Cidade Dos Corvos escrita por Dyêgo


Capítulo 4
Cidade dos Corvos: Capítulo Quatro: Acidente.




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CAPÍTULO QUATRO:

Cidade:

Narração de Ellen.

Dyêgo saiu pra atender ao pai e comprar as passagens e eu fiquei ali esperando por ele, estava um pouco frio e meu pequeno casaco azul não estava ajudando a me manter aquecida, eu cruzava os braços na esperança de me aquecer um pouco mais, mas não tinha muito resultado, torcia para que Dyêgo voltasse logo para irmos embora, foi quando me virei e vi uma criatura medonha olhando pra mim, acho que era algum espírito maligno, estava todo molhado e seu cabelo na frente do rosto o impedia que eu o visse direito, arregalei os olhos e meu coração acelerou, um medo começou a me invadir, a minha vontade era de correr e gritar, mas não consegui fazer nada, só olhar para aquilo. Virei-me de costas para a coisa e me mantive no mesmo lugar, mas logo senti uma mão me tocando no ombro e não pude conter o grito, mas ao me virar era Dyêgo.

– Calma, sou eu, está tudo bem? O que aconteceu? – Perguntou ele ao ver-me daquele jeito.

– Acho que vi novamente, a mesma coisa que estava naquela janela. A mulher do meu quarto. – Falei e Dyêgo ficou olhando para uma menina do outro lado da rua, eu por curiosidade virei-me e olhei também e a garota entrava em um estabelecimento que mais parecia um jornal. – É a garota com quem você conversou? – Perguntei.

– Sim, e as nossas respostas estão naquele lugar. Ela poderia nos levar até lá, enquanto o pai dela não está. – Falou ele.

– E o ônibus? – Perguntei.

– Nós temos tempo. Vamos. – Falou ele saindo de perto de mim e eu o segui, mas resolvi olhar para trás e estava escrito no vidro “Última Chance”.

Depois de um tempo o desfile começou, uma orquestra tocava e lideres de torcida dançavam muita gente chegou ao mesmo tempo nas calçadas para assistir. Tudo mesmo passava naquele lugar, carros de bombeiros, policia pessoas que estavam se graduando na escola, mas todos estavam lá para ver uma única coisa, a rainha do baile, um dos títulos mais cobiçado da escola, que ao passar em um lugar no chão avistei um folheto onde dizia “Venha, assista ao desfile e veja a linda rainha do baile Eduarda Matherson desfilando”.

– Que gente boba. – Pensei e continuei seguindo Dyêgo.

Do lado de dentro do jornal, Mykaella Beaumont filha do dono do jornal folheava um jornal antigo da época da segunda guerra mundial onde o título tinha “O Herói Retorna Para Casa” ela fazia uma expressão estranha com o rosto e continuava a folhear o jornal e chegou a um título onde dizia “Cinco Adolescentes Morrem” eu e Dyêgo abrimos a porta e entramos.

– Pai? – Ela chamou de dentro, mas não falamos nada e tentamos seguir o som da voz dela.

Ela então não ouvindo a resposta decidiu levantar-se e ir ver quem entrara. E quando ela se vira da de cara comigo e com Dyêgo.

– Ai meu Deus, que susto. – Falou ela.

– Me desculpe, não foi a intensão. – Falou Dyêgo. – Ellen, essa é Mykaella.

– Está tarda para estar trabalhando, não? – Perguntei para ela.

– E é ilegal vocês estarem aqui, não? – Perguntou ela.

– Não fui o único que vi meu rosto em uma lápide. Também tem uma Ellen Collins enterrada naquele cemitério. – Dyêgo falou e Mykaella fez uma expressão de quem não estava entendendo nada.

– E ela é igual a mim. – Falei.

– Devem ser parentes. Tios ou tias distantes. – Falou Mykaella.

– Isso faz sentido, entendemos, mas... – Eu ia falando, mas Dyêgo me interrompeu.

– Alguém não quer que saibamos sobre isso. – Falou Dyêgo.

– Ontem à noite nós vimos às lápides, mas quando voltamos hoje, elas não estavam lá. – Falei e um silêncio tomou conta do lugar.

– Vamos descobrir o motivo. – Falou Mykaella.

La fora o desfile continuava e a rainha do baile Eduarda desfilava em cima do carro do namorado acenando para a multidão que tanto a admirava. Enquanto lá dentro, Mykaella, Dyêgo e eu continuávamos a folhear jornais antigos pra ver se tinha alguma notícia sobre a morte do Dyêgo Rivers e da Ellen Collins enterrados lá. Lá fora a rainha do baile ainda acenava para a multidão, mas alguém passa por ela e derruba um copo de tinta verde em cima dela. Imediatamente ela desce do carro e começa a correr.

– Eduarda, espere. – Gritou seu namorado.

A multidão ficou toda espantada e todos começavam a cochichar.

– Viu quem foi? – Perguntou Dillon a Vivi.

– Não. Foi tudo muito rápido. – Falou a menina.

Eduarda corria e as pessoas não paravam de olhar pra ela, foi quando ela encontrou Heleno ao dobrar uma esquina. Ela parou e começou a chorar.

– Por favor, não diga que me avisou. – Falou ela.

Heleno nada falou, tirou seu casaco e pôs em cima dela.

– Vamos pra casa. – Falou ele.

Enquanto isso tudo acontecia lá fora, eu, Dyêgo, e Mykaella continuávamos procurando até que achamos.

– Aqui. Willi’s Rachael, Dyêgo Rivers e Ellen Collins. Eles morreram no mesmo dia. – Falou Mykaella.

– Era um casal. Morreram em um acidente de barco. – Falei.

– Eram cinco pessoas. – Falou Dyêgo.

– Qual era a idade deles? – Perguntou Mykaella.

– Todas as vítimas eram colegas de classe. Eram veteranos. – Falou Dyêgo.

– Pode voltar para a semana anterior? – Pediu Mykaella e Ellen volta onde tem um título “Um Herói da Guerra Retorna Ileso, Milagre ou só uma História de Sobrevivência?”, Mykaella respira fundo.

– O que foi? – Perguntou Dyêgo.

Eu olho pra trás e vejo um vulto passando e me assusto.

– Mykaella. – Chamou Dyêgo.

– Pessoal? Não estamos sozinhos. – Falei e eles olham para uma prateleira onde uma lâmpada balança.

– Vamos sair daqui. – Falou Mykaella e nós nos levantamos e saímos do local.

Lá fora, nós andamos sem perceber que meu tio nos observava.

Em uma estrada.

Eduarda e Heleno caminhavam para casa.

– Sr. Price conversou comigo na semana passada. Ele estava preocupado comigo. Ele disse que as coisas mais difíceis da vida era saber o que queremos, e dizer isso para todos. – Falou Eduarda.

– Isso não é da conta dele. – Falou Heleno.

– Finalmente descobri o que eu quero. Quero sair dessa cidade e sumir para sempre.

– Você nunca me disse isso.

– Com a mamãe trancada em casa e você batendo em todo mundo que te olha torto? Está sendo difícil fingir que estou bem.

– Você sabe que pode desabafar comigo, não é? Não quero que sinta que está sozinha.

– Mas eu estou sozinha. Desde a morte do papai, você está afastando as pessoas. Está me afastando também. Entendo porque está triste, mas qual o motivo dessa bravura toda? O mesmo vale pra você, Heleno. Você não precisa passar por isso sozinho.

– Acho que foi a mamãe Eduarda. – Heleno fala isso e Eduarda para onde está e ele continua andando, mas logo para e olha pra trás. – Acho que ela matou o papai. – Ele falou isso e Eduarda não conseguiu falar nada, um sentimento ruim a invadia, não sabia se era raiva ou tristeza pelo irmão achar aquilo.

Também na estrada.

Narração de Ellen.

Mykaella, Dyêgo e eu estávamos no carro de Mykaella, indo para algum lugar que eu não sabia bem onde era. Mykaella dirigia e eu estava ao seu lado, Dyêgo estava atrás sozinho.

– A razão de eu estar no jornal foi por algo que minha mãe me disse. Ela voltou do Afeganistão, mas não entende o motivo. A tropa dela foi morta em uma emboscada, e ela foi a única sobrevivente. – Falou Mykaella.

– Ela é uma sortuda. – Falou Dyêgo.

– É o que parece. – Falou Mykaella.

– Deve ser difícil para ela. Sinto muito. – Falei.

– Não estou contando isso para sentirem pena de mim. – Falou Mykaella. – Estou contando, pois acho que vocês estão conectados.

– O quê? Não estou entendendo. – Falou Dyêgo.

– Seus antepassados morreram logo após um soldado de Cidade dos Corvos voltar. Ano passado escrevi um trabalho sobre um soldado local que sobreviveu a uma emboscada, e quando ele voltou, disse o mesmo que minha mãe “Não sei por que estou aqui, eu estar morto.” Hoje eu descobri que dias depois, cinco adolescentes daqui morreram num acidente de carro. Eles bateram em uma árvore. – Falou Mykaella.

– Então eles morreram porque esse soldado teve a mesma sorte que sua mãe teve? – Perguntei.

– Não estou dizendo isso, mas aconteceu. – Falou Mykaella.

– Duas vezes. – Falou Dyêgo.

– Uma vez é acaso, duas é coincidência, três é ação inimiga. – Falei.

– Isso foi profundo. – Falou Mykaella.

– É do 007 contra Goldfinger. – Falei. - Quão distante estamos de uma lanchonete? – Perguntei. – Meu estômago está roncando. Preciso enchê-lo.

– É depois do rio. – Mykaella falou.

– Não pegaremos o ônibus? – Perguntei.

– Pegaremos o próximo. – Dyêgo falou e Mykaella viu Eduarda e Heleno na estrada.

– Pessoal, é meu namorado e a irmã dele. Vamos deixar isso entre nós. – Falou Mykaella.

– Nem sei o que “isso” significa. – Falei e começou a trovejar.

– Querem carona? Irá chover a qualquer momento. – Falou Mykaella parando o carro perto deles.

– O que faz com ele? – Perguntou Heleno em relação à Dyêgo.

– Não quero voltar na chuva. – Falou Eduarda.

– Ótimo. – Falou Heleno abrindo a porta do carro e Eduarda entra ficando junto de Dyêgo e depois Heleno entra ficando na outra ponta, junto de Eduarda.

– Como foi o desfile? – Perguntou Mykaella a Eduarda, mas ela nada respondeu.

– Mykaella, se importa de aumentar o volume? – Perguntou Heleno.

– Não. – Respondeu ela.

– Obrigado. – Falou ele.

A música tocava no carro e ninguém conversava nada, no rádio tocava uma música lenta Breathe – Of Verona, continuávamos a viagem quando vi uma pessoa no meio da estrada.

– Cuidado! – Gritei girando o volante para desviar da pessoa, mas o carro cai da ponte entrando no rio.

– Socorro! – Eduarda gritava com medo.

– Vamos sair daqui! – Dyêgo gritava também.

Todos nós tentávamos abrir as portas do carro, mas sem sucesso e o carro ia afundando com nós cinco dentro.

– Socorro! – Tentei gritar, mas a água já nos cobria.

– Alguém nos ajude! – Heleno gritava.

– Abra a porta. – Dyêgo falava para Mykaella.

Foi quando olhei para cima da ponte e vi que a pessoa era o mesmo espírito que eu vi no quarto e na rua da cidade, foi à última coisa que eu vi antes de minha respiração parar e o carro afundar por completo no rio.


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Notas finais do capítulo

Estou pensando em parar com a história, comentem se paro ou se continuo.



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