Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 26
Toffee Tango


Notas iniciais do capítulo

(Como dizemos aqui no Sul) Bah, faz meio ano, hein, gurizada? Haha. Mas aí está a cena-bônus de Monalison que eu prometi :3

Ps: Seria meu sonho ver essa amizade acontecer na série? Sim, seria.



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— Aposto que Emily anda subornando a sua mãe para conseguir ficar tanto tempo assim sozinha com você, não é, Ali? – Hanna supôs, num tom cuidadoso porém descontraído. Como sempre ela tentava fazer com que todos a sua volta se sentissem melhor.

   Emily virou-se no mesmo instante em sua cadeira e a loira deitada na cama ao centro daquele quarto, ainda abatida, também direcionou o olhar às duas visitantes. Mona tinha seus dois braços enganchados ao direito de Hanna, como se não quisesse que ela a desamparasse. E de fato não queria. Sorriu nervosamente para Emily, sem focar em Alison em um primeiro momento.

— Ei, que bom ver você de pé! – a nadadora abriu um grande sorriso, levantando-se e dirigindo-se a Mona – Está com alguma dor ou eu já posso te abraçar?

   A mais baixa abriu a boca para responder que sim, já se sentia suficientemente recuperada, porém Hanna a cortou.

— Ela aguenta um abraço. Acredite, eu testei bastante – insinuou, com as duas mãos agora sobre os ombros de Mona, massageando-os levemente como se quisesse livrar a moreninha da tensão que se apoderava dela.

   Emily abriu os braços, então, satisfeita, e envolveu Mona demoradamente. Mona cedeu ao confortável aperto sem cerimônias. Naquele abraço estavam todos os “muito obrigada” que Emily desejava pronunciar, agora e no futuro também.

   As duas afastaram-se em seguida e Emily lançou mais um sorriso a Mona; um tímido desta vez, como se não soubesse mais o que dizer.

— Eu vim ver se poderia dar uma palavrinha com ela – Mona arriscou, apontando discretamente para Ali.

   Emily trocou um olhar curioso com Hanna e virou-se para fitar brevemente a namorada.

— É claro – disse, no mais amigável dos tons, porém não pareceu querer mover-se dali.

— Sozinha, ela quis dizer – Hanna interveio outra vez.

   Hesitação pareceu cruzar rapidamente o rosto de Emily.

— Deixe-a – Ali instruiu por trás, com a voz ainda rouca, como se adivinhasse que Emily estava um tanto receosa. – Ela acabou de me doar um rim. Duvido que vá tentar me matar.

   As três que estavam de pé trocaram risinhos baixos e Emily concordou em deixar Mona e Alison a sós, saindo do quarto junto de Hanna.

— Sua confiança em mim me deixa lisonjeada – a morena brincou enquanto sentava na beirada da cama de Ali, arrancando um riso dela também.

   Nenhuma disse coisa alguma por longos segundos. Mona absorvia as feições temporariamente frágeis de Ali pouco a pouco, pois ainda não tinha coragem de sustentar seu olhar no dela, até que inspirou fundo e encontrou os olhos azuis, que por vezes também a analisavam.

— Como se sente? – com certeza era uma pergunta que a loira já estava cansada de responder, mas ainda assim Mona não pôde evitar.

— Sinto como se alguém tivesse uma boneca de vodu minha e a chacoalhasse de dois em dois minutos mas, no geral, estou bem.

   Mona assentiu em uma contida risada. Se o humor ácido de Alison sobrevivera à cirurgia significava que estava mesmo tudo bem.

— Acha que consegue suportar um leve aroma de caramelo sem vomitar?

   Alison franziu as sobrancelhas enquanto um meio sorriso surgia no canto de sua boca.

— Por quê?

   Mona levou os dedos ao bolso esquerdo do robe hospitalar e tocou o pequeno objeto que trazia consigo.

— Bem, Hanna e eu temos uma tradição. Toda a vez que estamos doentes, maquiamos uma a outra para que nossas eventuais fraquezas não sejam vistas a olho nu – ela finalmente destampou o batom cor-de-vinho e sentiu o familiar perfume adocicado. – Sempre fazemos isso, não importa se o que está nos incomodando são cólicas menstruais ou... ossos quebrados – lançou um sorriso breve e triste a Ali, não sabendo se desejava que ela entendesse a referência ou não. – Daí pensei “que mal há em repartir a tradição?”.

   Ali roçou as costas de uma das mãos contra a testa, como se quisesse manter-se focada.

— Não acho que um batom vá me adiantar de algo. Devo estar mais branca do que este lençol.

   Enquanto girava a base do tubinho para deixar a ponta praticamente intocada do batom à mostra, Mona bufou, como se tivesse sido ofendida.

— Ei, não é qualquer batom, moça. É Toffee Tango. E aposto que continua entre os seus favoritos.

   A menção de tal nome pareceu fazer Alison levar a morena à sua frente mais a sério. Elas sustentaram seus olhares um no outro e era como se Ali estivesse dizendo um sincero impressionante, afinal, Mona ainda tinha seus momentos de onisciência, embora não fizesse mais questão de se vangloriar.

— Bingo – Ali confirmou, e foi como se estivesse dando permissão a Mona para que ela começasse a desenhar cuidadosamente o contorno de seus lábios, o que a morena fez, segurando o queixo de Ali com a outra mão.

— Está linda – Mona elogiou sinceramente, uma vez que o processo chegara ao fim. Seu estômago formigava. Desde que era pré-adolescente ela desejava poder dizer algo do tipo a Ali. Ela mal podia crer que estava sendo capaz de fazer tal coisa de igual para igual, sem que qualquer vergonha interna a impedisse.    

   Alison não respondeu; simplesmente baixou a cabeça e apertou os lábios novamente, porém desta vez não para deixar a cor ainda mais uniforme sobre eles.

— O que foi? – Mona hesitou por um segundo antes de segurar a mão direita da loira entre as suas; os olhos dela já estavam encharcados quando ela resolveu levantar a cabeça outra vez.

— Eu não mereço o que você fez por mim.

   Mona piscou, não entendendo de primeira. Todos merecem um pequeno aumento de autoestima de vez em quando, ela estava a ponto de dizer, ainda em tom leve, e então a seriedade do momento a atingiu. Ela engoliu em seco.

— Nós não precisamos falar sobre merecimentos, Ali – tentou manter a voz suave, afinal ela sabia que nenhum recém transplantado deveria sofrer qualquer tipo de estresse, assim como qualquer pessoa que acaba de sair de uma sala de operação, na verdade.

— Sim, precisamos – Alison enfatizou, apertando os dedos de Mona contra sua palma fechada. O gesto foi mínimo, mas o suficiente para deixar a morena emocionada também. Era como se aquele toque estivesse fazendo-a perceber pela primeira vez a existência de um laço entre elas, laço este que ela nunca pensou que se formaria. – Eu sei que já disse isso antes, mas da primeira vez você estava na cama de um hospital e não eu, então acho que isso diferencia um pouco as coisas

   Mona tinha agora os olhos pregados naquelas íris azuis.

— Você com certeza está diferente – assentiu minimamente, lembrando-se de como Ali aparentava estar nervosa da primeira vez em que tentara pedir perdão a ela, em Nova York, meses antes.

— Eu não sabia como olhar para você na época daquele primeiro discurso, agora eu sei – Ali emendou, sorrindo apesar das lágrimas. – Arrisco dizer que é porque estamos mais próximas. E o que ainda me mata é saber que poderíamos ter tido essa proximidade desde o início. Você não faz ideia do quanto eu me arrependo de ter machucado você, Mona. Se eu pudesse voltar no tempo as coisas teriam sido muito diferentes. Juro que teria te convidado para sentar com a gente durante todos os nossos almoços, elogiado suas camisas de flanela e nunca teria rido de você enquanto te via cantar junto com o coral na igreja. Aliás, você tem uma bela voz, sabe?

   Mona riu com tal conclusão enquanto as lágrimas também enchiam seus olhos. A garotinha de óculos e aparelho nos dentes de quatro anos atrás pulava de felicidade agora dentro dela, diferentemente da primeira vez, quando ela não soubera como agir diante das palavras de Ali, deixando que o nervosismo a dominasse também.

— Obrigada por isso, mas eu também machuquei você, lembra? Quando te disse para fugir de Bethany indo para longe de Rosewood. Quer dizer, eu tinha um plano. Não estava nem aí para a sua segurança. Só queria que você fosse embora.

— Não confunda a ação do opressor com a reação do oprimido – Ali citou, um tanto evasiva por um segundo. – Ainda foi culpa minha. Eu teria fugido de Bethany de qualquer jeito, mas se não fosse pelo meu legado escolar ela nunca teria encontrado você, magoada e suscetível a...

— Manipulação? – Mona ergueu uma sobrancelha.

— Você sabe que sim. Se não fosse por mim, Bethany não seria nada além de uma jovem foragida de um hospício que teria sido capturada depois de uma forma ou de outra.

   Mona sorriu novamente, acariciando as costas da mão de Ali com um polegar.

— Você não percebe o paradoxo que isso é? Eu poderia ficar aqui por cinco minutos falando sobre como tudo isso foi minha culpa também, afinal, se não tivesse faltado em mim tanto auto-controle, Bethany nunca teria conseguido uma aliada. Mas não vou. Ao invés disso, vou dizer que ambas temos nossa parcela de culpa em tudo o que aconteceu. Eu ganhei a minha segunda chance e agora você está ganhando a sua. É claro que eu me arrependo de ter feito certas coisas, mas sabe por que eu não mudaria quase nada se tivesse a chance? Sabe por que eu nunca mudaria quem você foi certa vez? Porque foi essa versão de você que me deu a pessoa mais importante da minha vida.

— Hanna – Alison concluiu baixinho, como se para si mesma, com um princípio de sorriso no rosto.

Dã! — Mona forçou uma revirada de olhos e as duas riram em seguida. – Hanna e eu nunca teríamos desenvolvido uma conexão tão forte se não fosse por você, Ali. Você nos fortaleceu e eu sempre serei grata a você por isso.

— Eu nunca pensei que fosse ouvir algo assim – Alison sacudiu a cabeça em negação, como se estivesse deslumbrada. – É estranho, eu admito.

— Pois é. E está para ficar ainda mais estranho – Mona tinha consciência do suspense em seu tom de voz. Seu coração começava a acelerar outra vez. Ela não havia premeditado absolutamente nada. Apenas começou a fazer mais e mais sentido com o desenrolar daquela conversa.

   Alison pareceu notar qualquer que fosse a diferença.

— Como assim?

   Mona respirou fundo. Tudo sairia em um único fôlego.

— Eu quero que você seja nossa madrinha.

   Um silêncio mortal de pelo menos cinco segundos cercou as duas. Ambas prendiam suas respirações. Alison fitava Mona parcialmente boquiaberta.

— Pode repetir isso?

   Ao invés de repetir, Mona estendeu a mão direita para a loira.

— Eu não sei bem como isso vai funcionar. Quer dizer, nós teremos que pedir permissão aos nossos pais. Se bem que essa parte será mamão-com-açúcar. E teremos que morar em casas separadas de qualquer jeito por um tempo. Um longo tempo. Bem mais longo do que eu gostaria que fosse, mas... sim – ela finalmente fez uma pausa. – Nós vamos nos casar.

   Novamente o som daquele verbo deixava Mona eletrizada. Alison segurou a mão da morena cuidadosamente, ainda boquiaberta.

— Não.

— Sim – Mona rebateu, agora sorrindo de orelha a orelha.

Meu Deus!— o sorriso de Ali também escancarou-se, e Mona sentiu sobre si o olhar de uma irmã, alguém com quem finalmente ela podia compartilhar qualquer tipo de felicidade. – Isso é... isso é... mais sério do que criar um cãozinho em conjunto.  

   A morena gargalhou outra vez, assumindo que Ali falava de Pepe e de Emily.

— Talvez.

— Certo – Ali colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha direta. – Eu preciso me preparar para isso. Levante.

   Parte do sorriso de Mona se desfez. Talvez tivesse sido realmente demais para Ali e ela estivesse se sentindo fraca agora.

— Por quê?

— Levante! – a loira levantou o tom de voz, mas um sorriso se manifestou no canto de seus lábios coloridos.

   Mona obedeceu e observou Alison se esforçar para sentar na cama; em seguida, a loira arrancou o tubo preso por esparadrapo às costas de sua mão esquerda. A morena apontou para ela.

— Eu tenho quase certeza de que você deve ficar com...

— Cale-se – Alison soltou o fino tubo de vez e abriu os braços. – Agora vem cá.

   Mona deu-se um segundo para guardar na memória aquela figura que a convidava deliberadamente para um abraço antes de deixar-se envolver por ela. Acabou por sentar novamente na beirada da cama, assim podia apreciar melhor o contato. Era de fato o primeiro abraço compartilhado por elas que era cem por cento livre de qualquer tipo de tensão.

— Sejam felizes por uma vida inteira, sim? Por favor – Alison murmurou em uma voz doce, com o queixo apoiado ao ombro esquerdo de Mona.

— Você fala como se alguém na Terra pudesse negar um pedido da grande Ali D.


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Notas finais do capítulo

O casório ainda está por vir. Só não sei bem quando, porque eu ainda tenho que me estressar a respeito de vestibular e tal ;-;



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