Violette Von Bismarck escrita por Petra


Capítulo 7
Azar nos Dados


Notas iniciais do capítulo

O nome do capítulo diz tudo. A partir de uma certa parte do capítulo anteiror, eu e o Marian (npc) tivemos uma onda de terrível azar jogando dados... Aí foi isso que aconteceu =P



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Haviam percorrido um trecho de mata fechada, mas esta estava rareando, e logo se encontraram na borda da área coberta. Um grande espaço aberto se estendia à frente e podia-se vislumbrar um pequeno vilarejo murado. Marian gritou-lhe, sem diminuir a marcha, que era para lá que iriam, e lançou-se para fora da floresta. A garota ainda hesitou um pouco, mas acabou por segui-lo como podia. A certo ponto, já quase não se agüentava sobre as pernas, e o ferimento – que se abria cada vez mais – não ajudava.

 

Ela começou a se distanciar demais do outro que seguia na frente, mas em seu orgulho resolveu não chamá-lo, continuava, cambaleante e abalada, mas recusou-se a ceder a uma sensação tão humana. Desistir é para fracos. Por um momento ela se desequilibrou e quase encostou o joelho no chão, mas se recobrou a tempo de ver o vulto que passava rapidamente ao seu lado. Era um dos lupinos cinzentos, correndo sobre quatro patas e com os dentes à mostra, que a ignorou completamente e se lançava diretamente sobre as costas de Marian, o qual mal pôde reagir.

 

O atacante agarrou com a mandíbula o ombro dele e em um piscar de olhos já se banhava em sangue. O homem tentou se soltar e alçou a mão direita até o antebraço esquerdo, onde prendia suas adagas de arremesso. Retirou uma e golpeou com ela o focinho do lobo, o golpe, no entanto, pegando de raspão, surtiu pouquíssimo efeito, mas pelo menos serviu para afastar o lupino.

 

Na breve trégua obtida, Marian se virou rapidamente para o outro, que se encontrava sobre duas patas a poucos metros, porém o intervalo não durou muito e o homem-lobo jogou-se com as patas da frente sobre ele, desferindo golpes na direção de seu rosto. Marian também era rápido e conseguiu se esquivar do ataque principal, chegou a arremessar a adaga no movimento, mas uma das patadas atingiu sua face, ferindo-o não muito gravemente, mas desequilibrando-o e inutilizando o arremesso.

 

A esta altura, Violette já os alcançava e iniciou sua investida contra o animal, sacando seu punhal, mas o alvo mal lhe dava atenção.

 

Durante um dos movimentos que deixava-o mais longe da garota, o lupino desferiu mais um golpe no rosto do outro homem, que caiu no chão, e então abaixou-se, apoiando uma das patas pesadamente sobre o tórax do outro – que estalou sinistramente – e abocanhou seu ombro, rugindo irracionalmente.

 

Marian conseguiu alcançar uma das adagas que lhe restavam, mas não chegou a brandi-la, pois teve seu braço preso fixamente por garras. Recebeu ainda mais uma bofetada na cabeça. Neste ponto a garota chegou a seu lado e, sem pensar duas vezes, lançou um golpe visando o pescoço do atacante, no entanto, este foi mais rápido e jogou-se para o lado, ensaiando uma patada que não a alcançou e que nem mesmo chegou a oferecer perigo para ela, que seguramente não teria conseguido se desviar.

 

Violette olhou com o canto de olho para Marian, que não se movia, e por um segundo se alarmou, porém rechaçou qualquer pensamento e concentrou-se naquele ser que se agachava em frente a ela.

 

Este saltou, visando a cabeça da garota, mas ela, por reflexo, abaixou-se, fazendo com ele passasse por cima. Num impulso que surpreendeu a ela própria, estendeu o braço armado durante o movimento, atingindo em cheio o peito do animal, que aterrissou mal e caiu, dando tempo a ela de se levantar e postar-se por cima dele. O homem-lobo começou a se levantar e sua pata dianteira ainda atingiu a lateral do corpo da menina, mas já era tarde demais: o cabo do punhal de Violette era só o que se via da arma fincada no pescoço dele.

 

Quando a aberração desabou a seus pés, ela retirou seu punhal da carne deste e limpou-o na barra da sua já rasgada capa. Notou que bastante sangue respingara em seu rosto e mãos, limpou-se como pôde. Assistiu brevemente a besta voltando a sua forma humana e depois voltou-se para onde estava Marian. Ele se encontrava caído da mesma forma que o vira antes, virado para cima, com o rosto voltado totalmente para o lado direito, um braço torto sobre o próprio corpo e o outro semi-esticado para o lado. Não esboçava movimento e estava rodeado por seu próprio sangue. Outrora ela teria dito que ele estava morto, e o mesmo o diria agora um leigo, mas ela sabia outras coisas. Ele era um vampiro e não morreria tão facilmente. O que lhe acontecera era talvez pior para a situação de Violette: ele entrara em torpor.

 

A garota entendia a situação e arrependeu-se por não ter se esforçado mais em entender seu próprio clã... Achava que poderia desperta-lo se tivesse desenvolvido mais as habilidades típicas de Capadócios, conhecidos por controlar situações relacionadas à morte. Mas herdara esse desinteresse de seu Senhor, o qual evitava majoritariamente envolver-se com qualquer outro vampiro e mantinha-se o mais longe possível de batalhas, portanto também pouco se utilizaria de poderes como aqueles. Agora, de repente, se via em uma situação que tais recursos lhe seriam muito úteis. Agradeceu pelos papéis que trazia em sua bolsa, um dos quais poderia talvez trazer algo sobre isso. Resolveu que depois os vasculharia e então recuperaria o atraso.

 

Vendo-se já no meio do trajeto até o vilarejo, ela decidiu-se que procuraria refúgio lá. Olhou para os corpos estendidos. Mordeu o lábio. Tinha um metamorfo morto e um vampiro inconsciente a um metro de distância e não poderia estudá-los. Pior que isso. Relutantemente, percebeu que não poderia deixar Marian do jeito que estava; se ele estivesse morto já, ela não hesitaria em abri-lo, estudar seus órgãos, dá-lo aos lobos ou, no caso, largá-lo ali, mas ele ainda estava algo como “vivo” (ou o que quer que os vampiros fossem) e poderia lhe ser útil ainda. Era ele quem sabia o local exato para onde iriam, e o que deveriam encontrar, e abandonar o plano no qual ela se via imersa até o pescoço agora não lhe parecia uma idéia a considerar.

 

Voltou ainda até o lobisomem e usou o cabo de sua adaga para arrancar-lhe um dente. Limpou-o e guardou como lembrança, envolto em uma tira de pano, em sua bolsa. Considerava a hipótese – equivocada, diga-se de passagem – de que aquele seria o primeiro e ultimo lobisomem que veria.


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Notas finais do capítulo

Postado 29/03/10



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