Efeito Dominó escrita por Snowflake


Capítulo 10
Capítulo X




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POV Dominique

Entrei no carro dos pais de Megan em silêncio. Sentada no banco de trás, apoiei a cabeça no ombro de Meg, fechando os olhos com força. Esperava que, quando os abrisse, descobrisse que a última semana não passou de um mero pesadelo. Infelizmente, era mais pura realidade. Ainda encarava as costas do banco do passageiro.

Aparentemente, um clima tenso havia tomado conta do carro. Já era de se esperar, considerando tudo o que foi dito sobre a minha pessoa lá dentro. Por isso, desliguei o celular, na tentativa de evitar que minha família entrasse em contato comigo. Impedindo que aquele silêncio constrangedor se prolongasse, tio Noah ligou o rádio, baixinho. Afinal, a irmã mais nova de Meg, Emily, dormia. Além disso, Mark, que dirigia, ofereceu-me um sorriso compreensivo.

Quando dei por mim, já seguia Megan até seu próprio quarto. Arrumamos dois colchões no chão, pegamos vários pacotes de Bala Fini e escolhemos uma série qualquer para assistir. Francamente, não consegui prestar atenção. Minha mente estava um caos e todas as desgraças que ocorreram no casamento se repetiam na minha cabeça.

— Ok, já chega – Exclamou Meg, pausando a série e chamando minha atenção. – Para de pensar nisso, D. Já passou.

— Estou tentando, mas está meio impossível – Bufei. Depois de me ouvir, Megan levantou abruptamente. – Onde você vai?

— Buscar o remédio para isso. – Sem esperar respostas ou protestos, saiu, fechando a porta atrás de si. Pouco tempo depois, retornou, carregando potes se sorvete.

Em suma, passamos o resto da noite e uma parte da madrugada conversando e comendo sorvete até não aguentarmos mais. É fascinante a maneira como, junto de Meg, até as mais simples atividades são incríveis. Sinceramente, não sei o que seria de mim sem ela ao meu lado.

Assistimos quase uma temporada inteira de Friends até que Megan caísse no sono. Invejei-a por isso, uma vez que, toda vez que fechava os olhos, voltava a pensar sobre o que acontecera no casamento. Principalmente sobre o comportamento incomum de Van der Bilt. Não sabia o que pensar sobre isso, e muito menos se deveria tomar alguma atitude.

Em uma tentativa fracassada de afastar o pensamento, cometi o erro de ligar meu celular e checar as prováveis lições de moral que encontraria em minha caixa de entrada. Não fiz questão de ler as doze mensagens deixadas pelo meu pai. Tony havia deixado apenas um "Eu sabia". No entanto, somente uma mensagem me deixou intrigada. Tudo o que dizia era uma frase muito comum, para ser sincera. Mesmo assim, o nó no meu cérebro foi causado pelo fato que era Jude que me questionava se eu estava bem. Que tipo de pergunta era aquela, meu Deus? Até ontem ele faria de tudo para se certificar de que eu não estava bem. Talvez seja só isso mesmo. Talvez ele só quer ter certeza de que eu não estou bem. Faltou tempo para que eu pudesse decidir se respondia ou não, logo que a tela de meu telefone mudou, dando-me a opção de atender ou rejeitar a chamada que recebia. Suspirei quando li o nome exposto pelo aparelho, tocando o botão verde por puro impulso.

— O que você quer? – Sussurrei.

Você não respondeu a mensagem. Como está?— Perguntou, com a voz rouca.

— Cansada. – Fiz uma longa pausa, onde pude ouvir sua respiração. – E
você?

POV Jude

Assim que Dominique foi definitivamente embora, recuperei-me do meu breve momento inconsolável e coloquei meu cérebro para funcionar. Estava determinado a encontrar Caitlin a todo custo.

Retornei ao salão, ignorando os murmúrios a meu respeito. Diferente de Dominique, não demorei para encontrá-la. Continuava perto do palco, agora apoiada em uma parede e flertando com um cara qualquer. Aproximei-me com passos firmes, colocando-me entre eles e puxando Cait para o canto pelo braço, colocando mais força do que devia.

— O que foi, gracinha? – Ela provocou. – Rompeu com a namorada e precisa de consolo? – Ignorei seu sarcasmo. Apenas a encarei, quieto, sentindo o sangue subir à cabeça. Ela olhou para a minha mão que segurava seu braço, fazendo uma careta. – Dá para me soltar? Está me machucando – De mau grado, larguei seu braço.

— Que merda foi aquela, Caitlin? Como é que você... – Minha sentença foi interrompida pela voz da garota.

— Não tenho culpa se você não consegue se controlar, gracinha. Lembre-se de que não fizemos nada contra a sua vontade. Agora, se me dá licença, tenho algo melhor para fazer do que discutir contigo. Esse privilégio eu deixo para Dominique – Piscando com um olho, deixou-me plantado.

Voltei para casa sem falar com os meus pais. Morava sozinho, portanto podia adiar um pouco mais o sermão que com certeza me dariam. Sem ânimo e nem paciência para nada, joguei minhas roupas em um canto, deitando debaixo da coberta apenas com uma boxer. Ignorei todas as ligações que recebia, até mesmo as de Mike. Aquele vazio ainda me perturbava, tirando-me o sono. Permaneci fitando o teto até umas quatro horas da manhã, mais ou menos, até que não aguentei mais e peguei o celular. Dominique visualizara a mensagem que enviei recentemente, mas não obtive resposta. Pouco me importando se acordaria alguém ou não, decidi ligar para a loira. Três toques depois, ela atendeu:

O que você quer?— Sua voz saiu como um sussurro.

— Você não respondeu a mensagem. Como está? – Perguntei, ansioso pela resposta.

Cansada— Seguiu-se um longo intervalo silencioso. – E você?

Jogo baixo, Dominique. Jogo muito baixo. Estou confuso, na verdade. Tive vontade de despejar tudo em seu ouvido, dizer que estou perplexo. Perdido. E pior, me sentindo vazio.

— Sem sono – E por sua culpa, pensei.

Ah. Vou tentar dormir um pouco. Boa noite, Van der Bilt.

— Boa noite – Depois de ouvi-la desligando, completei: – Durma bem, Domi.

#####

POV Dominique

Três semanas se passaram desde minha última conversa propriamente dita com Jude. Após aquela ligação na penumbra da noite, mal nos falamos. Somente nos encontrávamos quando saíamos em grupo, e, vez ou outra, nos corredores da faculdade. Mesmo assim, palavras só eram trocadas se fosse extremamente necessário. Não era como se o clima estivesse tenso entre nós dois, apenas não tínhamos motivos para conversar. Contudo, apesar de não nos falarmos, eu sonhava com o desgraçado praticamente toda noite. Revivia nosso momento no parquinho, mas, no sonho, eu não me afastava. Muito pelo contrário, continuava me derretendo nos braços do maldito. Em minha mente, ele se distanciava poucos centímetros para me falar alguma coisa, mas sempre acordava antes de descobrir o que tinha para me dizer.

Voltando para a frustrante realidade, estava jogada em um dos sofás do Brew, esperando Megan voltar com seu tão adorado creme brulée. Aguardávamos a chegada de James, que alegava ter uma surpresa para nós. No entanto, como sempre, estava atrasado.

— Onde é que o seu namorado se meteu? – Perguntei para Meg assim que se sentou ao meu lado, já devorando seu doce.

— Sei lá. Diga-me onde seu primo foi parar – Preparava-me para responder, mas a voz de Jay se sobressaiu à minha.

— O amor da vida de vocês está bem aqui – Olhamos para onde ele estava. Aproximou-se de Meg, dando um selinho. Murmurei um "Menos, James", recebendo apenas um revirar de olhos em troca. – Não estou falando de mim, Cardumi, apesar de também ser verdade – Jay riu de minha expressão que, assim como a de sua namorada, estava confusa. Olhando para o outro lado do ambiente, exclamou: – Pode vir!

Pisquei os olhos várias vezes, sem conseguir acreditar no que via. Atravessando o salão do Brew, um rosto muito conhecido por mim sorria largamente, e parou no meio do caminho quando Megan a evolveu em um forte abraço. Ficaram assim por um bom tempo, e eu ainda parada no lugar, estática. Ainda sem crer no rosto que contemplava, abri um enorme sorriso e me juntei ao abraço. Um maravilhoso sentimento de felicidade me preencheu, e demorei para me afastar.

— Eu senti tanta falta de vocês! – Exclamou o Rosto Conhecido, com a voz embargada pelas lágrimas.

Sem tirar o sorriso dos lábios, dei um passo para trás, permitindo que ela respirasse. Miranda era, junto de Meg, uma de minhas melhores amigas, além de ser a irmã mais nova de James. Nós três passamos nossa infância e adolescência inseparáveis, porém, quando terminamos o Ensino Médio, ela foi para a Itália estudar. Apesar disso, tentávamos manter contato, é claro, mas fica difícil quando há um oceano nos separando.

— Por favor, diga que você não vai voltar para Florença!

— Não vou! – Respondeu-me, entusiasmada. Sendo assim, ficamos conversando a tarde toda. Jay saiu pouco depois, alegando que levaria a bagagem de Miranda para casa e resolveria alguns assuntos da faculdade. Lá pelo final do dia, para a minha infelicidade, consegui ver Van der Bilt entrando no estabelecimento, seguido de Mike. Encaramo-nos por poucos segundos e, quando piscou para mim, desviei o olhar, enrubescida. Miranda percebeu minha expressão angustiada, e não deixou de comentar. – O que houve, Domi?

— Ah, Mizinha, tem tanta coisa que você precisa saber – Comentou Megan, suspirando.

POV Jude

Esforcei-me o máximo possível para não pensar em Dominique nas últimas semanas. Não posso afirmar que me desempenho foi maravilhoso, uma vez que nem eu acreditaria nessa mentira. Honestamente, fracassei miseravelmente. A infeliz não saia da minha cabeça de maneira nenhuma. Fiz de tudo, só faltou recorrer a tratamentos sobrenaturais, mas acredito que nem isso adiantaria. Como se não bastasse isso, para ser ainda mais contraditório, Dominique me evitava. Apesar disso, me rendi algumas vezes. Foi muito mais forte do que eu. Liguei para a maldita algumas vezes, mas, por qualquer motivo que fosse, ela não atendeu, e não pude deixar de pensar que ela só não queria manchar seus ouvidos com a terrível poluição da minha voz.

Mike me ajudou com a Missão Impossível que era distrair-me. Frequentamos várias festas e fiquei com algumas poucas garotas. Ciente de que isso não adianta em merda nenhuma, desisti e o álcool passou a ser meu melhor acompanhante. Quando alguma garota se aproximava, dispensava-a, sabendo que certamente só me faria lembrar ainda mais de DiNozzo.

— Estou te falando, cara – Enfatizou Michael. –, ela é a garota mais incrível que já conheci.

— Você disse isso cinquenta vezes, Mike – Revirei os olhos, já farto do quanto ele elogiava Lorena, que aparentemente tinha despertado o lado sentimental de Michael. –, e eu entendi na primeira.

Ainda escutando o quando Lolly era sensacional, segundo as palavras de Mike, entramos no Brew. Caminhei até o final da fila, afim de fazer meu pedido. Vasculhei o salão com os olhos, procurando algo que me distraísse. No entanto, como o Universo tem um senso de humor obscuro, meus olhos encontraram aquelas íris azuis que tanto me atormentavam nos últimos dias. Parece que fiquei anos encarando-a. Por puro impulso, pisquei com um olho. Dominique ficou vermelha no mesmo momento, desviando seus olhos dos meus. Com isso, tive a oportunidade de conferir quem acompanhava DiNozzo e, além de seu primo e Megan, estava alguém que não via há tempos.

Após pegarmos nossas bebidas, Michael e eu marchamos até onde eles estavam. Cumprimentamos Miranda calorosamente, afinal, também já fomos muito bons amigos. Juntamo-nos a eles, conversando como se nada tivesse acontecido. Lógico que Dominique não dirigiu a palavra a mim, e nem eu a ela. Subitamente, Miranda soltou um gritinho ao atender o telefone. Deixando o aparelho de lado, exclamou:

— Matt já está vindo! – Com isso, Dominique e James sorriram, enquanto Megan fazia uma careta, demorando para lembrar de quem falavam. Quando recordou, também sorriu.

Particularmente, não fazia ideia de quem seria aquele sujeito. Olhei para Mike, em busca de respostas, mas ele só balançou os ombros. Minhas dúvidas só foram esclarecidas uns quinze minutos depois, quando um cara alto caminhou alegremente em nossa direção, sentando-se próximo de Miranda depois de cumprimentar a todos. Imaginei que talvez fosse seu namorado ou algo do gênero, porém o grande ponto de interrogação em meu cérebro permaneceria por mais algum tempo. Pelo que pude entender, ele também havia estado na Itália, junto com Miranda. Matthew parecia ser um cara legal e, em pouco tempo, nos envolvemos em uma conversa animada sobre Lacrosse. Apesar disso, minha consciência repetia, baixinho, que deveria manter um pé atrás quando o assunto era Matthew Langdon.


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