Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 35
Capitulo 35


Notas iniciais do capítulo

Yoo, mais um cap do macarrão, espero sinceramente que gostem ;)



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Em uma loja de calçados não muito grande o jovem Ray entrava timidamente, observando ao redor com calma e curiosidade, sua intenção era comprar um presente para Joe, pois nesse dia seu pequenino estava fazendo aniversário.
Ele correu os olhos para uma das estantes e encontrou seu objetivo: A bola de futebol que Joe estava pedindo a mais de um mês!
—Com licença? – Chamou educadamente uma das atendentes e pediu a bola. Ray havia juntado dinheiro todo aquele tempo, só conseguia pensar em como Joe ficaria feliz, mal se continha de felicidade e ansiedade enquanto esperava.
—Você é o filho da Jeniffer? – Outra atendente perguntou, era uma mulher meio gordinha e de cabelo curto e loiro, a loja ficava perto de sua casa então naturalmente as pessoas o conheciam. Ray assentiu sentindo o rosto corar minimamente, a mulher olhou-o de cima a baixo com um verdadeiro desagrado, reparando mais em seu uniforme meio amarrotado e em seu cabelo meio azul e meio verde, Ray não pôde escolher uma cor, então optou pelas duas. — Espero que aquela desnaturada tenha tomado jeito! Nunca quis ter filhos, mas é uma descuidada!
—Ah... Eu... – Ray tentou falar algo, mas o que iria dizer? O que ouvira era a mais pura verdade e seus próprios pais deixaram claro que ter filhos nunca foi uma vontade.
A atendente que ele havia chamado chegou com a bola e Ray, ainda encabulado pelo comentário e o olhar da mulher, foi até o balcão para realizar a compra sem olhar para os lados.
~
Já em casa ele jogou a mochila sobre o sofá, tudo estava silencioso e isso já era comum. Seus pais pareciam odia-lo desde que ainda era bem pequeno e passavam o dia quase todo fora de casa, é claro que ele jamais compreendeu, mas depois de um tempo parou de se importar.
—Joe? Cheguei! – Anunciou com um sorriso de ponta a ponta e tentando desamassar a roupa.
—Ray? – A voz de Joe ecoou e o mais velho sorriu enquanto o pequeno corria aos tropeços em sua direção. —Como foi na escola?
—Ótimo! Tenho um presente!
Ray abraçou o irmão pequenino e se sentou no sofá, pegando sua mochila e a abrindo. Joe esticava os pezinhos, ansioso para ver o que irmão tinha lhe trazido.
—O que é? O que é? – O pequeno saltitava de ansiedade e ria com gosto, Ray amava ver Joe feliz e jurou a si mesmo sempre zelar pelo sorriso do mais novo, a qualquer custo. —O que é Ray?
Ray murmurou uma musica de suspense e começou a puxar calmamente a bola de futebol profissional de sua mochila.
Os olhinhos de Joe brilharam, um sorriso enorme apareceu no rosto do menino e ele parecia querer explodir de tão feliz.
—Você compou pa mim? – Ray riu e entregou o presente, recebendo outro abraço animado do irmão, não era surpresa para Ray que Joe ficasse tão feliz, os poucos brinquedos que o pequeno tinha eram os que ele havia ganhado do mais velho, seus pais nunca lhe deram nada além do básico para sobreviver e olhe lá.
—Feliz aniversário tampinha! Ó e o Juan ainda disse que tinha um presente também.
Joe parecia hipnotizado com a bola, observava cada detalhe dela com calma e atenção, seu sorrisinho parecia inabalável.
—Parece que chegou... – Os dois meninos se surpreenderam com uma voz feminina vinda da cozinha, a mãe os encarava com desanimo e Ray viu o pai entrar pela porta dos fundos depois. —Esqueci minha bolsa. – Ela murmurou ainda parada e encarando os filhos.
—Mama... – Joe tinha diminuído drasticamente seu sorriso e ele se emburrou, já entendo o que a mãe queria. —Mama ó! – Ele ergueu a bola, tentando mostrar o novo presente, mas ela o ignorou completamente.
—O que está fazendo, inútil? Esqueci minha bolsa por sua culpa, vá buscar!
Joe baixou os olhos e deixou a bola no sofá, se arrastando tristemente até onde a bolsa da mãe estava.
Ray fixava os olhos no irmão e assim que ele sumiu sua racionalidade misteriosamente sumiu também.
—Ele é seu filho, mesmo que não queira! – Reclamou em alto e bom som, se levantando em um impulso e lançando um olhar furtivo à mãe, já estava cansado desse descaso com Joe, nem no dia do aniversário dele os pais se dispuseram a ser agradáveis, desde o inicio do dia eles não disseram nem sequer uma palavra agradável ao pequeno, Ray sempre foi muito desleixado consigo mesmo, mas quando se tratava do irmão a história era outra. —PORQUE PARECE QUE VOCÊS SE ESQUECEM!
—Ei! – O pai agora havia tomado frente, em passos rígidos se aproximou até a um passo de Ray e o puxou pela gola da blusa. —Não grita com sua mãe!
—MÃE DE MENTIRA! PAI DE MENTIRA! ATÉ AS PESSOAS DA RUA SABEM QUE VOCÊS NÃO PRESTAM!
—Que se dane! – A mãe murmurou, dando de ombros. —Vocês acabaram com minha liberdade, não sou obrigada a ser mãe coisa nenhuma!
—ENTÃO POR QUE ME DEIXOU NASCER? – Ray tentou se soltar do pai a todo custo, seus olhos já estavam marejados.
—E ACHA QUE QUERIAMOS DEIXAR? - Ele parou de se agitar e encarou a mãe, em choque e deixando algumas lágrimas caírem. —Culpe sua avó que me obrigou a ter vocês dois!
Ao fundo a campainha tocou, Joe havia voltado e encarava a cena com uma expressão difícil de traduzir.
—Vai atender logo, inútil! – A mãe puxou a bolsa da mão de Joe e o empurrou em direção à porta, o pequeno se emburrou de novo e correu para atender.
Ray foi empurrado para longe do pai e caiu ao lado do sofá, permanecendo encarando os pais em choque, tentando não chorar mais.
—É o Juan! – Joe anunciou, abraçando a perna do moreno e o puxando pra dentro, no fundo Ray se sentiu feliz, mas era um sentimento tão amargo que não se dispôs a fazer nada, apenas permaneceu ali, parado, encarando os pais virarem as costas para o novo visitante e se afastarem sem dizer nada, nem mesmo a visão de Juan a sua frente parecia ser capaz de tirar o amargo de sua garganta, de seu coração...
—De noite voltamos! – O pai anunciou, indo pela porta dos fundos sem olhar para trás.
—Vamos a... Algum lugar longe... Daqui! Por... Por favor? – Ray pediu com certo esforço, Juan a essa altura já o envolvia em um abraço apertado. —Eu só quero sair daqui!
—Certo! – Juan sorriu, sentando ao lado de Ray e o fazendo deitar a cabeça em seu ombro, Joe encarava a cozinha como se um monstro fosse sair dela. —Vamos tomar sorvete?
O silencio permaneceu por mais um tempo, Ray demorou alguns segundos para assentir e começar a se levantar. Ele pegou o irmão em seu colo, o apertando o máximo possível em um abraço.
—Papai e mamãe não vão estragar nosso dia, ok? – Joe demorou um pouco para concordar, ainda olhando hora ou outra para a cozinha. —Agora pega o seu presente que depois a gente joga! Pode ser?
O pequeno conseguiu sorrir e, quando voltou ao chão, correu até o sofá e resgatou seu presente, Ray encarou Juan, ainda não havia algo serio entre eles, mas uma coisa era fato: Ter o moreno ali o impedia de se trancar em seu quarto naquele mesmo momento e permanecer chorando até o outro dia.
Juan segurou sua mão, sorrindo de lado, como sempre estava sendo doce e gentil. Ray amava isso nele.
—Vamos nos divertir, amorzinho? – Juan pediu com um bico, Ray riu e sentiu-se corar um pouco, por que raios tinha que ser tão tímido, o moreno o olhava nos olhos, Ray havia acabado de transitar por entre o ódio e o encanto em poucos segundos, acreditou que o olhar amável de Juan era um verdadeiro golpe baixo. Ainda assim, sem pensar duas vezes, ele voltou a abraçar o moreno.
—E Ray...
—Hm?
—Me lembra de agradecer sua avó...
—Que? – Ray imediatamente encarou o moreno, ele teria ouvido os gritos?
Juan carinhosamente depositou um beijo na bochecha de Ray e apertou mais o abraço, respondendo em um sussurro:
—Porque se você não tivesse nascido minha vida não teria sentido!


~ # ~

—Jura que vai ficar bem?
Ray se dividia entre comer um pedaço de chocolate e tentar convencer Juan que deixa-lo sozinho com Lucas por algumas horas não iria matá-lo, então novamente assentiu em resposta.
—Eu tenho mesmo que ir ao médico? – Joe permanecia emburrado no sofá, Lucas agora o ajudava com o cabelo, na verdade o pequeno apenas alisava os fios dele com as mãos, mas parecia acreditar estar fazendo uma obra de arte ali. —Eu to bem!
—Como vamos saber? – Juan dessa vez voltou seu foco ao mais novo. —Menino, você passou muito tempo na rua, o que você comia? Onde dormia? Como tratava seus machucados?
Joe se encabulou e baixou os olhos.
—Noun alasii mcounmele! - Ray estava com a boca lotada de chocolate enquanto tentava brigar com Juan. —Vazer elcolhar!
—Ray você não tem moral de reclamar quando está com chocolate em mãos! E eu falo assim com ele sim e que se dane se vou fazer o Joe chorar! – Juan soou o mais sério possível, por um lado Ray se sentiu ultrajado por perder a moral, por outro se sentiu feliz por ter sido compreendido em seu idioma chocolatês. —Ele não tem mais cinco anos!
—Voé umsenvel! – Ray fez questão se entupir de mais chocolate, Juan o encarou emburrado.
—Insensível uma ova! Realista! Ele vai ao médico sim e vai ser agora.
Juan puxou Joe e começou a arrasta-lo pela porta, resmungando coisa ou outra sobre a teimosia de todos os presentes.
—Chau! Nouv omor sfisoznho! – Ray gritou em resposta e em despedida e só pode ouvir o ultimo resmungo de Juan mandando-o calar a boca e comer quieto.
—Que? – Lucas aparentemente não estava habituado ao chocolatês, Ray sorriu e engoliu o chocolate.
—Não vou morrer se ficar sozinho! - Lucas riu e Ray pareceu se lembrar de seu objetivo. —Ei, dever!
—Ah! Poxa! – Lucas se jogou no sofá e começou a espernear. —Por quê?
—Olha só... – Ray encarou o pequenino e sorriu, começando a se guiar para a mesa mais próxima. —Preciso dizer que não posso sair correndo atrás de você? - Lucas o encarou alguns segundos e depois negou. —Ótimo! Saiba que sou mais paciente que Cris e se você fugir eu simplesmente não poderia me dispor a fazer nada por você! E quando ele chegar vai ficar duas vezes mais chato com isso! Sinta-se avisado! É por sua conta e risco!
—Mas... – Lucas resmungou, se emburrando e levantando do sofá, a toquinha preta que usava na cabeça estava meio torta e ele passou a arrastar a mochila com desgosto até o mais velho.
—Mas?
—Hm! – O pequeno resmungou e cruzou os braços.
—Lucas! - Ray calmamente chamou o menor, segurando uma mecha do cabelo dele com toda paciência do mundo. —O que foi? Cris me disse que você não costuma dar trabalho assim. Você é um bom menino não é? - O pequeno segurou um caderno com uma das mãos, ele olhava para a mesa e parecia emburrado. —Deixe-me ver? Vamos... Eu já passei pela fase da escola e sei que é chato, mas é importante!
—Não é isso! - Lucas exclamou. Surpreendendo o mais velho, Ray então compreendeu que o problema poderia ser bem maior do que esperava e que a seriedade deveria ser maior.
—Então o que é? Confie em mim, eu sei que… bem acabamos de nos conhecer agora. Mas…
—Eu te vi lá! - Lucas agora o olhava nos olhos e segurava o caderno com menos força que antes. —No hospital! Eu pedi pra você voltar… Porque o Juan tava triste!
Ray parou um pouco, abriu a boca para dizer algo, mas não sabia o que, não esperava por algo assim, não esperava nunca.
—E agora você tá aqui! - O menino completou sua fala, do seu jeitinho inocente e meigo de sempre. —Ouviu meu pedido?
O mais velho sorriu, tentando conter as lágrimas a todo custo.
—Está vendo só? Eu ouvi! - Ele sorriu para o menino, agora se sentido corar um pouco por causa do nervosismo que o assunto lhe causou. —Agora você já sabe que sou confiável, certo? Pelo menos me conta o que é!
Lucas montou um pequeno bico, porém parecia ter aceitado a derrota. Ele passou o caderno para o mais velho e imediatamente escorregou para embaixo da mesa. Ray não se preocupou muito, e abriu rapidamente o caderno, folheando as paginas com calma, tentando analisar tudo o que o menino já fizera.
—Cris disse que você tinha dificuldade. – Ele murmurou ao observar com mais atenção, porém não obteve resposta. Seu olhar ainda focado no papel, seu olhar ia passando pelas folhas até que algo chamou lhe a atenção, uma folha um tanto amassada e rasgada. Ray passou por ela e seu olhar congelou sobre o que via.
Escrito, com letras tortas e visivelmente infantis, estavam algumas palavras soltas pelas folhas. A palavra “Burro!” se destacava grande em uma folha, e mais alguns insultos nada leves foram escritos pelas folhas, havia pelo menos cinco folhas com insultos e algumas frases que se referiam a mãe de Lucas ou ao fato de ele ser o mais atrasado da turma. —Lucas... Você... Quem? – Ray sentiu as mãos tremerem, tentou não se abalar, mas fortes lembranças de si mesmo agora o atingiam, ele não havia se recuperado totalmente do passado e sabia plenamente disso, porém só pôde realmente sentir que era uma verdade naquele momento, quando sentiu algo semelhante a uma facada em seu coração.
—Um menino chamado Max... - Lucas resmungou, a essa altura algumas lágrimas já brotavam em seus olhinhos. —Deixei meu caderno na biblioteca e ele fez isso, com ajuda de uns amigos. Eu ainda... Não tinha visto, até hoje mais cedo!
—Lucas... Vem aqui? – Ray conseguiu pedir e o pequeno se arrastou timidamente até perto do mais velho, ainda receoso. —Sabe de uma coisa?
—O que é?
—Você deixou o Cris e o Set muito felizes, e qualquer um que deixa outra pessoa muito feliz é muito especial, e incrível e maravilhoso. Entende isso? Você é mais, muito mais, do que essas pessoas te dizem! Esses insultos não são verdadeiros sabe por quê? –Lucas balançou a cabeça, secando as lagrimas. —Porque eu nunca vi em você nada disso que está aqui escrito, eu ouvi seu pedido lembra? Só uma das pessoas mais incríveis do mundo poderia ter feito um pedido tão sincero! - Lucas se pôs a chorar pra valer e Ray, ainda um pouco nervoso, o puxou para seu colo, ajeitando o pequenino confortavelmente. —Vamos fazer sabe o que? Vamos arrancar essas folhas feias e riscadas e começar outra totalmente nova! E linda! Vou te ensinar tudo o que puder e sabe o que você vai fazer? - Lucas olhava nos olhos do mais velho, ainda em lágrimas descontroladas. —Você vai aprender tudo e vai se superar tanto que toda vez que eles te insultarem vai soar tão banal que você não vai nem ouvir. Promete?
—Prometo! – Lucas garantiu, conseguindo sorrir. —Que bom que ouviu meu pedido!
—Digo o mesmo... Vamos... Vamos acabar com essas folhas feias!
~ # ~
Ray agora segurava um prato de sanduiches e o colocava na mesa, Lucas pintava um desenho muito colorido e vivo, pintava com tanta vontade que parecia estar descontando sua raiva no papel.
—Está vendo como avançamos? – Ray sorriu quando o menino pegou um sanduiche e começou a comer, já havia se passado uma ou duas horas desde que começaram e o pequeno fez questão de terminar todos os deveres atrasados possíveis, finalmente o de artes era o ultimo. —Está ficando lindo!
—O Stefan desenha melhor que eu! – Lucas comentou animado, havia ganhado uma enorme determinação desde que cismou com a ideia de se livrar dos insultos dos colegas, Ray aprendeu essa lição tarde demais, se deixou afetar em silencio, por isso não permitiria que a história se repetisse.
—Seu amigo? - O menino assentiu rapidamente, voltando a mordiscar o sanduiche.
—Ele também não parecia gostar de mim. Mas ai depois ele pediu desculpa e virou meu amigo. A Luna também é minha amiga, ela se irrita fácil, ela e o Stefan brigam muito, mas são legais. Eles foram os únicos amigos que tive depois do Joe. Ele me falou de você, eu prometi pra ele te achar, mas era difícil, tá! Ele é meu melhor amigo sabia? Quem é seu melhor amigo? Juan?
Ray sorriu, sentindo um conforto um pouco maior ao saber que o irmão teve um amigo mesmo em uma época tão difícil.
—Ele e você devem ser uma ótima dupla, o Juan é meu marido! Ele foi meu primeiro amigo sim, mas eu poderia dizer que em sentido de amizade o melhor é o Cris.
—Cris?
—Nós fizemos faculdade juntos, quando eu ainda... Bem eu já tive colegas malvados como o seus, ele me ajudou a me sentir melhor, me mostrou que eu não precisava me importar com os malvados. - Lucas sorriu largamente. —Que foi?
—Nada não! - O pequeno riu. —O Cris também te obrigava a fazer dever?
Ray riu junto com o menino, assentindo e se lembrando das horas em que o loiro o perseguia pelo campus inteiro até que tivesse certeza de que toda a matéria havia sido entendida.
—Chegamos! – Ouviu-se a voz de Juan, entrando pela porta da garagem e sorrindo sem se abalar, Joe vinha logo atrás, emburrado. —Adivinha quem tinha razão? - Joe correu até o irmão e se jogou em seus braços, sendo recebido por um abraço carinhoso do mais velho. —Adivinha quem pode estar com anemia?
—Eu não quero tomar remédio!
—Joe não brinca! Vai tomar sim! – Juan sempre foi irredutível com esses assuntos. —E vai comer o que eu mandar!
—Ray! Eu vou morrer! Não posso viver assim! É muito para minha existência!
—Por favor, maninho, o Juan tem razão, você precisa se cuidar. – Ray conseguiu resmungar, recebendo um enorme bico de Joe como resposta.
—Vou fazer algo agora mesmo! Vou sim! – Juan se dirigia ao quarto. —Deixe só eu pensar em algo, e vou fazer sim, e você vai ter que aceitar!
—Não! – Joe se mantinha manhoso ao Maximo e Ray sorriu.
—Por que não assistem a um filme? – Propôs, notando que Lucas já guardava as coisas na mochila novamente. —Você e Lucas podem escolher um.
—Certo!
Assim que Joe saiu com Lucas, Ray começou a se dirigir até o quarto de Juan, agradecendo novamente ao fato de que a casa de Michael era bem adaptada, Lucas e Joe agora pareciam debater sobre tipos de filmes, embora Ray tenha notado ao olhar bem, não muito feliz, que seu irmão ainda parecia um pouco distante, como se ainda pensasse na rua, como se estivesse tentando aceitar a nova realidade, que não iria mudar, mas que talvez pudesse se readaptar a vida. Então teve vontade de rir, estava narrando sobre Joe ou sobre si mesmo?
Ele seguiu em frente, sem olhar novamente para o lado, ainda nervoso pelo novo modo de se locomover. Quando chegou a porta do quarto do marido rapidamente bateu e o chamou, Juan a abriu sorrindo e ajudou Ray a entrar no lugar, como sempre, bagunçado.
—Os meninos estão quietos. – O moreno comentou, ele havia tirado a camisa e parecia sério. —Estão brincando?
—Escolhendo um filme. – Ray respondeu, podendo novamente respirar um ar puro, Juan se aproximou sorrindo e o ajudou a se deitar na cama, deitando ao seu lado em seguida.
—Senti saudades, foram quase duas horas longe do meu macarrão! - Ray conseguiu rir e deitou a cabeça no peito de Juan. —Que foi?
—Não é nada especial... Só... Acho que estou cansado! O dia foi meio longo, me sinto bem, mas tudo é novo e estranho.
—Macarrão, não esquece que estou com você sempre, em tudo! – Juan beijou a testa do marido e se aconchegou mais a ele, o envolvendo em seus braços. —Eu vou ficar do seu ladinho até você dormir.
Ray sorriu, se sentindo aquecido e acolhido, amava isso no moreno, sua delicadeza e sua gentileza.
—Como vamos fazer com o Joe? Quer dizer... Ele ainda é menor de idade e esta sob a guarda dos meus pais!
—Seus pais o deixaram na rua por dois anos, sem avisar a ninguém, macarrão. Vamos fazer com que deixem Joe ficar conosco, e então vamos cuidar dele e ele nunca mais vai ter motivo para fugir.
—Te amo Juan!
—Sem você minha vida não teria sentido. – O moreno sussurrou, enquanto começava a fazer um delicado cafuné no cabelo de Ray. —Não se esqueça disso, nunca!


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