Céu & Mar escrita por Luh Castellan


Capítulo 7
On Top of the World


Notas iniciais do capítulo

Oii leitores queridos! Eu deveria ter postado esse capítulo sexta, mas só consegui postar hoje :/ Mil desculpas! Eu estou muito muito muito feliz pelos comentários de Raltz, Carol Ferris e Anna *---* O título foi inspirado numa música de Imagine Dragons.
Quando aparecer esse símbolo seguido de um título de uma música "— Imagine Dragons - On Top Of The World —", por exemplo, é o soundtrack que eu gostaria que vocês ouvissem enquanto leem, pois ajuda na ambientação da cena. E quando aparecer esse "—/" é quando a música deve parar.
Boa leitura o/



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Annabeth

Pulei o riacho para dentro do território inimigo. O único ruído que tomava o ambiente era o da água cristalina correndo pelas pedras. Ajustei minha máscara no rosto instantes antes de duas mãos fortes me puxarem para trás de um arbusto. Reprimi um grito de surpresa, mas logo relaxei ao reconhecer Beckendorf. Ele usava roupas camufladas e segurava um escudo de paintball igualmente camuflado. Ao seu lado estava um garoto alto e robusto que eu não conhecia, usando os mesmos trajes. Beckendorf gesticulou com o indicador para fazer silêncio e sinalizou em direção a uma brecha nos galhos.

Me inclinei por entre as folhas e visualizei uma clareira. No meio dela, pendendo do tronco de um cedro, estava a bandeira vermelha, guardada somente por uma pessoa. Estava fácil demais. Consegui identificar saliências no chão ao redor da árvore, de terra recém mexida. Não fomos o único time a usar minas terrestres.

Em meio a sussurros abafados pela máscara, Beckendorf me informou que tínhamos jogadores camuflados no perímetro de toda a clareira. Eu também estava consciente do grupo que enviamos como isca pelo flanco esquerdo, que obteu êxito desviando a atenção de quase metade da equipe inimiga. Conflitos aconteciam pela floresta inteira naquele momento. Mas eu conhecia bem Clarisse La Rue e sabia que ela não perderia fácil.

– O que você vai fazer, capitã? - Charles sussurrou.

Torci o nariz ao ouvir o "capitã".

– Hm... Alguém tem que pegar a bandeira, certo?

– Mas e o guarda? - O outro rapaz perguntou.

– Distraiam ele - Ordenei, saindo do meio das folhagens.

Beckendorf deu instruções para alguém pelo seu rádio comunicador e logo vários indivíduos usando trajes camuflados saltaram para a clareira. Todos eles tinham faixas azuis nos braços e apontaram as pistolas para o guarda da equipe vermelha.

O adversário ficou confuso por um instante, mas logo berrou alguma coisa no seu próprio rádio e outros soldados da equipe vermelha surgiram das árvores. Merda.

Era agora ou nunca. Os dois lados lançaram fogo, uma chuva de paintballs azuis e vermelhas tomou a clareira. Com certeza isso não estava planejado.

Uma das necessidades de ser líder é ter que improvisar às vezes, isso eu aprendi da pior forma possível.

– Me deem cobertura! - Gritei para os meus parceiros, para me fazer ouvir por cima do barulho dos marcadores disparando.

Os dois ergueram os escudos e protegeram meus flancos, um de cada lado. Meu coração batia tão rápido que meu peito doía. Aproveitamos um rápido "cessar-fogo" em um dos lados, enquanto os jogadores recarregavam seus cartuchos, para correr em direção a bandeira.

Com cuidado, pisei nos espaços de terra mais sólida, evitando as minas. Arranquei o objeto da árvore e corri para a segurança da floresta. Minhas pernas protestaram, mas eu as obriguei a continuar correndo. Meus pulmões queimavam pelo esforço. Era só cruzar o riacho. Estava tão perto... Eu já conseguia ver a água deslizando sobre as pedras, lá na frente. Mas eu não tinha notado que um dos adversários, aquele que estava de guarda, havia deixado a batalha na clareira e estava em meu encalço.

Mudei a direção, virando para esquerda e ziguezagueando por entre as árvores. Beckendorf e o outro garoto não aguentaram o esforço, ficando para trás. Eu não podia exigir mais deles. Aquilo era responsabilidade minha.

Continuei correndo entre as árvores e desviando das paintballs que meu inimigo disparava loucamente. Minhas pernas fraquejaram, não aguentavam mais nenhum esforço. Mudei de direção uma última vez, em seguida me joguei de lado e aterrissei num grande arbusto. Meus braços e meu rosto arranharam no processo, mas eu consegui despistar o adversário por um tempo. Ele não parecia ser muito inteligente.

Rolei para o meio das folhagens, tentando fazer o máximo de silêncio que os meus pulmões desesperados por ar permitiam. O competidor da equipe vermelha parou, apoiando as mãos nos joelhos.

– Você não pode se esconder para sempre, Chase - Cuspiu, vasculhando as árvores em volta.

Aquela conhecida voz rouca me causou um calafrio. Então eu descobri que não era "ele" e sim "ela", mais precisamente, Clarisse La Rue, minha maior inimiga.

Por entre os galhos do arbusto, consegui notar pela primeira vez os seus olhos castanhos faiscando através da fenda da máscara, prontos para fuzilar alguém. Eu precisava urgentemente de uma saída. Olhei em volta desesperadamente, procurando qualquer coisa que pudesse me ajudar. Até que meus olhos focalizaram num ninho de vespas pendendo de um galho poucos metros acima de Clarisse.

Comemorei internamente. Isso podeira ser minha salvação ou minha perdição, portanto eu precisava agir com cautela. Tinha que atingir uma bolinha exatamente no local em que o ninho fixava-se ao galho, para ele soltar-se. Eu estava em uma distância segura. Com sorte, as vespas não me notariam e eu poderia fugir em segurança.

— Imagine Dragons - On Top Of The World —

Era o momento de agir. Apertei com força a bandeira no meu peito e mirei minha pistola na direção do ninho. Prendi a respiração e puxei o gatilho. Clarisse assustou-se com o barulho do disparo, porém não teve muito tempo para pensar, pois o ninho de vespas caiu bem na sua cabeça.

Uma nuvem dos insetos raivosas a envolveu, enquanto a menina gritava e esperneava.

– Relaxe, Clarisse - Zombei enquanto me levantava dos arbustos. - Essas vespas não são venenosas, só vão causar um pequeno inchaço e desconforto por um ou dois dias.

– Vai ter volta, sua nerd idiota! - Ela rugiu, agitando os braços ao redor da cabeça.

Era tentador, mas não fiquei para ver o show. Usei as forças que me restaram para correr para bem longe dalí. Tentei usar meu censo de direção para voltar ao riacho. Um alívio inundou meu corpo quando avistei a água a poucos metros de distância. Saltei o pequeno regato, corri alguns metros e caí de joelhos, completamente esgotada. Arranquei a máscara do rosto e inspirei profundamente. Ainda me permiti um grito de comemoração com o resto de fôlego que eu tinha.

– Eu consegui!! - Berrei, a plenos e sofridos pulmões.

Beckendorf apareceu do outro lado do riacho, seguido por outros campistas que estavam no conflito da clareira. Eles deram vivas e gritos de comemoração, agitando os punhos no ar. Em pouco tempo foram chegando mais jogadores, das duas equipes, principalmente da azul, que se juntaram a comemoração.

Um sorriso largo e triunfante estampava meu rosto. Se alargou ainda mais quando vi Luke surgir no meio das árvores correndo na minha direção. Ele também sorria, exibindo seus dentes brancos perfeitos, exceto por uma pequena falha na presa esquerda. Eu sempre achei aquilo um charme, um pequeno detalhe imperfeito para quebrar a perfeição da obra total.

O loiro me içou pela cintura com seus braços fortes e me colocou sobre os ombros. Outros amigos se juntaram a ele e logo eu estava sendo carregada sobre uma pequena multidão. Levantei a bandeira lá no alto, para que pudesse ficar visível por todos.

– O vencedor da Captura da Bandeira é o time azul! - Quíron proclamou, aumentando a euforia de todos.

Grande parte da equipe vermelha estava triste, arrasada, ou irritada, mas alguns até cumprimentaram nossos jogadores e outros entraram na comemoração também. Não vi nenhum sinal de Clarisse.

Existem breves momentos em nossas vidas que nos sentimos inteiros. Aquele simples instante em que você se sente invencível, como se fosse o rei ou rainha do mundo. O coração pulsa loucamente, a adrenalina domina seu sangue, seus olhos brilham de alegria e meros detalhes tornam-se inesquecíveis. Esses momentos podem durar poucos segundos ou horas.

Naquele instante, enquanto eu ostentava a bandeira, toda a dor e exaustão extinguiu-se de mim. Plagiando Stephen Chbosky, "naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos".

—/

***

Entrei no chalé saltitando, triunfante, apesar de cansada, suja e um pouco machucada. Me deparei com minha prima encolhida na cama, abraçando uma das almofadas azuis em formato de nuvem.

– Thaliaaaa você não vai acreditar!! - Anunciei, ainda dando pulinhos eufóricos. - NÓS GANHAMOS!! E fui eu que peguei a bandeira!!!

– Ah. Que legal - Ela murmurou, sem demonstrar nenhuma emoção, fitando o vazio.

Deixei as mãos caírem ao lado do meu corpo.

– O quê?? Não vai gritar, nem comemorar comigo, ou ao menos dar uma resposta sarcástica?? - Perguntei, incrédula.

Ela continuou em silêncio, encarando o nada, sem expressão.

– Não vai querer saber como sua prima incrível conseguiu imobilizar Clarisse La Rue, somente com um marcador de paintball e uma única bolinha de tinta? - Perguntei, sorrindo de lado.

Ela resmungou algo parecido com um "não" e enterrou o rosto no tecido azul.

– Quem é você e o que fez com minha prima? - Brinquei, mas ela também não disse nada.

Cansei de tentar arrancar alguma palavra dela. Sem aviso prévio, pulei em cima dela e comecei a fazer cócegas. A menina saiu do transe e começou a rir, enquanto chutava e esperneava tentando se livrar de mim.

– Ai, sua vaca! - Ela disse, ainda rindo e ofegando quando eu finalmente a deixei em paz.

Me sentei ao lado dela e a encarei, séria.

– Agora que a minha prima notou que eu existo, vai me dizer o que tá acontecendo?

– Não aconteceu nada - Ela enrijeceu, abraçando novamente a almofada e corando discretamente.

– Sei... Anda logo, desembucha.

– Hã... Eu... Percy... Nós... - Ela começou a gaguejar, sem conseguir formular frase alguma.

– Não me diga que vocês...? - Indaguei, arqueando as sobrancelhas.

Thalia ficou da cor de uma pimenta.

– Não é pra tanto, né, Annabeth? Ele só me beijou...

– Aii eu sabia!! - Comemorei, fazendo a cama balançar. Thalia jogou a almofada em mim e ficou emburrada. - Vocês combinam tanto! Me conte tudo, nos mínimos detalhes - Ordenei.

– Não tem nada pra contar! E não combinamos coisa nenhuma - Resmungou, ainda carrancuda.

Cutuquei a barriga dela.

– Para de drama, sua boba - Rolei os olhos. - É só um beijo, não é o fim do mundo. Mas, e aí? O que você fez depois?

A morena mordeu o lábio inferior, desconfortável.

– Eu... Fugi - Ela murmurou, enquanto enrolava uma mecha do cabelo entre os dedos.

Arregalei os olhos.

– Você fez o quê?? - Perguntei, indignada. - Por quê?

– Sei lá, Annie! - Ela resmungou de cara feia. - Eu só fugi. Me deixa, ta? Vai tomar um banho, você ta fedendo - Ela torceu o nariz.

– Ei! - Eu ri, jogando a almofada de volta nela, que também riu.

Peguei uma toalha e algumas roupas no baú. Andei até a porta, mas parei com a mão na maçaneta. Dei uma última olhada para Thalia, que estava sentada na cama, encarando a nuvenzinha de pelúcia com um discreto sorriso no rosto.

– Eu acho que Thalia Grace ta apaixonada - Provoquei, dando um sorriso malicioso.

– Ahh, vai se foder, Annabeth Chase!! - Ela gritou, no exato momento em que eu saí do quarto rindo e fechei a porta atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem se o capítulo não ficou muito bom, eu estava sem muita criatividade :/
Ah, eu fiz uma capa nova pra fic hehehe (avá, serio?)
Quero a opinião de vocês... Até semana que vem o/