Haruka estava sentada no meio da sala com papeladas para tudo quanto é lado, na sala também estava Isane, que organizava alguns papéis, e Irina que também olhava alguns documentos. Elas pareciam não ter percebido que a porta abriu e um servo e Junichi entram na sala, elas continuavam a trabalhar tranquilamente. O servo sai da sala sem fazer sequer um barulho.

— Junichi – Haruka fala sem tirar os olhos do papel que estava na sua mão – essa não é a melhor hora para visitas.

— Haruka.....

— Não está vendo que estou ocupada? – Haruka pergunta ainda em tom tranquilo – Isane, terminei de analisar esses documentos, vocês foram excelentes na minha ausência. – Haruka sorri pra sua fukutaichou.

— Obrigada taichou! – Isane se sente orgulhosa com o elogio – se quiser posso indo e deixo você cuidar da sua visita.

— Não é necessário, temos que terminar pelo menos metade dos documentos e eu ainda estou analisando os documentos da família Matsumoto então não tenho tempo pra visitas....

— Haruka....

Isane e Irina não sabem o que fazer no meio da situação, percebem que a Haruka não que falar com o tal Junichi, mas ao mesmo tempo percebem que o shinigami que nenhuma das duas conhecem não irá embora sem falar com a Haruka.

Haruka respira fundo e coloca os papéis que estão em sua mão no chão e olha para o Junichi.

— O que foi Junichi, meu tempo é limitado e eu estarei ocupada por muito tempo até eu conseguir regularizar a confusão que eu mesma causei, então desembucha....

— Não acho que o assunto que tenho pra falar deva ser tratado na frente de outras pessoas, podemos falar a sós?

— Haruka-sama... eu e a Isane podemos utilizar a oportunidade para tomarmos um chá.... então....

— Tudo bem Irina....

Assim que a Haruka termina de falar as duas shinigamis saem da sala em direção a sala de jantar da mansão Matsumoto e encontram a Saori no corredor.

— Onde está a Haruka-sama?

— Na sala em que estamos trabalhando, um shinigami...Junichi...apareceu e pediu pra falar com a Haruka-sama... ela não parecia muito feliz – Irina diz para a mãe.

— Queria poder acreditar que poderíamos evitar tal confronto.....

— Quem é ele? – Isane pergunta.

— Ele foi o melhor amigo do Hiro, e também é alguém do passado da Haruka-sama, que ela p[refere esquecer... oremos pra que ela mantenha a calma.

Haruka continua a encara o Junichi que ainda não tinha se movido.

— Pronto, estamos a sós, pode me dizer o que é tão importante que você quer me dizer?

— Haruka..... eu sei que passou mais de mil e cem anos.... mas......

— Junichi... as pessoas mudam.... fico feliz que você ainda está vivo, mas preferia que tivesse ficado no palácio real.....

— Se eu ficasse lá eu mataria seu irmão.... não posso imaginar o seu sofrimento durante todos esses anos... pra mim foram apenas alguns minutos dentro daquele buraco.....

— Não passou pela sua cabeça que se eu quisesse você não teria ficado nem um segundo dentro do buraco, e que quando eu enfrentei o Hiro eu poderia não destruir a zanpakutou dele?

— Haruka....

— Junichi.... eu sinto muito pelo sofrimento que eu te causei, mas quando eu digo que não sinto nada por você é verdade, você foi meu melhor amigo, mas eu era inocente e não sabia o que eu realmente queria.... eu achava que te amava, mas era uma maneira de me rebelar quando eu sabia que meu destino estava selado e eu queria ter minha liberdade, principalmente do Hiro.... você foi alguém que eu precisei, mas o tempo passou e eu cresci...você continua aquela criança que acha que nada que fizer vai trazer consequências..... a verdade é que quando você caiu dentro do buraco o maior peso das minhas costa tinha acabado de sumir eu não seria mais o espirito rei....

— Haruka.....

— Junichi, eu sei que eu estou te magoando falando assim, mas talvez essa é a única forma de você entender...... Eu estava grávida quando você entrou no buraco... ninguém da seireitei sabia, e hoje poucas pessoas sabem...... Eu abandonei o direito de ser mãe.... e hoje sou apenas a irmã mais velha.... ela sabe sobre você, mas eu peço que não tente impor o “pai” nela, ela não precisa.... ela pode até entender o que você possa se sentir....

— Haruka... você quer dizer que temos uma filha?

— Não... eu quero dizer que o resultado do nosso relacionamento deu origem a uma criança que hoje é minha irmã mais nova..... eu não tenho direito de ser chamada de mãe como você não tem direito de se auto proclamar “pai”.

— Haruka.... se ela é minha filha ela tem o direito de saber.... e se eu sou o pai dela eu tenho o direito de ser o pai dela.....

— Junichi.... ela não é uma criança.... ela não precisa de pais... eu não estou dizendo que você não pode fazer parte da vida dela, eu simplesmente estou dizendo que na vida dela não tem lugar para um pai.... e o lugar de mãe minha mãe ocupa honradamente. – ela respira fundo – Junichi.... eu realmente amei você... você foi alguém importante para que eu pudesse crescer e me tornar que sou hoje... mas eu mudei.... não quero te magoar, mas o tempo faz isso.... aquele amor que eu sentia por você hoje é carinho por alguém que eu não quero ver machucado... você é como um irmã e eu deveria ter visto isso antes... não estou dizendo que me arrependo, por que se não eu não teria uma irmã incrível.... você deve conhecer a Rangiku... mas quando conhecer você vai entender que ela é uma pessoa incrível que não tem espaço para pais como nós dois..... e eu espero que você encontre alguém que possa te amar do jeito que você merece.... e da maneira que eu nunca consegui.....

— Então pelo seu discurso..... você não quer ter nada haver comigo?...... você seguiu em frente..... eu conheço ele ou ela? – Ele ri pra si mesmo – Mil e cem anos.... a não ser que seja alguém daquela época seria impossível eu conhecer... e como você prefere viver na seireitei ao invés do palácio real creio que a resposta será negativa.... espero que vocês sejam felizes..... – Junichi começa a se virar para sair da sala.

— Jun... eu nunca desejei te fazer mal algum... muito menos te ferir.....

— Eu sei Haruka...... Ela....

— A Rangiku vive na Mansão Kuchiki.....

— Kuchiki?!

— Ela é uma Kuchiki..... ela casou com o líder do clã Kuchiki....

— Isso é algo que eu não imaginaria...... até mais Haruka...

— Até.. Jun......

Junichi olha para a Haruka e os dois sorriem, ele sabia que a decisão da Haruka sobre o relacionamento dos dois era a mais correta, ela nunca amou ele do jeito que ele a amava e nunca iria. Junichi sempre imaginou que se ele amasse a Haruka mais do que tudo no mundo um pouco desse amor poderia ser voltado a ele e ela o amaria de volta, mas parece que a muralha que está em volta da Haruka era mais resistente a ele do que ele imaginou. E tudo que ele mais queria no mundo é que a Haruka fosse feliz, mesmo que não fosse com ele. E naquele momento ele tomou sua decisão, ele iria conhecer a Rangiku, e depois iria partir para uma viagem onde ele poderia conhecer a si mesmo.

Junichi sai da mansão Matsumoto e logo vai para a mansão Kuchiki, na entrada ele dá de cara com o líder do clã, que parecia mais perigoso do que ele queria.

— Boa tarde!.... eu sou Senjumaru Junichi.... eu queria falar com a Rangiku-dono....

Byakuya respira fundo.... e percebe que o homem na sua frente não iria tentar nada contra ele ou sua família.

— Creio que você já falou com a Haruka?

— Sim...... não saiu do jeito que eu esperava... mas com a Haruka é assim mesmo nada será da maneira que você espera....

— Venha........ a Rangiku está no jardim.......

Junichi segue o Byakuya pela mansão até darem de cara com o jardim, onde Hana está brincando entre as flores, Rukia está com o Ryuu no colo e Rangiku está com a Sayaka no colo e aparentava estar cantando para acalmar a pequena menina de seis meses de idade.

Eles caminham em direção as mulheres e crianças, quando Rukia percebe que eles estavam se aproximando.

— Onii-sama?!

— Byakuya?! – Rangiku olha para o marido – achei que ia ficar o dia inteiro no sexto esquadrão.... e quem é o shinigami ao seu lado?

— Ele é....... –Byakuya olha para Hana que tinha se aproximado da mãe.

— Eu sou um antigo amigo da Haruka – Junichi diz ao perceber a hesitação do Byakuya – Meu nome é Senjumaru Junichi, mas podem me chamar apenas de Junichi.... – ele sorri.

— Então você é parente da tia Shutara? – Hana pergunta sorridente.

— Sou irmão mais velho da Shutara..... – ele sorri – Vim fazer uma visita antes de partir...... – ele olha pra família e finalmente entende o que a Haruka queria dizer com todo seu discurso – A Haruka tinha razão.... –ele fala para ninguém em particular. – É um prazer conhecer todos vocês..... mas creio que não poderei ficar mais tempo....

Com isso ele vai embora antes que qualquer membro da família Kuchiki possa dizer algo.

— Que cara estranho – Hana fala e olha pro pai – Podemos treinar? Quero mostrar pra tia Haruka o quanto melhorei no controle da Shinkai ela vai ficar orgulhosa.

— Claro Hana..... – Byakuya olha para a Rangiku – Você vai ficar bem?

— E por que eu não ficaria? Vai mimar sua filha enquanto eu coloco esses dois pra dormir.