POV-Allison

Aí como é bom voltar a ser eu mesma, antes eu não me reconhecia quando me olhava no espelho. Mas nada acontece por acaso, o amor da minha vida, pai da minha filha voltou para nossas vidas e graças a ajuda e paciência dele, eu vou mudando aos poucos. Hoje vejo que meus filhos estão mais felizes, mais sorridentes e eu mesma estou sorrindo mais, parei de beber, de me prostituir e me drogar. Estou voltando a estudar e quero ser alguém na vida, para poder dar uma vida melhor para os meus filhos!

Estamos em casa, assistindo um filme, Ian tinha razão Annie é uma boa pessoa e com certeza ela gosta muito da Samantha. Foi divertido essa tarde de mãe e filha, com a Samantha, quando ela disse que nunca iria cortar os cabelos, imediatamente lembrei de mim com 7 anos.

~Flash back on~

Eu estava no meu quarto, ensaiando um número de balé para a apresentação da escola, quando minha mãe Selena invadiu meu quarto me puxando pelos cabelos e dizendo:

–Hoje você vai cortar esse cabelo e sem discussão!-disse ela me colocando sentada na cadeira.

–Não mamãe, por favor!-implorei.

Mas ela me ignorou, minha mãe sempre foi dura comigo e nada do que eu fazia para ela estava bom. O único que sempre esteve do meu lado era o meu irmão, Drake, pois meu pai sempre foi o capacho dela.

–Não brigue com a Allison!-disse Drake chegando antes que ela cortasse meu cabelo.

–Mas ela precisa cortar esse cabelo horroroso!-disse minha mãe puxando meu cabelo com muita força.

Drake se agachou, segurou em meu queixo e levantou minha cabeça. Olhou dentro dos meus olhos, enxugou as lágrimas que começaram a cair e disse com a maior calma do mundo.

–Olha se você deixar eu cortar, prometo que corto só as pontas!-disse ele juntando as duas mãos.

–Jura?-digo fazendo bico.

–Sim, eu juro!-ele sorriu.

–Então está bem, eu deixo!-digo sorrindo.

Ele beijou minha testa, e disse a minha mãe:

–À partir de hoje, sou eu quem corto o cabelo da minha irmã e só vou cortar as pontas!-disse Drake com a maior autoridade.

Minha mãe apenas revirou os olhos e aceitou. E desde desse dia quem cortava meu cabelo era o Drake, ele se tornou muito bom nisso e descobriu sua vocação.

~Flash back off~

Eu sinto falta dos meus pais, por mais que eles fossem duros comigo, eles me amavam só que do jeito deles. Minha mãe não era uma pessoa má, tudo o que ela podia fazer por mim, ela fazia, mas isso não quer dizer que ela não implicava comigo. Mas agora eu a entendo, ter filhos não é fácil ainda mais quando você vira mãe ainda criança.

Depois do filme, Annie se despediu e foi embora, ficamos apenas Samantha e eu, sentadas na sala e ela me perguntou:

–Por que nunca me contou que tinha um irmão?

Eu abaixei a cabeça, tentando pensar em uma resposta, mas eu não a tinha.

–Eu não sei Samantha! Acho que nós nunca nos sentamos e conversamos sobre o meu passado, sobre seus avós e sobre seu tio.-digo olhando dentro de seus olhos.

–É verdade! O único parente seu que conheço é o Adam.

Me assustei quando ela disse isso, Adam é meu primo, não falo com ele a anos e nem me lembro de seu rosto.

–Como o conheceu?-perguntei curiosa.

–Foi num passeio que a escola fez para o Parque Paris, o Adam trabalha lá como guia turístico, ele olhou a minha identidade e viu seu nome. Começamos a conversar, ele foi muito gentil e disse que sempre que eu precisasse de alguma coisa, era só falar com ele!

Percebi que ela ficou feliz em falar do Adam, então eu tive uma ideia.

–Então eu acho que você iria gostar de saber mais sobre nossos parentes?!

–Sim!-ela abriu o sorriso mais lindo de todos.

–Sobre quem você quer saber primeiro?-perguntei me ajeitando no sofá.

–Vovó e vovô!

–Ok! Sua avó se chamava Selena, ela era uma das mulheres mais refinadas de todo bairro. Quando ela e seu avô Augusto se conheceram, ela tinha 20 anos e se apaixonaram, mas seu avô já tinha sido casado com outra mulher e teve um filho, Drake, de 4 anos e depois de alguns anos, eu nasci.

Os olhos de Samantha brilhavam cada vez mais, eu estava adorando vê-la daquele jeito, eu me arrependo de não ter participado da infância da minha filha e agora parece que tudo o que ela faz ou diz é novo para mim.

–Por que me olha desse jeito?-perguntou ela, já ficando envergonhada.

–É que eu queria me lembrar mais de você quando era bebê!-digo passando a mão em seu rosto.

Ela sorriu e disse:

–Tudo bem, mãe! Você era uma criança na época, não sabia o que fazer. Eu sei que não há como recuperar o tempo perdido, mas isso não quer dizer que eu não continuo sendo sua bebê!

Ouvi-la dizer isso é sentir meu coração se encher de felicidade, misturado com amor e mais felicidade! Lágrimas desciam pelo meu rosto e cada gota que caía, Samantha as enxugava com o maior cuidado.

–Mãe...-chamou ela.

–Eu!-digo me recompondo.

–Como foi que você aguentou ficar todos esses anos longe do meu pai?-ela olhou pra mim, séria.

Respirei fundo, isso é algo complicado pra mim, sei que já se passaram anos mas ainda dói lembrar disso.

–Eu não aguentei, filha! Mas tentei ser forte por você, mas depois que você nasceu eu desabei, me entreguei as drogas e me afundei cada vez mais na bebida, apenas para tentar amenizar a falta que o seu pai me fazia.

Estou sendo sincera com ela, não vou mentir pois sei que ela me perguntou isso porque sente falta do Kevin e quer um conselho de como suportar isso de um jeito fácil. Só que não existe jeito fácil de lidar com a saudade de uma pessoa que é muito importante pra você!

–Eu sei como é sentir falta de alguém que você me ama, mas não podemos criar falsas esperanças de que ele pode voltar a qualquer momento.-digo olhando para ela e no momento seu sorriso desapareceu, algo doloroso se instalou em seu coração.

–Minha filha, eu não digo isso para te deixar mal, é só que você precisa entender que há sim chances dele voltar, mas também a chances dele não voltar. E se ele não voltar você tem que seguir em frente, sei que vai ser difícil mas você precisa tentar!

Ela me olhou, com aqueles lindos olhinhos azuis expressando tristeza, e eu senti a dor dela. A abracei bem forte, fazendo cafuné em seus cabelos e ela disse:

–Mãe eu não sei se vou conseguir seguir em frente sem ele!

–Vai sim, você é forte!-digo tentando animá-la.

–Não, não sou! Eu me deixei levar um garoto que mal me conhecia e acabei sendo estrupada!

Ela não se aguentou e caiu em lágrimas, ela estava desesperada. Samantha não vai superar isso tão fácil e eu estou tentando ignorar, que mãe desnaturada eu sou!

–Oh meu bem, calma! Me desculpa, eu quero te ajudar mas não sei como.-digo a abraçando bem forte.

Samantha soluçava de tanto chorar, ai como eu quero acabar com toda essa dor que ela está sentindo, mas não sei o que fazer. Ela está tremendo, vou até a cozinha, pego um copo d'água e um calmante pra ela. Voltei ao sofá, me sentei ao seu lado, ela tomou o comprimido e aos poucos foi se acalmando.

–Eu quero seguir em frente, mas a vida não quer deixar! Hoje, por exemplo, eu adorei fazer compras e pintar meu cabelo, mas não me senti completa.

Admito que fiquei chateada em ouvir isso dela, mas tentei não demonstrar.

–Não quero que você se sinta mal, não é culpa sua. Sou eu! Eu não me sinto completa, algo está faltando em mim só não sei o que é.-ela segurou em minha mão e apertou forte.

Eu dei um sorriso meio falso, tentando esconder que estava chateada e funcionou. Samantha sorriu também e depois subiu para seu quarto. Olhei as horas no relógio, já era 11:00 da noite, resolvi me deitar também.

Acordei meio assustada sentindo algo me segurando, olhei para o lado e lá estava ele. Ainda com a roupa da viagem, me virei de frente pra ele e fiquei olhando seu belo rosto. Eu fico fascinada com ele e impressionada pelo o modo como eu amo!

–Por que está me olhando?-sussurrou ele ainda de olhos fechados.

Eu sorri e disse:

–Senti sua falta!-respondi dando um leve beijo em seus lábios.

Ian abriu os olhos, sorriu, e me puxou para perto dele e selando nossos lábios em um beijo ardente, nós rolamos na cama e acabamos com ele em cima de mim.

–Eu também senti sua falta!-disse ele acabando com o beijo.

Ele se deitou ao meu lado, passou a mão em meu rosto e disse:

–Dorme comigo essa noite?-perguntou ele fazendo uma carinha de cachorro pidão.

Eu ri e balancei a cabeça, mordi os lábios e concordei. Me virei de lado, Ian colocou um de seus braços na minha cintura e me puxou para mais perto dele, sorri ao sentir seu perfume doce invadir o meu nariz. E assim adormecemos, de conchinha, debaixo das cobertas sentindo o calor um do outro.

É incrível como você consegue falar direto com o meu coração
Sem dizer uma palavra, você pode iluminar a escuridão
Posso tentar quantas vezes quiser, mas não consigo explicar
O que eu ouço quando você não diz nada

O sorriso em seu rosto permite-me saber que você precisa de mim
Tem uma verdade em seus olhos dizendo que nunca me deixará
O toque de sua mão diz que você vai me pegar sempre que eu cair
Você diz o melhor quando você diz nada

Durante todo o dia eu posso ouvir pessoas falando em voz alta
Mas quando você me abraça forte, você afoga a multidão
(afoga a multidão)
Por mais que tentem, eles nunca poderiam definir
O que foi dito entre o seu coração e o meu

O sorriso em seu rosto permite-me saber que você precisa de mim
Tem uma verdade em seus olhos dizendo que nunca me deixará
O toque de sua mão diz que você vai me pegar sempre que eu cair
Você diz o melhor quando você diz nada

O sorriso em seu rosto permite-me saber que você precisa de mim
Tem uma verdade em seus olhos dizendo que nunca me deixará
O toque de sua mão diz que você vai me pegar sempre que eu cair
Você diz o melhor quando você diz nada

Você diz o melhor quando você diz nada
(Você diz o melhor quando você diz nada)

O sorriso em seu rosto
A verdade em seus olhos
O toque da sua mão
Me permite saber que você precisa de mim