A menina e o Lobo escrita por Bonnie Only


Capítulo 8
Sanduíche de frango




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Era de manhãzinha. Estava um pouco mais frio do que o normal. Acordei com as conversas do papai e seus amigos. Estavam com uma rede, provavelmente, hoje eles iriam passar o dia fazendo armadilhas.

Com meus pequenos olhos, começo a observar papai. Ele nota que estou acordada, manda um beijo para mim e sai porta à fora. Dou um sorrisinho para ele.

Após me certificar que ele saiu, me levanto rapidamente, feito um furacão. Eu não sentia fome, então resolvi pegar o meu sanduíche de frango para levar ao Kenai. Eu pretendia procurá-lo novamente. Me agasalhando bastante, coloco meu macio gorro rosa e abro a porta da cabana, enquanto guardo o sanduíche de frango em meu bolso. Talvez Kenai só conseguisse se alimentar de peixes e, notei que ele não é muito experiente nisso, então levar meu sanduíche para ele seria uma ótima idéia.

Ao abrir a porta, percebi que a neve estava pouca, mas caía em uma rápida velocidade. Não me importei. Fui pra baixo dela, em busca do lobo-branco, Kenai.

— Kenai? — Eu gritava, minha voz parecia muito solitária em meio àquele lugar, que nevava muito. — Eu trouxe sua comida! — Gritei.

Andando para cantos nos quais não havia ido, me senti um pouco perdida em meio a quantidade maravilhosa de neve que caía. Mas para minha alegria, logo avisto Kenai, com sua mesma posição de sempre, delicado e maravilhoso. Logo chamo seu nome, ele olha para mim, saindo de seu momento de distração, enquanto pequenos flocos de neve caíam em seu maravilhoso rosto branco.

Ele logo finge que não estou perto. Esse era uma das coisas que eu adorava em Kenai.

Me aproximo dele, logo tirando o sanduíche do meu bolso.

— Toma, eu trouxe isso aqui pra você. — Falei, retirando o plástico transparente que embrulhava o sanduíche.

Ele começa a cheirar todo o local, eu logo jogo o sanduíche na neve e, ele, desesperado começa a comer.

— Eu só espero que não se acostume. .. É que nem sempre eu fico sem fome. Quando eu estiver com fome, eu terei que comer o sanduíche. Mas não se preocupe, toda vez que eu não quiser meus sanduíches, vou trazer para você. — Espirrei, enquanto conversava sozinha e Kenai comia sem me dar atenção. — Obrigada por me ouvir. Você não me matar, é uma ótima forma de me dizer que quer ser meu amigo. — Eu falei, ele continuou a comer.

Após ele terminar, virou as costas e saiu, me deixando sozinha, sendo consumida pela neve.

— Kenai, não me deixa aqui não! — Gritei. — Papai dessa vez não vai brigar comigo! Ele está muito ocupado criando armadilhas! — Comecei a segui-lo. Algo me diz que ele não gosta que eu o siga.

Não vencendo dessa vez, Kenai se afastou de mim, me deixando sozinha, enquanto a velocidade da neve aumentava. Desistindo, caminho de volta para a cabana, cabisbaixa.

Entro lá. Estava mais quente do que lá fora, decidi ficar ali, sentada, encostada na parede de madeira escura, esperando os dias se passarem, para enfim, partir para minha cidade natal.

Quase meia hora depois, me assusto quando papai chega, retirando seu gorro preto e o sacudindo, derrubando uma bela quantidade de neve, enquanto seus amigos faziam o mesmo.

— A nevasca está pesada. Conseguimos ativar apenas umas sete armadilhas, o restante vai ter que ficar pra amanhã. — Papai disse. — Já comeu, Melody?

Assenti com minha cabeça rapidamente.

— Bom, acho que por hoje chega. Amanhã podemos matar mais alguns miseráveis. — Papai se deitou.

O céu ainda estava claro, mas logo escureceria. Enquanto isso, eu era obrigada a observar os caçadores arrastando os corpos de lobos, raposos e corujas, pra lá e pra cá. Temia que em algum dia desses, trouxessem Kenai sem vida. Estremeci só de imaginar.

Encolhida em um canto, sentada no chão, eu não via a hora de tudo isso acabar. Mas... A quem eu estava enganando? Isso nunca acabaria. Sempre haverá as nossas viagens para matar os animais. Eu só queria que isso acabasse, mas não posso fazer nada à respeito.


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