A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 21
Urgência




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- Pronto, Senhor Castellan. – Vi o homem entregar 3 chaves enferrujadas e antigas para Luke.

 

- Obrigado. – Ele murmurou. – Tome. – Ele entregou uma chave para Ethan. – Você fica com Kane. Eu e Percy ficamos em um quarto, Annabeth e Aghata em outro.

 

- Tudo bem. – Eles assentiram e começaram a subir as escadas. Luke começou a andar até mim, estendendo uma chave.

 

Eu estava no canto da sala abarrotada, abraçando minhas pernas em uma cadeira, chorando o mínimo que eu podia, observando o homem negociar com Luke.

 

- Aghata, vamos? – Ele estendeu a mão para mim. – Essa é a chave de seu quarto, Annabeth está esperando.

 

Eu não respondi, apenas assenti hesitante, me levantando e deixando que ele me abraçasse e me conduzisse para a escada, como se eu fosse uma doente em um manicômio. Arrisquei dar uma ultima olhada para o homem, e logo me arrependi. Ele estava me fitando sorrindo, quando percebeu que eu o olhava, mexeu os lábios, falando: cuidado, se proteja. Abafei o grito que se produzia em minha garganta e apressei o passo nas escadas.

 

- Você está bem mesmo?- Luke perguntou preocupado, enfrente a porta do meu quarto.

 

- Vou superar. – Eu menti. Faziam 6 anos e eu nunca superara.

 

- Tudo bem então, boa noite. Qualquer coisa é só gritar. – Ele me deu um beijo na testa e começou a andar em direção ao seu quarto.

 

- Luke... - Eu o chamei, fraca. - Tome cuidado. – Eu consegui falar, apesar de minha voz ser baixa e vacilante. Ele assentiu e voltou a andar.

 

Entrei no quarto, e para a minha total surpresa ele era de madeira. Duas camas de solteiro estavam posicionadas pressionadas às paredes, uma de cada lado.  O quarto era velho e marrom, tinha cheiro de coisa antiga e fazia meu nariz coçar.

 

Joguei minha mochila em uma cama e fui para o banheiro, pegando apenas o necessário: escova de dente, sabonete e moletom.  O banheiro era de madeira, com um espelho, um vaso e um chuveiro. Simples e pequeno.

 

Minha aparência estava horrível ultimamente, eu estava pálida, embaixo dos meus olhos tinham terríveis e permanentes olheiras, meu nariz estava vermelho, assim como meus olhos. Meu cabelo loiro estava pálido, e não fazia largos cachos como antes. Ausência de Apolo, pensei.

 

Lavei meu rosto, escovei os dentes, coloquei meu moletom e saí do banheiro.

 

- Se lembra de mim?- Uma voz disse atrás de mim, perto da janela. Preparei um grito alto, puxando ar, mas uma mão quente tampou minha boca. - Ei, relaxe, sou só eu. – Ele disse em meu ouvido, meu coração estava tão forte que machucava meu peito.  Lágrimas caiam na mão do homem, eu estava desesperada.

 

- Ai, graças aos deuses. – Eu me virei o abraçando, e deixando as lágrimas virem.

 

- Ei, shhh. Está tudo bem agora. – Ele afagou meu cabelo.

 

- Apolo, aquele homem... – Eu solucei, chorando desesperadamente.

 

- Ele não vai te machucar. – Ele me abraçou.

 

- Não, eu o machuquei. – Eu solucei, chorando mais ainda.

 

- O que? O que aconteceu, Aghata? – Ele nos sentou na cama, me aninhando em seu colo, como se eu fosse um bebê.

 

- Eu o matei, Apolo. – Eu chorei mais ainda, molhando sua camisa azul marinho.  

 

- Duvido que você tenha o feito. – Ele murmurou, afagando meu cabelo.

 

- Apolo, ele morreu por minha causa. – Eu levantei meu rosto molhado para ele.

 

- Como?

 

- Eu... Eu tinha nove anos. – Eu entrei em transe, como quando eu me lembro de certas cenas.

 

Eu estava viajando com a minha mãe, pois era meu aniversário. Minha mãe estava me levando para Washington, para conhecer as construções históricas, a meu pedido. Eu não era uma criança normal, eu não queria ir para a Disney, eu só queria conhecer a Casa Branca.

 

E quando nós paramos em Ohio, ficamos em uma pousada como esta, toda de madeira. Mas na época era viva e cheia de alegria. Um homem muito educado nos atendera, seu nome era Clancir Tarry, um nome que eu o prometera nunca esquecer. Eu o adorava, ele me dava doces antes do jantar e brincava comigo de enigmas. Ele era um homem amável, e sua filha se tornara uma grande amiga minha. Eu nunca mais queria sair do lugar, adorava, não queria voltar para casa, nem mesmo ir para Washington. Ficamos 3 dias lá.

 

Até que no dia que nós iríamos partir, uma empousa apareceu. Minha mãe não estava, só eu, Sr. Tarry e a filha dele, Morgan. Ela queria me atacar, mas eu gritava e uma bolha de energia me envolveu, me protegendo. Então a empousa resolveu me torturar. Ela começou por Morgan. Chegou o mais perto que pode de mim com Morgan nas mãos, ela se debatia e isso só deixava a empousa mais selvagem. Ela enterrou o rosto no pescoço de Morgan, enquanto eu gritava, até que só existia um corpo pálido e sem vida em suas mãos. E em seguida, partiu para cima de Clancir e nem ele e nem eu pudemos fazer nada. Eu só ouvia seus gritos, até que ele, em um ultimo ato, olhou para mim e murmurou: cuidado, se proteja.  Uma cicatriz feita pela presa da empousa cortava sua boca. E a esposa dele ficou louca, ela queria nos matar a qualquer custo, falando que nós o matamos.

 

Eu nunca mais pude esquecer a cena, via a empousa matando minha melhor amiga toda noite em meus sonhos, os gritos do Sr. Tarry enquanto via a filha morrer ainda ecoa na minha mente.

 

- Eu... Eu sinto muito. – Apolo me apertou mais ainda, enquanto eu estremecia e fungava de medo. – Mas a culpa não foi sua... – Ele parecia não saber o que falar.

 

- Sim, foi minha. Aquele homem só morreu porque eu não queria sair da pousada. Porque eu sou e sempre fui mimada e egoísta.

 

- Não, você não é. – Ele levantou meus ombros, me fazendo olhar em seus olhos dourados. – Aghata, você não poderia ser mais perfeita. – Ele sorriu.

 

- Apolo, eu sinto muito. – Eu suspirei.

 

- Pelo que?

 

- Por ter brigado com você.

 

- Ah. – Ele pareceu se lembrar, me encostando de novo em seu peito. – A culpa foi minha. Foi errado o modo que eu agi aquele dia. Eu não devia ter machucado o garoto. É só que me irrita que ele possa estar com você o tempo inteiro, que ele seja como você. Que ele seja melhor para você que eu. – Ele suspirou triste.

 

- Ei. – Eu levantei a cabeça, segurando seu queixo. – Ninguém nunca, nunca vai ser melhor que você para mim, nunca.

 

- Aquele homem não vai te machucar. – Ele sorriu, me abraçando mais ainda.

 

- Ele veio se vingar, não sei como.

 

- Pode ser outra pessoa.

 

- Apolo, você viu como aquele homem falou comigo? O modo como ele agiu? Como ele contou que me conhecera? A garotinha que ele estava falando, era eu. Ele veio se vingar.

 

- Isso não é possível, espíritos não voltam. No máximo eles reencarnam, mas não no mesmo corpo... – Ele parecia pensar.

 

Um estalo percorreu minha mente, então eu entendi aquilo tudo. O porquê de aquele homem estar ali, com a cicatriz na boca, cobrindo a do pescoço que as presas da empousa causaram. Entendi tudo.

 

- Hades... – Eu murmurei para mim.

 

- O que?- Apolo franziu o cenho.

 

- Ah, nada. – Eu não iria contar para ele, tudo o que eu menos precisava era Apolo com raiva, me vingando e causando outra discussão entre os deuses. – E então, que lado você escolheu?- Eu mudei de assunto.

 

- Lado?- Ele parecia confuso. – Ah, o do seu pai, é claro.  Eu não escolheria o lado daquela mulher nem que me obrigassem, e alem do mais, eu tenho que agradar meu sogro. – Ele sorriu. 

 

- Não acho que isso mude a opinião dele. – Eu sorri. 

 

- Ele ainda vai me aceitar como genro.

 

- Você é filho dele.

 

- Zeus tem muitos filhos, sou só mais um. – Ele deu de ombros.

 

- Eu também. – Eu ri.

 

- Ah, corta essa! Você sabe que é a preferida dele. – Ele deu um tapa no ar, bufando.

 

- Não sei por quê. – Eu dei de ombros, apesar de amar aquilo.

 

- Porque você é a filha que mais o orgulha.

 

- Ele me mima. – Eu ri.

 

- Você não é mimada, entenda.

 

- Claro que sim. Eu odeio perder, odeio quando as pessoas não fazem o que eu quero e sempre consigo tudo. Eu diria que isso é ser mimada.

 

- Você só tem o espírito de liderança e poder. É claro que para uma Filha de Zeus é estranho ser comandada e perder. Todo Filho de Zeus tem sede de poder.

 

Eu estava prestes a contradizer, quando Apolo pegou meu queixo com o dedo e me beijou. Eu estava com tanta saudade dele, meu corpo o pedia, meus lábios queriam engolir os dele. Eu senti meu corpo se apertar mais ao dele, meus lábios apressados e urgentes lutando contra os calmos dele e de novo aquele fogo lambia meu corpo. Eu me sentia em combustão. Aquilo nunca havia acontecido antes com tanta força e urgência, meu corpo todo o pedia, todo. Até minhas partes mais vergonhosas queriam se aproximar dele.

 

Afundei minha mão em seu cabelo, enquanto a outra puxava sua blusa para mais perto de mim. Sua mão segurava minha nuca e a outra minha cintura. Ele estava calmo, enquanto eu queria gritar.

 

- Er... – Um pigarro veio da porta, pulei do colo de Apolo por reflexo, colocando a mão em Alexis. – Desculpe, é que... Eu senti sono, mas acho que vou falar com Percy. – Annabeth corou fechando a porta de novo com urgência.

 

Eu rolei os olhos de um lado para o outro sentindo o calor de minhas bochechas, então parei em Apolo. Ele tinha uma expressão divertida, mas envergonhada, apesar disso não estava corado, se é que isso é possível.

 

- É... Você está com sono?- Ele tentou mudar de assunto sem graça.

 

- Um pouco. – A verdade era que eu não estava com sono, só cansada, mas estávamos tão sem graça que qualquer desculpa era boa para fugir da situação.

 

- Então eu vou deixá-la dormir. – Ele me deu um beijo na testa e começou a se levantar da cama.

 

- Você é louco?- Eu puxei seu braço. – Vai me deixar pra morrer com aquela... Coisa?- Eu estremeci.

 

- Ele não vai te machucar. – Ele riu tocando meu rosto e me olhando doce.

 

- E você não vai me deixar. – Eu dei um puxão mais forte que eu pude, o fazendo deitar na cama ao meu lado.

 

-Mimada. – Ele riu me abraçando.

 

- Eu disse. – Passei meus braços em sua cintura, chegando mais perto. Ele aconchegou minha cabeça em seu peito e me deu um beijo na bochecha.  

 

- Minha mimada. 

 


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