ignorando-o completamente.

Reed uniu as duas mãos, o manto fazendo-as parecerem ser uma só.

– É Sterkmere – ele respondeu –, o líder dos bárbaros do sul, irmão mais novo de Tryndamere.

[...]

Ashe olhou nos olhos de Tryndamere todo o tempo em que voltaram para casa. Não queria ficar longe do marido em momento algum, principalmente após ele ter sobrevivido àquilo. Ele suou muito e perdeu muito sangue, mas graças aos médicos avarosianos e aos curandeiros bárbaros ele estava bem.

– Você foi ótimo lutando contra aquela coisa – ela disse.

Tryndamere sorria, mesmo que isso lhe doesse. Ele segurava a mão dela, e ela não tinha nojo por ela estar ensanguentada. Não tinha mais nojo daquele homem enorme, não mais. O amava de uma maneira estranha. Nunca imaginou que poderia funcionar, sabe, aquela relação.

– O-obrigado – ele agradeceu. – Aquele ser... ele nem deveria estar entre nós. Ele foi expulso das fronteiras de Freljord por minha mãe, antes da mesma morrer.

Ashe percebeu que, pelos olhos de Trynda, ele sentia medo, como uma criança. Já ouvira histórias sobre os bárbaros do norte e sabia muito bem o porquê da tão repentina vontade de fazer uma aliança com os avarosianos. Mas não tocaria naquela ferida... literalmente.

– Sinto que temos muito a conversar sobre ele – ela disse.

Ele assentiu.

– Saberá de toda a história, em tempo. Não sei se estou pronto, ainda, claro – ofegava. – Mas não se preocupe... vou sobreviver. Não é minha primeira ferida fatal. Meu corpo deve estar se regenerando agora. Algo semelhante ao que você fez naquela torre após ser quase morta.

Ela riu.

– Sim, eu me lembro. É uma magia que nunca imaginei ser capaz de fazer – ela respirou fundo. – A magia parece estar voltando, não é?

Ele assentiu.

– Vou deixa-lo, por ora – ela continuou. – Precisa descansar, e eu, sair um pouco do seu quarto. Uma rainha não pode ficar fora das discussões sobre a guerra.

Ele sorriu e fechou os olhos, se preparando para descansar, e Ashe, para ver o que acontecia lá fora.

Ao sair do quarto de Tryndamere, percebeu que o castelo aparentava estar vazio. Ela não vira nada quando chegara, fora direto para o quarto do marido para vê-lo, e parece ter ficado por lá tempo demais. Nem trocara de roupa, ainda se vestia como uma justiceira da noite com o arco em mãos e aljava nas costas.

Ouvia vozes vindo do andar de baixo, do hall do trono de gelo. Sentiu um frio na espinha. Todos estaria lá, a esperando. Ela engoliu em seco e seguiu. Quando abriu as portas do hall, viu que haviam muitas pessoas nas laterais, como nas seções de julgamento, esperando respostas. Mas pareciam já estar recebendo-as.

– ...e depois disso, meus caros, o ser ancestral desapareceu com seu invocador, para longe, deixando nossa rainha, nosso príncipe, nosso rei... e Sejuani, nossa inimiga, livres – aquela voz gelou Ashe por completo. A mulher que se assentava ao trono era nada mais nada menos que ela, Lissandra. Sua trança caindo ao peito e sua expressão sarcástica eram reais demais para ser um pesadelo. Todos, inclusive ela, se viraram para Ashe. – Oh, Ashe, minha rainha. Eu me dispus a deixar toda a corte por dentro do que aconteceu na guerra, sob a perspectiva de Nunu.

Nunu estava ao lado de Lissandra, com uma expressão apavorado. Somente ele sabia quem ela realmente era. Thaynam estava em pé ao lado do trono, olhando para a sobrinha. Ele não sabia de nada, mas ao julgar pela expressão de Ashe, ele notou que algo estava errado.

Ashe caminhou de encontro ao tio, e ao chegar nele, sussurrou em seu ouvido:

Liss. Bruxa.

Continuou o percurso até o trono, enquanto Thaynam tentava processar todas aquelas informações, apavorado.

Ashe se virou para o povo.

– A conferência acabou. O que a Lady Lissandra disse é história. Podem ir. Qualquer coisa eu os chamo – todos permaneceram parados, intrigados. A rainha acabara de chegar, então por que estava mandando-os embora? – AGORA!!

Num surto de ímpeto, todos saíram da sala, desesperados. Pareciam amedrontados com a nova aparência da rainha, antes totalmente pacífica em suas roupas azuis, agora, retornada de guerra com seu traje obscuro.

Quando a sala estava vazia, restando apenas Ashe, Thaynam, Nunu e Lissandra, houve um silêncio mortal. A bruxa afastou-se do trono, percebendo que Ashe forçava a mão em seu arco.

– A vencedora – disse Thaynam em seu clássico tom sarcástico. – Sabe que eu sempre suspeitei?

Ela riu.

– Se acha esperto mas não conseguiu decifrar a pista sobre a antiga Lissandra? Haha. Você é ridículo Thaynam Frozenheart.

– Calada! – exclamou Ashe, duramente. – Se falar algo ofensivo de novo, eu meto uma flecha em sua fuça, sua vadia.

Lissandra gargalhou.

– Parece que a rainha certinha aprendeu a xingar? Vou ressuscitar sua mãe para contar a ela que você está andando com má companhia, Sejuani, claro, e está muito mal criada!

Ashe retirou uma flecha e preparou o arco. Se a soltasse, teria Lissandra morta.

– Não fale da minha mãe.

– O que pensa que fará, garota? Me matará? Francamente. Todos os seus seguidores saberão que você me assassinou, e, claro, irão querer saber o porquê. Não acreditarão que sou a bruxa, pois todos os meus praeglácios “me viram” crescer – sorriu; suas veias azulando devido ao gelo em seu sangue. – Irão te amaldiçoar por isso e irão te abandonar, e você nunca mais terá seu reino de volta. No máximo eu posso voltar à vida e encarnar em você. Aí eu mato todos que virem contra mim e ainda por cima faço deste um império de trevas.

Ashe recuou.

– Ótimo – a bruxa lambeu os lábios com sua língua fina. – Só me permitam viver nesse castelo novamente, pois não o visito faz quase mil anos. Na verdade, faz mais que mil anos. Francamente, me concentrei tanto em Rakelstake, por favor.

– Se não se intrometer em nossas lutas – concordou Thaynam.

– E não me assustar mais – concluiu Nunu.

Ashe virou-se para o tio, inconformada.

– Como assim?

Thaynam se aproximou da sobrinha, sussurrando.

Entenda que lutar contra ela é impossível. Ela é quase que uma deusa. Não pode ser morta.

Ashe engoliu em seco.

Qual seu plano?

Se Aatrox for mesmo uma ameaça, devemos eliminá-lo antes de pensar em ir contra ela.

Ashe assentiu e virou-se para Lissandra.

– Tudo bem, você pode ficar por aqui, desde que não nos atrapalhe. Temos um caso importante a resolver com Aatrox, entendeu?

Lissandra assentiu.

– E, se quiserem, posso ajudar. Adoro ser prestativa.

– Ah, claro.

[...]

Sejuani se sentou numa mesa à frente daquele homem desprezível. Ofereceu-lhe comida e vinho, apenas para analisa-lo, ver a forma como agia. Era terrivelmente educado à mesa, mas quando abria a boca, só falava besteiras. Nunca ia ao ponto que queria, falava sobre tudo, menos sobre o que queria. Mais parecia querer puxar assunto.

– ...aí eu perguntei: que porcaria é essa, cara. E sabe o que ele me respondeu?

Sejuani estava entediada, irritada e confusa. Quase fora morta em seu próprio campo por um homem idiota. Não era à toa que era da família de Tryndamere, pensou. Foi quando ele parou de falar, fez uma expressão sombria e riu.

– Agora que terminei de comer, posso ir ao ponto.

– E foi isso que ele respondeu?

Ele riu.

– Não, minha rainha. Agora eu posso ir ao ponto.

Sejuani se sobressaltou, agradecida.

– Graças à Serylda. Eu não aguentava mais você falar, puta merda, você fala demais. Vamos lá, me responda, que porcaria faz aqui?

Ele estalou os dedos, um clec que irritava Sejuani.

– É simples, Sejuani. Quero vingança. Como sabe, desertei dos bárbaros do norte após o massacre pelas mãos de Aatrox. O maldito ajudou os nortenhos a matar e massacrar os sulistas, e depois se voltou contra nós. Vi meu pai ser morto, meu irmão ser ferido gravemente e minha mãe, também morta, mas sem antes se voltar contra o Darkin que matou quase nossa vila inteira e o expulsou. Agora ele volta, impede que a guerra pelo trono prossiga e ainda fere meu irmão, novamente.

– Já sabe da história completa – intrigou-se Sejuani. – Como?

– Tenho meus informantes. Mas o ponto é que, após lutar por conta própria por tanto tempo, o demônio Darkin prefere agir como um mercenário, agora. Quero descobrir quem é o seu invocador, e por que está fazendo isso. Mas eu também quero o exército de meu irmão, sabe? E o trono de Freljord como consolação.

Sejuani não conseguia entender o homem, que se contradizia em diversos pontos.

– Não te entendo. Por que é líder dos sulistas se é nortenho? E por que quer matar seu irmão? Qual seu plano?

– Sabe, Sejuani, às vezes, homens fazem coisas sem sentido por poder. E é o que quero – ele respirou fundo, fazendo uma rápida pausa. – Nunca me senti integrado nos bárbaros do norte, e quando Aatrox se voltou contra nós, fugi. Fui pego por uma sulista que cuidou de meus ferimentos e me deu um lar. Mesmo sendo mais velha e eu, um adolescente, ela me tomou por esposo e “deu” para mim. Ela era nada mais nada menos que a rainha dos bárbaros do sul. Ela me treinou e me levou para a tribo dela, para que eu duelasse contra o ex esposo velho dela, o líder. Matá-lo foi fácil, adquirir a confiança dos bárbaros sulistas, nem tanto.

– Entendo.

– Não, você não entende – ele disse, contendo uma fúria interior. – Não entende como é ver seu povo massacrado por um ser ancestral diabólico diante de seus olhos.

Sejuani sentiu como se fosse ceder e deixar uma lágrima descer. Se conteve.

– Sei sim. Vi minha família perecer diante dos meus olhos, mas lentamente, por causa do frio. Cada dia eu os via ficar cada vez mais fracos e morrerem, enquanto eu parecia cada vez mais saudável. Já quis me matar por pensar que eu sugava a energia vital deles, mas o gelo parecia não me ferir. Fiquei sozinha, tive de enterrar meu pai, minha mãe, meus irmãos, todos na neve. Tive de percorrer todos os cantos de Freljord buscando ajuda, e consegui unir um exército! E você? Comeu uma vadia, matou um velhote e já se acha o reizinho? Já acha que merece o trono de gelo? Por favor, vá embora daqui antes que eu enfie uma estaca de Gelo Verdadeiro bem fundo nessa sua bunda gorda!

Ele fez uma expressão de surpresa, raiva e confusão. Não acreditava no que ouvia, como se nunca tivesse ouvido um não.

Ele se levantou.

– Ótimo – cerrou os punhos. – Pensei que poderia ter uma aliança com você, mas já vi que estava perdidamente enganado. Você me dá nojo, Sejuani Winters.

– E eu acho que se você não vazar daqui em cinco segundos, vou te dar de comida para meu javali – ele arregalou os olhos. – 5, 4...

Ele saiu correndo da tenda, como se fosse uma criança, não um rei.

– Patético – foi tudo o que ela disse. Mesmo assim sentiu que aquilo não havia acabado, por ora.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo talvez saia semana que vem :33



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