Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 31
Capitulo 31


Notas iniciais do capítulo

Hei, sorry pela demora, estive muito enrolada ultimamente, sorry, espero que gostem



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No grande salão alunos dançavam e cantavam alegres e até mesmo bêbados, comemorando uma nova fase de suas vidas que estava chegando ao fim, em fim estavam se formando e tudo seria melhor, "Bobagem" Juan resmungou consigo mesmo, se sentando em uma das cadeiras mais isoladas, não é que a antipatia do moreno com os colegas fosse tanta, o problema em si era a festa, o globo de luz que parecia ter sido feito para desviar sua atenção, a música alta que o deixava com dor de cabeça, a gritaria e a multidão que o sufocava e todo o resto.

Frescura sua? Talvez, fato é que ele estava ali por dois únicos motivos:

A comida e os amigos.

—Que cara de morte. - A voz entediada de Set o fez querer rir, o ruivo se sentou ao lado de Juan e parecia tão desanimado em curtir a festa quanto o primo. —Pensei que ia se animar na sua formatura. Mas enfim cadê o tomatinho?

Juan sorriu, dando um soquinho no ombro do primo. —Setinha, para de dar apelidos pro Ray, ele é tímido Poxa.

—Nhown, defendendo o tomatinho.

O moreno suspirou, aceitando a derrota eminente, quando Set começava a implicar a maturidade do debate sempre ia de ladeira a baixo.

—Cadê o Cris? - Ele desviou do assunto, recebendo um olhar desafiador de Set.

—Sei… Lá…

—Você é ótimo para informação em!

—Eu sei! - O ruivo passou os olhos por toda a multidão e parecia procurar o namorado, em vão. —Ali o tomatinho. - Anunciou de súbito, apontando para o menino que parecia ter acabado de chegar e estava parado na porta, meio perdido. Juan sorriu e se levantou imediatamente, com o intuito de largar o primo e correr até Ray. Seu coração parecia finalmente ter entrado no clima da festa e seu corpo queria se mover o mais rápido que podia. Alegre por finalmente ver seu arco-íris ambulante.

Contudo algo o surpreendeu, Alex Collins parou ao lado de Ray, sorrindo de modo perigoso, desde quando eram amigos? Juan se perguntava. Seu desespero aumentou quando Alex puxou Ray para fora do salão.

—O que ele ta pensando? -Set comentou, se levantando rapidamente e parando ao lado do primo. — Alex é perigoso, sabe disso. E não disse que ele zoava vocês?

—Eu… - Juan estava chocado de mais para reagir.

—Vamos ver, vem! - O ruivo puxou o primo na direção da saída, por algum motivo a aproximação de Alex soou incrivelmente perigosa e o coração de Juan parecia estar se destruindo, o Collins não era alguém confiável, era intolerante, cruel e parecia não se importar em machucar outras pessoas. Juan se perguntava como ele resolveu se aproximar de Ray.

Rapidamente os dois passaram pelas pessoas e alcançaram a porta, Set seguia em frente sem se procurar em evitar causar confusão e o moreno novamente agradeceu pelo primo que tinha.

Ray sentiu as lágrimas brotarem nos olhos e as mãos tremerem, a sua frente Alex Collins tinha um olhar cruel e uma lata de tinta em mãos.

—Não faz drama, menininha. - o loiro brincou, rindo descaradamente e dois rapazes, provavelmente mais velhos, seguraram Ray pelos braços, aumentando o desespero do menor. —Eu só to brincando. Não sabe brincar?

—Por favor, me deixa ir.

—Ah… - Alex ergueu as sobrancelhas. —Mas que tipo de amigo abandona a brincadeira? Isso é feio Ray.

—Por favor! Por que faz isso?

Alex apenas sorriu ao ver as lágrimas do menino e começou a se aproximar mais. —Você gosta muito de se colorir para alguém que não quer chamar atenção. Pinta o cabelo que nem menina e depois quer mesmo que eu diga o porquê? - Os amigos de Alex começaram a rir. —Se você agisse como um homem isso não precisaria acontecer, mas como não consegue, eu sou obrigado a tomar essas atitudes não é mesmo? Só estou falando isso para depois não jogarem a culpa em mim, eu não tenho culpa, você me força a isso.

Os dois rapazes seguraram Ray com mais força quando Alex destampou a lata de tamanho médio, a essas horas algumas pessoas tinham parado para observar o que acontecia, uns pareciam rir, outros pareciam preocupados, mas ninguém fazia ou falava nada.

Ray estava impotente, não tinha força para se soltar e estava tão cansado de tentar, todo o seu ensino médio foi marcado por torturas que o menino aguentou em silêncio, tentando resistir a cada dia, não por si mesmo, mas por seu amor a Juan, poderia parecer algo infantil, mas para alguém como Ray esse amor significava uma salvação.

—Agora vamos a uma mudança de visual, o que acha?

O loiro se aproximou com o balde e tudo que o menino pôde fazer foi abaixar a cabeça e fechar os olhos com força. Só pôde sentir quando o líquido espesso começou a escorrer de seu cabelo para seu rosto e logo em seguida entrar por sua blusa, era gelado e parecia grudar, causando uma forte agonia em Ray que, a se ver livre dos meninos que os cercavam, se ajoelhou e começou a chorar, tentando limpar o rosto sujo de uma mistura de tinta vermelha e lágrimas, ele soluçava e tremia, sem saber sequer o que fazer. Odiava se sentir um inútil, mas alguém que apanhou a vida inteira pelo simples motivo de existir poderia fazer o que?

—Olha gente. - Um dos amigos de Alex gritou, ainda rindo. —Ele virou moçinha.

Uma explosão de risos foi ouvida, e as lágrimas de dor do menino pareciam gatilho para a piada. Humilhado mais uma vez. Seria essa toda a história de sua vida?

Apanhar dos país, apanhar dos colegas, apanhar de desconhecidos que não aceitam seu estilo. Seria sempre assim?

—RAY? -A voz de Juan o atravessou como uma faça. Cortante, áspera e dolorida.

—Ora! - Alex se limitou a dizer, por algum motivo ele não prosseguiu. Ray levantou a cabeça no exato momento em que o primo de Juan acertou o olho esquerdo de Alex com um soco, o jovem ruivo a sua frente havia silenciado as gargalhadas com essa atitude e toda a platéia se afastou rapidamente. Ray sentiu dois braços envolverem seus ombros e o puxarem para perto de si, o perfume conhecido de Juan fez com que as lágrimas do menino voltassem com fervor, dessa vez com um pequeno conforto de não mais ter que escondê-las do moreno.

—Isso não acaba aqui. - Alex avisou, rindo. —Vocês são todos iguais. - Seus olhos encontraram os de Ray, com uma ferocidade assustadora. —Eu nunca deixo um assunto inacabado.

—Ignora ele. -Juan sussurrou, começando a fazer um delicado cafuné em Ray, Set se aproximou de ambos os meninos e ainda parecia convicto na ideia de ir atrás do loiro e continuar a socá-lo.

—Vou falar com Cris. - Ele resmungou. —Isso não vai ficar assim.

—Obrigado. - Foi tudo o que Juan conseguiu dizer.

Pouco tempo depois Alex Collins foi para uma faculdade particular em outro país, ele não queria, mas foi obrigado pelo pai por causa de seu péssimo comportamento durante o ensino médio. Juan gostou da ideia de não tê-lo mais por perto, porém Ray sentia a cada instante que o jovem voltaria e cumpriria sua promessa.

~ ~ # ~ ~

Os médicos rodeavam de um lado para o outro no quarto e tudo o que Juan podia fazer era esperar, havia passado a noite inteira acordado, pois só poderia ir ao hospital no outro dia, seus olhos queriam fechar sozinhos, mas seu coração parecia acelerar e obrigar todos os seus músculos a se manterem acordados.

Eram sete e meia da manhã e ele se encontrava a todo vapor, sua avó, uma senhora de setenta anos, cabelos brancos e uma personalidade difícil, havia ficado com Ray aquela noite para que o moreno pudesse dormir, mas ao ver o estado elétrico do neto logo pela manhã percebeu que seu esforço foi em vão.

Acalme-se menino. - Ela resmungou, se sentando calmamente ao lado de Juan. Os médicos só estão checando se ele está bem mesmo, foram quase sete meses inconsciente, eles estão preocupados

Só eles? - Juan resmungou emburrado. Mereço.

Merece uns belos de uns tapas por ser chato. -A mulher ameaçou, fazendo o jovem ficar quieto e emburrado. Já falou com o seu tio Michael para vir me buscar? Se não o lembrar ele me esquece.

Já avisei vó. E ele nunca te esqueceu.

É porque não o conheceu nos tempos de menino.

Juan suspirou e se levantou novamente, estava ansioso demais para ficar parado. Juan! - A mulher o chamou, fazendo com que moreno voltasse a encará-la. Ele vai ficar bem. - Ela sorriu e segurou a mão do neto. Sei no que está pensando, mas não é a mesma coisa. - Juan sorriu, sentindo algumas lágrimas. Pensou neles esse tempo todo não é mesmo? Seus pais?

Eu não quero mais perder ninguém. – Ele admitiu em um quase sussurro, o jovem perdeu os pais em um acidente de carro, ainda era bem jovem e se não fosse pelo apoio do resto da família ele jamais teria superado a perda.

Juan? - Uma das enfermeiras apareceu na porta, ela cuidou de Ray por muito tempo e acabou ficando amiga do moreno. O doutor que conversar com você por um momento. - Ela anunciou e logo abriu caminho para um homem alto, que era meio careca e tinha a pele morena. O homem sorriu para Juan e o cumprimentou com um aperto de mão firme e um olhar seguro.

—Então doutor, ele está bem?

—Fizemos vários exames, ele não parece ter perdido nenhuma memória ou alguma capacidade mental. -Juan sentiu um alivio imediato, tinha medo de Ray acabar se esquecendo de tudo.

—Com o apoio da família e dos amigos ele vai se recuperar bem melhor. Mas agora vamos a parte mais seria. -Seus olhos fixaram-se nos de Juan. —Fizemos o exame várias vezes para nos certificar e não houve engano.

—O que é? - Juan já não se aguentava mais em pé de tanto nervosismo.

—É certo que ele perdeu os movimentos da perna.

Um estranho silêncio se instalou entre todos, Juan se sentou ao lado da avó, tentando assimilar o que ouvia.

—Entendam que não é o fim. - O médico comentou, com calma. —Como eu disse com o apoio da família tudo vai ficar melhor, ele vai precisar se adaptar a viver assim, mas sei que vai ficar bem.

—Mas... Ele já sabe?

—Ainda não. Preferimos que alguém que ele conheça e confie conte. Um médico talvez possa assustá-lo.

—Entendo. - Juan suspirou, tentando afastar as lágrimas. —Me dê um tempo para pensar. E depois eu faço isso.

—Certo! - O médico sorriu e, após se despedir, começou a se afastar rapidamente.

—Ei menino! -Juan sentiu os braços de a avó o envolver e se deixou ser abraçado, enquanto tentava imaginar de que modo contaria a noticia ao seu pequeno arco-íris.

– - # - -

Entrar naquele quarto de hospital antes causava em Juan uma dor misturada com incertezas e dúvidas, hoje entrar nessa sala lhe causou uma dor estranha com um medo de ver seu pequeno arco íris chorar novamente. Cada passo seu estava carregado de uma ansiedade totalmente contida e de um medo descomunal que foi dissipado instantaneamente quando os olhos castanhos de Ray se encontraram com os seus, fazia quase sete meses que Juan não sabia o que era olhar nos olhos de Ray e enxergar algo além de um movimento automático.

—Ray? - O pequeno sorriso que o jovem abriu foi o suficiente para fazer com que o moreno se esquecesse de tudo, ele rapidamente correu até a cama onde ele estava deitado e segurou a sua mão. —Senti sua falta!

—Juan… - Ray conseguiu dizer em um sussurro, fazendo com que o moreno se emocionasse ainda mais. Juan se sentou ao seu lado na cama e o abraçou fortemente, entre lágrimas, o ajudando a se sentar. —Juan... - Ray olhava fixamente nos olhos de Juan, que sorria como nunca.

—Sim… Estou aqui, como prometi que estaria para sempre. - Juan segurou a mão de Ray e a pôs sobre a sua mão, para que o outro pudesse sentir a aliança em seu dedo. —Meu sim foi para sempre, certo?

Ray sorriu, apertando a mão do marido, pois era isso que eles eram, um casal completamente apaixonado, casados há quase dois anos e felizes, como era até difícil de esperar de duas pessoas marcadas por tragédias e sofrimentos no passado.

—Juan? - Ray segurou a própria perna, seu sorriso havia diminuído e ele parecia preocupado. —Por quê?

O moreno imediatamente entendeu a pergunta, era inevitável que ele perceberia logo, "mas não deveria ser tão logo. "Juan pensou, puxando Ray para mais perto de si e fazendo com que ele deitasse a cabeça em seu ombro.

—Sabe que eu te amo, não é mesmo? Vou ficar do seu lado a todo o momento. Independente do problema sabe disso não sabe? - Ray levantou os olhos, já parecendo associar tudo. —Deve ser lembrar que sofreu um 'acidente' certo? Então… Você ficou um tempo desacordado e os médicos disseram que poderia acabar tendo… Alguma coisa diferente quando acordasse, e por causa disso, você já deve ter percebido... Você...

—É a minha perna? - A voz de Ray estava trêmula. —Não consigo... Mexer... É estranho...

—Infelizmente foi isso que aconteceu amor, você não pode mais mexê-las. - Juan terminou de falar sentindo as lágrimas caírem sem pudor, em seus braços Ray parecia estar em choque, nem sequer se movia, não parecia nem ao menos respirar.

—Eu… Eu… - Ele murmurou, começando a tremer. —Eu- Sua fala foi interrompida pelas lágrimas e logo ele já estava soluçando e abraçando Juan com mais força.

—Ta tudo bem amor… Estou aqui, vou ficar do seu lado até o fim.

Juan apenas deixou que Ray assimilasse toda a informação e que ele chorasse o quanto quisesse, depois de conviver o bastante com o rapaz, o moreno aprendeu a entender que ele tinha momentos em que se entendia consigo mesmo e esses momentos eram cruciais.

—Yapu! - A melancolia do momento foi substituída por um instante, quando a porta do quarto foi indiscretamente aberta e uma pequena criatura jazia caída no chão aos resmungos.

—Mas o que? -Juan não sabia como, mas de algum modo conseguiu sorrir quando o pequenino ergueu a cabeça e se levantou estabanadamente, com um sorrisinho torto. —Lucas? O que faz aqui?

O menino apenas correu até o mais velho, com os bracinhos erguidos, pedindo atenção.

A essa altura, Ray apenas observava tudo com curiosidade, suas lágrimas estavam começando a diminuir.

—Lucas! - Um instante depois que Juan envolveu o pequenino em seus barcos Cris surgiu na porta, suspirando pesadamente. Seus olhos passaram do menino, que se agarrou mais a Juan, até Ray, então um sorriso enorme surgiu em sua face. —Ray! Você está mesmo bem! - Ele exclamou se aproximando do rapaz e o envolvendo em um forte abraço que Ray aceitou de imediato, parecendo tentar conter as lágrimas. —É ótimo te ver de novo, você demorou Muito para realmente voltar à consciência, nos preocupou.

—Obrigado por tudo. - o jovem conseguiu dizer, mesmo extremamente emocionado.

—Não queria atrapalhar vocês, mas Lucas ouviu quando Juan ligou e viu como set ficou preocupado e, por conta disso, ele mal dormiu a noite. -Cris sorriu. —Set ficou muito feliz por vocês, soube que já vai poder ir para casa, ele ficou muito preocupado pensando se vocês iam precisar de ajuda, sabem como ele é não é mesmo? Acho que Lucas viu isso e incorporou para si.

Juan fitou o pequenino, sorrindo, era a segunda vez que a sinceridade dos sentimentos de Lucas o afetava e o emocionava. —Obrigado por pensar em nós Lucas, mas agora estamos bem. - O moreno agradeceu, apertando o abraço. —Olha só, esse é o Ray, ele está acordado, como você disse que ele logo estaria.

Lucas sorriu sem jeito, e começou a observar Ray com seus pequenos olhinhos curiosos.

—Isso mesmo. – Cris concordou, sorrindo. —Agora você realmente precisa ir pra escola!

Lucas ainda fitava Ray e parecia tentar captar alguma coisa, Juan estava adorando o momento, seu coração parecia estar sendo preenchido por uma felicidade que há muito não sentia.

—Já sei! – Lucas exclamou alegremente, parecendo voltar para o mundo real. —Joe! – E dizendo isso ele se desvencilhou dos braços de Juan e começou a correr na direção da porta.

—Ei! Lucas! – Cris imediatamente o seguiu. O menino abriu a porta e sorriu de modo travesso um segundo antes de desatar a correr pelos corredores do hospital. —Lucas!

Do lado de fora Juan viu quando Michael, que deveria ter chegado junto com os outros, fez sinal para que Cris se acalmasse e foi atrás do menino.

—E essa agora! – Juan resmungou e ao seu lado Ray o chamou baixinho, seus olhos pareciam novamente marejados.

—Ele disse... Joe?

—Sim, mas... – Então Juan associou uma coisa à outra, e voltou a encarar a porta aberta. —Será que é ele?


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Notas finais do capítulo

Lucas e seus surtos de criança atentada!! :v