Isabella Marie Swan Cullen

Uma semana depois…

Uma semana já havia passado desde aquele acontecimento, e a cada dia eu estava pior, ficava o dia inteiro trancada no meu quarto, deitada na minha cama, muitas vezes ia ao banheiro e forçava o vômito, Edward tentava me animar mas eu não tinha humor pra nada, nem a Kristen eu queria ver, e tinha certeza que Esme estava cuidando muito bem ela.

As lembranças do meu pai abusando de mim vinha e voltava, eu queria muito me livrar disso, mas eu não conseguia, não conseguia me livrar dessas lembranças.

Escutei a batida na porta.

–Bella, podemos conversar com você? -Carlisle perguntou, entrando com Esme.

–Claro. -Respondi, me sentando na cama.

Eles entraram em meu quarto e se sentaram em minha cama, de frente pra mim, me sentei na cama, os olhando.

–Queremos falar sobre a sua mãe. -Esme disse.

–Não quero falar sobre isso. -Disse.

–Bella, nós precisamos esclarecer isso. -Carlisle disse.

–Sabemos que é difícil pra você, querida. -Esme disse, acariciando meu cabelo.

–Nós conhecemos seus pais na adolescência. -Carlisle disse.

–Nós? -Perguntei.

–Eu e Esme.

Olhei pra Esme.

–Até você, Esme? -Perguntei.

Ela respirou fundo.

–Bella, eu juro que quando Carlisle me contou que estava tendo um caso com uma adolescente, eu jamais pude imaginar que era a filha da Renée, ele só me contou, quando chegamos aqui em Londres. -Esme disse.

–Nós iremos lhe explicar tudo, se estiver paciência. -Carlisle disse.

Respirei fundo.

–Tudo bem. -Disse.

Carlisle assentiu.

–Como eu disse, nós nos conhecemos na adolescência, nós tínhamos 16 anos, Renée era a garota mais popular da escola, Charlie era seu melhor amigo, sempre estava com ela e ela era louca por mim, por isso Charlie sempre me odiou, ele era apaixonado por ela, eu comecei a namorar com ela, quando tínhamos 17 anos, conheci Esme e me apaixonei, terminei com ela para ficar com Esme, mas ela nunca aceitou, sempre tentou fazer algo contra nós. -Carlisle explicou.

–Ela armou para nos separar, mas não deu certo, nada do que ela fazia, consegua nos separar. -Esme disse.

–E o que ela fez? -Perguntei.

–Diversas coisas, disse para Esme que tínhamos um caso, tentou me beijar na frente de Esme, ela até pediu para uma amiga tentar dormir comigo e Esme nos pegar. -Carlisle disse.

–Mas eu nunca acreditei, sempre confiei em Carlisle. -Esme disse.

Confiou tanto, que ele te traiu.

–Então eu engravidei de Carlisle e nossos pais nos fizeram nos casar, nessa mesma época, Renée soube do nosso casamento e ficou desolada. -Esme disse.

–Ela procurou Charlie para se consolar, e eles acabaram ficando, ela engravidou e teve que se casar com ele. -Carlisle disse.

–Eu tive o Emmett, e alguns meses depois ficamos sabendo que eles tiveram uma menina. -Esme disse.

–Eu me formei e virei médico, vivíamos na mesma cidade mas nunca nos encontrávamos, nós tivemos o Edward 3 anos depois, e os anos se passaram, você e o Emmett estavam com 15 anos, Edward com 12, ela foi até meu consultório alegando que precisava de um ginecologista, eu tive que atender ela, era o meu trabalho, mas ela não estava lá para uma consulta, mas para se oferecer pra mim, eu nunca quis nada com ela, eu conhecia Renée, e sempre dizia que era casado, e não queria nada com ela, um dia, uma enfermeira começou a dar em cima de mim e Esme viu. -Carlisle contou.

–Eu fiquei com muito ciúmes e nós discutimos feio. -Esme disse.

–Foi então quando saí de casa e fui parar naquela boate. -Carlisle disse.

–E nos conhecemos. -Disse.

–É, não sei o que deu em mim, mas eu me atraí por você. -Ele disse.

Olhei pra Esme, que nessa hora abaixou o olhar, eu sabia que ela queria esquecer essa parte.

–Nos envolvemos, confesso que eu estava mesmo atraído por você.

–Eu percebi que o nosso casamento estava ficando ruim, e resolvi pedir o divórcio, pra ver se ele tomava alguma atitude. -Esme disse.

–Quando ela veio me pedir o divórcio, meu mundo caiu, não pensava em outra coisa, eu percebi que ainda a amava, e até hoje, eu a amo. -Ele disse, e beijou sua mão.

–E por isso terminou comigo? -Perguntei.

Ele me olhou.

–Sim. -Ele respondeu.

–Carlisle foi pra casa conversar comigo, me pediu desculpas, e me contou que estava tendo um caso com uma adolescente, o repreendi por isso, e pedi pra ele terminar tudo, e ele recebeu uma proposta pra trabalhar aqui. -Esme disse.

–Eu terminei com você, sei que foi injusto terminar com você daquele jeito, mas achei melhor também não contar pra onde estávamos indo embora. -Carlisle disse.

–Devia, eu fiquei muito mal Carlisle, e dois meses depois, descobri que estava grávida, eu precisava de você, era um filho seu!

–Eu sei que errei, mas depois que te reencontrei, que vi que estava com meu filho…

–Me ofereceu dinheiro pra sumir. -O interrompi.

–Você fez o que? -Esme perguntou, o olhando.

–Eu fiquei com medo, aos prantos, pensei que você estava com o Edward para se vingar de mim, pensei que estava tentando me dar um golpe. -Carlisle disse.

–Eu jamais seria capaz de fazer isso, eu tinha prometido a mim mesma que Kristen jamais te conheceria, quando eu conheci o Edward, não sabia que ele era seu filho, e se não tivesse apaixonada por ele, teria me afastado, mas eu me apaixonei, e jamais tentaria me vingar de você Carlisle. -Disse.

–Eu sei, e percebi isso.

–Eu também fui injusta com você Bella. -Esme disse.

Sorri, me lembrando daquele dia.

–É, nunca mais quero brigar com você Esme, você é boa de briga. -Disse.

Ela riu.

–Esme me contou dessa história, assim que se arrependeu. -Carlisle disse.

–Eu percebi que você estava apaixonada pelo Edward no hospital, quando ele terminou com você, e você ficou arrasada. -Esme disse.

–É, ele soube ser cruel. -Disse.

–Mas isso já passou, não é? -Carlisle disse.

–É, Carlisle posso te fazer uma pergunta?

–Claro. -Ele respondeu.

–Não ficou mesmo comigo, por causa da minha mãe, não é? -Perguntei.

–Claro que não Bella, eu gostei mesmo de você, e sabia que a sua mãe era a Renée, mas preferi guardar segredo. -Disse.

–Carlisle só veio me contar que era você a amante dele, a filha da Renée e do Charlie, aqui em Londres, e fiquei com medo, eu sabia do que Renée era capaz, e se ela descobrisse, poderia denunciá-lo por abuso. -Esme disse.

–E foi isso que ela fez no julgamento. -Disse. -Por que não me contaram isso antes? Por que não falaram no dia do julgamento?

–Não queríamos piorar as coisas querida, queríamos proteger você, a Kristen. -Esme disse.

Comecei a chorar.

–Ela me disse, ela ainda é apaixonada por você Carlisle, ela tinha inveja de mim por que eu tive uma filha com você e ela a queria pra ela, ela queria criar a sua filha, ela queria sumir comigo pra tê-la. -Disse, chorando.

–Mas ela não fez. -Esme tentou me reconfortar.

–Por que meu pai descobriu, ele achou que ela estava fazendo aquilo comigo pra me dar uma lição por eu ter manchado a reputação da família, ele sentiu ódio por ela ainda sentir alguma coisa por você Carlisle, e se vingou por mim, abusou de mim na frente dela, e ela agiu como mãe pela primeira vez na vida. -Disse.

–Calma querida, isso já passou. -Esme disse.

–Ele era meu pai, é imperdoável. -Disse.

–E pode perdoar a sua mãe? -Carlisle perguntou.

Neguei.

–Isso não vai mudar tudo o que ela fez comigo nos últimos anos. -Respondi.

Ele assentiu.

–Agora precisamos conversar sobre a sua saúde. -Carlisle disse.

–Depois disso que aconteceu com você, percebemos a sua depressão. -Esme disse.

–E eu irei te levar para fazer terapia, vai ser melhor pra você. -Carlisle disse.

Não respondi.

–E tem mais uma coisa. -Esme disse.

–Edward nos contou, quando foi seqüestrada, que estava com bulimia. -Carlisle disse.

–Eu sabia que ele contaria. -Disse.

–Precisa de tratamento Bella, se não…

–Eu sei, eu sei, eu vou me tratar. -Disse.

–Assim espero, nós queremos que se recupere. -Carlisle disse.

–E vou. -Disse, confiante.

–Bom, nós já vamos, se cuida. -Esme disse, me dando um beijo na testa.

Assenti.

Carlisle saiu do quarto, mas antes de Esme sair, a chamei:

–Esme!

Ela se virou.

–Sim?

–Saiba que você foi a única mãe, que eu já tive. -Disse.

Ela sorriu.

–Você também, é a filha que não tive. -Ela disse.

Sorri.

Ela saiu do quarto, e eu fiquei sozinha.

Levantei-me e fui até o quarto do Edward, entrei, ele estava lendo.

–Interrompo? -Perguntei, entrando.

Ele me olhou.

–Não, vem cá. -Ele me chamou.

Fechei a porta e fui me sentar em seu colo.

–Seus pais vieram conversar comigo. -Disse.

–Eles também vieram conversar comigo, me contaram como conheceram seus pais. -Ele disse.

–É, eles também vieram me contar, e seu pai quer que eu faça terapia, e tratamento para a minha bulimia. -Disse, o olhando.

–Eu te disse que iria contar a ele. -Ele disse.

Assenti.

–Eu não estou brava com você, eu sei que quer o meu bem. -Disse.

Ele sorriu, e começou a beijar meu pescoço.

–Não…

Ele respirou fundo.

–Desculpe, eu sei que ainda está traumatizada. –Ele disse.

–Eu só preciso de um tempo. -Disse.

Ele assentiu.

–Respeitarei seu tempo. -Ele disse.

Sorri.

–E o que ta lendo? -Perguntei.

–Querido Jhon. -Ele respondeu.

–Posso ler com você? -Perguntei.

–Claro. -Ele respondeu.

Me sentei entre suas pernas e começamos a ler o livro.