Violette Von Bismarck escrita por Petra


Capítulo 3
Adição




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Já se utilizando de sua usual frieza calculista, notou que precisaria de um transporte mais eficiente. Sabia a localização básica de onde estava e para onde deveria ir, apesar de nunca ter deixado sua província, e que agüentaria bem mais que um humano qualquer, porém também sabia como eram suas próprias capacidades, e não superestimava suas habilidades físicas. Como não tinha idéia de quão longe seria a próxima cidade, resolveu que procuraria um cavalo, mesmo que fosse perigoso reaproximar-se da área aberta de seu vilarejo.


Silenciosamente, dirigia-se de volta, parte pelo caminho que viera, porém desviando-se para o nordeste, de forma a chegar o mais próximo possível da parte rebaixada da cidadela. No silêncio opressivo quebrado apenas por seus passos leves, ela se perguntava se ainda haveria algo inteiro no local, ou alguém vivo. Preocupava-se principalmente com a ideia de os atacantes terem matado todos... E que isso incluísse os cavalos... A possibilidade da exterminação de sua única chance de transporte a irritava. Por isso sentiu-se grata ao chegar à borda do bosque, podendo assim distrair-se de suas conjecturas que se revezavam com terríveis imagens da capela queimando e levando com ela todos os anos de trabalho, seus papéis e seus “souvenires” que colecionara com o tempo.


Sob a copa das árvores, rente ao alcance máximo da floresta, observou que não havia nenhum movimento aparente no povoado, “rápido demais” comentava a voz cética em sua cabeça, mas uma vez ao menos Violette decidiu ignora-la, mas tinha consciência de que era, mesmo assim, arriscado aventurar-se sob a luz da lua, onde seria facilmente vista. Demorou-se um pouco, no entanto, estudando melhor o ambiente e suas chances, então ainda se encontrava no mesmo lugar quando de súbito pode ouvir sons de aproximação vindos de entre as árvores e atrás de si. Virou-se silenciosamente e agachou-se de encontro a algumas raízes, tentando distinguir os ruídos enquanto forçava a vista.


Já não surpresa - reconhecera o padrão dos passos - viu aproximar-se lentamente, por entre as sombras, um cavalo inteiro negro, seguindo em direção ao espaço aberto. Trazia em seu pescoço uma corda rompida e pareceu notar a presença da garota, mas não deixou-se intimidar e continuou naquela direção. Dessa vez curiosa, estranhando a naturalidade do animal, que excetuava a regra geral da aversão dos animais por vampiros, Violette se levantou e estendeu os braços. Supreendendo-a mais, o cavalo avançou e estacou a poucos centímetros de suas mãos. Notando seu papel no estranho ritual, ela sorriu e andou na direção dele, que por sua vez apenas aguardou. A menina encostou em seu focinho e notando que não havia reação de repulsão, dirigiu-se à lateral do cavalo, acariciando-o na extensão do pescoço.


Olhando ao redor, ela considerava a probabilidade de ter tal sorte. Improvisou com a corda um cabresto e experimentou apoiar-se no lombo do cavalo. Mais uma vez impressionada coma docilidade do mesmo, montou com um salto, agradecendo as raras oportunidades que tivera de visitar os estábulos de seu pai, que só podia freqüentar na ausência da família e dos cavalariços, mas que lhe foram suficientes para aprender a montar.


Guiando ainda um pouco receosa, virou-se na direção que assimilava como oeste e que decidira seguir. Assim progrediu por um tempo até adquirir confiança, quando arriscou incentivar um trote acelerado. Cavalgando foi capaz de distrair-se, mas ainda a incomodava como Greta sabia tanto, como ela – pois Violette presumia que tivesse sido ela – conseguiu salvar parte das coisas de Violette e porque tornara-se Cainita, única solução que a garota conseguia achar para o não-envelhecimento da ama. Avançou até um local de densa floresta, procurando um reduto para passar o dia; encontrou-o em uma caverna e desmontou. Alongou a corda do recém-adquirido transporte com a alça de sua bolsa, de forma a deixa-lo confortável, e deixou-o amarrado em um tronco próximo à entrada de seu refúgio. Encostou-se em um canto mais escuro da caverna e aí percebeu como encontrava-se cansada. Há muito não vivia nada de muito emocionante, tinha se acomodado demais. Percebeu como gostava daquela sensação de sobreviver e depender apenas de si própria. Dormiu profundamente e sem interrupções até o anoitecer.


Ao despertar, dirigiu-se sem demora à montaria, notando que já a considerava como sua. Aliviada viu que esta não fugira, mas seu alívio se substituiu por irritação quando viu que não mais estava só ela: um homem alto acariciava o animal, de costas para a garota que se aproximava.


- Muito prazer, Violette. – Disse ele, virando-se.


A garota não pareceu impressionar-se: todos pareciam saber demasiado ultimamente... E com tantas coisas pouco usuais ocorrendo, que um estranho soubesse seu nome não lhe pareceu extraordinário.


- Porque está aqui? O cavalo é seu? Digo-lhe que pretendo partir logo e não vou alongar-me por aqui.


O homem sorriu. Violette, analisando-o, via um homem pouco robusto, cujo cabelo liso e preto atingia displicentemente os ombros. Vestia uma túnica gasta, sem mangas, próxima a verde escuro por cima de uma camisa de couro fina e larga, botas de cano alto e uma calça própria para montaria. Na cintura trazia um punhal curto preso ao cinturão e estampava no rosto uma expressão convencida e brincalhona, que Charlotte vinculava a pessoas populares, e por isso odiava.


- Não, o cavalo não é meu, e é justamente sua partida que me interessa. Minhas ordens são para seguir com você.


Ela ergueu uma sobrancelha, questionando.


- E de quem seriam essas ordens? Eu sinto lhe informar, mas seguirei rapidamente e me parece que só há um cavalo... – Ela sorriu com o canto da boca, sarcástica.


- A propósito, sou Marian. – Comentou ele, não parecendo notar a postura da outra – Minhas ordens são daquela que lhe protegeu até agora... E que lhe deu esse cavalo. Greta, obviamente. Quanto ao transporte, não se preocupe...


Ele estalou o dedo e dezenas de cavalos brancos saíram das sombras do bosque, seguindo até ele. Eram incontáveis montarias, todas de beleza ostensiva, que tiraram rapidamente o meio sorriso dos lábios de Violette.


- Assim está bom para você?


A garota não se deu ao trabalho de responder, só manteve sua feição o mais neutra possível, sem deixar transparecer o mau-humor que a tomava, seus dias de agradável solidão pareciam ter se esgotado muito rapidamente.


Marian, notando que seu truque já não atraía mais a atenção da espectadora, estalou novamente os dedos, e todos os cavalos recém-aparecidos convergiram como fumaça para um dos que se encontrava perto do homem: a tropa deu lugar a um único cavalo branco, bonito e forte, mas sem ornamentos ou acessórios.


Ela já se aproximara de seu cavalo – que a recebera com um relincho amigável – o desamarrara, montara e fazia menção de pedir para que seu acompanhante se apressasse quando ele montou e começou a marcha.


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Notas finais do capítulo

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Marian é um npc.

Os próximos dois capítulos (4º e 5º) estão em reformas. Estão prontos, mas eu os considero muito ruins para serem lidos (monótonos, mal escritos, nonsense)... Assim que eu consertá-los, vou postar ambos, juntamente com o 6º, 7º e 8º (também prontos e até meio decentes...).



Obrigada a você que leu até aqui... Já é uma grande vitória para mim, que nunca postei nenhuma história



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