Violette Von Bismarck escrita por Petra


Capítulo 4
Transposição




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60191/chapter/4

Ele tentara, por um bom tempo, manter um diálogo: puxava assunto, fazia comentários espirituosos e perguntava sobre sua ocupação, sua vida, seu clã, sua cidade, sobre Greta, qualquer coisa; porém ela se limitava a fitar o caminho e se abstinha de dizer qualquer coisa, coberta pelo capuz, poderia estar dormindo que não faria diferença, mas ele sabia que ela estava acordada, somente não queria, não sabia, não podia ou não estava acostumada a responder. E ele acabou por desistir de manter uma comunicação.

 

Andaram em passo lento até uma borda da floresta, onde os cavalos se sentiam mais confortáveis, e passaram então a um trote leve, continuando seu percurso margeando as árvores. Seguiam a esquerda do bosque, e mais uma vez disposto a quebrar o silêncio, Marian testou um assunto que esperava que rendesse mais.

 

- E seus pais?

 

Novamente não recebeu resposta, mas achou que o silêncio dessa vez era diferente, ao menos ela parecia tê-lo ouvido. Ele achou tê-la visto contraindo os músculos das costas, parecia constrangida ou seria sua imaginação? Sem saber seus próprios motivos, Marian sentiu-se satisfeito.

 

Progrediram por certo tempo, mas então estacaram, divisando dois vultos altos e robustos saindo das árvores. Ao voltarem-se para eles, sob a luz da lua, mostraram-se dois homens barbados e vestidos com roupas grossas de couro cru e peles. Um portava um machado de guerra e o outro trazia uma espada larga e curta. O com o machado, que aparentava ser jovem e tinha uma barba ruiva pouco espessa juntando-se com o cabelo desgrenhado, postou-se mais a frente e levantou o rosto para os dois a cavalo que se encontravam a cerca de dez metros, enquanto avançava em direção a eles.

 

- Ah se fomos avisados de vocês! E estão aqui, na estão? Há! Passe a garota pra gente e vamos deixar você ir, garotão.

 

O homem mais atrás, de barba e cabelo negros, riu da abordagem do outro, seguindo-o com as mãos apoiadas no cinto. Marian empertigou-se e lançou seu sorriso convencido, o qual não foi visto pelos recém-chegados.

 

- Ou o que? Somos dois também.

 

Sussurrou então para que Violette desmontasse do cavalo. Ela, que já imaginava o que se sucederia, apressou-se em obedecer. Eles poderiam até tentar entrar em combate montados, porém não possuíam armas para tal e a altura acabaria lhes sendo desvantagem.

 

O ruivo pareceu irritado e parou, restando cinco metros ainda a separá-los. O outro o alcançou.

 

- Só dá ela pra gente e vai estar tudo acertado. Nossas ordens são pra levar a garota por bem ou por mal. - Disse o primeiro.

 

Marian, que já desmontara também, avançou um pouco, seguido por Violette com adaga em mão, e então parou novamente.

 

- Acho que nenhum de nós gostou do plano... Então terão de impô-lo a nós. Boa sorte.

 

O mais jovem começou a movimentar-se em direção a Marian, mas o moreno soltou um grunhido feroz e avançou rapidamente, ultrapassando-o. Violette, postada a alguns metros a direita de Marian, pretendia desviar do que a atacava e apunhalá-lo ao mesmo tempo, mas quando o homem chegou próximo a ela e brandiu um punho e ela moveu-se para o lado, foi rechaçada por uma cotovelada deste no tórax e desequilibrou-se, movendo-se por uma boa distância antes de cair sobre o joelho. Ela percebeu que o outro não a mataria – senão teria usado a espada – mas que pretendia levá-la desacordada. Apoiou-se em uma mão e conseguiu recobrar-se sobre os pés, estendeu a adaga a sua frente ainda agachada. Seu atacante se virara para ela e já avançava, mas então foi atingido pelas costas por algo. Ele se virou para o que lhe atingira, dando as costas para a garota, que pôde ver uma faca presa ao ombro deste.

 

Ela resolveu atacar o inimigo vulnerável, mas notou que se encontrava ela própria vulnerável quando ouviu um som atrás de si. Mal teve tempo de virar-se quando foi acertada por um chute no rim. Ela rolou um tanto e tentou colocar-se de pé rapidamente. O homem com o machado foi mais rápido e agarrou seu pescoço, levantando-a. Ela, sem ter a mínima chance contra a força do bruto que a segurava, conseguiu ainda puxar sua adaga que havia caído no chão e enterrou-a no braço dele, que urrou e a soltou.

 

Caindo em pé, cambaleante, ela se postou semi-curvada e brandiu a adaga em direção ao homem, foi recebida com um soco no rosto e caiu mais longe, dessa vez de costas. Apoiando-se nos cotovelos, começou a se reerguer, pretendendo afastar-se do homem e este, nervoso, começava a levantar o machado, mas então algo lhe chamou atenção subitamente na direção de onde se encontrava Marian. O homem olhava para cima e pareceu assustado. Ouviu-se um uivo alto vindo de lá. Ele ensaiou uma recuada, mas distraíra-se por tempo suficiente para que a garota se precipitasse para a frente, e reagiu tardiamente a isso, não conseguindo se desviar do golpe que se aproximava e que acabou por abrir-lhe a garganta.

 

Ela, vendo-o cair, ficou grata por sua própria capacidade de concentração, sem a qual seria quase certamente distraída também por o que quer que tivesse aparecido lá – uma ilusão criada por seu companheiro, provavelmente. Virou-se para o local onde estiveram o moreno e Marian e de onde viera o uivo, porém não havia nada de sobrenatural se passando, ela chegara a pensar que veria um lobo gigante ou algo do tipo, mas a aparição provavelmente já se dispersara por não ser mais necessária: o ruivo caíra a poucos palmos de si e o moreno residia aos pés de Marian, com uma faca estocada em sua cabeça.

 

- Sigamos agora. Eles conseguiram, no mínimo, nos atrasar um bocado. – Disse Marian, recolhendo suas facas de arremesso do corpo a sua frente.

 

Eles recuaram até uma parte do caminho até onde se encontravam os cavalos – que haviam se afastado, mas felizmente não fugido, durante a batalha – e montaram. Retomaram o percurso, desviando levemente dos corpos para não assustar as montarias e aceleraram, pois tinham ainda uma longa noite pela frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O 5º capítulo ainda está uma porcaria (pois é... pior que o resto!) então eu posto depois =/
 
P.S.4/03 - ok.. vou demorar um pouco pra postar porque estou na faculdade agora.. e é dificil arranjar tempo para escrever =P



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Violette Von Bismarck" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.