Cidade Dos Corvos escrita por Dyêgo
CAPÍTULO CINCO:
Pouco tempo depois do acidente, alguém chamou a polícia e a ambulância, eles fizeram o resgate, todos estavam desacordados. Uma voz na ambulância dizia.
– Um acidente envolvendo cinco adolescentes. Todos menores. Cuidados intensivos a caminho do hospital. Código 2.
Hospital.
– CPR dado na cena, sem resposta. – Um homem dizia carregando um dos cinco jovens em uma maca.
– Pressão de 9 por 5. Não há alteração! – Falou a enfermeira.
– Não sei quanto tempo ficou submersa.
Numa sala de hospital.
Narração de Dyêgo.
Estávamos nós quatro naquela sala esperando alguém vir nos buscar, todos encharcados de água. A cabeça doía muito, foi realmente muita sorte de nós termos sobrevivido.
– O que aconteceu? – Eduarda perguntou a Mykaella.
– Não foi minha culpa. Ellen pegou o volante. – Mykaella falou para Eduarda.
– Ela poderia ter nos matado. – Falou Heleno. – Qual o problema dela?
– Ela deve ter visto algo na estrada. – Falei.
– Não tinha nada, eu teria visto. – Mykaella falou com voz de choro.
– Código vermelho! – Gritou um homem.
– Chamem os paramédicos! – Gritou a enfermeira e uma correria se formou no corredor.
– Ela está ficando sem ar e a pulsação está ficando fraca. – Falou um homem.
– Não. – Falei nervoso e correndo até a outra sala.
– Não sei quanto tempo ficou submersa. – Falou um homem.
Fiquei ali parado, vendo todos fazendo o possível por Ellen, em um determinado momento ela abriu os olhos e eu fui até ela.
– Ellen! – Falei pondo a mão em sua testa. – Vai ficar tudo bem.
– Não vai. – Falou ela com a voz muito fraca.
– Para de falar isso. – Falei.
– Descobre o que aconteceu. Eu vi... – Ela tentava falar, mas não conseguia.
– O que você viu? – Perguntei.
– Eu vi... – Ela tentou novamente, mas antes que ela respondesse os seus batimentos cardíacos chega a zero e ela solta seu último ar de dentro de seu corpo.
Os médicos retiraram os aparelhos.
– Hora da morte: 01h02. – Falou um homem.
Depois de um tempo.
– Você ainda está tremendo. – Heleno falou para Eduarda.
– Continuo pensando em estar embaixo d’água, sem saber como iria acabar. – Falou Eduarda.
– Estamos bem. – Falou Heleno.
– Nem todos nós. – Falou Eduarda.
– Ela deve ter visto algo na estrada. – Falei.
– A estrada estava vazia. – Mykaella falou.
– Algo que você não viu. – Falei.
– A estrada estava vazia. – Mykaella falou novamente. – Ela pegou o volante, depois me lembro do carro no rio. Pelo menos pensei que estava vazia.
– Mykaella Beaumont? – Falou um enfermeiro chegando. – Vou tirar uma amostra de sangue, tudo bem?
– Certo. – Falou Mykaella.
– Você deve esperar até os pais dela chegarem. – Falei.
– Não me importo. – Falou Mykaella.
– Eu me importo. – Falei olhando pra ela. – Essas pessoas tem que nos dar espaço.
– Ei, calma cara. – Falou Heleno pra mim.
– Acalme-se você! – Falei.
– Tudo que eu faço é tirar sangue, certo? – Falou o homem.
– O que você vai fazer é pegar seus tubos, agulhas e sua bola e esperar. – Falei.
– Por que todos nós não nos acalmamos? – Falou um policial chegando. – Não vamos deixar as coisas mais difíceis. Quem é sua amiga? – Perguntou o homem a Heleno.
– Nem a conheço. – Falou Heleno.
– Pai! – Falou Mykaella vendo seu pai chegando.
– Mykaella! – Falou o homem chegando mais perto.
– Sinto muito, foi um acidente. O carro está no rio. – Falou ela chorando.
– Está tudo bem, você está segura. – Falou sua mãe a abraçando.
– Vocês estavam no carro? – Perguntou o pai de Mykaella a Heleno e Eduarda, mas nenhum responde. – Deixei claro para a Mykaella e vou deixar claro para vocês. Quero que você e sua irmã fiquem longe da minha filha.
– Uma menina morreu no acidente, Simon. – Falou o policial para o pai de Mykaella. – Mykaella estava dirigindo.
– Quem morreu? – Perguntou o homem.
– Minha amiga. – Falei.
– Como aconteceu? – Perguntou o homem.
– É o que estamos tentando descobrir. – Falou o policial. – Vamos evitar distrações desnecessárias.
– Ai graças a Deus. – Falou a mãe de Heleno e Eduarda entrando pela porta.
– Mãe. – Eduarda da um abraço nela.
– Disseram que houve um acidente. Vocês estão bem? – Perguntou ela.
– Estamos. – Respondeu Heleno.
– O carro da Mykaella caiu no rio e uma pessoa morreu. – Falou o homem.
– Você estava dirigindo? – Perguntou a mulher para Mykaella.
– A deixe em paz. – Falou o pai de Mykaella para a mãe de Heleno.
– Ela estava dirigindo? – Perguntou a mulher de novo.
– Não vamos discutir isso agora. – Falou o pai de Mykaella.
– Por que a polícia está aqui? – Perguntou a mãe de Eduarda e Heleno.
– Trabalhando Sra. Matherson. Seria mais fácil se deixasse cuidar as coisas. – Falou o policial.
– Não quero deixar as coisas mais difíceis, por que pensa isso? – Perguntou a mulher.
Mortuário do hospital.
Abri a porta e um homem logo falou comigo.
– Posso ajuda-lo? – Perguntou o Srenhor.
– Estou procurando alguém, e... E acho que ela está aqui. – Falei.
– Você estava no acidente, com os filhos do prefeito. – Falou o homem.
– Filhos do prefeito?
– Sim, Heleno e Eduarda Matherson. O pai deles era o prefeito até alguém mata-lo.
– Minha amiga está aqui? O corpo dela? – Perguntei.
– Guardaram a Jane Doe há meia hora. – Respondeu
– Ela não é Jane Doe. – Falei. – O nome dela é Ellen Collins.
– Certo. Ellen Collins. – Falou o senhor anotando o nome dela num papel. – Vou cuidar disso agora. – Ele se levanta e troca os nomes.
– Posso ficar aqui por alguns minutos? – Perguntei.
– Você não deveria. – Respondeu.
– Certo, mas eu posso?
– Claro, sente-se. Sinto muito pela sua amiga.
– Obrigado. – Falei me sentando.
– Quer metade de um sanduiche de atum? – Perguntou ele.
– Seria ótimo. Obrigado. – Respondi.
– As marmitas estão no meu armário, já volto. – Falou ele se levantando e saindo.
Ele saiu e eu peguei um saco com os pertences de Ellen, lá tinha dinheiro e seu celular, ouço um barulho de lata batendo e o rádio liga sozinho, quando percebo que uma moeda estava em pé. A porta se abre e por ela entra o Sr. Collins.
Do lado de fora do hospital.
O Sr. Collins pegou o corpo de Ellen para cuidar dos detalhes do velório.
– Te deixaram entrar e pega-la fácil assim? – Perguntei.
– Falei com o Chefe Beddingtos, sabe que somos parentes. Ele liberou o corpo por um posicionamento. – Respondeu ele empurrando a maca.
– Vocês podem até ser parentes, mas como se falavam, parecia que não era da família. As pessoas com quem ela morava, talvez queiram saber.
– Passei a noite rastreando a família adotiva dela. Pensei que iriam querer saber onde ela estava. Não quiseram. Se ela estivesse morta, agiriam do mesmo jeito.
– Cavalheiros, está tarde. – Falou Carla junto ao carro.
O Sr. Collins colocou a maca com o corpo de Ellen dentro do carro.
– Ele não tem onde ficar. – Falou Carla para o Sr. Collins.
– Sr. Rivers. Acho que deveria voltar para a casa. – Falou o Sr. Collins para mim.
– Por favor. – Falou Carla.
– Obrigado. – Falei indo até eles.
Residência dos Beaumonts.
– Espere, por que ele estava no carro? – Perguntou Simon a Mykaella.
– Nós vimos Eduarda e Heleno andando e paramos para eles.
– Mandei ficar longe dele.
– Estava chovendo, estavam na beira da estrada, não podia deixá-los.
– E o outro rapaz e a moça que morreu?
– Encontrei na cidade, no desfile. Acha que queria isso?
– Simon, deixe-a em paz. – Falou sua mãe.
– Alguém tem que perguntar isso. – Falou Simon.
– Não precisa ser você e não precisa ser agora. – Falou a mãe e um silêncio reinou no lugar.
Residência dos Mathersons.
– Pensei que Marie fazia compras nas sextas. – Falou a mãe de Heleno e Eduarda.
– Marie não vem mais. – Falou Heleno. – Ela se demitiu, lembra?
– Desculpe, não tenho ajudado muito, desde que seu pai morreu. Mas acabou. Passaremos por isso juntos. Não quero que falem com a polícia, nem com a Mykaella. – Falou ela olhando para Heleno. – O jornal do pai dela está no bolso do Chefe Beddington. Eduarda, eu soube o que houve no desfile, você está bem?
– Como ficou sabendo? – Perguntou Eduarda.
– Vivi ligou, estava preocupada. E queria que soubesse que ganhou como Rainha do baile. – Falou a mãe.
– O que? – Falou Eduarda com um sorriso. – É meu dia de sorte. – Falou ela começando a chorar.
– Não chore. – Falou Heleno se aproximando dela. – Vai ficar tudo bem.
A caminho da casa do Sr. Collins.
Eu estava no carro quando uma música começou a tocar.
– Era para ser um sonho ou algo assim? – Falei.
– Parece um sonho. – Falou Ellen virando-se para mim.
– Não. – Respondi.
– Então deve ser outra coisa. Sou nova nisso. Dyêgo, o que você fez com a minha bolsa? – Perguntou Ellen.
– Sua bolsa?
– Você precisa das coisas da minha bolsa.
– Ellen, o que aconteceu?
– Isso aconteceu. – Falou ela virando-se pra frente e dessa vez eu pude ver o espírito na estrada e no susto eu acordo tudo não passara de um sonho.
– Você está bem? – Perguntou Carla.
– Devo ter sonhado. – Respondi.
– Quando dormimos, nossas mentes se abrem para todo estímulo.
– Como eu disse, eu sonhei.
– Ou o que chamamos de sonho. Ainda não tentou ligar para a Julia, tentou?
– Não, não tentei.
– Ela esteve por aqui. Procurando pela Ellen, mas Ellen se foi e não vai voltar.
– O que você faz exatamente? – Perguntei.
– Exatamente? Mantenho as coisas em ordem. Ajudo quando pedem ajuda.
– Onde ele está? – Perguntei me referindo ao Sr. Collins.
– Ele está trabalhando. – Respondeu ela.
– Em quê?
– Não se preocupe. Ele é um artista. Ele demonstrará respeito aos restos dela. Mas Dyêgo lembre-se. O corpo dela é uma concha agora. Ellen está em outro lugar. – Ela falou pra mim e não pude conter uma lágrima que caiu do meu rosto.
– Eu não acredito em vida após a morte.
– Felizmente, a existência de uma alma não depende do seu limite de experiência... Na bandeja tem macarrão. – Falou ela saindo.
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