Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 33
Capitulo 33


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3



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Ray olhava para o cartaz de desaparecido a sua frente, como ele havia permitido que seu irmãozinho sumisse assim? Se ao menos estivesse melhor na época, mas foram dois anos, dois longos anos. E seu pequeno Joe estava perdido.

—Vamos não fique assim. – Juan o abraçou por trás de forma carinhosa, era a pessoa que mais o apoiou durante todo aquele tempo. —Nós vamos encontra-lo!

Ray apenas suspirou e deitou a cabeça no ombro dele, estavam na rua, ele sabia, e ainda se incomodava, mas seu desespero não o deixava pensar muito. Ele agradecia que sua timidez absurda tinha diminuído com o tempo, mas sabia que ainda existia um pouco e tentava não pensar muito na situação e torcia para que as pessoas no mercado do outro lado da rua não tivessem reparado neles.

O cartaz trazia uma foto de Joe, sorridente e alegre.

—Céus, Juan... Faz dois anos, ele pode não estar mais assim... Ele pode... Ele pode...

Muitas possibilidades terríveis passavam pela sua mente e ele se encolheu mais, agradecendo por Juan estar ao seu lado, senão seria capaz de começar a chorar por ali mesmo e ficar chorando até suas lagrimas secarem.

—Ora o que temos aqui! – Eles se assustaram quando uma terceira pessoa surgiu, a voz inconfundível de quem mais infernizou sua vida fez Ray querer sumir. —Quando penso que meu dia não pode mais piorar, me infernizou o dia todo e agora aqui estamos novamente, Juanzinho.

—O que foi Alex, sentiu saudades? – Juan se adiantou, Ray apenas encarava o loiro a sua frente com uma mistura estranha de medo e pena, eles estavam no meio da calçada, Alex os encarava com uma expressão de poucos amigos, sem duvidas já estava com muita raiva.

—Não começa Juan! – Os olhos do loiro faiscaram. —Está me provocando e me tirando do sério há muito tempo, não vou repetir, isso não vai acabar bem!

Ray não entendeu, mas o sorriso de Juan foi o suficiente para fazê-lo perceber que ele não pararia.

—Ora Alex, eu sei que nos ama muito! Penso que já devo ter dito isso muitas vezes, mas eu sinto por ti, não posso corresponder seus sentimentos. – Juan deu uma risadinha besta. — Volte aqui no próximo mês. - Juan sorria de ponta a ponta, seu tom irônico era inconfundível e seus olhos pareciam brilhar. —Eu ainda tenho muito que dizer!

Os olhos do loiro faiscaram, ele trincou os dentes e cerrou os punhos, pelo visto não era mesmo a primeira vez que Juan o irritava de proposito. Ele ameaçou dizer algo, mas simplesmente se virou e andou até um carro prateado no fim da rua.

—O que foi isso Juan? – Ray resmungou, com um bico, meio enciumado e meio confuso, mas estava aliviado por se livrar de alguém tão desagradável. —Não devia provoca-lo assim, é perigoso. Set me disse que vocês vêm brigando há muito tempo, por favor, pare!

—Só estou mandando o Lixo embora, mas tudo bem, eu paro. Agora vem, você precisa de uma água para hidratar o ciúme. – Ele brincou, colocando os fones de ouvido novamente, certamente para não ouvir os resmungos.

Ray apenas sorriu e começou a empurrar o marido para a rua, os dois caminharam em direção ao mercado, Juan rindo e se deixando ser empurrado, Ray afinal não era tão fraco assim.

—Nossa, Juan, faça um esforço! – Ray resmungou, fazendo mais força, ele respirou fundo, mas seu sorriso diminuiu quando ouviu um som se aproximar, por um segundo seu coração gelou.

Ele ouviu o som do motor e rapidamente se virou, o carro prateado vinha em sua direção, em alta velocidade, ele sentiu o coração acelerar e o grito sair de sua garganta, junto com toda força que tinha para empurrar Juan.

Não daria tempo de mais nada.

O moreno quase caiu, ele deu uns passos para frente e deixou o fone cair, assustado com o grito de Ray e com o empurrão.

Uma mulher do outro lado da rua parecia desesperada e muitas pessoas correram para onde ele estava. Juan engoliu em seco e olhou, não fosse pelo seu pavor e pela vertigem, certamente teria sido capaz de matar Alex ali mesmo.

Mas o carro parado havia ido embora e deixado para trás gritos e pavor e um Juan que precisou ser segurado para não correr até seu pequeno arco-íris ferido.

Ele se lembraria para sempre que, enquanto sua visão embaçava com as lágrimas, seu coração se quebrava pouco a pouco e cada pedaço caia em sua alma e a rachava.

~ # ~

Ray olhava para Juan com uma expressão difícil de traduzir, pois ele nem ao menos sabia como se sentia.

—Daqui a pouco vamos para casa! – O moreno anunciou, se sentando na cama. —Mas vamos para a casa do tio Michael, lá é mais adaptado e nossa casa é meio difícil.

Ray baixou os olhos, agora tudo teria que ser assim? Adaptado? Ele mal se encaixava na vida quando podia andar. Como se encaixaria agora? Como as pessoas o veriam? Novamente tentou mexer alguma coisa, mas nada, nem ao menos as sentia.

—Vamos ficar bem, arco-íris, porque eu te amo e estou do seu lado. Você vai melhorar, vamos ter uma vida nova, juntos.

—Tenho medo... – Ray sussurrou e foi abraçado por Juan. —De tudo!

—Vamos ficar bem, logo vamos para casa, onde as pessoas que te amam vão estar. Sabia que já vai dar meio dia? Você logo já vai provar novamente do purê de batatas do tio Michael.

—Você só pensa em comida Juan...

—Claro! Oras... Sou uma almondega vestida de gente.

E, pela primeira vez naquele dia, Ray começou a rir, um riso que contagiou a almondega morena e que aliviou ambos os corações.

—Sou almondega e você é meu macarrão! E nós vamos comer purê de batata!

Ray ria sem parar, ria alto e muito, seu abraço se intensificou e suas angustias diminuíram um pouco, as lagrimas que tinha era de felicidade.

—E tio Michael tem uma surpresa para você?

—Surpresa? – Ray conseguiu raciocinar entre os risos.

—Vamos para casa e você vai ver.

Ray iria protestar, mas apenas voltou a rir, e ria por estar aliviado e justamente porque precisava, mais que tudo, de felicidade.

~ # ~

—Vamos macarrão. – Juan fez um bico quando Ray se recusou a sair do carro, já havia sido vergonhoso sair do hospital, agora era mais ainda ir até a casa do Michael. —Por que está assim? Você não andar não é motivo para ter vergonha, você deve se orgulhar de estar vivo.

—Pare de repetir isso! – Ray exclamou, mordendo os lábios. —Não dá, é estranho.

—Não é não, macarrão. Poxa pensa que o Tio Michael tem uma surpresa para você. – Mas Ray continuou emburrado. —Pensa no purê de batata! – Nada ainda. —Amorzinho, por favor. - Juan fez um bico maior e começou a apertar a bochecha de Ray. —Poxa Ray! Poxa! Poxa!

—Para de drama! Não vou!

—Poxa! Poxa!

Ray o fuzilou com os olhos, mas o moreno continuou com a cara de cãozinho abandonado. —Poxa! Poxa!

—Para! Que teimoso. – Juan sorriu e se aproximou de Ray, selando seus lábios nos dele e afagando seu cabelo lentamente. —Juan... – Ray sussurrou e o moreno se afastou um pouco corado.

—Desculpa macarrão, estava com saudade. Porque eu te amo muito e pensei que iria te perder. Sete meses pensando que você não sobreviveria, que não... Que não voltaria para mim. – Ray baixou os olhos e sentiu Juan beijar sua bochecha. —Vou repetir sim que você está vivo, vou repetir porque passei sete meses sem ter essa certeza. Vamos Ray, nossa família nos espera, e eles te amam tanto, meu arco-íris, você não tem nem ideia.

—Tudo bem, eu acho que não tem tanto problema, mas pelo menos me ajude, não sei lidar bem com minhas pernas. – O sorriso de Juan foi o suficiente para acalmar um pouco o coração de Ray, pensando bem era sua família afinal, a família que o acolheu da melhor forma que puderam.

Juan saiu do carro e foi para o porta-malas, Ray fechou os olhos por um segundo quando Juan colocou a cadeira na sua direção e o ajudou a sentar-se nela.

Essa seria sua vida? A aceitação não seria tão fácil!

~ # ~

—Meu Deus, Rayzinho! – Laura brotou do chão, ou foi o que deu a entender, e antes que Ray pudesse respirar o ar de dentro da casa ela já o envolvia em um abraço apertado. —Senti sua falta! Você está bem? Não sente nenhuma dor? Serio mesmo? Jura? Eu e Michael estamos fazendo um almoço ótimo para comemorar sua volta.

Ray sorriu e assentiu, em seguida veio Michael, sorridente e radiante, ele também o abraçou com força e disse algumas coisas animadoras, mas Ray desconfiou um pouco do motivo de tanta alegria.

—Ray! – Cris estava sentado no sofá, fazendo um cafuné em um pequeno menino moreninho. —Que bom te ver, o Set deve vir para almoçar e logo a Julia e o namorado dela devem chegar.

—Olá! É ótimo ver vocês também!

O menino moreninho levantou os olhos e saltou do sofá, porém Cris o segurou e o puxou para seu colo, sussurrando algo em seu ouvido.

—É mesmo Ray! – Juan subitamente pareceu se lembrar de algo, levando Ray até perto de Cris. —Acho que ainda não foi formalmente apresentado ao Lucas.

O pequeno sorriu meio tímido e deitou a cabeça no ombro do loiro.

—Olá Lucas!

—Oi. – O menino riu um pouco e escondeu o rosto.

—Ora, mas como é tímido, quem vê a primeira vez até acredita. – Juan debochou e Cris riu. —Mas essa coisinha fofa agora mora com Cris e com o Set e sabe fazer chocolate quente, só não entendi o porquê de estar tão quieto. - Lucas encarou Juan e esticou os bracinhos, pela forma com que sorria deu para perceber que estava fazendo para provocar, o mais velho o pegou do colo de Cris, que ainda ria. —Ai Deus! Mereço.

—Juan, eu quero brincar. – Lucas resmungou, sorrindo torto. —Mas você não é criança. Quero brincar com... – Ele parou e fez um bico, olhando para Cris. —Rick?

O loiro sorriu, se levantando e pegando Lucas, visivelmente querendo rir. —Acho que vou chamar o Rick.

—O que está havendo Juan? – Ray indagou, percebendo a agitação de Lucas no colo de Cristian.

—Ah! Ei Ray... – O moreno aumentou o tom de voz, chamando a atenção de todos. —Temos uma surpresa o que acha?

—Isso mesmo! – Laura gritou. —Alguém quer te ver. Eu deixei a pessoa dormindo no quarto do Set, tadinho parecia tão cansado.

—Laura amor, vamos ver a batata vamos. – Michael rapidamente a puxou para longe.

—Batata! –Lucas quase se jogou dos braços de Cris, causando um pequeno infarto muito visível no loiro, que saiu reclamando atrás do menino.

—Vamos! – Juan saiu empurrando a cadeira e guiando Ray até os quartos, o apartamento de Michael era gigante, mesmo tendo apenas um andar e realmente muito bem adaptado, por mais que Ray tivesse criado uma birra com a palavra, ele não podia negar que um local adaptado era bem melhor.

Eles pararam em um quarto, não o de Set, mas o de Juan, o antigo quarto dele era colorido, cheio de pôsteres de filmes e de cantores, alguns troféus e medalhas nas estantes, muitos adesivos em todos os lugares, alguns álbuns de fotografias e muitos ursinhos de pelúcia em toda parte.

—Quer se sentar na cama? Vai demorar um pouco para o Set chegar e vai ser mais confortável ali.

—Tudo bem! – Ray agradecia mentalmente por Juan o conhecer tão bem e saber que ele precisava de um tempo para conseguir lidar com todo mundo normalmente, o moreno o ajudou a se sentar, jogando alguns dos ursinhos de pelúcia para o lado, em seguida pediu um momento para checar a tal visita antes da surpresa, então ele saiu e ficou um tempinho lá fora, até que voltou ainda mais sorridente e saltitante.

—Agora vou deixar esse momento ser de vocês! Eu espero que goste, pois nós sabemos que isso é importante, nós te amamos macarrão, leve o tempo que precisar. – Ele sorriu e caminhou até a porta. —Pode entrar!

E dizendo isso ele correu para longe e deixou um Ray completamente confuso.

~ # ~

Joe entrou no quarto sentindo o coração acelerar, seus olhos já cheios de lágrimas, Michael havia explicado sobre o que aconteceu com Ray e tudo o que Joe pode fazer durante horas foi chorar, não só pelo estado do irmão, mas também por ter acreditado durante esses anos todos que havia sido abandonado de vez.

Se lembrar do medo de nunca mais ver seu irmão quase o fez chorar novamente, mas sua atenção imediatamente se voltou quase imediatamente à pessoa sentada na cama, seu irmão, agarrado a um ursinho gigante e com um olhar perdido voltado ao chão.

Joe imediatamente começou a chorar mais, não ousou se mexer, apenas chorou, escondendo o rosto com os braços.

—O que... – A voz de Ray, quanto tempo não a ouvia? O menino levantou a cabeça e viu quando o mais velho deixou o ursinho cair, em seus olhos se formando algumas lagrimas e o visível choque. —Joe?

—Ray! – Criando forças ele correu até a cama, a visão um pouco embaçada não o impediu chegar rapidamente, ele subiu em cima da cama e rapidamente se jogou nos braços de Ray, voltando a chorar, sentia tanta falta dele, tanta falta daquele abraço e finalmente ali estavam juntos novamente.


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